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sábado, 21 de junho de 2025

DESAPRENDA

 

 

 




Desaprenda

E se desprenda

Da rede invisível que sufoca.

 

Questione, e nunca, jamais,

Se abandone!

 

Não deixe que ninguém te ensine,

A auto indulgência, a pena,

-Nem mesmo este poema!

 

Olhe sempre com os olhos fechados,

Olhe para dentro, mesmo que os olhos ardam,

Ou caiam desse rosto escandalizado!

 

Desaprenda, e enfim,

Compreenda!

 

Escute além do que é dito,

Entenda o que está escondido

Além da explicação!

 

Aprenda a ser visionário,

Adivinha, médium, sensível,

Não tenha medo de ser risível

Muito menos, de ser julgado!

 

Nesse mundo de hoje em dia,

A coisa mais necessária

É não aceitar verdades impostas,

As bostas que nos empurram

Gargantas abaixo.

 

Não se ponha em qualquer lado,

Não tente escolher o certo

Ou apontar o errado,

Fique em silêncio,

Mas tenha sempre aceso

O discernimento!

 

Não tente impor coisa alguma,

Mas não aceite sem mastigar

E sentir o gosto daquilo

Que querem que você engula

E que pode até matar!

 

Aprenda a erguer limites

E acima disso tudo,

A aguentar a solidão 

Por mais que ela grite.

 

 

 

Ana Bailune

quinta-feira, 12 de junho de 2025

ESTRANHEZA

 





Eu sou de outro país,

De outra época, há muitos anos,

Milênios, talvez.

Não sei quem me fez,

Mas jamais me esqueci

De quem me desfez.

 

Eu venho de alguma galáxia

Muito distante,

Não tem alguém que a alcance,

Ou alguém que fale a minha língua

Ou cure a minha íngua.

 

Quem me olha, nem percebe

Que eu já não estou,

Que eu fui embora

Há muito tempo,

Sou uma folha verde que caiu mais cedo

Derrubada pelo vento.

 .



.



.



.

 

 

 

quarta-feira, 11 de junho de 2025

FREIRAS DANÇANTES, PADRES CANTANTES, PASTORES MIRINS E AFINS

 


 

Não tenho nada contra freiras dançantes e padres cantantes.

 

Bem, se isso fosse totalmente verdade, eu não estaria escrevendo este texto.

 

Não sigo religião nenhuma, embora leia muito sobre quase todas elas – catolicismo, budismo, espiritismo, protestantismo,  hinduísmo, bruxaria, umbanda, e até mesmo satanismo. Porque eu gosto de saber. Gosto de conhecer, mesmo não seguindo. Sigo páginas de pastores, budistas, agnósticos, macumbeiros, enfim, não tenho preconceitos.

 

Meu único problema é com a hipocrisia.

 

Eu acredito que, quando um sacerdote se coloca sob uma denominação religiosa, ele deve seguir o que aquela denominação prega. Freiras maquiadas dando entrevistas em podcasts e dizendo que amam quando as elogiam pela sua aparência, não me parecem confiáveis. Padres cantantes cheios de botox, que viram influencers e passam a se vestirem com calças apertadas e roupas caríssimas de marca, também não me parecem confiáveis. Budistas que descriminam este ou aquele grupo de pessoas por causa de suas preferências políticas, não seguem os preceitos do budismo. Pastores que exigem que seus fiéis façam 'pixes' altíssimos em suas contas, não me parecem honestos. Talvez essas pessoas sejam ótimas, mas não nasceram para o sacerdócio. Poderiam ser excelentes filósofos, escritores, influencers... mas padres, monges, pastores e freiras, não.

 

Acredito que todos já viram algum trecho em vídeo daquele pastorzinho fake que não conhece a  Bíblia fazendo pregações - chega a ser bizarro. O moleque foi criado para ser uma máquina de arrancar dinheiro de otários. E como tem otários dispostos a contribuir com esses absurdos! Cada fala dele é uma encenação, algo ensaiado exaustivamente. Fizeram uma lavagem cerebral na criança e criaram um monstro.

 

Por isso, não sigo nenhuma religião. Cada uma é uma coleção de absurdos abençoados por um deus que não existe e jamais existirá na minha vida. Porém, a cada um o direito de fazer o que quiser, só não tentem me converter a nada. Prefiro essa minha religiosidade solitária– que também não pretende converter ninguém - praticada dentro da minha casa e em meu jardim. Gosto da oração que sai do coração todos os dias, da gratidão sincera pelas mínimas coisas, da vela acesa apenas pela luz que ela propaga, do incenso que queima pelo seu perfume. Gosto daquele deus que habita dentro de mim e que não me entrega nada, a não ser a mim mesma, a não ser a natureza, a não ser a paz de uma noite bem dormida.

 

Gosto do Deus que me ampara e protege do mal, principalmente do mal que existe dentro de mim mesma, pois é através dele que o mal que vem de fora pode encontrar um caminho até mim. E quando o mal consegue penetrar, esse deus me ensina a me limpar, e ele volta exatamente para aquele que o enviou.

 

Minha religião?

 

O sol, a chuva, a natureza, os bons livros, as orações ditas no silêncio da minha casa, os animais, a solidão escolhida conscientemente e que só é quebrada quando eu quero.

 

O que isso me traz?

 

Paz. Exatamente o que o mundo me tira.

 



terça-feira, 3 de junho de 2025

O QUE É A VIDA?



Em setembro farei sessenta anos. Mas quando penso na vida, me sinto como se tivesse quinze ou dezesseis, porque apesar de todos esses anos desde que nasci, não consegui entender o que é a vida ou sequer o que move as pessoas a fazerem o que fazem ou serem como são. Não entendo como, dentro de uma mesma casa, criam-se pessoas que se tornarão adultos tão diferentes uns dos outros.

Também não entendo o que faz uma pessoa comparar-se a outra(s), e desejar derrubar alguém só porque essa pessoa sabe fazer algo que ela não sabe, ou talvez seja mais bonita/mais jovem/mais rica, etc..., ou qualquer outra coisa que só a comparação invejosa pode enxergar. 

Eu gosto de pessoas mais inteligentes do que eu; através delas, eu aprendo. Acho fascinante alguém que saiba de alguma coisa que eu não sei. Sempre, desde criança, admirei as pessoas inteligentes e procurei melhorar um pouco, não através da comparação com elas, mas através da inspiração que elas me proporcionam. 

Todo mundo tem um talento especial, todos sabem alguma coisa que podem ensinar e que os tornam únicos. Isso é inquestionável. Mas existem tantos talentos naturais desperdiçados, porque aqueles que deveriam desenvolvê-los estão preocupados tentando ser outra coisa para a qual não nasceram. Alguma coisa que, segundo eles mesmos, os tornaria "melhores" que alguém ou lhes traria alguma projeção. E quando não conseguem, passam a difamar, odiar ou invejar aqueles que possuem tal talento.

O que é a vida? 

Alguns dizem que ela é uma escola, e que cedo ou tarde, todo mundo aprende o que tem que aprender. Outros acreditam em reencarnação, e ainda outros não acreditam em absolutamente nada, a não ser no acaso. E ninguém sai daqui sabendo, de verdade, se está certo. Até hoje, não conheço ninguém que tenha morrido e voltado para contar como é do outro lado - se é que existe um outro lado. Eu acredito que sim, mas não posso afirmar que eu tenho certeza, pois a mente prega peças e nos faz ver o que queremos ver. É como se o cérebro criasse 'provas' que suportassem nossas crenças para que possamos ser mais equilibrados.  

Então, o que é a vida? O que move as pessoas? 

Por que fazemos tantas guerras se seria bem mais fácil e melhor vivermos em paz? Por que estudamos tanto e não aprendemos o que realmente importa? Por que somos competitivos, amargos, invejosos? Por que tantas famílias são desunidas? Por que existem tantas pessoas que, deliberadamente, maltratam animais? 

Por que somos tão cruéis?




 

ENCONTRO MARCADO

 

 

Às vezes, me vem em sonhos,

Cabelos em tons de sépia

Um tom de voz que nem me lembro

Um olhar sempre distante,

Perdido em lugares ermos.

 

Está diante de mim,

Ao mesmo tempo, distante,

E ao segurar minha mão,

Me conduz a um lugar

Que fica sempre adiante,

Mas que eu não posso entrar.

 

Se me fala, o faz sempre

Com os lábios bem cerrados.

A paisagem da distância

No olhar envidraçado.

 

E quando acordo, mal lembro

Daquele encontro marcado

Sem ter hora e sem saudade,

Entre o meu tempo e o outro tempo,

Um caminho enviesado,

Marcado na eternidade.

 

Ana Bailune

MEMÓRIA

 





Uma tarde morrente.

As últimas luzes tentam iluminar a mesa da cozinha.

A mulher se debruça ao acaso

Sobre as folhas de jornal que embrulhavam os ovos:

Velhas notícias.

 

Chia a panela de pressão

Enquanto a menina tenta terminar as tarefas da escola.

Mãe e filha ausentes,

Cada qual no seu mundo;

Um mais colorido, outro mais profundo,

Tão profundo, que ela se agarra às boas lembranças

A fim de não se afogar.

 

A criança, em seu mágico mundo da imaginação,

Entre noves fora e multiplicações

Olha para fora, para as folhas do coqueiro na casa vizinha,

E cria esta memória.





 

 

Parceiros

A ÁRVORE

    Quando uma folha cai da árvore, Ela não volta jamais. Solta-se, Desce sinuosamente, pousando no gramado, Bem devagar.   ...