Daqui a muitos anos, quando eu estiver pronta para despedir-me desta vida, não darei importância a coisas que geralmente são consideradas importantes : "Quanto você ganhou? Que países visitou? Quantos 'amigos' teve? Quantos vestidos usou? A quantas festas compareceu? Quantas vezes foi fotografada? Ficou famosa? Ficou rica? Quantos amantes teve? Foi 'vencedora?' Foi admirada?"
Daqui a muitos anos, nada disto terá importância. E o que ficará?
Quero que fiquem as tardes ao sol de inverno, quando sentei-me em meu jardim com meu marido e meus cães. Quero lembrar-me da minha juventude, quando eu corria ao sabor do vento - eu sempre amei o vento - e meu corpo era flexível e leve. Quero lembrar-me dos doces de abóbora, sorvetes, xícaras de chá com torradinhas e biscoitos, o bolo que deu certo, as poesias que escrevi, meu livro (ou livros), todos os livros que li e adorei, cujas mensagens ficaram no coração.
Quero lembrar-me dos pores de sol, da chuva, dos animais, da natureza, enfim, com toda a sua generosidade.
Quero lembrar-me dos filmes que me fizeram chorar (de tristeza ou de alegria), mas que despertaram em mim emoções, como na velha canção do Roberto. Quero estar feliz, pois as despedidas que se deram, terão, finalmente, um reencontro.
Daqui a muitos anos, quando eu olhar para trás, existe um pensamento que eu quero que esteja comigo, naquele último minutinho antes de deixar este mundo:" FOI BONITO!"