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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

TALVEZ...








Estive pensando naqueles que, segundo dizemos, 'morrem cedo.' Aqueles que vão antes, ainda na flor da juventude, e que nos deixam para sempre com um buraco por dentro, pensando no porquê das coisas. Lamentamos sua ida, mas nem sequer pensamos na responsabilidade que eles carregam consigo.

Certezas, não as temos; mas temos as nossas suposições, baseadas em religiões ou concepções pessoais, advindas de diferentes fontes. Eu mesma tenho minhas próprias... é o que eu gostaria de expressar aqui, embora nenhuma delas possa ser especialmente esclarecedora. Estes são apenas pensamentos, conceitos que se formam após minhas reflexões, e que não pretendem nada.

TALVEZ...

Talvez, aqueles que vão primeiro carreguem nos ombros grandes responsabilidades; nós ficamos aqui, lamentando a perda de um ente querido, enquanto os que se vão, perdem, de repente, todos os entes queridos de uma só vez, e precisam adaptar-se à estas perdas.

Talvez, eles tenham ido primeiro porque tivessem importantes lições a ensinar aos que ficam; lições de fé, perseverança e amor. Talvez eles tivessem como missão ensinar-nos a imprevisibilidade da vida, e a necessidade de aceitarmos as coisas que são.

Talvez eles precisem, ao chegarem seja lá aonde for, preparar o nosso chegar. Talvez eles estejam lá, para nos receber, quando tivermos que ir também.

Talvez eles tenham descoberto que a morte é algo totalmente diferente daquilo que lhes ensinaram. Que ela não é tão terrível. Nem tão feia e nem tão cruel.

Talvez eles estejam bem perto, bem ao nosso lado, às vezes, e talvez nos vejam e entrem em desespero ao perceber que não os percebemos...  a morte pode não ser a cessação de todas as dores, mas a descoberta de novas.


Talvez a morte seja apenas uma transformação, como dizem as religiões. A mais difícil pela qual tenhamos que passar. De qualquer forma, nunca ninguém jamais voltou para contar como é.

Estas são especulações baseadas em coisas que a gente ouve por aí. Mas é melhor ter alguma base, alguma coisa na qual se apoiar nestas horas, mesmo que todas elas provem estar erradas mais tarde. É melhor do que não ter nada. Pelo menos, tenho a minha intuição, e do outro lado, há apenas um abismo sem fundo. Eu acredito na sobrevivência da alma.

Fico com a minha intuição.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coerência







Há muito deixei de buscar
Neste mundo, coerência.
É uma difícil ciência,
A arte de se dizer
E de ser o que se diz.

Guarda-chuvas contra flores,
E andanças em jardins
Coalhados de pedras duras
E de escuras sepulturas...

A água fresca cuspida
Veneno, aos goles, tomado...
As amizades traídas
Inimigos exaltados.

Há muito deixei de buscar
Neste mundo coerência...
Pois aquilo que se pensa
Nem sempre é o que é.

Um sentimento escrachado,
Por línguas de fogo e de fel,
Ouvidos atentos procuram
O som que os tire do céu...
Assassinos desalmados
De almas e de poesias
Mil poetas degolados
Sobre a lage branca e fria.

Há muito deixei de buscar
Neste mundo, coerência...

Cliché





Clichè
*****


Talvez morrer seja a coroa da moeda,
A profecia que o religioso prega,
Fechar os olhos e abri-los n'outro mundo,
Talvez  morrer só seja um sono mais profundo...

Talvez morrer seja esquecer o que viveu,
E acordar em um geena pessoal,
Compreender que tanto faz o Bem ou o Mal,
Que é inútil repensar o que viveu.

Talvez morrer seja o clichè que Deus prepara
E que quem chega do outro lado, se depara
Com a mesma vida que viveu  nesta existência,
Talvez morrer nos traga um pouco de decência...

Talvez morrer não seja nada, e nada exista,
Um precipício todo branco, cuja vista
Nos deixe cegos, nos tragando totalmente
E ao cairmos, nada mais se sinta ou pense...

Talvez morrer seja a maior das recompensas,
Após a vida de tristeza e de carência
Que empurramos, todo dia, nesse mundo,
Talvez morrer seja o retorno ao  Oriundo...

Talvez morrer seja igualzinho à própria vida:
Uma piada que algum bebum contou,
Da qual ninguém jamais sorriu ou entendeu...
Talvez morrer seja o avesso do seu eu!

*

Confiança










CONFIANÇA

Confio mesmo, é em mim mesma
E mesmo assim, não totalmente
Pois mesmo que eu desconfiasse
Que eu não sou de confiança
Confiaria, assim mesmo
Nessa mesmice previsível,
Pois nem eu mesma sei ao certo
Até aonde sou confiável
A mim mesma, ou a você...

Confio, mesmo desconfiando
Naquilo que eu aprendi
E mesmo que eu esteja errada,
Apenas tive o que pedi...
Quanto ao te dar o que pedires,
Mesmo que implores, não garanto...
Mas mesmo assim, eu admito,
Que vou tentar, mesmo chorando,
Pois mesmo que eu não consiga,
Eu tentarei, mesmo que eu morra
E eu morrerei, mesmo, tentando!





(Um poema para não ser entendido, mesmo. Pode confiar).

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O Inesperado








Ontem fomos dormir ouvindo o barulho dos baldes d'água que São Pedro derramava no mundo. Acordo hoje de manhã e, enquanto desço as escadas, deparo com uma casa inundada de sol e um céu perfeitamente azul. 

Minha mãe nos dizia, quando éramos pequenos, que quando raios e trovões percorriam o céu, seguidos de um aguaceiro, era porque São Pedro estava fazendo faxina em casa. Os trovões eram o arrastar dos móveis, e o aguaceiro, a água que ele usava para lavar o chão da cozinha. Ainda tenho esta imagem em minha mente, que é evocada todas as vezes que chove forte: um vigoroso senhor de cabelos longos e brancos, barbas longas e brancas, empunhando uma vassoura e jogando baldes d'água e detergente sobre um chão sujo. Só que toda a água da lavagem caía sobre nós, pobres mortais...


É assim, às vezes; para nos livramos de alguma 'sujeirinha escondida', podemos respingar os outros que estão em volta. Não podemos agradar a todos, o tempo todo, e esta limpeza é necessária de vez em quando. Aquele que recebeu os respingos  de água suja, que limpe, ele mesmo, o estrago... 



Ergo os olhos da telinha do computador e olho este imenso e enigmático céu azul, que parece nunca ter ouvido falar de             nuvens e tempestades. Um esquilo brinca de pular em cima do muro forrado de hera, e passarinhos cantam e voam, como sempre fazem. A vida parece definida, segura, como uma história já escrita da qual somos personagens com papéis definidos, cuja única preocupação é ler o script e desempenhar nossas partes. Mas não é assim...



A vida é totalmente inesperada, pois acho que Deus, a fim de livrar-se da monotonia, deu-nos o tal livre-arbítrio, para que possamos fazer as nossas trapalhadas diárias e divertí-lo, todos os dias, de uma forma diferente, enquanto tentamos sair das enrascadas nas quais nós mesmos nos metemos. Ele apenas recosta-se em sua poltrona com encosto dourado, queixo apoiado em uma das mãos e segurando seu cetro de poder na outra, de vez em quando, coçando sua barba branca, e observa-nos... quando, já desesperados, sopramos-lhe uma prece, Ele às vezes a atende, pois é piedoso.



Mas a peça é sempre nova, todos os dias. Mesmo que achemos que nossas vidas são como aquelas peças da Broadway que ficam anos em cartaz, elas não são assim. Ou podem até sê-lo, se assim escolhermos. Mas a escolha é sempre nossa. Escolhemos os atores com quem desejamos contracenar, assim como escolhemos os cenários, a trama, os diretores. Mas em nossa cegueira voluntária, não enxergamos que somos sempre os atores principais desta nossa trama, e que noventa por cento de tudo o que nos acontece diretamente, é por causa de nossas escolhas. Os outros dez por cento, são as escolhas de outras pessoas que vem de encontro às nossas. Bem, pelo menos, fica mais fácil assim, pois podemos incluir tudo o que fazemos de errado nestes dez por cento...



Ora, mas por que comecei esta crônica falando de uma noite de chuva, uma manhã de sol, mãe, São Pedro, esquilos e pássaros, Deus, faxinas, peças de teatro, enfim, fazendo esta sopa de pedra? Confesso que não sei... acontece que sentei-me aqui em minha varanda, e o dia está tão lindo, e meus dedos estão ansiosos para tamborilar no teclado do computador, e o mundo hoje parece tão certo, tão em paz e tão maravilhoso, que simplesmente 'saiu.' Se faz sentido ou não, é o que menos me importa! 



E você, por um acaso, sabe o que está fazendo aqui?




Publicado no Recanto das Letras,  em: 07/11/2010 09:19:37

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Quando um Não Quer...

Crônica baseada no texto "Círculo Vicioso em Nossas Escolas," do blog Rei dos Reis,  de Rilvan Stutzem




Como professora de inglês, dei aulas em cursos e em uma escola particular aqui em minha cidade. Hoje, por opção, leciono em casa, dando aulas particulares.

Em sua crônica, Rilvan discorre sobre a importância da participação ativa do professor na sala de aula, incentivando seus alunos e encorajando-os a participarem, através de aulas criativas e dinâmicas. Concordo plenamente com a opinião expressada na crônica, mas a minha experiência em sala de aula deu-me também uma outra visão: às vezes, mesmo com toda a dedicação, paciência e criatividade que puder ter, um professor não consegue incentivar alguns alunos. Bem, talvez devido à velha máxima de que não podemos agradar a todos.

Mas o problema também pode ser devido à pouca atenção que as crianças e adolescentes recebem em casa. Tornam-se rebeldes e fazem tudo para chamar a atenção dos pais, que precisam trabalhar o dia todo (e alguns alunos vem de lares desfeitos, onde a dificuldade é ainda maior), e não tem tempo para dar atenção aos seus filhos. Alguns, a fim de compensar esta falha, tornam-se demasiadamente condescendentes com seus filhos. Se são chamados à escola devido ao mau comportamento dos mesmos, tentam defendê-los e culpar o professor.

Um professor do Estado, por exemplo, pode passar o dia todo e até mesmo, o turno da noite, revezando-se entre escolas e salas de aula para conseguir ganhar um salário digno, e ser dinâmico cem por cento do tempo, pode ser extremamente cansativo. Não acredito que alguém possa chegar ao último horário com o mesmo pique que tinha no primeiro. Ainda mais quando já fazemos isto há bastante tempo.

Algumas pessoas acham que é dever do professor plantar bananeiras para que as aulas sejam interessantes, e se os alunos não correspondem, a culpa é inteiramente dele - do professor. Sabemos todos da realidade do professor brasileiro. Alguns são até ameaçados de morte pelos seus alunos. A maioria lida com realidades difíceis, e até mesmo em suas casas, tem problemas sérios para resolverem. Assim, lecionar das sete da manhã às dez da noite, e ainda por cima, dedicar seu tempo livre à preparação das aulas, correção de provas e cadernos, etc, recebendo um salário que não corresponde ao seu esforço, e uma reação hostil por parte de alguns alunos, pode ser estafante e frustrante.

Alguns dirão que ensinar deve ser um trabalho feito por pura vocação, mas todo mundo precisa sobreviver: temos contas a pagar! É preciso enfrentar a realidade.

Antigamente, o professor tinha como dever ensinar, e os alunos, cumprir suas tarefas e estudar. Hoje, parece que alguns pensam que basta o esforço do professor, e que exigir retorno dos alunos, poderá deixá-los 'traumatizados,' e pode até mesmo ser compreendido como bullying.

Não é fácil ser professor nos dias de hoje, enquanto ser aluno está se tornando cada vez mais fácil, pois nem mesmo reprovados eles são! Qual a 'vantagem' em estudar, alguns pensam, quando no final do ano, eles 'passam' como os 'otários' que estudaram? Claro, esta é uma visão absurda e imatura, MAS É ASSIM QUE MUITOS ALUNOS PENSAM. Eu mesma já ouvi uma conversa deste teor. O fato, é que vivemos em um país onde a educação de boa qualidade é cada vez menos priorizada, e os ENENS e bolsas-isso-e-aquilo- da vida não melhoram a situação.

Retratos






O sol se põe sobre a roupa que seca,
Beijada pelo vento brando.
Varais de panos e cores
Nas ruas do meu pensamento.

Um aroma de café
Viajando com a brisa.
Pão fresco,
Tilintar de talheres e copos
Na mesa posta.

Outras brisas, outros cheiros,
Ecos de risos
Que soaram em outras tardes...

Mas o tempo é tão ligeiro!...


*

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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...