quinta-feira, 30 de junho de 2022
BUCÓLICA
sexta-feira, 24 de junho de 2022
30 SEMANAS
30 SEMANAS
Apesar de tentarem politizar tudo nesse país, até mesmo a vida particular das pessoas, gostaria de comentar este fato - sobre a menina de 11 anos que foi estuprada e fez um aborto após 30 semanas de gravidez - sem puxar para lado nenhum.
A foto que ilustra esta crônica tem a imagem do que seria um feto (ou um bebê?) de 30 semanas de idade. Na minha leiga opinião, é uma criança quase totalmente formada. E também, na minha opinião, foi um assassinato com respaldo da lei. E isto é muito grave, pois abre precedentes.
Sou totalmente favorável ao aborto em casos de estupro, se esta for a vontade da mãe. Mas quando a gravidez chega a um estágio tão avançado, penso diferente, pois é o mesmo que assassinar uma criança viva, que não tem como se defender. É crime. E o que penso não tem nada a ver com religião, pois não sou religiosa, e nem com política. Não é sobre ser "de direita" ou "de esquerda", e lamento que haja pessoas nas duas extremidades tentando politizar o assunto.
O procedimento foi uma cesariana, e há inúmeros casos de bebês ainda mais prematuros que este que sobreviveram. Poderiam ter preservado a vida da criança, já que havia tantas pessoas querendo adotá-la, mas fizeram questão de simplesmente assassiná-la no ventre. Por que? Por ideologia, suponho.
A partir de agora, quem sabe, tornar-se- há perfeitamente legal assassinar bebês de qualquer idade - basta que a mãe não os queira. Estamos em óbvio processo de involução.
O mundo PRECISA acabar, urgente.
segunda-feira, 20 de junho de 2022
TUA CASA
Edifica a tua casa
Com portas feitas de vento,
Pisos de pensamentos
E janelas feitas de asas.
Corredores oblongos
Pela lua iluminados,
E paredes transparentes
Que conduzem a amplas salas
Com telhas feitas de estrelas
Ou de luz do sol quarada.
Edifica a tua casa
E a abençoa em silêncio
Pelo fogo e pela água.
Convida a coabitá-la
Salamandras e ondinas,
Zéfiros, fadas, duendes,
Pessoas que ainda são,
Pessoas que já se foram
E as que ainda nascerão.
Canta, do alto da escada,
Canções que sejam divinas,
Borda toalhas e fronhas
Com os sonhos do presente,
Com as linhas das memórias
E as miçangas do futuro.
Edifica a tua casa,
Mas constrói, com zelo, um muro,
Que não seja muito alto
Mas que sirva de limite
Entre o terreno e a estrada.
Planta flores delicadas
Que atraiam passarinhos,
Deixa que a chuva, nas calhas,
Misture as canções das nuvens
Com as canções dos telhados,
Escorrendo nas vidraças
Quando a vida for levada.
Edifica a tua casa
Sabendo que ela não é tua,
Amanhã será ruínas,
E tu, não serás mais nada,
Mas ressignificada
Será a vida, por causa
Dessa casa edificada
Pelas mãos que foram tuas.
quarta-feira, 15 de junho de 2022
terça-feira, 14 de junho de 2022
LOW-PROFILE
sexta-feira, 10 de junho de 2022
FUTILIDADE
quarta-feira, 8 de junho de 2022
O CASAMENTO É UMA INSTITUIÇÃO FALIDA?
Refletindo sobre este assunto após ler um artigo que usei em uma das minhas aulas de inglês, cheguei à seguinte conclusão: o casamento não é uma instituição falida, mas uma instituição diferente.
Nos dias de hoje, ninguém mais pensa em casamento como sendo um compromisso indissolúvel, onde o homem é o chefe da casa e o autor da maioria das decisões, enquanto a mulher é o ponto de equilíbrio da família, devendo cuidar praticamente sozinha da educação dos filhos e dos cuidados com a casa. As mulheres mudaram sua posição dentro da sociedade, e tornaram-se profissionais competentes que trabalham fora e têm outras prioridades na vida além da família.
Porém, quanto aos verdadeiro papel da mulher dentro da sociedade e da família, em teoria, é exatamente o que escrevi acima, mas na prática, as mulheres continuam, em sua maioria, sendo responsáveis pela maior parte do trabalho de casa (ou todo ele) e pela educação dos filhos, e embora sejam profissionais, continuam ganhando menos que os homens e em algumas situações, ocupando cargos inferiores.
Mas voltemos ao tópico deste texto, que é o casamento.
Ninguém mais se casa nos dias de hoje pensando que casamento é para sempre; é como se casamento fosse um negócio, uma sociedade que pode ou não dar certo, e no segundo caso, cada um não hesitará em procurar outro sócio e abrir outro negócio. Eu sinto que não existe mais interesse em esforçar-se para que o casamento dê certo; ninguém tem paciência de conhecer o outro, conviver com defeitos ou consertar os próprios defeitos a fim de se adaptar à vida a dois.
Por um lado, isso é bom, pois ninguém mais perde a vida inteira tentando sobreviver em uma relação falida e infeliz; mas, por outro lado, isso é ruim, pois ninguém mais dedica um pouco de esforço que seja para tentar fazer dar certo, despedaçando sem dó uma família por motivos às vezes fúteis, como a pasta de dente aberta, a toalha molhada sobre a cama ou preferências diferentes no canal de streaming.
O que eu penso ser a pior coisa de um casamento? A Síndrome de Gabriela (para quem não sabe, lembrem-se daquela música cuja letra diz “Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim”). A falta de motivação para mudar, para se empenhar em fazer dar certo, o cuidado em não continuar cometendo sempre os mesmos erros. Quase tudo pode ser resolvido através de uma conversa, mas quando, após a conversa, as coisas continuam voltando a ser como eram antes, as pessoas se cansam de tentar, pois não enxergam nenhum desejo ou vontade real de mudança vindo da outra parte. Isso desgasta o casamento. E nem mesmo o amor mais forte do mundo resiste à má vontade e à teimosia.
Um outro ponto é o seguinte: eu acredito que todo mundo que se casa precisa ser inteiro. Essa coisa de procurar pela “cara-metade” é doentia. Ninguém quer ser metade. Isso significa dependência, e nada mais chato do que uma pessoa grudenta, chorosa, que vive cobrando atenção. Mas isso não quer dizer que não deva haver momentos em que um precise ceder um pouco para se adaptar àquilo que o outro deseja fazer; se ela gosta de praia e ele de montanha, que ambas as preferências sejam respeitadas, e as férias sejam programadas para satisfazer a ambos. Se ela gosta de filmes românticos e ele de ficção científica, não há nada mal em respeitar e incentivar o gosto do outro, assistindo com ele (a) um filme de sua preferência.
Uma outra coisa que pode acabar com um casamento, são as promessas quebradas; “Eu vou melhorar! Vou tentar chegar mais cedo do futebol / passar menos tempo com as amigas/ ajudar nas tarefas de casa.” Uma fileira de promessas quebradas são como rachaduras que vão aumentando, aumentando, até que a estrutura toda desaba. E isso pode levar meses ou anos.
E finalmente, uma das coisas que mais contribuem para que alguém queira manter a maior distância possível do outro (mesmo que tal distância seja emocional), é a grosseria. Falar alto, não escutar o que o outro tem a dizer, ridicularizar a opinião do outro, humilhá-lo na frente dos amigos ou familiares, chegar em casa de mau humor por causa do trabalho e “descontar” no cônjuge, tornar-se emocionalmente distante e pensativo, excluindo o outro do seu mundo pessoal, e ao ser indagado quanto aos motivos de tal distância, tornar-se verbalmente agressivo ou responder monossilabicamente, evadindo-se de uma conversa.
Viram que eu nem falei sobre sexo? Porque o sexo vai bem quando tudo vai bem. Se o sexo está ruim, isso é uma consequência. A distância física começa com a distância emocional. E na minha opinião, quando um dos cônjuges nem se preocupa mais em tentar vencer a distância emocional, é porque o casamento está por um fio. Não há como vencer uma distância emocional quando um caminha na direção do outro enquanto ele se afasta.
Um bom relacionamento é feito de lealdade, reconhecimento, cumplicidade, amizade, sinceridade, carinho, atenção. Um casamento pode acabar quando aquele que sempre tenta consertar as coisas acaba se cansando, e de tanto ser ignorado e deixado de fora, tem a impressão de que está assistindo a um mesmo filme pela enésima vez, e já sabe o final da história.
sábado, 4 de junho de 2022
NOITE
Não consegui dormir.
Há tantas coisas acontecendo debaixo do silêncio de uma simples e inocente noite. Nesse exato momento em que estou aconchegada à maciez dos meus cobertores, escutando os grilos e a chuva fininha que cai lá fora, do outro lado do mundo, pessoas se encolhem de medo ou de fome.
Eu acho que sou uma pessoa de sorte – quem sabe, porque eu não sei o que o amanhã me reserva. E acho que é melhor não saber mesmo. Os arcanos tentam me mostrar o que eu, conscientemente, não quero saber. Mas não resisto a uma rápida olhada nas figuras das cartas, que me contam segredos e presságios. Penso que algumas delas podem estar mentindo. Isso me ajuda a continuar.
Digo a mim mesma para ter fé. E é fácil ter fé quando tudo vai bem. Mas a fé verdadeira é aquela que resiste até mesmo àquilo que eu jamais desejaria que acontecesse. Peço a um Deus que eu não conheço que não teste a minha fé.
Eu às vezes gosto de ficar sentada no gramado, apenas contemplando. Sempre na companhia dos meus cães. Esses momentos são cheios de paz. Meu pequeno mundinho protegido parece ser um lugar seguro, e eu vivo na ilusão de que ele seja, mesmo sabendo que não é. Acredito que as nossas pequenas ilusões – aquelas, que construimos para dar sentidos à vida, porque no fundo, achamos que a vida não tem muito sentido - nos ajudam a caminhar.
Mas a vida é tão bonita quando a gente olha para dentro, ou então quando a gente olha para um lá fora que é feito de coisas simples, como cães, árvores, grama, passarinhos cantando, estrelas, barulho de chuva, orquestras de grilos ao anoitecer...
Meus momentos mais verdadeiros são aqueles em que estou cuidando das minhas coisas, lavando a minha louça, varrendo o meu chão. Porque são momentos em que eu estou completamente dedicada e integrada às minhas pequenas tarefas. E sinto que as coisas mais bonitas, são justamente aquelas com as quais ninguém se importa.
Então eu agradeço. Não sei bem a quem, mas eu agradeço, e o sentimento de gratidão vai me limpando de todo e qualquer desejo, de todos os meus miasmas.
quarta-feira, 1 de junho de 2022
CONTEMPLAÇÃO
Aqui, nesse jardim
Onde eu me sento,
Não há espaço para os apegos.
Um dia flor, perfume, cor,
No outro, dor, miolo, chão,
Semente.
Um dia canto, voo, liberdade,
No outro, apenas
As penas pelo chão,
Corpo vazio de ave.
O sol nasce e se põe, todos os dias,
Mas nem isso é verdadeiro,
Pura ilusão, estarmos parados
Ou nos movermos.
Não há razão para a saudade,
Pois nada morre,
E nada nasce,
Tudo é passagem.
Eu penso ver todas as coisas,
Mas há mil coisas
Que eu nem enxergo
Ou imagino
Que esteja lá (Mas onde é Lá?)
Esse jardim
Onde eu me sento,
Onde contemplo,
É como um templo
Que desafia
O próprio tempo
(Que nem existe).
segunda-feira, 30 de maio de 2022
ENXURRADA
Enxurrada
Eu, sentada,
Céu por cima,
Enxurrada,
Chuva fina...
E na água,
Passam os pontos de exclamação,
Afundando e emergindo,
Afundando, e indo...
Minha vida,
Minha lida,
Minha história
Quase escrita...
E na água,
Passam os pontos de interrogação,
Afundando e emergindo,
Afundando, e indo...
O passado,
As histórias,
As memórias,
As ausências...
E na água,
Passam parênteses não preenchidos,
Afundando e emergindo,
Afundando e indo...
O futuro,
Os dilemas,
As promessas,
E seus cacos...
E na água,
Passam os tremas e as reticências,
Afundando e emergindo,
Afundando e indo...
Eu sentada,
Eu olhando,
Eu parada,
Eu sonhando...
terça-feira, 24 de maio de 2022
O Céu Me Trouxe
Eram tardes como a de hoje, de céu vermelho. Eu me sentava à mesa da cozinha a fim de fazer meus deveres de casa, ou então para ajudar minha mãe a escolher o feijão (gostava de separar os feijões coloridos para brincar mais tarde). Enquanto isso, ela ficava entre a pia e o fogão, cozinhando o jantar, lavando a louça, cortando os legumes. E naquelas tardes surgiam as histórias.
Eram sobre os tempos em que ela tinha sido criança, e que por ter perdido a mãe muito cedo, precisou ficar sendo cuidada por várias pessoas diferentes enquanto meu avô ia trabalhar – e nem sempre, tais pessoas a tinham tratado bem. Finalmente, devido aos maus tratos, ele conseguiu vaga para ela em uma escola interna, onde ela passou a viver dos quatro até os dezoito anos de idade. E minha mãe me falava de muitas coisas: das freiras do colégio interno, algumas muito boas, outras muito más, das colegas de classe, do enorme dormitório com as caminhas arrumadas lado a lado, do banho coletivo gelado de manhã bem cedo em uma época em que Petrópolis era uma das cidades mais frias do sudeste, dos insetos encontrados às vezes na comida, e que as meninas eram instruídas pelas freiras a tirar do prato e continuar comendo. Havia o porão, onde viviam dezenas de gatos; havia a horta onde as meninas trabalhavam; havia a palmatória para punir as meninas mais travessas e desobedientes.
Às vezes, minha mãe pegava a caixa de fotografias e me mostrava velhas fotos amareladas de família, da “Italianada”, como a gente costumava se referir aos parentes que tinham vindo da Itália. Ela me apontava as pessoas na foto e dizia seus nomes, e um pouco sobre quem eles eram. Pena que não consigo mais me lembrar de todos aqueles nomes, embora os rostos tenham se tornado tão familiares.
Ela me contava histórias sobre como ela e meu pai tinham se conhecido – ele, um rapaz pobre, o mais velho de treze irmãos, que precisou começar a trabalhar muito cedo para ajudar a família, passava em frente da casa da prima com quem ela morava quando deixou a escola. Meu pai usava tamancos de madeira, e ela corria para a janela quando escutava o ruído dos tamancos nos paralelepípedos.
Mais tarde, quando se casaram, meu avô cedeu para eles uma casa que pertencera aos seus pais, meus bisavós, em um bairro onde nada existia ainda. As outras casas do bairro foram sendo construídas ao longo dos anos, e hoje é um dos bairros mais populosos de Petrópolis.
A casa de minha mãe, onde todos nós nascemos e crescemos, ainda existe. Uma de minhas irmãs vive lá. Ainda existem as marcas feitas à faca no portal, marcando o quanto eu estava crescendo; as enormes janelas de venezianas ainda são as mesmas. O forro de madeira do teto, apesar de bem velho, ainda está por lá. E ainda circulam por lá os fantasmas dos meus bisavós, avós, pais e de outras pessoas da família que viveram naquela casa e que lá morreram.
Hoje esse céu vermelho e o mês de maio - quando minha mãe aniversariava - me fizeram lembrar daquela casa.
Parceiros
Wyna, Daqui a Três Estrelas
Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...
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