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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A Casa do Meu Passado

Minha bisavó Genova à porta da casa, de pé sobre as escadas onde eu brinquei de casinha




A casa de minha mãe, onde nascemos todos pelas mãos da parteira Dona Maria Carioca, era pequena e simples. Foi comprada pelos avós de minha mãe quando eles chegaram ao Brasil no início do século XX, vindos da Itália. Trouxeram com eles meu avô, ainda bebê. 

A casa tinha apenas dois quartos, onde dormíamos eu e minhas três irmãs. Meu irmão dormia na sala. Tudo era pequeno, mas havia um quintal onde, quando eu era ainda bem criança, meu pai plantava abóboras. Mais tarde, como as abóboras ocupavam todo o espaço do quintal dos fundos, Meu pai desistiu delas. Mas sempre tivemos pés de frutas, como abacate, figo, limão, ameixa, banana, pêssego. Durante um certo tempo, eu e minha irmã cultivamos couves, alface e cheiro verde. Minha mãe jogava sementes de tomate aleatoriamente pelo chão, e os tomateiros cresciam em pouco tempo, espalhando seus frutinhos vermelhos. 

O chão da casa era feito de tábuas de madeira, que minha mãe gostava de encerar. O chão da cozinha era de cimento, tudo muito rústico. Minha mãe jogava água e sabão naquele chão toda sexta-feira, e esfregava com a vassoura. Enquanto escrevo, posso me lembrar do som da vassoura sobre o cimento... ela ralhava com  a gente se tentássemos passar pela cozinha quando ela a estava lavando, e então utilizávamos a porta da sala para ir brincar no quintal. Naquelas escadinhas de cimento que conduziam à entrada principal, eu me sentei muitas vezes, e construí muitos sonhos. Fazia sobre elas a minha casa de mentirinha, e cada degrau representava um cômodo. Por muitos anos, habitei naquela casa de mentirinha após a escola, quando eu chegava em casa escutando o canto das cigarras nas tardes de verão. Gostava de olhar para as montanhas lá em baixo, à esquerda, e ver o sol indo embora.


Meu avô Rogério, pai de minha mãe



Quando chovia, o barulho da chuva forte caindo sobre as telhas de zinco era ensurdecedor! Se havia trovões, eu me escondia debaixo da mesa mineira de madeira que ficava bem no centro da cozinha, fechando os olhos. Minha mãe não permitia que abríssemos torneiras ou segurássemos tesouras quando havia tempestades, pois dizia que objetos metálicos poderiam atrair os raios. 

Nossa mobília ainda era a dos tempos que meus pais se casaram, toda ela já usada, doada por meu avô. No quarto de meus pais, havia um conjunto de armário e penteadeira muito bonito e antigo. Meu avô o ganhara quando trabalhou no Hotel Majestic, onde hoje funciona a Faculdade de Medicina de Petrópolis. O armário, de pinho de riga,  tinha espelho de cristal bisotado na porta, e sobre a cômoda, havia um tampo de mármore branco. Nas laterais, um par de altares, um de cada lado. Eram móveis grandes, antigos e estilosos, que não soubemos valorizar. Mais tarde, meus pais acabaram substituindo-os por móveis mais modernos, mas de qualidade inferior. 

No verão, havia muitos besouros e joaninhas pelo quintal. Eu adorava brincar com eles, e uma vez, peguei uma quantidade razoável de joaninhas e coloquei em uma caixa, que acabou se abrindo, e elas se espalharam pelas paredes dentro da casa. Os besouros eram marrons, cinzentos, pretos, listrados, bege-nacarados, verdes, furta-cor ou azulados. Eu enchia caixas com eles, e depois me sentava no quintal enquanto eles passeavam pelos meus braços. Também gostava de lagartas, a maioria delas listradas, muito engraçadinhas. Posso ainda sentir o toque macio e gelado delas sobre a minha pele. 

Meus bisavós Heitor e Genova



Tínhamos muitos bichos: cães, gatos, galinhas, hamsters. Uma vez tive uma pata branca que me seguia para todos os lados, inclusive quando eu ia até a venda do "seu" Manuel buscar alguma coisa que minha mãe pedia. Naquele tempo, não tinha essa coisa de castrar os animais, e as cadelas e gatas tinham sempre muitos filhotes, mas conseguíamos doar a maioria deles. Os mais feinhos iam ficando... também não existia ração de cachorro, e nós os alimentávamos com fubá e restos de comida. Quando dava, acrescentávamos pedaços de bofe ou frango à sua refeição. Eram todos muito saudáveis, e ficavam soltos, podendo passear pelo meio do mato ou pela rua. Às vezes, um deles aparecia morto, atropelado ou envenenado. Eu ficava muito triste quando isso acontecia, mas ao mesmo tempo, entendia que era parte da vida, e afinal, havia muitos outros cães. A vida era assim.

Eu, na época da escola, dando discurso no aniversário de D. Franci, a diretora


Cães e gatos conviviam no mesmo espaço, sem brigas. Dormiam e comiam juntos. Separávamos a comida dos gatos porque os cães comiam mais depressa. Às vezes havia  'desentendimentos' que nós resolvíamos com alguns gritos. As coisas eram mais naturais, e iam acontecendo sem que ninguém as controlasse. A vida era mais devagar. 

Era bom, acordar de madrugada quando ainda estava escuro, e escutar meus pais conversando na cozinha antes que meu pai saísse para o trabalho. A melhor coisa do mundo é ter os pais vivos e ainda jovens zelando pela gente. Vivíamos com algumas dificuldades financeiras, mas nunca nos faltou nada. Os  mais novos herdavam as roupas de primos e irmãos mais velhos, que eram reformadas para que servissem melhor. Sapatos eram comprados uma ou duas vezes ao ano. Na escola, usávamos os cadernos e lápis mais simples. As árvores de natal eram pontas de pinheiros enfeitadas com bolinhas de vidro coloridas e chumaços de algodão para fingir que era neve. Ganhávamos presentes apenas nos natais e aniversários. Brincávamos na rua com os colegas, e todos os vizinhos se conheciam e conversavam sempre. Se a televisão de alguém quimasse, a família toda ia para a casa de algum vizinho para assistir aos programas favoritos. Era comum dividir, partilhar e ajudar, mesmo tendo pouco.

Foi bom viver na casa do meu passado.





The Door




I used to pass by that door
Whenever I went to school.
Never saw it open,
Never heard a sound.
Just a closed door,
Colors fading in the sun.

I was very curious
About what was behind it:
Maybe a lonely ghost
Sitting in the dark
Just waiting for a toast
When he'd be remembered?




quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Arthur Schopenhauer






Alguns pensamentos de Schopenhauer


"A inveja dos homens mostra como se sentem infelizes e a permanente atenção que prestam às ações e omissões alheias, como se aborrecem."




"A solidão é a sorte de todos os destinos eminentes."



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"Um dos estudos principais da mocidade deveria ser o de aprender a suportar a solidão, que é uma fonte de felicidade e de paz espiritual."



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"Onde há muita gente, há muita ralé, mesmo que toda ela ostente condecorações."



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"É tão fácil e tão pouco basta para levantar um coração sedento de elogio."


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"Perdoar e esquecer significa jogar pela janela afora uma experiência preciosamnte adquirida."


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"Do ponto de vista da mocidade, a vida é um futuro infinitamente longo; do da velhice, um pretérito brevíssimo."




Arthur Schopenhauer foi um filósofo alemão do século XIX. Seu pensamento sobre o amor é caracterizado por não se encaixar em nenhum dos grandes sistemas de sua época.

Nascimento: 22 de fevereiro de 1788, Gdańsk, Polônia
Falecimento: 21 de setembro de 1860, Frankfurt am Main, Alemanha


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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Tu És Meu Brilho










Tu és  meu brilho,
Meu estribilho
Nesta canção...
Na noite escura
De solidão
Tu te estendes,
Em meu caminho,
Pois és meu trilho.

És minha luz
Quando escureço,
Brilhando firme
Sobre o rochedo,
És meu abrigo
E proteção
Contra o mau tempo,
Quando eu me entrego
À  ilusão.

Tu és a rota
Segura e firme,
O meu farol
No mar bravio.
Se tenho medo,
Me apascentas,
Digno e calmo
Em teu rochedo.

Tu és meu brilho,
Meu estribilho,
O meu amor,
Minha lição...


Convido você para conhecer meu novo blog!



http://anawindown.blogspot.com




segunda-feira, 5 de outubro de 2015

You Can't





You can't just turn around.
Everywhere you look, there it is.
Maybe you think you can pretend
Not to see what's on your way.

But one day,
There it is again, and again, and again.
The only possibility,
Is to step on that road very slowly and lightly,
Fell the soil under your feet and then
Give another step,
And another, and another

Until you have covered all that path,
Felt all the rain on your shoulders,
And the pain, and the fear,
And after you have shed all your tears,
You can say to yourself:
"Go a different way."






sábado, 3 de outubro de 2015

What Am I Going to Wear?





Yellow, red, white or purple?
All I know is I'll be barefoot.

Old or new, short or long,
They all wait for my decision.

Do they think that I am smart
Or  an object of derision?

While I choose, I walk in circles
My make up, a coat of soot.




LUA SANGRENTA










Por sobre a paisagem 
Passava a lua branca
Cobrindo com sua luz
A escuridão da noite.


Partículas de sangue
Sugadas das marés,
Das vozes caladas
De centenas de crianças


Subiram aos céus
Em silenciosas preces
Clamando serem vistas,
Pedindo que as ouvissem.


E a lua sangrou,
Tingiu-se de vermelho
Histórias escrevendo
Tornando-se um espelho.






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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...