witch lady

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quarta-feira, 10 de maio de 2017

O Sonso







Todo mundo, pelo menos uma vez na vida, já deparou com o sonso. Ele é aquele que sempre fica bem na foto, pois está sempre sorrindo, e tem um olhar bondoso e aparentemente sincero. Costuma falar baixo e não dizer diretamente o que pensa, preferindo expressar-se de forma mais dissimulada.

O sonso tem a habilidade de comer pelas beiradas. Rodeia o prato devagar, fingindo não sentir a voracidade que o aflige, e de repente, dá uma mordidinha. Geralmente, é uma mordidinha inocente, arranca só um pedacinho que não vai fazer muita falta; talvez, ninguém note. Mas ele não para por aí, pois a fome do sonso é insaciável. Logo depois, ele dá outra mordidinha, e mais outra, e mais outra.       Quando a gente percebe, o sonso já chegou no recheio do sanduíche, e não deixou nada para ninguém.

Uma das maiores habilidades do sonso, é a manipulação. Ele conta uma história pela metade, só até o ponto no qual ele sabe que receberá a aprovação dos seus ouvintes. O resto, ele prefere omitir. Ou então ele conta o restante da história apenas quando ele percebe que o seu ouvinte já caiu na sua teia, que ele armou com todo cuidado entre os arbustos para ninguém perceber. Gosta de contemplar o olhar perplexo e constrangido de sua vítima. O sonso é como uma aranha, que estende sua teia invisível esperando que um besourinho incauto fique preso nela. Depois, ele se aproxima e se alimenta dele.

O sonso gosta de todo mundo. Pelo menos, aparentemente. Morre de medo de entrar em conflitos, mas adora quando vê o circo pegar fogo. Especialmente se o incendiário foi ele. Ele se senta no alto, em uma posição confortável de onde ele possa ver todo o prédio em chamas, e quando alguém passa, balança a cabeça tristemente e comenta: “Que pena!”

Quando o sonso quer uma coisa, ele tenta obtê-la e não desiste. Porque o sonso é invejoso. E ele não tem pressa. A fim de conseguir o que quer, está disposto a esperar muitos anos. Ele muda de casaca e desiste de suas convicções, sejam elas quais forem, adotando novas crenças e defendendo novas causas se isso lhe trouxer algum benefício pessoal. Porque no fundo, as causas dos sonsos são apenas uma maneira de atingir metas pessoais. Podem ser Flamengo hoje, se o chefe for Flamengo, ou Fluminense amanhã, se o chefe mudar de time.
O sonso pensa no futuro!

O sonso não gosta muito de emitir suas opiniões, justamente porque sabe que elas precisam ser voláteis. Temem dizer alguma coisa que possa prejudicá-los, ou aos seus interesses, caso as coisas mudem no futuro. Lembram-se daquele antigo programa de humor, que em um dos quadros  falava da relação entre um funcionário e seu chefe? Toda vez que o chefe pedia uma opinião, o sonso retrucava: “O que o senhor acha?” Daí, logo após o chefe expressar seu pensamento, o sonso repetia: “Tirou daqui!”, apontando para a própria cabeça. Desta forma, o sonso estava sempre de bem com o chefe. 

E é assim que o sonso cai nas graças de todo mundo: sendo cordato, bonzinho, discreto... dissimulado.
O sonso sempre carrega uma caixinha de fósforos no bolso. E quando o circo pega fogo, ele culpa o palhaço.






terça-feira, 9 de maio de 2017

Dia Chegará






Dia chegará
Em que não haverá mais nada a se dizer.
Recolherei minhas folhas
(As secas e as de papel)
E partirei para o alto de alguma montanha,
Quem sabe, sentando-me em posição de lótus,
Pronta para fechar os olhos
E morrer.





HYGGE




Hygge (pronuncia-se huga) é uma palavra dinamarquesa que não tem tradução na nossa língua. Ela pode significar um estilo de vida no qual as pessoas são respeitadas, pois há boas condições de vida e de saúde, e também consciência política, tanto do povo quanto dos políticos, o que implica solidariedade e compreensão aos demais. Todos sabemos que a Dinamarca é um dos países com melhores índices de desenvolvimento no mundo todo, onde as pessoas são mais felizes e têm condições de vida excelentes; tudo isso simboliza o estilo Hygge de viver.





Segundo Mikkel Larsen, de 42 anos, do departamento de comunicação da embaixada da Dinamarca em Madrid, à Verne, “É difícil encontrar uma palavra; seria uma entre bem-estar, estar numa situação em que te sentes confortável, relaxado e livre”

Pelo que encontrei em vários sites sobre o assunto, Hygge é um conceito que inclui também o despojamento do Wabi-sabi chinês, que passa pela aceitação da transitoriedade de tudo o que existe, valorizando as coisas antigas e até mesmo, defeituosas ou quebradas. Segundo a Wikipedia, Wabi-sabi “Refere-se ao viver uma vida comum com o despojamento, com a insuficiência ou com a imperfeição, e está relacionado às doutrinas de desapego do Zen budismo. Estes conceitos estão representados na produção artística através do rústico, do imperfeito, do monocromático e do aspecto natural. Através de wabi e sabi é possível o alcance do vazio da mente que traz tranquilidade. wabi significa "quietude" e sabi "simplicidade", e expressam-se através da querença que os japoneses possuem por simplicidade e subtileza.”



Comparando os dois – Hygge e Wabi-sabi – consegui encontrar pontos em comum, pois ambos primam pela simplicidade e a solidariedade, valorizando coisas simples como a vivência caseira e acolhedora, as reuniões entre amigos em volta da lareira, as conversas amenas ou um churrasco para poucas pessoas.




Algumas coisas que são consideradas Higgye, de acordo com o livro “The Little Book of Hygge: The Danish Way to Live Well”, de Meik Wiking:

-Luz de velas
-A lareira acesa, e seu crepitar
-Boa música, suave e agradável aos ouvidos
-Aconchego caseiro, ambientes agradáveis e simples
-almofadas, mantas, o inverno, o frio em si
-Elementos naturais na decoração (madeira, plantas, cerêmica)
-Um bom vinho
-Roupas escuras – principalmente, pretas – e cachecóis



Descobri que sou Hygge. Adoro o frio, adoro luz de velas e iluminação indireta, adoro vinhos, reuniões caseiras com poucos amigos, coisas que não são novinhas em folha, ambientes aconchegantes e simples. 

O inverno está chegando. Não existe uma época melhor para sermos Hygge!





Quando a Casa Não é Nossa





Desde bem pequenos, somos ensinados pelos nossos pais a nos comportarmos diferentemente ao estarmos na casa de outra pessoa. Nunca devemos nos sentir tão à vontade na casa de outrem quanto nos sentimos na nossa - por mais que nosso anfitrião nos diga para ficarmos à vontade. Minha mãe sempre dizia coisas como: 

"Não mexa em nada! Não corra, nem faça barulho. Ao sentar-se, não se esparrame no sofá e mantenha os pés afastados do assento ou da mesa de centro. Não diga palavrões. Não fale alto demais. Ao comer, seja educada, e não se sirva de porções grandes. Não interrompa a conversa dos adultos. Diga sempre 'com licença', 'obrigada' e 'por favor.' Não coloque copos molhados sobre mesas de madeira; use o porta-copos." E várias outras recomendações. 

Mas ao crescermos, nós às vezes nos esquecemos destes detalhes. Não é nada agradável ter uma visita que não sabe se comportar, e que ao sair, deixa aqueles enormes torrões de terra sobre o piso ou o tapete da sala, marcas de copos pela mesa, louças espalhadas nos lugares mais estranhos (por exemplo: atrás do sofá, no chão, sobre a estante da sala) papel de bala no piso, e pior de todas as coisas, cheiro de cigarro e guimbas pela casa toda! É terrível, ao usarmos o banheiro de nossa casa - sendo não fumantes - descobrirmos que alguém o usou para fumar. As toalhas fedem à fumaça, e às vezes, há cinzas e guimbas dentro da lixeira, o que faz com que o cheiro permaneça. 

Quando se tem crianças, as recomendações devem ser parecidas com aquelas que minha mãe me fazia; se elas forem pequenas demais para compreender, é melhor que haja um adulto tomando conta e controlando o acesso do pimpolho aos objetos quebráveis e às escadas ou outros locais perigosos. Não é nada sensato ou gentil deixar a segurança da criança à cargo do anfitrião. 

Certa vez, recebi alguém que tinha um menininho; bem, tenho escadas em casa, e o menino ainda era bem pequeno. A casa ainda estava nos acabamentos finais, e as escadas estavam ainda sem o corrimão. A todo momento, eu era obrigada a  sair a procura do pimpolho, que cismava em subir as escadas, cujos degraus eram ainda altos demais para ele, correndo o risco de se machucar seriamente; a mãe? Não estava nem aí... Também tive que remover alguns objetos da mesa de centro para que ele não os quebrasse.

Em outra ocasião, enquanto eu lidava com bandejas e comes e bebes, cheguei à sala de jantar e deparei com a gaveta da cristaleira aberta e meus panos de copa, limpos e passados,  espalhados do lado de fora enquanto a criança brincava de pisoteá-los e usá-los para limpar o chão. A mãe? Nem aí...

Lembro-me de uma vez em que surpreendi um rapaz, que tinha sido contratado para prestar um serviço, à porta da minha geladeira servindo-se de um copo de suco. Ele não tinha me pedido licença, e nós não tínhamos nenhuma intimidade. Eu parei e fiquei olhando, a boca aberta, sem saber o que dizer diante de tanta falta de educação, até que me controlei e finalmente  pedi a ele que quando quisesse beber alguma coisa, pedisse antes. Arrematei explicando que eu não gostava que abrissem minha geladeira sem a minha permissão.

Também acho que deveria haver um cartaz de "proibido", dirigido às visitas,  à porta do quarto de bebês recém-nascidos: 

-Proibido pegar no colo sem a autorização da mãe.
-Proibido ficar horas e horas prolongando a visita. (Mães de recém-nascidos dormem muito pouco à noite, e precisam descansar)
-Proibido falar alto.
-Proibido tossir ou espirrar, ou chegar perto do bebê se estiver gripado.
-Proibido sacudir a criança.
-Proibido tocar no bebê sem lavar bem as mãos.
-Proibido falar em cima do rosto da criança.
-Proibido tocá-lo se você estiver cheirando a cigarro.
-Proibido perguntar "E quando você vai dar um irmãozinho para ele?"

E acima de tudo:

-PROIBIDO BEIJAR!!!

A casa dos outros não é a nossa casa. Acho que compreender este conceito e levá-lo ao pé da letra pode significar amizades mais duradouras e reuniões mais agradáveis. 




segunda-feira, 8 de maio de 2017

Dos Sentimentos







A dor que dói em mim
Dói sempre bem antes
De doer em você.

Arranho meus braços,
Subo pelas paredes,
Perco a compostura,
Choro até morrer.

Enquanto isso,
Tu me observas, tranquilo,
O lenço pronto
Para me estender...

E quando eu me calo,
A tua dor, finalmente,
Começa a doer.

Dor atrasada,
Amplificada,
Que mais demora a morrer.

Mas lá estou eu,
Com o mesmo lenço
Lavado e perfumado,
A te oferecer.









PEMA CHODRON









Trechinho do livro "A Beleza da Vida", por Pema Chodron:


"Outro dia, acordei de manhã preocupada com o bem-estar de um amigo querido. Senti aquilo como uma dor no coração. Quando me levantei e olhei pela janela, vi tanta beleza que aquilo parou na minha mente. Simplesmente fiquei lá, com o coração partido pelo estado do meu amigo, vendo as árvores pesadas com a neve recente, um céu que estava azul-arroxeado e uma leve neblina que cobria o vale, transformando o mundo numa visão da Terra Pura. Bem na hora, um bando de pássaros amarelos pousou na cerca e olhou para mim, aumentando ainda mais o meu assombro.





Percebi então o que significa reter a dor no coração e ao mesmo tempo ser profundamente tocado pelo poder e magia do mundo. A vida não precisa ser de um modo ou de outro. Não precisamos ficar pulando para a frente e para trás. Podemos viver maravilhosamente com o que vier - coração partido e alegria, sucesso e fracasso, instabilidade e mudança.





Desenraizamento, incerteza, insegurança, vulnerabilidade - essas palavras costumam carregar uma conotação negativa. Geralmente trememos esses sentimentos e tentamos nos esquivar deles de qualquer maneira possível. Mas não precisamos evitar o desenraizamento. O mesmo sentimento que achamos tão problemático ao nos abrirmos para ele, pode ser experimentado como um enorme alívio, como libertação de todas as contenções. Pode ser experimentado como uma mente tão imparcial e relaxada que nos sentimos expansivos e contentes. 





Shantideva experimentou-a assim:

Quando real e irreal
Estão ausentes da mente,
Nada resta à mente fazer
Além de repousar em paz,
Livre de conceito.








quarta-feira, 3 de maio de 2017

JUNTO AO CORAÇÃO - Miniconto






Miniconto


"O coração do homem-bomba faz tum tum
Até o dia em que ele fizer bum!"

Zeca Baleiro



. . . .


Ela era linda, envolta em véus esvoaçantes de azul e dourado. A mecha de cabelo negro aparecia como uma faixa em volta da testa, debruando o véu. De vestido longo, sentada à mesa junto à porta do café movimentado, ela chamava a atenção de todos que entravam e saíam. 

Os homens ficavam encantados por seus olhos verdes, e as mulheres  admiravam sua beleza exótica com silenciosa inveja. Será que estaria esperando por alguém? Com certeza, uma jovem tão bonita não deveria estar sozinha em um país estranho. 

De onde estava, ela olhava as pessoas a sua volta, demorando-se nos rostos felizes das crianças e trocando sorrisos com elas, que ficavam encantadas pela moça bonita. Ela parecia absorver a atmosfera tranquila, o burburinho das conversas, os risos e vozes que se intercalavam, bebendo tudo aos golinhos junto com o seu chá. 

Ela aguardava um sinal. Apertava na mão a pequena chave dourada que lhe abriria as portas para uma vida perfeita. Junto ao coração, trazia um segredo  do qual ninguém suspeitava. Estava feliz, e emanava paz. Daqui a pouco, a bomba que estava escondida junto ao peito explodiria, transformando  tudo e todos em milhões de pedacinhos coloridos que a elevariam ao céu, onde ela era aguardada.






Magia Pura













terça-feira, 2 de maio de 2017

I HAD A DREAM






I think was asleep
When I heard the steps that crossed the room
And stopped right behind 
My sleeping body.

I think I was asleep
When I felt cold hands on my back
Shaking me, removing my covers
And exposing me to the coldest breath.

I think I was asleep
When I felt icy fingers moving on my shoulders,
And stopping at my neck
Pressing gently, then, strongly.

I think I am asleep
While I fly over the top roofs of my neighborhood
And look at everybody down there
Waking and walking out of their homes
Without being able to see me.




Florbela em Casa







Hoje, eu vou de Florbela. Um lindo soneto que fala de casa e de amor:


A NOSSA CASA


A nossa casa, Amor, a nossa casa!
Onde está ela, Amor, que não a vejo?
Na minha doida fantasia em brasa
Constroi-a, num instante, o meu desejo!

Onde está ela, Amor, a nossa casa,
O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa?

Sonho...que eu e tu, dois pobrezinhos,
Andamos de mãos dadas, nos caminhos
Duma terra de rosas, num jardim,

Num país de ilusão que nunca vi...
E que eu moro - tão bom! - Dentro de ti
E tu, ó meu Amor, dentro de mim...







PARADOXO









“A liberdade tem limites que a justiça lhes impõe.”     Seria bom se fosse verdade.
Jules Renard – Nascido em 22 de Fevereiro de 1864 em Châlons du Maine, Mayenne, França – Morto em  22 de Maio de 1910, em Paris, França) foi um escritor francês.

Através de tudo o que tem acontecido nos dias de hoje (e também ao lembrar-me de coisas que aconteceram há anos) tenho me perguntado quais são os limites entre o ser humano e o ser desumano. Olho e vejo tudo o que está acontecendo no nosso país – bilhões e bilhões, quantias de dinheiro público inimagináveis para mim e para todos nós, sendo roubados há anos, extraviados e usados para pagar propinas a políticos desonestos que jamais serão capazes de viverem o suficiente para desfrutarem dos frutos de seus roubos – talvez nem sua quinta geração consiga gastar tanto. O mais sério de tudo, é saber que tais despautérios causaram e causam as mortes de centenas de milhares de pessoas em hospitais públicos, que amargaram e amargam estar sem atendimento médico ou sem os medicamentos que necessitam para sobreviver. Morreram e morrem à míngua, enquanto os ladrões viajavam por aí e se empanturram em restaurantes caros, vestindo roupas de luxo e joias caríssimas. 

Alguns foram presos, outros já estão em “Prisão domiciliar”, comandando de casa seus “negócios” e desfrutando do luxo que roubaram. E é exatamente isto que acontecerá em breve a todos eles. Tenho pensado e concluo que a Lava-jato é um desperdício de tempo e dinheiro, já que no país não existem leis que mantenham tais pessoas na cadeia.

Lembro-me também das horríveis cenas de pessoas sendo decapitadas com facões, ao vivo e à cores, em rede nacional e internacional, por terroristas que dizem estarem apenas “lutando por suas causas.”  

E penso até aonde vai o limite do que se pode chamar de “Ser Humano.” Falta empatia. Falta colocar-se no lugar do outro e tentar sentir o que ele sente. Falta seguir aquela máxima que diz que não devemos fazer ao outro o que não gostaríamos que nos fosse feito. Quando uma causa passa por cima dos limites dos direitos alheios, ela deixa de ser uma causa justa e passa a ser fanatismo. Quando matar, depredar, roubar e agredir passam a ser comportamentos normais e maneiras de se protestar, a humanidade deixa de existir.

Existem opções? Existem escolhas, sim. Não precisamos refletir em nós o pior do outro. Existem mil maneiras de se protestar sem prejudicar a quem nada tem a ver com isso, e que na verdade, também sofre da mesma maneira que todos nós. Vocês acham mesmo que políticos se importam com o que acontece aos ônibus e patrimônio público destruídos? Acham que estão preocupados com os trens que deixaram de circular? Acham que eles sequer ligam? Quem sai prejudicado por estes atos, são aqueles mais humildes, que moram longe e precisam sair de casa às quatro da manhã e tomar duas ou três conduções para chegar ao trabalho, e depois, fazer todo o trajeto de volta! Político não toma café no bar da esquina que foi depredado, mas o bar da esquina depredado presta serviços e dá empregos a várias pessoas como eu e você. “Eles” não estão nem aí. Tais protestos não valem nada. Só ajudam à um pequeno número de sindicalistas que estão vendo suas mamatas ameaçadas. Pessoas que fingem que lutam pelos direitos dos trabalhadores enquanto estão envolvidas nas maiores sujeiras, quiçá, assassinatos. Pessoas que não trabalham. Acham mesmo que alguém está preocupado com os seus direitos de trabalhador? Ingenuidade sua.

Se fosse greve, bastaria que todos ficassem em casa e simplesmente não fossem trabalhar. Se fizéssemos isso por 3 dias apenas, os prejuízos seriam enormes, e seriam sentidos nos lugares certos. E a repercussão seria muito maior. 

Escuto e leio por aí coisas horríveis sobre a livre negociação entre patrões e empregados: os patrões terão prioridade, pois serão soberanos. Os trabalhadores não terão como negociar. 
Mas já não é assim? Não tem sido sempre assim? Quantas e quantas vezes tive que aceitar ter um salário mais baixo lançado em minha carteira de trabalho,  recebendo o restante “por fora”, porque o patrão não tinha como arcar com os impostos absurdos e com os ‘direitos trabalhistas’ exigidos pelo Governo? Não é difícil só para nós, mas para os patrões também.

Penso que os direitos trabalhistas garantiram apenas que ficaríamos submissos a salários baixos, presos a direitos que são bem menores do que os que merecemos, amargando anos de nossas vidas trabalhando em empregos que odiamos, sem controle sobre as nossas vidas, férias, viagens, horários.

Nós muitas vezes ficamos anos em empregos que detestamos apenas para garantir a tal ‘carteira assinada’ e os depósitos de FGTS, as férias pagas e a ‘garantia de estabilidade’ – que todo mundo sabe, não é garantia nenhuma. Sou um exemplo disso: durante anos amarguei trabalhar em lugares onde não era valorizada, apenas por medo de perder meus direitos de trabalhadora se me tornasse autônoma. Quando finalmente tomei coragem e decidi encarar, me arrependi pelos anos em que passei pastando o capim curto e limitado oferecido pelos meus ex-patrões – que também eram explorados pelo Governo e foram à falência ao serem obrigados a pagar verdadeiras fortunas para manter um funcionário. Posso não ganhar muito bem, mas faço o que quero, da maneira que acho melhor, organizo meus horários e negocio livremente com os meus clientes. E se algum deles não me agrada (e vice-versa) sou livre para não atende-lo mais. Da mesma forma, quem negociar livremente com seus patrões poderá escolher onde vai trabalhar com mais liberdade, pulando fora quando achar que está sendo explorado e começando a trabalhar no concorrente sem ter que pagar aviso prévio. Basta que cada um saiba seu verdadeiro valor e não se deixe enganar. 

Existem muitos países onde há livre negociação entre patrões e empregados. Quem garante seu trabalho é a qualidade dos seus serviços, e não seu sindicato. Sair por aí quebrando coisas e arriscando sua vida para lutar por seus “direitos” pode ser o avesso da sua liberdade pessoal. Talvez você esteja lutando pela manutenção da coleira que colocaram em seu pescoço desde quando você começou a trabalhar. Você pode sobreviver sem seu sindicato, mas ele não sobreviverá sem você. aquelas pessoas pelas quais você luta, pensando que está lutando por si mesmo, terão que trabalhar caso você não vá para as ruas. Elas não querem a sua liberdade; visam apenas manter seus próprios privilégios. 

Ninguém precisa tornar-se desumano para garantir que seja tratado com humanidade. É um paradoxo absurdo. Quem o aconselha que para defender seus direitos você deve matar, quebrar, destruir e prejudicar pessoas inocentes, só pode ter interesses escusos.




Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...