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sábado, 25 de julho de 2020

Um Sonho Estranho




Frequentemente, tenho sonhos estranhos que mais tarde se mostram muito significativos. Vou escrever sobre um sonho que tive na noite retrasada. Ainda não sei o que ele significa, porém.
Eu estava em uma espécie de galpão onde havia muitas coisas velhas. Era a casa de um homem indiano. Ele era um pouco feinho, franzino, a pele olivada comum aos indianos, e de repente, ele começou a tirar a roupa. Não havia no sonho nenhuma conotação sexual. Eu me senti desconfortável, mas por algum motivo, não tentei ir embora. No galpão, que era a casa dele, só havia nós dois. Olhei seu corpo franzino e feio, me perguntando o que ele queria com aquilo, e pensando que fosse o que fosse, não contaria comigo.

Ele começou  a rir ao perceber meu pensamento, e disse: "Fique tranquila! Não quero nada com você também." E dizendo aquilo, me jogou um chocalho redondo, uma espécie de instrumento musical. Ele tocava uma cítara e cantava um mantra em sânscrito do qual não me lembro, mas no sonho, eu cantava junto com ele, balançando o chocalho e dançando. 

Me lembro que o lugar era feio e meio sujo, e eu não gosto de lugares assim. Mas a gente cantava e dançava, e a noite passou toda assim. 

De manhã, quando eu me preparava para sair, ele me disse: "É preciso celebrar a vida!" Me despedi dele e saí para a rua; ainda era madrugada. De repente, avisto um grupo de pessoas vindo pela calçada, e identifico entre elas duas de minhas irmãs. Ambas pareciam muito mais jovens do que são hoje. Me espantei, e disse para uma delas: "Que legal! Que ano é esse?" Ela me respondeu: "1974." Juntei-me ao grupo e me sentia muito renovada e feliz. 

Que sonho estranho esse... tenho certeza de que ele tem um significado forte, e ainda saberei qual é. 

No meu novo livro, UM MERGULHO PROFUNDO (disponível na amazon.com.br) eu abro as crônicas contando sobre um outro sonho que tive quando estava em Portugal, logo antes do lockdown ser decretado. Transcrevo-o aqui, e o que aconteceu depois dele:


No nosso penúltimo dia de viagem, na noite de sexta para sábado, eu tive um sonho estranho: eu estava de pé, ao lado de um médium incorporado que dava consultas espirituais e abençoava uma fila de pessoas soprando a fumaça de um charuto sobre elas. Desconfiada, eu ficava só olhando de longe, pois não me sentia muito à vontade, até que ele me encarou, fazendo sinal para que eu me aproximasse. Naquele momento, ao olhar para ele, enxerguei a figura de uma cigana. Hesitei, mas ela insistiu, e eu me aproximei. Após a benzedura soprando fumaça, durante o qual permaneci com uma sensação de pura estranheza e embaraço, a cigana segurou-me pelos ombros e me fez olha-la de frente, perguntando: “Você quer saber de alguma coisa? ” Fiquei ainda mais constrangida, pois não conseguia pensar em nada que eu quisesse perguntar a ela. Como se nos restasse pouco tempo, ela de repente declarou: “Tudo bem; você vai passar por dificuldades a partir de domingo, mas vai ficar tudo bem. Não se preocupe; você estará segura. ”
No dia seguinte, contei o sonho aos meus amigos e ao meu marido, e eles ficaram quase tão intrigados quanto eu.
Na noite de sábado tomamos o voo de volta para o Brasil. Lembrei-me muito do meu sonho com a cigana durante a madrugada de sábado para domingo, pois houve muita turbulência e acabei me sentindo muito mal a viagem toda. Estava muito enjoada e inquieta. Ao chegarmos  ao Brasil, a pessoa que tinha marcado de nos buscar no aeroporto não apareceu. Eu ainda estava bastante enjoada, além de exausta após uma noite inteira sem dormir, chacoalhando no avião. Ficamos mais de uma hora esperando, sem conseguir entrar em contato com ele por telefone ou aplicativo, até que finalmente tomamos um táxi para casa. Mais uma vez, lembrei-me das advertências da cigana.
Mas ao chegarmos em casa, as advertências da cigana foram finalmente coroadas de êxito: ligamos para um casal de amigos a fim de marcarmos uma pequena reunião em sua casa para entregar-lhes algumas lembranças de viagem que trouxéramos para eles, mas eles, em pânico, disseram que ficássemos onde estávamos; era melhor que não nos víssemos durante algum tempo, já que tínhamos acabado de retornar da Europa, onde o vírus assolava a Itália e já começava a se espalhar por outros países. Nos sentimos muito mal com a reação deles, mas poucos dias depois, a quarentena foi estipulada no Brasil. 






quinta-feira, 16 de julho de 2020

PODEMOS MUDAR A HISTÓRIA?






A história é feita de fatos passados que já aconteceram, e essa definição é óbvia e lúdica. Infelizmente, a história já escrita da humanidade é coalhada de injustiças, maldades, enganos, mentiras, violência e preconceito. Isso não pode ser mudado, porque é humanamente impossível mudarmos o passado. Porém, nós podemos, a qualquer momento, mudar o nosso futuro e escrever uma história mais justa, mais bonita e muito mais verdadeira. Uma história que inclua todos os tipos de personagens, onde todos tenhamos voz, espaço e direito de ser.

Para que isso aconteça, penso ser essencial que possamos ter acesso a fatos históricos, por mais desagradáveis que eles sejam, pois através deles, podemos criar exemplos para ensinar aos nossos jovens e crianças sobre como eles não devem proceder em relação às outras pessoas. É importante que a nossa vergonha não seja coberta por uma camada mentirosa e açucarada, mas que seja estudada para promover reflexões importantes a fim de que nada semelhante venha a repetir-se. 

Posso compreender que alguns segmentos de pessoas sintam-se ofendidas pela maneira como foram ou tem sido tratadas ao longo dos séculos, mas não consigo entender seus argumentos de que, tentando negar o que se deu, isso jamais terá acontecido. É como negar a própria história, o próprio progresso que obtiveram até agora, a própria luta. 

Creio que, ao invés de derrubar estátuas e apagar símbolos e traços de uma história vergonhosa, essas pessoas deveriam lutar para que estátuas e símbolos da sua própria história fossem erguidas ao lado de tais monumentos. Só assim as crianças e jovens teriam acesso à verdade e aprenderiam a diferença entre o que é certo e o que é errado. A única maneira de ensinar o que é certo é através da compreensão dos fatos. Exaltar a separação, o preconceito e o ódio entre raças e religiões, sublinhando as diferenças ao invés de destacar a necessidade da igualdade de direitos entre pessoas diferentes, é no mínimo contraproducente. 

A única coisa que se pode ensinar através do ódio, é o próprio ódio. E a única coisa que se pode obter através da negação da história, é que ela venha a repetir-se. 

Ainda temos muito chão pela frente. Ainda falta muito para que possamos ser considerados cem por cento humanos, com todas as características que a ciência e a religião nos atribuem. Porém, embora a construção dessa estrada esteja apenas no começo, é importante que o pedaço que já foi construído permaneça, com todos os seus acertos, erros e aberrações ao longo do caminho, pois outros deverão passar por ela e tentar entender o que nos conduziu até aonde estamos. 

A partir de hoje, nós temos as ferramentas necessárias para construir uma estrada bem mais bonita que possa incluir a todos nós nessa jornada histórica para o futuro. A vida é daqui para frente. O resto, é história. A história existe para que nós possamos ler e aprender através dela.

Existe uma história que nós podemos mudar. Ela começa hoje.


Aqui, um convite para assistir ao meu vídeo:


PODEMOS MUDAR A HISTÓRIA?




quarta-feira, 15 de julho de 2020

Discrepâncias







Este poema foi inspirado por uma postagem que li no blog de Paulo Bratz.



Há mais sapatos que pés, 
E há mais pés do que passos,
Mais passos do que caminhos,
Mais caminhos que destinos.

Mais sentenças que justiça,
Mais justiça que verdades,
Mais verdades escondidas
Sob  o badalar dos sinos.

Se eu olho muito, não vejo,
Se penso demais, não entendo,
Se eu falo, não me escutam,
-Malfadado desatino!

Estou à beira do mundo,
Estou no meio de tudo,
À direita e à esquerda,
Sob os olhares lupinos.

Eu quero um par de sapatos
Que me levem a uma estrada
Eu quero um pouco de paz...
-Talvez eu nem queira nada!






Desculpem pela falta de frequência nas visitas, mas ando muito ocupada, trabalhando bastante, graças a Deus.








segunda-feira, 13 de julho de 2020

Palavras Natimortas







Eu tenho saudades dos tempos
Em que as palavras ficavam
Dentro de grossos dicionários,
Guardadas e protegidas.

Porém, nos dias de hoje,
Abriu-se a caixa de Pandora
E as palavras ficaram
Todas soltas aqui fora,
À mercê de qualquer um,
Espalhadas, retorcidas,
Mal-usadas, ejetadas
Pelas vis línguas fendidas.

Hoje em dia, eu me pergunto:
O que fizeram com elas?
Perderam a eternidade!
Palavras mal proferidas,
Mal escritas e mal-ditas
Sem ter o menor compromisso
Em espalhar a verdade!

Ah, palavras natimortas,
Ditas sem qualquer cuidado
Condenadas, desde já,
A jamais terem um passado!





sexta-feira, 10 de julho de 2020

Minhas Roupas Estão Saudosas







Nesses últimos quatro meses, meu guarda-roupa tem se resumido a:
- Uma blusa de malha cinza, de mangas três-quartos.
- Uma calça jeans preta bem velhina, uma jeans azul e duas de malha (todas bem velhas);
- Um par de tênis de cor vinho e outro de sandálias gastas;
- Um casaco azul;
- Dois suéteres bem velhos, sendo um preto e outro bege.

Ontem de manhã entrei no closet para me vestir e senti meu blazer axadrezado agarrar o meu punho enquanto eu passava. Ao mesmo tempo, meu par de botas jogou-se na minha frente, e pude ver o mofo acumulado em volta do salto. Imediatamente, as saias e camisetas, suéteres e echarpes começaram a reclamar:

-Queremos sair daqui! Precisamos de ar!

Naquele exato momento, uma gorda traça cruzou o meu caminho, dirigindo-se para o lado esquerdo, onde estão meus cabides de roupas que uso para passear, mas pude esmagá-la antes que ela chegasse ao seu objetivo.

Pensei: 'Acho que esse ano não vou ter a chance de usar as minhas melhores roupas.' Com certeza, ela ouviram meu pensamento, pois começaram todas a falar e reclamar ao mesmo tempo, e enquanto elas se mexiam nos cabides e prateleiras e os sapatos e botas protestavam veementemente batendo seus saltos contra o piso, um leve cheiro de bolor encheu o ar. 

Estendi a mão e peguei meu blazer de xadrez e o par de botas que comprei na Macy's. Imediatamente, lembrei-me daquela ocasião feliz - estávamos em Nova Iorque com amigos, e eu pude finalmente realizar o meu sonho de conhecer aquela que já foi a maior rede de lojas de departamento do mundo, e que hoje, infelizmente, está fechando aos poucos.

Vesti o blazer, calcei as botas. Também escolhi uma echarpe bonita para usar, borrifando um pouco do meu Nina Ricci que só uso para sair, em ocasiões especiais. No banheiro, abri a gaveta das maquiagens e espalhei um pouco de base, sombra e rímel no rosto. 

A gente precisa se adaptar à nova realidade. A gente precisa encontrar forças para nos lembrarmos de não nos esquecermos de nós mesmos durante esse evento inesperado.

Prometi às outras roupas, echarpes e sapatos que usarei todas elas aos poucos. E vou cumprir minha promessa.





quarta-feira, 8 de julho de 2020

MERGULHADAS NO SILÊNCIO







Não preciso dizer tudo;
A minha simples palavra
Jamais mudará o mundo.

A justiça que eu procuro,
Descansa, ainda intacta,
A espera do seu dia.

Mergulho minhas palavras
De dor ou indignação
No silêncio abençoado
E profundo das minhas águas.

Deixo que sua violência
Dissolva-se, bem lentamente,
Evitando qualquer mágoa
E curando a rebeldia.


Quer saber um pouco mais sobre as árvores?

Acesse o link e assista ao meu novo vídeo no canal O "X" da Questão!






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