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domingo, 8 de setembro de 2019

Por um Mundo Melhor?






Eu acredito em um mundo melhor. Acredito que todos que estão aqui caminham para um processo evolutivo – até mesmo aqueles com quem eu não concordo, ou que cometem as maiores atrocidades e crimes contra as outras pessoas e até contra a humanidade. Para estes últimos, a melhor coisa é isolá-los da sociedade e aplicar-lhes a punição necessária; afinal de contas, é através de limites claros e definidos e de punições aplicadas a todos aqueles que os infringem, causando prejuízos aos demais, que aprendemos até aonde podemos ir.

E o melhor limite será sempre o respeito. Se eu sei respeitar o fato de que aqui nesse mundo existem pessoas de gostos e compreensões diferentes, estarei bem. Estarei contribuindo para um mundo melhor. Mas isso não significa compactuar com o mal, fazer vista grossa à intolerância ou aplaudir a criminalidade e a corrupção.


Hoje muito se discute a respeito do que fazer para termos um mundo melhor. Alguns clamam que, caso todos pensassem da mesma forma, não havendo assim a necessidade de divergências de opiniões, o mundo seria melhor; já outros defendem a ideia de que um mundo governado pela esquerda ou pela direita seria um mundo melhor. Enquanto isso, alguns defendem a liberdade sexual, a liberdade religiosa, a liberdade política, e todas essas liberdades convivem juntas e frequentemente se chocam umas com as outras. Porque é exatamente onde começa a minha liberdade que a sua termina. 

Sou livre para acreditar no que eu quiser – desde que não me oponha a quem acredita em coisas diferentes; sou livre para defender a homossexualidade ou a heterossexualidade, contanto que eu exerça aquilo que eu quero e respeite quem prefere o contrário. Sou livre para achar que a minha religião é a mais correta, contanto que eu não interfira na sua. 

As pessoas acham que a melhor forma de se viver é tendo liberdade total para praticar o que quiser onde bem entender. Mas eu acho que é preciso que aprendamos a criar mais quadradinhos, e a ficarmos dentro deles mais tempo quando estivermos expressando as nossas liberdades. Ou então que procuremos quadradinhos iguais aos nossos, sem pisarmos nos quadradinhos alheios. 

Precisamos compreender que nem tudo é para todos, nem todos pensam como nós e que é preciso respeitar isso; se eu condeno as religiões que cobram dízimos de seus praticantes, estarei invadindo um território que não compreendo, já que muitas pessoas pagam esse dízimo com prazer e alegria e se acham desfrutando daquilo pelo qual pagam. Se estão sendo enganadas ou não, é problema delas. Se eu visito um canal esotérico e compro um curso sobre Feng Shui ou desenvolvimento pessoal, estarei pagando por um serviço prestado e obtendo as vantagens ou desvantagens daquilo pelo qual paguei. O problema é meu, e de mais ninguém. 

Todas as religiões cobram um preço, pois todas elas são instituições que precisam sobreviver. Experimente tentar ir a um templo Budista no Tibet ou na Índia, e verá que sem pagar, você não poderá permanecer lá por mais que algumas poucas horas. Se quiser batizar ou crismar seus filhos, ou casar-se na Igreja católica, você precisa pagar (e às vezes, bem caro).

Na última Bienal, muitas pessoas se escandalizaram porque um devido político protestante mandou recolher um livro que tinha uma cena de beijo homossexual. Tal livro chama-se Vingadores – A Cruzada das Crianças. Não li o livro, e não sei do que se trata. Se ele mostra mesmo conteúdo inadequado para crianças, não deveria estar sendo vendido abertamente e sem nenhum tipo de aviso. Deveria estar lacrado para que as crianças presentes, atraídas pelo título, não o abrissem e acessassem o conteúdo. Se isto for verdade eu concordo com o político, mas não concordo com a arbitrariedade da ação. Ele poderia ter solicitado que os livros fossem plastificados.

Acho este um exemplo claro de falta de respeito de ambos os lados. Porém, a ação apenas ajudou para que os tais livros fossem vendidos em tempo recorde. Que cada pai e mãe decida o que deseja que seus filhos acessam ou não. Mas para que isso seja possível, é preciso que haja informações disponíveis sobre os produtos. Acho que vender livros assim sem colocar qualquer tipo de advertência é pisar sem dó no quadradinho alheio; ao mesmo tempo, mandar recolher um livro com força de polícia e sem prévio aviso apenas porque seu conteúdo, segundo meus critérios, é inadequado, é arbitrário. 

Faltou respeito aí.



terça-feira, 3 de setembro de 2019

UMA QUESTÃO DE HUMANIDADE







Lembro-me da ocasião em que o ex-Presidente Lula adoeceu e começou a tratar de câncer; também me lembro de quando a ex-Presidente Dilma foi acometida da mesma doença. Pena é que também me recordo dos comentários absurdos que foram feitos nas duas ocasiões, alegando que eles 'mereciam' as doenças que tiveram, que melhor seriam estando mortos, e outras maldades do tipo. 

Em ocasião da facada que quase tirou a vida do atual Presidente Jair Bolsonaro, ouvimos coisas semelhantes e ainda piores; sinal de que a humanidade não evolui nada de lá para cá.  Não melhoramos muito desde então, pois quem deseja a doença e o mal de outra pessoa, não pode ser alguém bom. Não se trata de uma questão política agora, e nem se tratava de uma questão política nas outras duas ocasiões. É uma questão de humanidade mesmo (ou da falta desta).

Infelizmente, o nosso Presidente vai necessitar passar por mais uma cirurgia, ainda devido às consequências daquela facada. Fico muito triste de ver o que as pessoas andam falando por aí, e até mesmo decepcionada ao saber quem estas pessoas são - ou dizem ser! Pessoas que afirmam se importar com o destino da natureza e da humanidade, católicas ou espíritas praticantes, supostamente caridosas, daquelas que mandam mensagens fofinhas pelo Instagram e Whatsapp desejando-lhe bom dia e afirmando que "Jesus é a luz do mundo." 

Pena que essa luz não tenha chegado até elas.

É contraproducente desejar um mundo melhor enquanto se espalha comentários tão cheios de ódio; é sinal de falsidade falar de luz quando suas palavras vêm das trevas mais escuras do inferno. É hipocrisia falar da corrupção de certos políticos enquanto a própria alma sofre da forma mais vil de corrupção. 

Ninguém precisa gostar de ninguém. Ninguém precisa desistir de suas convicções políticas - afinal, é necessário que para tudo exista o seu oposto no mundo, pois só assim mantém-se o equilíbrio. Cada um escolhe e tem o direito de escolher aquilo que acha melhor. Porém, que essa escolha não necessite de maldade e de mentiras para sustentar-se. Não posso sair por aí desejando a morte das pessoas que eu não gosto. 

Se eu não consigo desejar saúde a alguém, que pelo menos eu não deseje nada, ou que eu saiba me calar e me abstenha de espalhar pelo mundo o ódio que eu trago dentro de mim. Que este ódio não se espalhe, não se propague, mas que morra na acidez da minha própria saliva ou diante da luz do conhecimento. 

Para que tal ódio não chegue até mim e não me deixe com um gosto amargo na boca e bile no fígado, estou bloqueando todos que se pronunciam com sarcasmo ou maldade a respeito da saúde do Presidente da República ou de outras pessoas. Peço também que tais pessoas não mais me visitem ou comentem.





terça-feira, 27 de agosto de 2019

Fim do Mundo







O mundo acaba e recomeça, 
Todos os dias
Em tsunamis de palavras
Escritas e faladas,
Pensamentos displicentemente jogados
Feito lixo
Sobre nossas calçadas,
Vozes mentirosas que se sobrepõe
Às vozes caladas.

E mais um dia se deita
Sobre as cabeças desatentas,
Comandadas por virtudes distorcidas,
Terremotos de ideias equivocadas
E meteoros gigantescos
De impacto profano.

E mais um dia se levanta,
Sobre as mesmas cabeças indiferentes,
Insipientes sobre as mínimas coisas,
E que mesmo assim, carregam o giz
Que escreve nas lousas
Das mentes vazias e afoitas.

E tudo o que resta de bom
Ainda tenta sobreviver,
Tudo se arrasta sobre essa lama
Tentando deitar raízes cada vez mais finas
E mais  esparsas
No meio dessa infame trama,
Lançando uma voz cada vez mais fraca
Por sobre as gritantes matracas
Dessa infame subtrama.





sexta-feira, 23 de agosto de 2019

#somostodosamazonia e Outras Hipocrisias

Minha montanha, ainda verde



Há algumas semanas, abri a minha janela e deparei com um cenário triste: a montanha da Pedra do Retiro, que mostra uma paisagem maravilhosa, estava em chamas. Ninguém sabe como o fogo começou, embora a maioria dos incêndios florestais por aqui seja criminosa e provocada por pessoas irresponsáveis que pretendem apenas se divertir soltando balões e fazendo fogueiras pelo simples e mórbido prazer de “ver o mato queimando.” 

O fogo durou três dias, e hoje, quando abro a janela, ao invés de ver uma montanha coberta de bromélias e pontilhada por árvores, com pássaros voando em volta do pico, eu vejo um monte de pedra nua e escurecida pela fuligem. 

Todo ano é a mesma coisa: centenas de quilômetros de florestas são queimadas, e centenas de animais sofrem uma morte dolorosa, tanto aqui no Brasil quanto em países do primeiro mundo. Vimos os incêndios na Califórnia que queimaram mansões e desalojaram centenas de pessoas; o mesmo aconteceu em países como Portugal, Grécia, Suécia, Finlândia e França, em julho de 2018. Quem duvida, siga o link da própria Folha de São Paulo: 


De repente, todo mundo virou ativista em defesa da Amazônia. Pessoas que nunca deram a mínima para o problema, que se arrasta tristemente há muitos e muitos anos, postam nas suas redes sociais fotografias (mesmo que sejam de incêndios que aconteceram no passado e cujo fotógrafo já morreu há anos) de incêndios e animais queimados. Países europeus, que são famosos por terem reduzido suas florestas a quase zero, clamam em entrevistas que “Precisamos salvar a “nossa” Amazônia" – como se ela pertencesse a eles. 

ONGS que foram estabelecidas apenas a fim de monitorar nossas riquezas e mapear a floresta a fim de atenderem a interesses de exploração internacionais, fazem pirraça ao verem suas fontes de renda secando. 

Nos dias de hoje, o Amazonas possui nada mais, nada menos que quinze barragens de mineração- informação colhida no site Porta da Amazônia - http://portalamazonia.com/noticias/amazonas-possui-15-barragens-de-mineracao-saiba-onde-ficam . Mas ninguém liga para isso, não é?

Todos sabemos que tais barragens implicam na construção de barragens de rejeito, semelhantes as que causaram os acidentes em Mariana e Brumadinho. 

Vejam este trecho de uma reportagem publicada em 2003, no governo de Lula, no site A Nova Democracia:

“ Em dezembro de 2002, um geógrafo e dois engenheiros agrônomos enviaram um Manifesto ao Presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva *, para denunciar o saque de nossos recursos florestais, a descaracterização do planejamento regional amazônico, o interesse e atuações das NGOs - No Governamental Organizations (ONGs - Organizações não governamentais) e suas subsidiárias do Brasil. Fazendo eco às denúncias da Frente Parlamentar em Defesa do Brasil e da Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Afins (FNTTA), publicada em A Nova Democracia no5 (dezembro/2002), os autores do manifesto-denúncia conclamam a retomada do processo decisório pelo governo, na salvaguarda da soberania e do desenvolvimento nacional.

Da mesma forma, há exigências para o estabelecimento de legislação específica, visando o acompanhamento sistemático das ações das Ongs , transnacionais ou não, em território brasileiro, a partir da apuração dos fatos e em função dos depoimentos prestados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga, no Senado Federal, denúncias e irregularidades por força da atuação dessas organizações.**

Registros de saque e pirataria da floresta amazônica, nesta última década, vêm estarrecendo a opinião pública brasileira e mundial. A tal ponto que até mesmo os meios de comunicação refratários às denúncias sobre o entreguismo não mais podem evitar o assunto — embora possam atenuá-lo — como o "Jornal Nacional" da Rede Globo, no dia 7 de dezembro. Naquela data, foi necessário dar destaque à pilhagem de madeiras em São Felix do Xingu, no valor de 300 milhões de reais, sem contar os imensos danos causados à natureza. Em particular às reservas de grande biodiversidade.

Ocorrências assim revelam mecanismos bem definidos. Dela participam múltiplos interesses com "o respaldo ativo do aparelho de Estado" e conexões internacionais.”


Isto prova que o problema é muito antigo, e começou no governo daqueles que hoje acusam o atual Presidente da República recém-eleito, Jair Bolsonaro, de mandar queimar florestas e matar animais. Pessoas irresponsáveis, que não se dão ao trabalho de ler e pesquisar antes de acusarem pessoas sem terem provas; pessoas que engolem sem água e sem olhar tudo aquilo que uma esquerda cansada e cansativa lhes empurra goelas abaixo. 

Isso muito me entristece, pois é a prova viva de que estas pessoas não evoluem e não aprendem, mesmo diante do óbvio. Vivemos em um país onde apenas o pior é alimentado, ressaltado, incentivado. Para ajudar, não tem quase ninguém, enquanto que os críticos acéfalos teleguiados por controle remoto, cujo único botão fica à esquerda, surgem a todo momento, a fim de espalharem fake news e tentarem destruir o país onde eles próprios estão vivendo, desde que seja “pela causa.”

Mesmo que eu não concorde com tudo o que faz ou diz o Presidente da República democraticamente eleito pela maioria dos cidadãos brasileiros, inclusive eu mesma, é ele que está lá no poder, tomando as decisões e tentando circular pela lama negra da corrupção sem cair nela. Ele tem feito coisas que nunca foram feitas antes aqui no Brasil. Está enfrentando gente perigosa, já teve a própria vida ameaçada, e tem tido a vida de sua família ameaçada em redes sociais o tempo todo, e mesmo assim, continua lá, tentando fazer o seu melhor. Assisti a um vídeo onde um homem dizia que ia “pegar” a filha dele, inclusive, citando o nome da menina. Não sei o motivo de tanto ódio dirigido a uma pessoa que está lá porque lá foi colocado pela escolha da MAIORIA!

Tenham ao menos um pouco de respeito – se não o tem por ele, que seja pela inteligência da maioria do povo brasileiro. 





terça-feira, 20 de agosto de 2019

Dia da Fotografia



Ontem foi o Dia da Fotografia, e eu me esqueci dele. Além disso, estive ocupada o dia todo, e não pude dar atenção às coisas virtuais como eu pretendia. Assim, deixo aqui alguns registros fotográficos que tenho feito aqui do meu mundinho, em homenagem a este dia - que já passou. mas as imagens ficam!









































quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Translucidez









Translúcido dia
Paisagem leitosa
A lágrima desce
No rosto da rosa.

Pinheiros e cedros
Se alinham tão sóbrios,
Um cheiro bem fresco
No dia sombrio.

Um pouco de frio,
Um coração ébrio
Um peito vazio
De festa ou de tédio.

E eu vou passando,
E tu vais passando,
As nossas histórias
Nos véus da memória.

E o véu se desfaz
Por entre a neblina,
Translúcidos dias,
Translúcidas vidas.





quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Como Começar a Construir Frustações


Daí, de repente você olha as pessoas perfeitas do comercial de TV e começa a pensar...


Então... o Youtube está cheio de personal coaches e spiritual coaches . Até eu abri meu canal por lá, o Espiritualidade na Lata - sendo que não o fiz para tentar colocar nada na cabeça das pessoas, mas para tirar certas coisas que às vezes entram e tornam as nossas vidas miseráveis sem motivos reais. 

Sempre sinto um calafrio na espinha quando assisto a vídeos onde os coaches afirmam o seguinte: "Você pode tudo! Se ainda não atingiu o seu potencial e conseguiu tudo o que quer, é porque está no caminho errado." Bem, eu concordo até "Atingir o potencial." Todos nós temos potencial para fazermos muitas coisas, baseados em nossos talentos e esforços pessoais. Mas quando chega na parte do "conseguir tudo o que quer," eu tenho minhas resistências... ninguém pode conseguir tudo o que quer, e faltar alguma coisa na vida é algo comum a todos nós. O problema é onde focamos: no que nos falta ou no que temos? No que podemos conseguir (nossos sonhos possíveis) ou em objetivos intangíveis?

Vejo pessoas dedicando seu tempo e suas vidas a tornarem-se algo para o qual não têm o talento necessário. Com esforço, até poderão chegar lá - mesmo que não se tornem realmente bons no que fazem -, mas valerá a pena, quando poderiam focar em um talento natural e atingir o seu total potencial ? Um bom exemplo sou eu mesma: quando criança, queria ser bailarina. Até consegui entrar para uma escola de jazz, mas eu era tão ruim, que dava pena.

O tempo passou e pensei em tornar-me cantora; até que eu canto direitinho, mas não sou e  nunca serei uma cantora talentosa, com um dom natural, e mesmo que nos dias de hoje haja muitos cantores que não cantam, prefiro ser uma professora de inglês que sabe ensinar inglês muito bem a uma cantora que engana bem. Posso cantar no banheiro, onde não incomodo ninguém.

Ok, eu creio na força do pensamento; mas não creio na força da teimosia. Existe um momento para parar de tentar quando batemos a uma porta que não quer se abrir. Se já tentamos outras estratégias, então é a vida que está impedindo que a porta seja aberta - talvez para nos livrar de um grande engodo ou sofrimento. Vamos bater à porta seguinte. Mas tem gente que fica batendo à mesma porta a vida toda, e se tornam frustrados e infelizes, daquele tipo de gente que está sempre reclamando e invejando o que os outros têm. Triste...

Há coaches e líderes espirituais que vivem a dizer a pessoas que estão doentes que, se elas não se curaram ainda, é porque estão fazendo alguma coisa errada. Mas quando eles mesmos adoecem, ao invés de usarem a força do pensamento positivo, vão se tratar no Copa 'Dor. Muito fácil chegar para alguém que more em uma favela e ganhe um salário por mês e dizer que ele pode fazer tudo; mas é necessário explicar também que sem trabalho duro e dedicação, sem contornar obstáculos, vencer preconceitos e fazer um trabalho hercúleo a fim de superar suas limitações, ele não chegará a  lugar nenhum. Nem todos estão dispostos a tais sacrifícios, porém. Mas isso não significa que não possam ser felizes do seu jeitinho.

Li certa vez a chamada para um livro que ensinava como tornar-se milionário antes dos sessenta anos. Ao ler o livro, vi que se tratava de sacrificar toda a sua juventude a fim de desfrutar de tal conforto em idade avançada (sendo que não há nenhuma garantia de que você de fato chegará lá): "Pare de tomar cafezinhos," o livro sugeria, mostrando o quanto se economiza em vinte anos se pararmos de tomar café. Também sugeria não comprar roupas novas, mas apenas em bazares, não viajar, não dar presentes caros, economizar na comida, morar em um lugar bem abaixo do que seu salário pode pagar, guardar a maior parte do dinheiro que ganhar, casar com separação de bens, etc...

Notou que, a fim de ser um milionário antes dos sessenta, você precisa desistir das melhores coisas da vida e da maioria dos prazeres da juventude?

Vão catar coquinhos. Eu quero tomar café e sorvete, almoçar em restaurantes de vez em quando, viajar, gastar meu dinheiro em livros, roupas, coisas bonitas para a minha casa, presentes bonitos para quem eu amo, enfim, eu quero mais é viver! Bem, eu não ficaria triste se me tornasse uma milionária, mas desde que eu não tenha que viver uma vida miserável durante anos e anos para conseguir.

Meus sonhos são reais, meus objetivos são tangíveis. Quero as pequenas coisas, as médias, e de vez em quando, as grandes coisas da vida. Estas últimas vêm como um presente quando a gente merece e sabe agradecer.


ps: Hoje tem postagem nova no meu blog de Tarôt! Com esta postagem, finalizo os 22 Arcanos Maiores.

Eis o link:


O CAMINHO DO APRENDIZ






quarta-feira, 31 de julho de 2019

ARTE MORIBUNDA









Escrever é uma arte que está morrendo por falta não de escritores, mas de leitores. Ninguém mais tem paciência de ler um texto com o devido cuidado que ele merece. Ninguém leva em consideração o tempo gasto pelo escritor a organizar suas ideias de forma coerente em uma tela de computador ou folha de papel. 

Escrever é um exercício da alma, que muitas vezes, é corajosamente desnudada sem qualquer pudor para ser apreciada, odiada, julgada ou ignorada. E me parece que a última opção é a que prevalece nos dias de hoje, porque ninguém lê mais.

Na era dos vídeos e das redes sociais que impõe limites de caracteres (como se as ideias e sentimentos pudessem ser devidamente expressados levando em conta uma matemática absurda, controladora e castradora), as pessoas estão deixando de ler. Alegam falta de tempo, mas na verdade, é falta de interesse mesmo.

Ler é dedicar sua atenção ao trabalho de outra pessoa, e o que acontece nos dias de hoje, é que todo mundo quer chamar a atenção para o seu próprio umbigo. O importante é ter likes e comentários, mesmo que tais comentários não tenham nada a ver com o texto escrito, o que expõe ao ridículo aqueles que equivocadamente comentaram devido a obviedade da sua não leitura. 

Mas quem se importa, não é mesmo? Ninguém lê sequer o texto, quanto mais os comentários.

Concluo que escrever tornou-se a mais solitária das artes, já que escrevemos para nós mesmos, e não mais para os outros. Fico pensando no que será da literatura daqui a alguns anos: resistirá? Da mesma forma, penso na arte da música, que tornou-se pólvora de cabeça de fósforo para consumo rápido. 

Na verdade, eu me sinto feliz por ter 53 anos em 2019, o que significa que eu não estarei aqui para ver um mundo sem arte, no qual autômatos postam sorrisos falsos em redes sociais e não têm uma vida real.

Viva a superficialidade!


"Lindo e reflexivo, visite-me em minha escrivaninha."






sexta-feira, 26 de julho de 2019

QUEEN







Ontem Roger Taylor, baterista do Queen, completou 70 anos de idade. Ao rever fotos antigas dele e do grupo no Instagram, outras imagens foram surgindo aos poucos em minha memória: Eu, uma menina de doze ou treze anos de idade, trancada em meu quarto após a escola, toca-discos rodando um dos vinis do Queen e minha cabeça totalmente cheia de fantasias, viajando muito longe dali.

Eu às vezes me deitava no chão, a cabeça entre as duas caixas de som, e ficava prestando atenção a cada instrumento, a cada nuance de voz, e conseguia perceber até alguns sons que certamente foram gravados sem intenção, como de algo caindo no chão ao fundo, no final da música “ ’39.”

Memorizei a maioria das letras, e carregava comigo alguns vinis sempre que saía de casa para visitar algum amigo. Assim, poderia sempre escutar as músicas.

Eu era uma fã. Uma fã solitária, sem arroubos de loucura insana, sem jamais ter ido a um show sequer da banda, nem mesmo quando eles estiveram aqui no Brasil, e sem saber absolutamente nada sobre a vida dos meus ídolos, já que cresci sem internet e as revistas da época não falavam muito sobre eles. Fotos? Apenas algumas que consegui em uma reportagem de duas páginas apenas na falecida Revista Pop – ícone da juventude dos anos 70/80. As fotos ficavam coladas na parte de dentro da porta do meu armário de roupas.

E hoje, após ver as fotos do grupo no Instagram, pedi que Alexa tocasse uma playlist do Queen no Spotify. Alexa, para quem não sabe, é a assistente virtual da Amazon. E cá estou eu, duas horas depois, ouvindo aqueles sons com os quais eu cresci, e que eu conheço de cor, sabendo exatamente todos os acordes de guitarra, reconhecendo todos os tons de voz e qual música vem depois de outra nos vinis, e a qual álbum elas pertencem.

Ainda há pouco, sentada lá fora, os cães ao meu lado, eu de repente olhei para o céu: um azul aquarelado com nuvens com consistência de sorvete aqui e ali. Uma brisa mansinha levando-as para lá e para cá. A gente olha para o céu e logo sabe que, se ele ainda está ali, é porque o tempo não pode ter passado tanto assim. E a menina que eu tenho dentro de mim se viu cantarolando as letras, e de repente, minha mãe e meu pai estavam em algum lugar da casa, minhas irmãs também, e algum amigo estaria chamando por mim no portão da casa querendo saber o que faríamos no final de semana.





Em Nova Iorque, enquanto fazia compras na Time Square, eu deparei com um sonho antigo: pendurada na parede de uma loja, uma camiseta de malha preta com o logotipo do Queen: os leões de Judá, os anjos, os cisnes e o nome da banda em baixo do desenho.

Estendi a mão e agarrei a camiseta, enquanto uma voz de censura falava dentro da minha cabeça: “Deixa de ser ridícula! Isso é coisa de adolescente, você em 53 anos!” Eu abracei a camiseta contra o peito, sentindo o coração bater na garganta, e respondi àquela voz: “Escute aqui, eu quero a camiseta, eu vou comprar e vou usar, e dane-se quem não gostar.” E graças a Deus, eu a comprei, e eu a uso, orgulhosa ao trazer no peito o símbolo da minha juventude, parte dos meus anseios, o motivo principal pelo qual eu aprendi a falar inglês e escolhi a profissão que eu tenho. Quando eu a visto, eu sou novamente aquela garota, a fã discreta e meio-tímida por fora, mas que arde por dentro.

Nestes momentos, eu não preciso de espelhos que me digam que eu não tenho mais treze ou quatorze anos, porque eu sei que eu tenho sim. As melhores coisas da vida não morrem nunca, nem envelhecem.









terça-feira, 23 de julho de 2019

De Cada Adeus








De cada adeus fica uma ponte,
Se a gente deixar ficar.
Uma brisa, uma lembrança,
Um barco solto no mar
Da fé e da esperança,
Uma luz que não se alcança,
Mesmo assim, irá brilhar.

De cada adeus, uma palavra,
Uma sílaba a brotar
Pouco a pouco, a cada dia,
Até que por elegia,
Dois mundos vão se tocar
Duas almas que há tempos
Anseiam o mesmo momento,
Hão de reencontrar
Uma à outra, de repente
Levadas pela corrente
Da onda que os separou
Bem dentro daquele mar.

De cada adeus, uma dor
Que quem fica, vai curar
E quem parte, quem dirá
Para onde a levará?





quarta-feira, 17 de julho de 2019

Prazer em Não Conhecer-te!







Olá, como vai?
Me diga seu nome, 
Talvez onde mora,
Sua cor preferida,
Mas não fale muito 
Sobre a sua vida,
Não quero saber
Qual é o seu time,
Sua ideologia,
Sua opinião
Sobre religião,
O que está bem dentro
Do seu coração.

Olá,  tudo bem?
Responda que sim,
Não fale demais,
(Não falo de mim)
Não quero escutar 
Sobre seus problemas,
Sua sexualidade,
Partido político,
E nem me interessa
Aquela maldade
Fininha, que paira
Tal qual poeirinha
De açúcar bem fino
Sobre a sua alma.

Olá, como vai?
Mantenha a calma,
Mantenha a lisura,
Quem sabe, a distância
Que reza a etiqueta
E a compostura!
Se somos amigos?
Poderemos ser,
Desde que respeites
A minha maneira
De ver e viver,
Sem intimidades
Tão desnecessárias,
E pode guardar
A sua navalha,
Pois não me interessam
Suas indiretas
Ou suas diretas.

Olá, como vai?
Sou Ana Bailune
Persona non grata
Em vários salões
Que já nem me importam,
Onde já nem vou
E nem quero ir,
Pois fazem chorar
Quando eu quero é rir,
E querem chegar
Quando eu quero é ir,
E querem gritar
Se eu quero dormir.

O prazer é meu,
Pode acreditar,
Se você for forte
Para respeitar
A minha mania
De ficar calada,
O meu gosto estranho
Por me sentir bem
Quando estou sozinha
Diante de um livro,
Na minha caixinha,
No meu quadradinho
Onde poucas almas
Podem adentrar
-Quanto mais, ficar!

Olá, como vai?
Podemos sentar-nos
Diante do fogo
E falar por horas
De coisas estranhas
E aleatórias,
Mas jamais pergunte
O porquê daquilo
Que eu faço ou aprovo,
Pois só tem a ver
Comigo e com Deus;
-Amigos, amigos,
Umbigos à parte!
Mantenha distância,
Relação é arte
Não quero deixar
De amar você!



Às vezes, conhecer as pessoas a fundo nos faz deixar de amá-las.

Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...