Noite dessas estava eu procurando o restinho de sono que me faltava para 'apagar' de vez, e liguei a TV. Peguei um filme no finalzinho. Não sei o título, mas pelo que pude compreender, uma mulher havia tido dois filhos - um casal de gêmeos. Mas a menina tinha Síndrome de Dawn, e por este motivo, o pai (que era médico) afastou-a da mãe e do restante da família. Não sei se ele disse a ela que a menina tinha morrido; esta parte, eu perdi. Mas ele afastou a menina porque ele tivera uma irmã gêmea com a mesma síndrome, e que morrera muito cedo, ainda criança, o que fez com que sua mãe ficasse arrasada.
Tentando poupar a esposa do mesmo sofrimento de sua mãe, ele mandou a filha para ser criada por uma outra mulher. Mas muitos anos depois ele morreu, e vasculhando os documentos dele, a sua esposa e seu filho acharam provas de que a menina estaria viva.
Foram a procura dela, e encontraram a casa onde ela morava com a mãe adotiva; a mulher apresentou-se, e a mãe adotiva foi chamar a menina, dizendo a ela que aquela era sua verdadeira mãe, a que a tinha carregado na barriga. Daí, uma cena de suspense, na qual a menina parece tentar entender a informação que acabara de receber, olhando ora para uma, ora para a outra mãe, que lhe apresenta também o seu irmão gêmeo.
A menina, que segurava um ramo de flores, divide-o ao meio, e entrega metade para cada uma das mulheres, dizendo que então ela agora tinha duas mães, e sorrindo, segura o irmão pela mão, dizendo: "Vamos lá conhecer o meu quarto!"
Fiquei encantada com a simplicidade com que a menina encarou e aceitou a situação. Somente alguém muito puro e sem qualquer maldade faria algo assim! Fiquei pensando: "Ah, se fosse um de nós, 'normais'! Provavelmente, ficaríamos debatendo o assunto por meses, odiaríamos uma das mães ou o pai, não quereríamos conhecer o irmão... quem sabe, até nós nos tornássemos traumatizados para o resto da vida, colocando a culpa de nossa miséria em nossos pais?"
A vida não é tão complicada assim, quando aceitamos os fatos.