witch lady

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quarta-feira, 23 de maio de 2012

No Dia Seguinte...



A noite foi longa e muito escura,
E os fantasmas passeavam,
Arrastando suas correntes longas e pesadas
Pela madrugada,
fazendo sangrarem as lembranças
Das feridas que eu já pensava
Cicatrizadas.

A noite foi tão dolorida,
A vida gritando entre as batidas
Das horas que, cruelmente,
A engolia...
Foi uma noite longa, longa,
Que deixou a alma cheia de sombras.

Mas no dia seguinte,
O sol surgiu, como sempre,
Os pássaros cantaram sobre os galhos,
A neblina dissipou-se com o avanço da manhã,

E os carros passaram,
Os trabalhadores começaram seu dia
Com sons de marteladas
E risos que soavam entre os serrotes
Que cortavam, em pedaços, a faina do dia.

A noite, de repente, pareceu-me distante...

O Que eu Ganho?



"Poesia é 'fria!'
Não dá futuro,
Não faz dinheiro!"

E o que eu ganho?

Talvez, o direito de estar entre os anjos
Ou de andar no inferno
Sem temer os demônios,
Todos os dias!

Ou quem sabe, a poesia traga
Um pouco de sentido
A algumas vidas que doem?...

Mas o que EU ganho,
É com certeza, o direito
À liberdade de expressão
Ao que, de outro modo,
Sufocaria o coração.

A poesia
É o meu direito de ser:
Brega,
Romântica,
Sarcástica,
Quântica,
Bombástica,
Triste, alegre, viva, morta,
Louca perigosa!

Agradecimento à Lia



A Lia mandou-me este lindo presente há alguns dias. Olhem só que graça!

É isso que incentiva a gente  a continuar, a ir em frente, e a suportar as pedradas...

Muito obrigada, Lia! Já tinha te agradecido, mas agora eu finalmente formalizo este agradecimento.

Agradeço muito também às pessoas que tem me procurado para fazer as pazes comigo. Explico: há algum tempo, houve um grande mal-entendido em outro espaço virtual, quando algumas pessoas juntaram-se em um grupo e praticaram um ataque em massa contra mim, tudo devido a um grande mal-entendido que eu acredito, tenha sido devido à fofocas.

Estas pessoas tem me procurado, e os mal-entendidos estão sendo desfeitos e esclarecidos, e um novo recomeço marca nossos relacionamentos, graças a Deus! Finalmente... sinto-me bem melhor assim. Obrigada a estas pessoas. Tenho certeza de que de agora em diante, conviveremos virtualmente em paz.

Bem, receber estes dois presentes - o selo da Lia e os emails destas pessoas - deixou-me realmente grata e muito feliz.

E para todos que me visitam, também deixo meu carinho, gratidão e admiração. Para todos vocês, 


terça-feira, 22 de maio de 2012

Perdi!



Jamais me esquecerei daquela tarde,
Em que a esperança que eu sustentava
Abandonou-me.

Jamais esquecerei a dor que nasceu
No momento exato
Em que me foi negado
Tudo, tudo o que eu queria!

Restava-me chorar - e eu o fiz,
Abraçada aos passos
De quem jamais caminharia...

Restaram-me as palavras engasgadas,
E eu as entornei, a todas,
Por sobre páginas e páginas,
Ou certamente, eu morreria...


Te Amo


Te amo tanto, e sei o quanto és breve,
Por isso, não te peço que fiques,
Nem que me leves,
Pois tua essência é volátil, leve,
Tua presença, um privilégio
Que eu não posso reter.

Te amo tanto, e a minha dor é fina,
Transparente, ferina,
Pois perder-te é meu destino
Que eu não desafio,
E nem tento retirar
A ponta do punhal que testa
Meu coração infeliz.

Te amo tanto, e assim, deixo-te livre,
Pois se te prendo, a tua essência foge
Para todo sempre, de mim...
Sei que a saudade senta-se comigo
Silenciosa , a observar-me,
A esperar a hora derradeira
Em que serei, para sempre e mais um dia,
A sua fiel hospedeira.




A SENTINELA - um conto



Ela morava justamente na fronteira entre os dois países, sendo que eram países  inimigos, e ela nascera justamente no país sem liberdade; ela nem sequer sabia porque, mas desde que se recordava de si mesma, entendia que seu mundo estaria limitado àquela fronteira. Só poderia ir até ali. Jamais saberia o que havia do outro lado. Ouvia falar em liberdade e melhores condições de vida. Era como viver em um mundo fora do mundo.

Às vezes, ela ficava horas sentada nos degraus da porta da cozinha, olhando as cercas de arame farpado e as sentinelas, em ambos os lados da cerca, que iam e vinham, de um lado para o outro, o dia todo. Eram todos iguais, ou pelo menos, assim lhe parecia.

Tinha ouvido falar de um local aonde havia um buraco na cerca, por onde, de vez em quando, alguns conseguiam passar para o outro lado. Ninguém sabia porque o buraco jamais fora consertado ou vigiado com mais vigor; o fato é que ele estava ali, e que todos sabiam de sua existência. Dizia-se que para fugir por aquele buraco, era preciso juntar muito dinheiro. Mesmo assim, não havia nenhuma garantia de segurança.

Às vezes, ela ouvia tiros, e as pessoas murmuravam pelos cantos: "Pegaram eles!" Mas ninguém dizia quem eram eles. Noutras ocasiões, após um momento de tensão, em que senhoras torciam as saias dos aventais em apreensão, a pequena vila parecia quedar-se em expectativa durante alguns minutos. Ninguém o fazia de forma muito óbvia, mas ela percebia que, de vez em quando, os olhares se dirigiam, fugidios, para o norte, onde (diziam) encontrava-se o tal buraco na cerca. Após vinte e cinco minutos, se nenhum tiro fosse escutado, a tensão parecia dissolver-se, e cada qual voltava aos seus afazeres, alguns com lágrimas nos olhos, mas felizes. Alguém murmurava: "Eles conseguiram!"

Assim, o tempo foi passando, e transformando a menina em uma linda moça. Todos os dias, ela ordenhava as cabras, cuidava do terreno em volta de sua casa, levava a refeição na cama para sua avó, ajudava a mãe nos afazeres da cozinha. Enquanto isso, o pai trabalhava na roça.

Sempre que podia, ela se sentava na mesma escadinha na porta da cozinha, mordiscando um fio de capim, e olhando as sentinelas que passavam e que eram sempre iguais.

Um dia, ela percebeu que algo estava errado. Estava sendo observada. Notou que a sentinela que caminhava do outro lado da cerca estava olhando para ela. Pela primeira vez, viu em uma das sentinelas algum traço humano. Ele tinha dois olhos. Dois olhos bem grandes. A boca que se abria em um sorriso para ela. Sem querer, a dela abriu-se em um sorriso para ele.

Assim, todos os dias, a moça passou a ansiar pelo momento de sentar-se nos degraus da porta da cozinha, e sua vida passou a ter um novo sentido. Trazia no coração um sentimento novo, que a deixava alegre, mas ao mesmo tempo, lá dentro dela, crescia também um medo fininho... porque ela sabia que, se eles continuassem se olhando daquela maneira, algo mais teria que acontecer.

Um belo dia, ela percebeu que ele tinha nas mãos um pedaço de papel. Viu quando ele o enrolou em uma pedra, e aproveitando-se da distração da sentinela que tomava conta do lado da cerca onde ela estava, jogou a pedra por cima do arame farpado. Ela esperou um momento, até que sua sentinela lhe desse as costas novamente, e como quem não quer nada, caminhou vagarosamente até o local onde estava a pedra e, bem depressa, inclinou-se e pegou -a, enfiando-a no bolso da saia rapidamente.

Do outro lado da cerca, a sentinela fingia fazer o seu trabalho de vigiar.

Ela trancou-se no banheiro da casa, abriu o bilhete enrolado na pedra e leu: "Encontre-me hoje à noite junto ao buraco da cerca."

E quando a noite caiu, ela esperou que todos na casa dormissem e, no silêncio que dominava a escuridão após o toque de recolher, ela envolveu-se em uma capa preta e foi até o buraco da cerca. Chegando lá, ela esperou. Quase meia hora depois, ela o viu aproximar-se.

Ele estava vestido com sua habitual farda de sentinela, e quando ele passou pelo buraco da cerca e a tomou nos braços, as estrelas pareceram cintilar mais forte.

Passaram a encontrar-se ali quase todas as noites, e então, iam para uma caverna ali perto, onde ficavam juntos até pouco antes do amanhecer. A vida dela passou a ter um novo sentido. Tudo o que fazia passou a ter um propósito: ordenhava as cabras com alegria, cantava, enquanto varria o terreno da casa, e até mesmo as tarefas de que menos gostava, passaram a ser mais fáceis para ela. Tudo porque estava amando.

Um dia, ela sentou-se como sempre, nos degraus da porta da cozinha, e ficou esperando por sua sentinela. Mas ele não apareceu. Nem no dia seguinte, nem depois, nem nunca mais.

As histórias corriam sempre, e eram murmuradas em segredo. Foi assim que ela ficou sabendo de uma sentinela do país vizinho que fora morta em um tiroteio, quando algumas pessoas do seu país tentavam entrar no país vizinho.

Enquanto ela definhava, a barriga lhe crescia. Passou a usar vestidos largos, e já que estava muito magra, não foi difícil esconder a gravidez até o final. Deu à luz sozinha no pasto, nas primeiras horas da manhã. Enquanto ainda sofria as dores, um grande meteoro caiu ali perto, uma  impressionante bola de fogo que cruzou os céus e foi vista por todos., deixando no solo um enorme buraco.

Após descansar um pouco, recompondo-se do susto que levara com o cair do meteoro,  a moça pegou seu bebê no colo e olhou para ele pela primeira vez. Chorou de emoção e de saudades, ao ver no rosto do menino, os mesmos olhos de sentinela fitando-a.

Embrulhou a criança em seu avental e levou-o para casa.

Até hoje, todos ainda ouvem falar na história da mulher que, durante um passeio matinal pelo pasto, viu quando um anjo desceu do céu em uma grande bola de fogo e pôs um bebê sobre o capim. Por causa deste milagre, as fronteiras entre os dois países foram finalmente abertas, e as sentinelas, dispensadas.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Existe Alguma Coisa Com as Árvores...



Existe alguma coisa com as árvores... quando o vento passa pelas folhas, ele busca segredos na clorofila. Cheias de vida, elas se doam aos pássaros, ao céu, às bromélias e aos homens. Doam sombra, doam vida.

Toda vez que eu olho para uma árvore, eu sinto reverência, não importa se ela é uma grande árvore frondosa e antiga ou apenas uma criaturinha de finos galhos, tentando sobreviver. As árvores tem alma, e isto é inegável!


Adoro estar junto a elas!

As árvores conhecem os segredos da vida, e por isso, são silenciosas...



O INVERNO em MIM



Meu inverno
Tem algo por dentro
Que não me deixa congelar...
É uma chama que queima,
Uma fogueira que insiste
Em existir
Através das noites mais frias...

Meu inverno
É um estado de escolha,
A estação branca de minha vida,
Onde a claridade me ilumina
E o gelo  me preserva,
Até que o sol volte.

Meus pés são frios,
Mas meu coração quente
Não me deixa morrer.

PARA MILENA

                                    


Querida e delicada flor,
De pétalas feridas
Sob tua corola, caídas...
Cadê teu perfume?

Querida e delicada flor,
Não deixe desbotar
A tua linda cor...
Que o tempo te cure!

Cadê a tua chuva, flor,
Cadê teu viço?
Acreditas, realmente
Nesse sumiço?

Querida e delicada flor,
Tua alma grita,
Mas o tempo urge,
A vida assume...

Aquilo que ficou é teu,
Ninguém mais tira,
Você sorriu, você viveu,
Aquilo tudo é teu!

Querida e delicada moça,
Seca tuas lágrimas,
Pois o teu cravo
Não quer te ver assim!

Acredita em mim,
Ele te olha,
E a cada lágrima caída,
Ele se desfolha...

Flor delicada, e tão querida,
Amar faz parte da vida,
Morrer faz parte da vida...
Chorar faz parte da vida...

Querida e delicada flor,
Vá lá para fora,
Tenta ver a beleza escondida
Pelas lágrimas de agora!

Eu Posso



Eu posso passar, tentando não ver
A beleza que me cerca,
O gato na cerca,
O passarinho que dá um voo rasante
Sobre os meus sonhos.

Posso fechar os olhos
Ao azul do céu,
Á miríade das formas e cores das nuvens,
Posso tapar os ouvidos
Quando ouvir o riacho que sussurra.

De cabeça baixa, eu passo
(E eu posso passar)
Ignorando tudo, negando a beleza...
Mas o que fazer,
E como não me render
Quando ela cai da árvore e se esparrama no chão
Bem na minha frente,
Sem palavras,
Aos meus pés?

Nó na Garganta



Ontem fomos dar uma caminhada no final da tarde, e passamos pela nossa antiga casa, hoje totalmente reformada, bem diferente do que era quando moramos lá. Pintada de um verde fortíssimo (até dói os olhos, mas gosto é gosto), ela ganhou mais um andar. Minhas roseiras foram todas removidas: a branca, a laranja, a cor-de-rosa, a rosa chá e a vermelha. A casa ficou muito boa e funcional, mas lamentei pela destruição do jardim e dos canteiros que nós cuidávamos com tanto carinho. Faltam plantas.

De repente, olhei e percebi que eles conservaram os balaustres da cerca, e imediatamente, lembrei-me do Aleph, meu cão, a cabeça enorme para fora, entre os balaustres, latindo para a rua. E foi como se todas as lembranças que estavam presas em algum lugar, de repente, desaguassem.

Revi os dias nos quais eu me deitava na rede da varanda (hoje, coberta por telhas; antes, por uma pérgula onde crescia um Bunganville cor-de-maravilha) e o Aleph deitava-se  sob a rede, dormindo de roncar. Lembrei-me de mim mesma, podando as roseiras, arrancando o capim dos canteiros, limpando as grades das janelas. Recordei as noites de sábado, nas quais nós íamos para fora e nos deitávamos no chão de cimento do jardim, olhando estrelas e conversando, até a madrugada. O quintalzinho dos fundos, onde eu tomava sol.

Hoje, moro em uma casa bem melhor que aquela, mas vivi tantas coisas boas ali... impossível não sentir saudades do que foi bom! Confesso que deu um nó na garganta ao lembrar-me de tudo o que vivemos naquela casa.

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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...