witch lady

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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

ÁGUA




Água boa, de mina

Limpa, cristalina

Que desce, em sussurros

Por entre as pedras

Lá na mata,

Sobre o limo,

Entre as folhas,

Sob as asas...




Água cheia de vida,

Gotas cheias de luz

Que cintilam ao sol

E refletem o céu,

E se jogam

Por inteiro

Nas cascatas...




Água purificada

Onde moram Ondinas

Sereias e Iaras

E botos rosados

Peixes falantes

De corpo nacarado

Que atraem

E afogam

Meus olhares...




Água, venha pelos canos,

Saia na minha torneira,

Encha copos e cântaros,

E escorra no alpendre

De minha casa,

No telhado

De duas águas...




...E um convite: conheçam meu novo blog, todo em inglês, para quem gosta de treinar a língua inglesa lendo poemas e - daqui a pouco - crônicas...


http://anawindown.blogspot.com



quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Onde Tudo Começa


O relógio que está na parede de minha sala de aula





"Quem disse que eu me mudei?
Não importa que a tenham demolido:
A gente continua morando na velha casa em que nasceu."
Mario Quintana

Em minha salinha de aula, existe um relógio de parede no qual está escrito: "Home is where your story begins", ou seja, "O lar é onde sua história começa." Apaixonei-me pelo relógio na mesma hora em que o vi. Há um ninho de pássaros, representando o lar, e acima destes dizeres, o velho cliché (velho, mas verdadeiro): "Home, Sweet Home."

Algumas pessoas não dão importância à casa. Uma conhecida minha me disse certa vez que "casa é coisa de caramujo ou tartaruga." Bem, então acho que preciso descobrir a qual destes grupos eu pertenço! Enquanto alguns veem na casa apenas um lugar para dormir, outros fazem dela um lar, um refúgio onde recuperam as forças, exercitam sua criatividade e andam descalços. Principalmente, um lugar onde guardam as lembranças.

Minha casa é um lar, e sinto-me muito bem dentro dela. Tão bem, que não me sinto nem um pouco presa ou desconfortável por trabalhar em casa e raramente poder sair. E embora a minha história não tenha começado nesta casa, ela continua aqui. Ela me conhece bem. Suas paredes sabem dos meus humores, já me viram rir e chorar muitas vezes, e também guardam as passagens de pessoas que foram importantes em minha vida e que já se foram. Às vezes, quando penso neles, eu me lembro: "Sentaram-se aqui," ou então "Passaram por este corredor" e também "Olharam por esta janela."

Quando eu me sento lá fora e olho para a minha casa lá do jardim, eu sinto vontade de entrar nela. Acho muito bom quando alguém gosta da casa onde mora e sente-se bem dentro dela. Não sou apegada a bens materiais, e sei que um dia, cedo ou tarde, terei que ir embora daqui, pois ela é grande e tem escadas demais para que um casal de idosos viva bem nela. E quando isso acontecer, eu sei que eu vou chorar, mas vou fechar a porta e levar comigo o lar que ela foi para mim. 

Desejarei que seus novos moradores tenham por ela o mesmo carinho que eu tenho, e que preservem todas as árvores do jardim - algumas, plantadas por nós. Guardarei comigo as lembranças dos dias felizes que vivi aqui, e eles servirão como incentivo para reconstruir o meu lar em outro lugar que, com certeza, já está aguardando a minha chegada, lá no futuro...






Liza Minnelli - A Preferida de Freddie Mercury





Liza Minnelli foi uma atriz precoce, participando no primeiro filme em 1949 (In the Good Old Summertime), aos quatorze meses de idade. Com dezesseis anos, Liza foi para Nova Iorque por sua conta, para iniciar a carreira artística. Em 1964, a mãe convidou-a para participarem juntas num espectáculo em Londres, que teve excelente repercussão. Foi nessa ocasião que Liza conheceu o primeiro marido, o cantor e compositor australiano Peter Allen, amigo de Judy Garland.

Liza ganhou um prêmio Tony aos 19 anos de idade e, em 1969, aos 23 anos, foi indicada ao primeiro Oscar, pelo papel de Pookie Adams em The Sterile Cuckoo.


Os anos 1970 foram anos de muito trabalho para Liza. Actuou nos palcos, nas telas e na música.

Em 1972, Minnelli protagonizou um dos maiores sucessos da carreira, como Sally Bowles, no filme Cabaret, adaptação do musical homônimo. O longa-metragem é também um dos maiores sucessos de bilheteria de Hollywood e projetou Liza como um dos maiores ícones do cinema mundial. O talento como cantora foi reconhecido com a interpretação antológica da canção-tema homónima. Minnelli venceu o Óscar de Melhor Atriz pelo desempenho e o Globo de Ouro de melhor atriz em comédia ou musical. Foi simultaneamente capa das revistas Time e Newsweek. Além de Cabaret, uma das interpretações mais conhecidas é New York, New York, do musical de mesmo nome.




Com o amigo Halston, era frequentadora assídua do Studio 54, o mais famoso clube noturno do mundo. Em 1974, participou como narradora do filme Isto é o espetáculo, com Fred Astaire e Gene Kelly. Casou-se em 1974 com o produtor e diretor de televisão Jack Haley, Jr., e em 1979 com o escultor Mark Gero, mas os dois casamentos acabaram em divórcio.

Nos últimos anos, a carreira tem estado voltada mais para os palcos e para a música. Gravou com Frank Sinatra o CD Duets e Sammy Davis Jr.; juntou-se a eles para uma série de concertos e espetáculos na televisão, que tiveram óptima repercussão.



Em 1997, Liza sofreu uma cirurgia às cordas vocais, época em que começou a assistir a todos os filmes do pai adoptivo. Isso levou-a a estrear um espetáculo na Broadway intitulado Minnelli on Minnelli.

Casou-se em 2002 com David Gest, promoter e produtor de televisão, e o divórcio ocorreu em 2007. (Ela se separou de Gest em 2003.)[2] [3]




Em 2006 gravou a canção Mama em parceria com a banda My Chemical Romance.

Após a performance como Dudley Moore, no longa-metragem Arthur, Minnelli fez poucas aparições no cinema.  -  WIKIPEDIA




terça-feira, 13 de outubro de 2015

Envy










Envy


Envy is a like a dull knife:
It cuts through its victim's flesh
Without any care,
So that after the job is done
Nothing will be left in a good state.

Neither to the victim
Nor to the torturer.





PAIXÃO


O Tempo









O tempo

É o trem,
Os trilhos,
A paisagem,
A janela,
A viagem,
O vagão,
A passagem.

O tempo

É o passageiro,
O maquinista,
O bilheteiro,
O apito,
A fumaça,
A estação,
A partida.

O tempo

É a chegada,
O adeus,
A lágrima,
O aceno,
A esperança,
O vazio,
O nada.








True Love








He passed by her without a look,
Carelessly and coldly, slammed the door.
She smiled faintly and kept on sweeping 
An imaginary floor.

And when she spoke, he didn't answer,
Instead, he mumbled: "You're a whore!"
The atmosphere grew even denser 
And she didn't try anymore...

At dinner time, he was just fuming
And for no reason, lost his patience
A simple glance was just enough
For him to throw her against the door...

And as she wiped her bloody lips
Repeating to herself: "I'm fine!"
Awaiting on the shelf, a bottle
Of  good old strychnine.







sábado, 10 de outubro de 2015

EU E A ESPERANÇA





Passamos a noite abraçadas,
Eu e a esperança.
Carinhosamente,
Ela moveu seus dedos
Entre meus cabelos,
Para que meu sono fosse leve.

Ao despertar,
Compreendi minha solidão,
Pois a esperança
É uma trança frouxa
Que se desmancha ao amanhecer.




Parque Cremerie - Petrópolis




quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A Casa do Meu Passado

Minha bisavó Genova à porta da casa, de pé sobre as escadas onde eu brinquei de casinha




A casa de minha mãe, onde nascemos todos pelas mãos da parteira Dona Maria Carioca, era pequena e simples. Foi comprada pelos avós de minha mãe quando eles chegaram ao Brasil no início do século XX, vindos da Itália. Trouxeram com eles meu avô, ainda bebê. 

A casa tinha apenas dois quartos, onde dormíamos eu e minhas três irmãs. Meu irmão dormia na sala. Tudo era pequeno, mas havia um quintal onde, quando eu era ainda bem criança, meu pai plantava abóboras. Mais tarde, como as abóboras ocupavam todo o espaço do quintal dos fundos, Meu pai desistiu delas. Mas sempre tivemos pés de frutas, como abacate, figo, limão, ameixa, banana, pêssego. Durante um certo tempo, eu e minha irmã cultivamos couves, alface e cheiro verde. Minha mãe jogava sementes de tomate aleatoriamente pelo chão, e os tomateiros cresciam em pouco tempo, espalhando seus frutinhos vermelhos. 

O chão da casa era feito de tábuas de madeira, que minha mãe gostava de encerar. O chão da cozinha era de cimento, tudo muito rústico. Minha mãe jogava água e sabão naquele chão toda sexta-feira, e esfregava com a vassoura. Enquanto escrevo, posso me lembrar do som da vassoura sobre o cimento... ela ralhava com  a gente se tentássemos passar pela cozinha quando ela a estava lavando, e então utilizávamos a porta da sala para ir brincar no quintal. Naquelas escadinhas de cimento que conduziam à entrada principal, eu me sentei muitas vezes, e construí muitos sonhos. Fazia sobre elas a minha casa de mentirinha, e cada degrau representava um cômodo. Por muitos anos, habitei naquela casa de mentirinha após a escola, quando eu chegava em casa escutando o canto das cigarras nas tardes de verão. Gostava de olhar para as montanhas lá em baixo, à esquerda, e ver o sol indo embora.


Meu avô Rogério, pai de minha mãe



Quando chovia, o barulho da chuva forte caindo sobre as telhas de zinco era ensurdecedor! Se havia trovões, eu me escondia debaixo da mesa mineira de madeira que ficava bem no centro da cozinha, fechando os olhos. Minha mãe não permitia que abríssemos torneiras ou segurássemos tesouras quando havia tempestades, pois dizia que objetos metálicos poderiam atrair os raios. 

Nossa mobília ainda era a dos tempos que meus pais se casaram, toda ela já usada, doada por meu avô. No quarto de meus pais, havia um conjunto de armário e penteadeira muito bonito e antigo. Meu avô o ganhara quando trabalhou no Hotel Majestic, onde hoje funciona a Faculdade de Medicina de Petrópolis. O armário, de pinho de riga,  tinha espelho de cristal bisotado na porta, e sobre a cômoda, havia um tampo de mármore branco. Nas laterais, um par de altares, um de cada lado. Eram móveis grandes, antigos e estilosos, que não soubemos valorizar. Mais tarde, meus pais acabaram substituindo-os por móveis mais modernos, mas de qualidade inferior. 

No verão, havia muitos besouros e joaninhas pelo quintal. Eu adorava brincar com eles, e uma vez, peguei uma quantidade razoável de joaninhas e coloquei em uma caixa, que acabou se abrindo, e elas se espalharam pelas paredes dentro da casa. Os besouros eram marrons, cinzentos, pretos, listrados, bege-nacarados, verdes, furta-cor ou azulados. Eu enchia caixas com eles, e depois me sentava no quintal enquanto eles passeavam pelos meus braços. Também gostava de lagartas, a maioria delas listradas, muito engraçadinhas. Posso ainda sentir o toque macio e gelado delas sobre a minha pele. 

Meus bisavós Heitor e Genova



Tínhamos muitos bichos: cães, gatos, galinhas, hamsters. Uma vez tive uma pata branca que me seguia para todos os lados, inclusive quando eu ia até a venda do "seu" Manuel buscar alguma coisa que minha mãe pedia. Naquele tempo, não tinha essa coisa de castrar os animais, e as cadelas e gatas tinham sempre muitos filhotes, mas conseguíamos doar a maioria deles. Os mais feinhos iam ficando... também não existia ração de cachorro, e nós os alimentávamos com fubá e restos de comida. Quando dava, acrescentávamos pedaços de bofe ou frango à sua refeição. Eram todos muito saudáveis, e ficavam soltos, podendo passear pelo meio do mato ou pela rua. Às vezes, um deles aparecia morto, atropelado ou envenenado. Eu ficava muito triste quando isso acontecia, mas ao mesmo tempo, entendia que era parte da vida, e afinal, havia muitos outros cães. A vida era assim.

Eu, na época da escola, dando discurso no aniversário de D. Franci, a diretora


Cães e gatos conviviam no mesmo espaço, sem brigas. Dormiam e comiam juntos. Separávamos a comida dos gatos porque os cães comiam mais depressa. Às vezes havia  'desentendimentos' que nós resolvíamos com alguns gritos. As coisas eram mais naturais, e iam acontecendo sem que ninguém as controlasse. A vida era mais devagar. 

Era bom, acordar de madrugada quando ainda estava escuro, e escutar meus pais conversando na cozinha antes que meu pai saísse para o trabalho. A melhor coisa do mundo é ter os pais vivos e ainda jovens zelando pela gente. Vivíamos com algumas dificuldades financeiras, mas nunca nos faltou nada. Os  mais novos herdavam as roupas de primos e irmãos mais velhos, que eram reformadas para que servissem melhor. Sapatos eram comprados uma ou duas vezes ao ano. Na escola, usávamos os cadernos e lápis mais simples. As árvores de natal eram pontas de pinheiros enfeitadas com bolinhas de vidro coloridas e chumaços de algodão para fingir que era neve. Ganhávamos presentes apenas nos natais e aniversários. Brincávamos na rua com os colegas, e todos os vizinhos se conheciam e conversavam sempre. Se a televisão de alguém quimasse, a família toda ia para a casa de algum vizinho para assistir aos programas favoritos. Era comum dividir, partilhar e ajudar, mesmo tendo pouco.

Foi bom viver na casa do meu passado.





The Door




I used to pass by that door
Whenever I went to school.
Never saw it open,
Never heard a sound.
Just a closed door,
Colors fading in the sun.

I was very curious
About what was behind it:
Maybe a lonely ghost
Sitting in the dark
Just waiting for a toast
When he'd be remembered?




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