witch lady

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terça-feira, 13 de junho de 2017

Na Casa da Gente, na Mente da Gente







A vida da gente deveria ser exatamente como a casa da gente: só entra o que a gente gosta. Mas como precisamos ter os olhos abertos, a vida da gente acaba cheia de coisas que não gostaríamos de ver; e quando percebemos, é tarde: já vimos!

Como lidar com as coisas que entram assim na vida da gente, pela janela? Algumas delas precisamos enxotar. Mas não sem antes dar uma boa olhada, porque se entrou, talvez tenha sido necessário entrar. Já repararam que a gente aprende muito mais através dos acontecimentos ruins do que dos acontecimentos bons? Pois é. 

De repente, escutamos algo - uma indireta, um comentário maldoso, ou então somos vítimas de um olhar atravessado ou de uma indiferença inesperada. Na hora, podemos não dar tanta importância, mas quando estamos sós, começamos a pensar naquilo e a nos indagar: por que? E esses pensamentos tristes ficam ali, contaminando tudo, e nos tornamos mau humorados sem nem sabermos direito o motivo.

Alguém me disse que é muito mais fácil ficar lembrando do que foi ruim, prestando atenção às injúrias que nos fazem, do que se concentrar em coisas boas. Acredito que seja verdade, e que haja um bom motivo para isso: é que ninguém está aqui apenas a passeio. As coisas ruins acontecem para que nós aprendamos através delas a ter mais serenidade. Só se valoriza a paz conhecendo o desespero. Essa felicidade imaculada de Facebook não existe. E se existisse, seria absurdamente chata.





A casa da gente precisa ser limpa de vez em quando. Para isso, precisamos colocar a mão na massa: mover móveis pesados de seus lugares, aspirar, tirar o pó, passar pano úmido... dá trabalho. Da mesma forma, dá trabalho limparmos as nossas vidas do que é ruim e sujo, e só conseguiremos fazer isso se olharmos para a sujeira também. 

Quem limpa a casa de olhos fechados acaba deixando muita sujeira espalhada. É preciso abrir bem os olhos. Pode ser que, ao terminarmos, nós estejamos sujos e suados. Então, vamos tomar um bom banho e descansar. 

De vez em quando, eu olho para  a minha vida (geralmente, quando começo a me sentir incomodada com alguma coisa, ou pesada e entediada) e começo a fazer uma boa limpeza nos meus pensamentos, sentimentos, lembranças, e até mesmo em pessoas cujo único objetivo é me colocar para baixo. Para isso, vale até um ritual:

Escrevo em um papel tudo o que está me incomodando, e penso bastante no porquê de estas coisas estarem me incomodando. Tento entender por que permiti que elas entrassem, e por que elas estão ali até agora. Depois, me imagino tirando essas coisas que me incomodam da minha vida. Acendo uma vela, ou um incenso, mentalizando que elas estão desaparecendo. Finalmente, queimo o papel onde as escrevi.

De vez em quando, eu preciso fazer isso. Logo depois, é como se tivesse tirado um peso enorme dos ombros.





Simpatia





Trago hoje um poema de Casimiro de Abreu:



O QUE É - SIMPATIA
(A uma menina)

Simpatia - é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.

Simpatia - são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.

São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.

Simpatia - meu anjinho,
É o canto do passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d'Agôsto,
É o que m'inspira teu rosto...
- Simpatia - é - quase amor!




segunda-feira, 12 de junho de 2017

Onde Está a Barbárie?








Um rapaz é torturado em São Bernardo do Campo por suspeita de estar envolvido em um roubo de bicicleta. Um filme circula pelas redes sociais, no qual dois tatuadores tatuam na testa do rapaz os seguintes dizeres: “Sou ladrão e vacilão.” 

As notícias se cruzam, se entrecruzam e não atingem um senso comum: alguns dizem que o possível ladrão é deficiente mental, viciado em drogas e alcoólatra, enquanto outros afirmam que a vítima (ou quase vítima) do roubo é quem sofre de deficiência mental. Uns defendem o torturado, e outros, os torturadores. 
Fato é que da verdade nua e crua, ninguém sabe.

Um internauta decide fazer uma campanha de arrecadação a fim de pagar pela remoção dos dizeres tatuados na testa do rapaz, e sofre ameaças de morte por isso. Enquanto isso, outros o criticam alegando que, quando há uma campanha para ajudar alguém doente, não se arrecada tanto dinheiro assim – dizem que a quantia já ultrapassa quinze mil reais, em apenas alguns dias de campanha. 

Observando tudo isso, eu me pergunto: onde está a barbárie? Quem está certo, e quem está errado?


Só consigo ver erros em todos os lados. 

O rapaz errou por ter roubado, se é que ele realmente roubou. Errou ao tornar-se usuário de drogas e alcoólatra. A família dele errou por não dar a ele a assistência que ele precisa. Os torturadores erraram ao marcarem o rapaz por um crime que até agora as informações não confirmam se ele cometeu ou não. E mesmo que tivesse cometido, isto não justificaria alugar um quarto de pensão, sequestrar uma pessoa e praticar tortura contra ela, filmando e colocando tudo em redes sociais – o que prova a deficiência mental também dos tatuadores. 

Às vezes, na hora em que um criminoso é pego no ato, o sangue quente pode fazer com que alguém o agrida antes de chamar a polícia, mas não foi o caso. Os tatuadores em questão tiveram a frieza e o tempo de alugar um quarto de pensão, levando para lá todo o equipamento de tatuagem, sequestrar o garoto, tortura-lo e filmar tudo. Não foi uma reação causada pelo calor do momento: foi algo fria e calculadamente planejado. Não podemos aceitar que isso se torne comum. 

Afinal, em que mundo queremos viver? Torturar é normal agora?

Este é um tempo no qual circulam nas redes sociais toda espécie de barbáries e atrocidades, cometidas por alguns e defendidas ou criticadas por muitos. Vemos casos de idosos e crianças sendo agredidos covardemente, enquanto alguém filma tudo e põe na rede com dizeres como: “Compartilhem! Vamos pegar este criminoso!” Porém, quem filmou e nada fez também não cometeu crime? E quem, ao descobrir marcas e feridas no corpo de uma criança ou idoso, ao invés de chamar a polícia e demitir imediatamente o cuidador, preferiu colocar uma câmera escondida a fim de ‘pegar no flagra’ o torturador – sabendo que quem sofre as agressões poderia correr risco de morte – também não age de forma bárbara? 

Como eu poderia, sabendo que minha própria mãe ou avó, ou até meu bebê, tem marcas de agressões no corpo e que a próxima vez poderia ser a última, ter a frieza de instalar uma câmera e deixa-la ser agredida mais uma vez?

Aqui na minha cidade houve o caso de um homem que agrediu um cão de rua à facadas, causando sua morte. O caso aconteceu no meio da rua, e ninguém fez nada para impedi-lo. Todos sabem quem ele é, mas ninguém pensou em denunciá-lo ou impedi-lo enquanto o crime acontecia. Mas é claro, alguém filmou, fotografou e colocou no Facebook. Em um outro caso, um homem aparece colocando um cachorrinho dentro de uma caixa de papelão, enquanto vários observam e um deles filma tudo; depois, o tal homem ateia fogo à caixa, com o cão dentro, e ninguém faz absolutamente nada enquanto o cão grita, e após finalmente conseguir sair da caixa, sai correndo, em chamas. Quantos criminosos há nesta postagem?

Acho que quem assiste a estes acontecimentos e nada faz para impedi-los, é igualmente criminoso, e sádico, pois faz questão de assistir e depois partilhar na internet. E de que adianta submeter às pessoas a assistir estas filmagens, depois que o crime já aconteceu? Talvez, se ao invés de filmar, tivessem chamado a polícia, tais coisas não teriam acontecido! 

Sem contar os inúmeros casos de notícias falsas, acusando pessoas inocentes de maltratar animais ou vulneráveis, onde fotografias dos ‘torturadores’ são partilhadas enquanto o ódio é incitado contra estas pessoas inocentes, que acabam sendo torturadas e mortas por justiceiros. Eu me pergunto: por que ainda há pessoas que partilham coisas assim?

Existe uma divisão nos dias de hoje, entre os ‘bonzinhos’ e os ‘malvados.’ Mas pelo que vejo, esta divisão está ficando cada vez mais tênue, e a barreira entre a maldade e a bondade está sendo rompida pela hipocrisia e a vontade de aparecer. 

Quem filma coisas assim não é bonzinho: é um sádico. E o mal está vencendo, tomando conta do bem, contaminando o bom senso.

Está errado quem rouba, está errado quem tortura, está errado quem filma e posta na rede. E compartilhar cenas como estas – hoje eu compreendo – é o mesmo que dar suporte a esse tipo de coisa. Pois tudo o que eles querem, é notoriedade. Vídeos assim devem ser entregues à polícia, e não serem partilhados nas redes sociais. 






Landscape








Sometimes
The landscape is not beautiful,
But we keep silent
Not to disturb other people's illusions.





quarta-feira, 7 de junho de 2017

António Aleixo






Do lindo blog de Maria Dilar, o "Luares de Agosto." Não pude deixar de compartilhar.


Glosa

Se Deus te deu, com certeza
Tanta luz, tanta pureza, P'rò meu destino ser teu
Deu-me tudo quanto eu queria
E nem tanto eu merecia...
 Que feliz destino o meu!

Às vezes até suponho
 Que vejo através dum sonho
 Um mundo onde não vivi.
 Porque não vivi outrora
 A vida que vivo agora
 Desde a hora em que te vi.

Sofro enquanto não te veja
 Ao meu lado na igreja,
 Envolta num lindo véu
. Ver então que te pertenço,
 Oh! Meu Deus, quando assim penso
 Julgo até que estou no céu.

É no teu olhar tão puro
Que vou lendo o meu futuro
 Pois o passado esqueci;
 E fico recompensado
 Da perda desse passado
 Quando estou ao pé de ti.

Poema de António Aleixo, em "Este Livro que Vos Deixo."





Também de António Aleixo:




Os Vendilhões do Templo

Deus disse: faz todo o bem 
Neste mundo, e, se puderes, 
Acode a toda a desgraça 
E não faças a ninguém 
Aquilo que tu não queres 
Que, por mal, alguém te faça. 

Fazer bem não é só dar 
Pão aos que dele carecem 
E à caridade o imploram, 
É também aliviar 
As mágoas dos que padecem, 
Dos que sofrem, dos que choram. 

E o mundo só pode ser 
Menos mau, menos atroz, 
Se conseguirmos fazer 
Mais p'los outros que por nós. 

Quem desmente, por exemplo, 
Tudo o que Cristo ensinou. 
São os vendilhões do templo 
Que do templo ele expulsou. 

E o povo nada conhece... 
Obedece ao seu vigário, 
Porque julga que obedece 
A Cristo — o bom doutrinário. 





Não Creio nesse Deus

Não sei se és parvo se és inteligente 
— Ao disfrutares vida de nababo 
Louvando um Deus, do qual te dizes crente, 
Que te livre das garras do diabo 
E te faça feliz eternamente. 

II 

Não vês que o teu bem-estar faz d'outra gente 
A dor, o sofrimento, a fome e a guerra? 
E tu não queres p'ra ti o céu e a terra.. 
— Não te achas egoísta ou exigente? 

III 

Não creio nesse Deus que, na igreja, 
Escuta, dos beatos, confissões; 
Não posso crer num Deus que se maneja, 
Em troca de promessas e orações, 
P'ra o homem conseguir o que deseja. 

IV 

Se Deus quer que vivamos irmãmente, 
Quem cumpre esse dever por que receia 
As iras do divino padre eterno?... 
P'ra esses é o céu; porque o inferno 
É p'ra quem vive a vida à custa alheia! 





António Fernandes Aleixo OB (Vila Real de Santo António, 18 de fevereiro de 1899 — Loulé, 16 de novembro de 1949) foi um poeta popular português.

Biografia (fonte: Wikipedia)
Considerado um dos poetas populares portugueses de maior relevo, afirmando-se pela sua ironia e pela crítica social sempre presente nos seus versos, António Aleixo também é recordado como homem simples, humilde e semi-analfabeto, e ainda assim ter deixado como legado uma obra poética singular no panorama literário português da primeira metade do século XX.
No emaranhado de uma vida cheia de pobreza, mudanças de emprego, emigração, tragédias familiares e doenças, na sua figura de homem humilde e simples houve o perfil de uma personalidade rica, vincada e conhecedora das diversas realidades da cultura e sociedade do seu tempo. Do seu percurso de vida fazem parte profissões como tecelão, polícia e servente de pedreiro, trabalho este que, como emigrante, exerceu em França.
De regresso ao seu Algarve natal, estabeleceu-se novamente em Loulé, onde passou a vender cautelas e a cantar as suas produções pelas feiras portuguesas, atividades que se juntaram às suas muitas profissões e que lhe renderia a alcunha de «poeta-cauteleiro».
Faleceu vítima de uma tuberculose, a 16 de novembro de 1949, doença que tempos antes havia também vitimado uma de suas filhas.







Tudo Vai Bem








Findo O trabalho, ao final de um dia,
Olhei para cima: o céu estrelado.
O dia se foi, e a lida, e a vida
Continuam sempre -  tudo vai bem...

Pois por sobre a casa a noite estendeu
O seu véu rendado, todo salpicado
De pequenos brilhos frios e espelhados
Esperança que aguarda o dia que vem.






terça-feira, 6 de junho de 2017

NEVERLAND





“Mesmo em casa me sinto sozinho. Às vezes sento no meu quarto e choro. É tão difícil fazer amizades, e há coisas que não se pode falar com seus pais. Às vezes ando pela vizinhança durante a noite, esperando encontrar alguém pra conversar, mas sempre acabo voltando pra casa.” 
― Michael Jackson

Este pensamento de Michael Jackson foi pescado por mim na internet. Procurava sobre algo em que eu pudesse me inspirar para escrever uma postagem. - Pensamentos sobre casas. E deparei com essa confissão tão pungente, tão triste...





Não sei a verdade sobre este grande artista pop - alguns dizem que ele era excêntrico e tinha gostos estranhos, mas eu tenho cá as minhas desconfianças... na verdade, muitas vezes pensamos que sabemos tudo a respeito de alguém, quando não sabemos nem o que se encontra na superfície das pessoas. Basta uma palavra amarga e maldosa dirigida a alguém, em voz alta, acompanhada de um dedo em riste, e teremos milhares de pessoas acreditando no que foi dito, quer seja verdade, quer não. E ninguém pára a fim de pensar no quanto o ato de levantar uma suspeita ou dar um falso testemunho, pode prejudicar, para sempre, a vida de alguém. 

Todos nós nos sentimos sozinhos, às vezes; todos temos dificuldades na vida, e sentimos vontade de voltar para casa e nos esconder do mundo após nossas decepções. E a casa, silenciosa e sem julgamentos, nos acolhe e ampara. Zela pelo nosso sono, protege nossos corpos, abriga nossas dores. A casa pode ser nossa melhor amiga. Ela perdoa nossos erros, e sabe toda a verdade sobre nós. E por pior que essa verdade seja, ela a protege entre suas paredes da curiosidade e do julgamento alheio. 

Acho que só a casa nos conhece realmente, pois ela nos vê como realmente somos: diante do espelho, os ventres relaxados, sem tentar esconder protuberâncias; de manhã, despenteados, com mau-hálito e pijamas antigos e gastos; sentados nos nossos sofás, totalmente relaxados, quem sabe, fazendo coisas que jamais faríamos na presença de alguém, como coçar certos lugares ou mexer nos nossos narizes. Ela nos assiste em silêncio quando estamos sentados no vaso sanitário, livrando-nos de nossos despojos. Ela nos vê chorar de frustração. Ela nos escuta quando dizemos, em voz alta, nossos verdadeiros pensamentos a respeito de certas pessoas que nos cercam e a quem, por circunstâncias especiais ou necessidade de convivência, precisamos tratar bem, ignorando comentários maldosos. 

E foi isso que Michael Jackson descobriu.  Foi por isso que ele transformou sua casa em Neverland - o reino mágico, a Terra do Nunca, onde a vida poderia ser sempre bela e cheia de surpresas agradáveis. O lugar onde ele jamais precisaria crescer. E era para  casa que ele voltava quando as exigências e formalidades do mundo dos adultos o perseguiam. Quando ele não conseguia encontrar uma viva alma que pudesse ser verdadeira e olhar para ele e enxergá-lo, não como o Michael Jackson Rei do Pop, mas como o menino que precisava de alguém com quem conversar, e nunca encontrava. 







quinta-feira, 1 de junho de 2017

A REALIDADE









Crônica publicada também em meu blog, A Casa & a Alma, e no Recanto das Letras.






No último sábado, ao conversar com um de meus alunos sobre questões da vida, me veio à mente uma frase: "A vida é uma pergunta retórica."  Para explicar melhor, uma pergunta retórica é aquela que não tem como objetivo exigir uma resposta, mas apenas causar uma reflexão. Talvez porque, na verdade, não haja uma resposta que se adeque a todas as realidades, crenças e vontades. Quando se trata de vida, o que a maioria das pessoas deseja ao formular uma pergunta, é uma resposta que se adapte às suas próprias crenças: o religioso quer acreditar que existe uma vida espiritual, e o ateu, que ela não existe. O Budista acredita no Nirvana, o Cristão, no Paraíso, o espiritualista, no Nosso lar, e o ateu, em nada.

 E nós seguimos, afirmando isto e aquilo, sem termos certeza de absolutamente coisa alguma. 

Minha única certeza, é quando abro os olhos de manhã e sinto que ainda estou por aqui. É a água fria quando lavo a louça na pia da cozinha, o barulho da vassoura varrendo o chão, o preparo da comida que vai saciar a minha fome, os cheiros que me cercam, os momentos em que estou brincando com meus cães, ou sentada no jardim de olhos fechados, escutando o vento e as centenas de sons que me cercam, sentindo o sol, a chuva, olhando as plantas, os animais, as árvores, ou as pessoas na rua. 

Mesmo assim, gosto de criar uma realidade alternativa que me proteja. O meu Nirvana, o meu Paraíso, o Meu Nosso Lar, onde existe uma casinha pintada de azul, no meio de um pequeno jardim. Na varanda, me esperam todos os bichinhos de quem já cuidei até hoje, desde que eu era criança. Lá me aguardam também uma porção de gente que se foi antes e que eu gostaria de rever. Quando eu chegar lá, eles estarão pela casa, e me receberão. 

Mas noutras vezes, eu prefiro crer que fecharei os olhos um dia e todas as minhas lembranças serão imediatamente apagadas, juntamente com todos os sinais conscientes da minha existência. Talvez eu me transforme em uma força neutra, que será reabsorvida por alguma fonte que a re-utilizará para criar algo novo. E nada do que sou restará. Minha personalidade morrerá, desaparecendo para sempre. 

Mas também há dias em que preferiria simplesmente deixar de existir. Não ser, sequer, este material etéreo que será reutilizado na criação de algo novo. Fechar os olhos, e sumir para sempre. Não ouvir mais nada, não ver mais nada, não dizer mais nada, não pensar mais nada. Não mais ser. 

E eu caminho entre estas três respostas, não sabendo qual delas - ou se uma delas -   é a certa para a minha pergunta retórica; então eu ponho minha mão sob a água gelada, e deixo que ela escorra sobre minha pele. Vou varrer o chão, passar roupas, limpar a casa, trabalhar... e percebo que, na verdade, esta é a única realidade que eu tenho agora, a única da qual tenho certeza que faço parte, e se assim é, pode ser a única que realmente tem importância neste momento. 






The Problem




You frowned; looked angry and quarrelled
Because of just one little word
You don't want to see me tomorrow,
And I wonder: was that ever worth?


Because yesterday I said 'no'
But that's not an issue, I guess
The problem was not to say 'no',
But having said always just 'yes'. 




terça-feira, 30 de maio de 2017

Richard Clayderman






RICHARD CLAYDERMAN





A música de Richard Clayderman embalou os anos 80. Quem se lembra?






Wikipedia: Filho de um professor de piano, Clayderman foi iniciado muito cedo nas artes do piano, e com a idade de seis anos podia ler as músicas com muita facilidade e precisão. Aos doze anos entrou para um Conservatório de música, e aos dezesseis ganhou seu primeiro prêmio.






Após deixar o conservatório, formou com alguns amigos um grupo de rock, mas sua vida mudou drasticamente em 1976, quando o produtor francês Olivier Toussaint compôs uma balada em homenagem à sua filha recém nascida, Adeline, e então ele contratou Richard para executar sua obra e gravá-la em LP.




Richard se apresentou no Brasil em 1999 e novamente em 2008. Em seus concertos estão presentes canções como "For Love", "Letter to my Mother", "Dolannes Melody" e "Ballade pour Adeline". 







Em 2002, acompanhado por um conjunto de nove músicos, o pianista tocou alguns números de música brasileira, como "Samba de uma Nota Só". Richard apresentou-se em Curitiba - PR no dia 30 de outubro de 2014 no Teatro Positivo acompanhado de quatro violinistas,dois violoncelistas e música eletrônica. Fez uma homenagem ao conjunto musical Abba.










Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...