witch lady

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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Coisas que Não se Explicam

imagem: lagoa de Abaeté - Google


Ainda me lembro de minha primeira viagem de avião, há 18 anos. Eu fui acompanhando meu marido para Salvador, Bahia,  a convite de seu chefe , esposa e filha. Meus maiores sonhos naquele tempo eram: viajar de avião e conhecer Salvador, e consegui as duas coisas ao mesmo tempo! Era uma conferência sobre comércio da qual eles iam participar, e por isso, nós, as três mulheres, tivemos muito tempo livre para explorar Salvador, seus shoppings, praias e principalmente, o Pelourinho.

Quando o avião pousou em Salvador, o cerimonial da conferência tinha contratado uma porção de baianas em trajes típicos, que nos recepcionaram com colares de flores , pacotinhos de cocadas e as inevitáveis fitinhas do Bonfim; aliás, eu trouxe um rolo delas para dar de presente quando voltei. Bem, logo na entrada, eu me senti 'em casa!' 

Quando chegamos ao hotel, que fica na Praia Vermelha, fui até a varanda e olhei para baixo: o mar se estendia aos meus pés, e parecia que o hotel era construído dentro da água. O tempo todo, eu tinha aquela sensação de ter chegado em casa. Naquela mesma varanda, no último dia, chorei feito criança na hora de voltar. Sabia que raramente teria a oportunidade de estar ali de novo.

Enquanto caminhávamos pelas ladeiras do Pelourinho, que naquela época acabara de ser reformado, eu entrava e saía daqueles sobrados, suas lojinhas e igrejas, e parecia, não que eu estivesse conhecendo tudo pela primeira vez, mas refazendo um caminho. Não gosto de calor, mas o calor não me incomodou nem um pouco, estranhamente.

Mas a impressão mais forte, foi quando fomos todos juntos conhecer a Lagoa de Abaeté. Chegamos ao alto de uma colina, e olhamos a lagoa lá em baixo. Uma linda vista. Depois, descemos as dunas e fomos ver de perto. Quando chegamos lá, onde as lavadeiras costumavam trabalhar, de repente eu tive uma sensação fortíssima de déjà vu. Tive  a certeza absoluta de que aquela não era minha primeira vez naquele lugar. Olhei em volta, e até os cheiros começaram a vir na minha cabeça, mas eu não sabia de onde. Tive sentimentos de conversas que tinha tido ali, embora as palavras não viessem à mente. A luz da tarde refletindo na lagoa era a luz de uma outra tarde.

De repente, olhei para um prédio que havia ali - se me lembro bem, era o Museu Casa das Lavadeiras, mas pode ser um outro prédio - e sabia que se o circundasse, encontraria um tanque. E disse isso ao meu marido. Fomos andando até a lateral do museu, e lá estava o tanque!

Senti também uma incrível empatia com o povo, e achei que foi mútuo, pois quando pedíamos informações na rua, as pessoas se desviavam de seu caminho a fim de nos levarem aonde queríamos chegar. Foi assim com o Elevador Lacerda. Naquele dia, eu estava mau-humorada por algum motivo que não me lembro, mas quando chegamos lá em baixo, um dos vendedores ambulantes olhou para mim e disse: "Sorria! Você está na Bahia!" Na mesma hora, o mau humor se foi, e eu pensei: "É... estou em casa!"

Ouvi dizer que hoje Salvador está bem diferente do que era na época em que a visitei: violenta, mal-cuidada. Espero que não.

Chás & Simpatias - Marcia Andrade






Chás e Simpatias - Vovó Tinha Razão - livro de Marcia Andrade


Prefácio:

Tive  a sorte de ter  durante muitos anos a companhia de minha avó Belinha que eu adorava, e era adorada. Sempre que um pássaro se machucava, ou um cachorro se envenenava, lá estava vovó salvando-os com seus remédios caseiros. Devo a ela meu interesse nestas curas caseiras e por isso, durante muitos anos, colecionei receitas por puro divertimento. Morei no interior e visitava muitas fazendas, e sempre encontrava alguém que sabia de algum remédio ou simpatia. Esta cultura está morrendo e é tão sábia. Resolvi colecionar, e então li muito, e um belo dia alguém me perguntou por que eu não as publicava. É o que faço agora, dedicando este livro para minha avó, que mais que  ninguém sabia das coisas; ela tinha razão!





Algumas simpatias e receitas que estão no livro



Para a Paíxão Ser Correspondida - Para a pessoa amada corresponder, pegue alguma peça de roupa do amado e durma com ela, somente ela, durante uma semana.




Mau Hálito - mastigue um pedaço de papel em branco e limpo por 3 minutos pela manhã e à tarde.





Manchas no Rosto - Moer amêndoas e milho branco em medidas iguais. Massagear o rosto em movimentos circulares, depois lavar com água.





Debilidade Cardíaca - Faça um xarope de maçã, cozinhe bem o seu suco durante 40 minutos e depois coloque mel. Tome sempre.





Para a Criança Andar Logo - Quando o cavalo anda, a ferradura solta pedacinhos de terra. Pegar estes torrões de terra e esfregar no joelho da criança. Devolver a terra para o mesmo lugar. Depois não tem quem segure mais esta criança.





Para Acabar com Dores de Cabeça - Corte algumas pontas do cabelo da pessoa e enterre. / Faça um enchimento de travesseiro com essência de dormideira e use este travesseiro todas as noites. / Esquente uma folha de café e prenda em sua testa com pano branco virgem.






Para Tirar Mau-olhado - Tome banho de cachoeira com sal grosso; peça licença antes de entrar na água e agradeça ao sair.





Pata Ter tranquilidade no Lar - Pendurar atrás da porta de entrada principal da casa uma chave de aço, presa por um prego de aço.





Parar de Cair cabelo - Ferva 1 maço de hortelã verde com um pouco de água filtrada em uma panela nova. Lave seus cabelos com esta mistura e enxugue-os depois com uma toalha macia, evitando secador ou sol. Repita 3 vezes por semana, durante 2 meses.






Para parar de beber - Pegar pelo de égua suada + 1 copo de suor e colocar na garrafa de pinga. Dar para a pessoa, que não pode saber. (?!) / Rezar para o anjo da guarda da pessoa, que no caso, pode ajudar. 






Suor forte - Ao acordar, esfregue limão podre ou passado nas axilas. Lave-as somente antes de dormir.






Para Acabar Com Brigas de Casal - Pegue 1 alfinete de segurança, 3 galhos de avenca e prenda atrás da cortina do quarto do casal; quando secar, troque por outros.






Para o Marido Ficar Amoroso - Lave a roupa dele como sempre, mas na hora de enxaguar deixe de molho em um balde com bastante água e mel. Seque na sombra e guarde sem passar na gaveta.





Para Conquistar um Homem - A mulher deve coar o café em uma blusa usada e oferecer ao escolhido. Não há quem resista.









quinta-feira, 4 de abril de 2013

Amizade





As coisas que eu sinto são apenas as coisas que eu sinto. As minhas opiniões são apenas isto- opiniões. Jamais serão decretos, jamais tentarão impor pontos de vista.

Nem sempre serão amigas todas as pessoas que estiverem presentes no momento da sua queda; algumas poderão estar lá apenas pelo mórbido prazer de lhe ver cair. Mas com certeza, serão amigas todas aquelas pessoas que estiverem lá, de pé, aplaudindo quando você se levantar e sacudir a poeira.

Amizades virtuais são coisas muito raras; não que elas não possam existir, mas são raríssimas... para mim, só podemos dizer que alguém é realmente amigo, se partilharmos acontecimentos e experiências de vida. Acredito que, virtualmente, encontramos pessoas com quem temos afinidades - ou não; podemos admirá-las e gostar delas por aquilo que elas nos mostram sobre elas mesmas, seu modo de pensar, opiniões, habilidades; mas como considerá-las amigas verdadeiras, se a amizade precisa daquele cimento dos anos para que possa ser solidificada? O cimento da colaboração mútua, da experiência de vida, da convivência real, dos olhos nos olhos...

Existem algumas pessoas que admiro virtualmente, e com quem acredito que teria uma amizade sólida aqui fora; mas as distâncias geográficas nos separam. Tenho poucos amigos aqui fora; mas sei que são amigos de verdade. Sei que estariam lá para me aplaudir - como já estiveram - tanto no meu sucesso quanto nos momentos em que me ergui dos meu fracassos.

Tenho cuidado ao afirmar que alguém é meu amigo; tanto por ele quanto por mim. Acho que é preciso conhecer devagar. E a isto eu chamo, não de 'desconfiança,' mas de respeito mútuo, de cuidado. 

A amizade verdadeira precisa de bases sólidas, que são construídas pouco a pouco, com as pedrinhas e o cimento da convivência. Acho que para mim, dão bons amigos aquelas pessoas que conseguem passar muitas horas sozinhas com elas mesmas sem se sentirem entediadas. Aquelas pessoas que não tem medo de dizerem o que pensam, e que não se incomodam tanto com a opinião alheia a respeito delas. E, principalmente, aquelas pessoas que tem bons ouvidos. Que sabem fazer de uma conversa um diálogo interessante, e não um monólogo cansativo. Aquelas pessoas que sabem respeitar meus silêncios e distâncias, e que saibam ser amigas sem sem serem cobradoras. As pessoas que sabem a hora em que estou dormindo, comendo ou trabalhando.

Não é fácil ser amigo; mas é fácil dizer-se amigo.



Haikais





São os colibris
Fadinhas disfarçadas
Beijando as flores







O sol ameno
O céu de glacé
Traz de volta colibris






Vem de um romance
São aves minúsculas
Que Deus desenhou






Faça-me, Deus







Faça-me Deus, receptáculo
Das mil tristezas desse mundo,
E que profundo seja o corte,
Se assim for a Tua vontade.

Faça queimar, ainda mais,
A dor que hoje já me arde,
Faça eu morrer, a cada dia,
E ao final de cada tarde...

-Mas tira de mim a amargura,
Torne minhas lágrimas, doces rios,
Pois a pior coisa do mundo,
É um coração e um riso frios...

Faça-me Deus, a longa estrada,
Passagem de pesadas bigas...
Que as suas rodas me esmaguem,
Mas que meu sangue seja doce...

Faça-me Deus, um passarinho,
Para eu cantar as minhas dores
E que elas sirvam de encanto
Para secar, do outro, o pranto!

E através daquilo mesmo
Que faz quebrar meu coração,
Hei de tirar minhas lições
Para tornar-me bem melhor...

Assim, eu creio que a vida
-Que dói em todos, cedo ou tarde,
Há de secar minhas feridas
E eu serei merecedora
De uma alegria sã e limpa...



Sobre a Amargura



Frases sobre e amargura - garimpadas no site Pensador







"Dor não tem nada a ver com amargura. 
Acho que tudo o que acontece
É feito pra gente aprender cada vez mais
É pra ensinar a gente a viver. Desdobrável.
Cada dia mais rica de humanidade." - Adélia Prado






"Certas coisas só são amargas se a gente as engole." - Millor Fernandes





"Dor que não recebeu o abrigo da palavra corre o risco de virar amargura." - Padre Fábio de Mello







Olhar 

"A lua me olha assim
Como se eu tivesse culpa
A lua me olha assim
Com inveja e amargura
A lua me olha assim
Como se eu fosse culpada de ser assim
Mais bela do que ela." - Lariana Nunes Oliveira





"Se todos quando estivessem tristes escrevessem, o suicídio, a violência, o rancor e a amargura só existiriam no papel." - Junior Marinho







"Quem sou eu para ficar triste?
Não tenho essa honra!
Quando a amargura tenta invadir,
A poesia segura a porta." - Marcelo Vinicius



quarta-feira, 3 de abril de 2013

O CONTO DOS TRÊS IRMÃOS - POR J.K. ROWLING



O Conto dos Três Irmãos - por J.K. Rowling - autora de Harry Potter


Do livro "Os Contos de Beedle, O Bardo"

Era uma vez três irmãos que estavam viajando por uma estrada deserta e tortuosa ao anoitecer... Depois de algum tempo, os irmãos chegaram a um rio fundo demais para vadear e perigoso demais para atravessar a nado. Os irmãos, porém, eram versados em magia, então simplesmente agitaram as mãos e fizeram aparecer uma ponte sobre as águas traiçoeiras. Já estavam na metade da travessia quando viram o caminho bloqueado por um vulto encapuzado.


E a Morte falou. Estava zangada por terem lhe roubado três vítimas, porque o normal era os viajantes se afogarem no rio. Mas a Morte foi astuta. Fingiu cumprimentar os três irmãos por sua magia, e disse que cada um ganhara um prêmio por ter sido inteligente o bastante para lhe escapar.


Então, o irmão mias velho, que era um homem combativo, pediu a varinha mais poderosa que existisse: uma varinha que sempre vencesse os duelos para seu dono, uma varinha digna de um bruxo que derrotara a Morte! Ela atravessou a ponte e se dirigiu a um vetusto sabugueiro na margem do rio, fabricou uma varinha de um galho da árvore e entregou-a ao irmão mais velho.



Então, o segundo irmão, que era um homem arrogante, resolveu humilhar ainda mais a Morte e pediu o poder de restituir a vida aos que ela levara. Então a Morte apanhou uma pedra da margem do rio e entregou-a ao segundo irmão, dizendo-lhe que a pedra tinha o poder de ressuscitar os mortos.



Então a Morte perguntou ao terceiro e mais moço dos irmãos o que queria. O mais moço era o mais humilde e também o mais sábio dos irmãos, e não confiou na Morte. Pediu, então, algo que lhe permitisse sair daquele lugar sem ser seguido poe ela. E a Morte, de má vontade, lhe entregou a própria Capa da Invisibilidade.


Então, a Morte se afastou para um lado e deixou os três irmãos continuarem viagem e foi o que eles fizeram, comentando, assombrados, a aventura que tinham vivido e os presentes da Morte.

No devido tempo, os irmãos se separaram, cada um, tomando um destino diferente.



O primeiro irmão viajou uma semana ou mais, e ao chegar a uma aldeia distante, procurou um colega bruxo com quem tivera uma briga. Armado com a varinha de sabugueiro, a Varinha das Varinhas, ele não poderia deixar de vencer o duelo que se seguiu. Deixando o inimigo morto no chão, o irmão mais velho dirigiu-se  a uma  estalagem, onde se gabou, em altas vozes, da poderosa varinha que arrebatara da própria Morte, e de que a arma o tornava invencível.


Na mesma noite, outro bruxo aproximou-se sorrateiramente do irmão mais velho enquanto dormia em sua cama, embriagado pelo vinho. O ladrão levou a varinha e, para se garantir, cortou a garganta do irmão mais velho.

Assim, a Morte levou o primeiro irmão.

Entrementes, o segundo irmão viajou para  a própria casa, onde vivia sozinho. Ali, tomou  apedra que tinha o poder de ressuscitar os mortos e virou-a três vezes na mão. Para sua surpresa e alegria, a figura de uma moça que tivera esperança de desposar antes de sua morte precoce surgiu instantaneamente diante dele.


Contudo, ela estava triste e fria, como que separada dele por um véu. Embora tivesse retornado ao mundo dos mortais, seu lugar não era ali, e ela sofria. Diante disso, o segundo irmão, enlouquecido pelo desesperado desejo, matou-se para poder verdadeiramente se unir a ela.


Assim, a Morte levou o segundo irmão.



Embora a Morte procurasse o terceiro irmão durante muitos anos, jamais conseguiu encontrá-lo. Somente quando atingiu a uma idade avançada foi que o irmão mais moço despiu a Capa da invisibilidade e deu-a de presente ao filho. Acolheu, então, a Morte como uma velha amiga e acompanhou-a de bom grado, e, iguais, partiram desta vida.



"(...) A moral de "O Conto dos Três Irmãos" não poderia ser mais clara: os esforços humanos para evadir ou superar a morte estão sempre fadados ao desapontamento. O terceiro irmão da história ("o mais humilde e também o mais sábio") é o único que compreende isso, pois, tendo escapado uma vez da morte, por um triz, o melhor que poderia esperar era adiar o próximo encontro o máximo possível." - J.K Rowling


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