A moça, constrangida ao responder à pergunta sobre sua profissão, disse quase entre os dentes, rosto corado: "Não trabalho." Diante do olhar espantado de sua interlocutora, arrematou: "Sou dona-de-casa." A outra ergueu as sobrancelhas, e após um minuto de silêncio constrangedor (durante o qual poderíamos imaginar o que ia nas cabeças de ambas), ela respirou fundo, deu um sorriso amarelo e pediu licença.
A primeira, dona-de-casa, decidiu ficar em casa e dedicar todo o seu tempo para cuidar dos filhos; a outra, preferiu seguir sua carreira, dividindo-se entre casa, marido, filhos e trabalho (não necessariamente nesta ordem).
Cada uma fez a escolha que melhor lhe coube; eu não saberia dizer qual das duas está certa ou errada; mas acho que ambas merecem ser respeitadas.
Por que essa indignação contra a mulher que resolveu não trabalhar fora e ter uma carreira importante? Será que a função das donas-de-casa não é importante? Não entendo o motivo que algumas pessoas encontram de censurar as mulheres que decidiram viver uma vida mais simples, fora do mercado de trabalho estressante e competitivo. Bem, adrenalina não é para qualquer um! E podem acreditar, o trabalho dentro de uma casa pode ser bastante árduo, e igualmente importante.
Acho que as donas-de-casa estão se tornando uma espécie em extinção, por puro preconceito! Quem fica em casa sente-se diminuída diante das que trabalham fora. Ora, é apenas uma escolha diferente, que não significa ser "Amélia!"
Que cada uma de nós tenha o direito de ser feliz como bem escolher; se passamos anos tentando sair daquele estado de submissão aos homens, por que não respeitarmos o direito de cada uma de viver a vida que desejar? Por que as mulheres estão se tornando censuradoras de mulheres?