Cada vez
mais,
Haverá mais
ontens nos amanhãs,
E o passado
se esticará
Pesando
sobre o futuro
E fazendo
sombra ao presente.
Façamos da
vida uma leve caminhada,
Que a
saudade fique bordada apenas
Nas bordas
do que foi levado...
Deixemos que
o pano que nos cobre
Esteja
rasgado,
Para que o
céu possa ser visto,
O
firmamento, vislumbrado,
Quando o
vento ameaçar levar nossos telhados!
Cada vez
mais,
As flores
que morreram à míngua
Espelharão
seus perfumes fantasmagóricos
Pelos
jardins que nos esquecemos de cuidar.
Deixemos
que ao menos as sementes
Que caíram
dos miolos destas flores
Tenham a
chance de brotar!
Sejamos
nós, entre o céu, as montanhas e o mar,
Caminhemos
devagar, mas sempre em frente,
E se houver
correntes a arrastar,
Que elas sejam
de fantasmas mais contentes...
Cada vez
mais, a nossa pele
Há de
cobrir-se com as rendilhas do tempo,
Que não
impedem o vento de passar,
Mas nos
emprestam a ilusão do aquecimento!
-Esquecimento!
Abra as asas sobre nós,
Leve
consigo, da maneira mais veloz
A vozes
temidas do rancor e desalento,
Para que a
pele não se enrugue sem motivos,
Para que a
morte não se torne, ao fim de tudo,
Apenas o
fim dos nossos ressentimentos!