witch lady

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terça-feira, 15 de maio de 2012

QUERO TE VER...



Quero te ver dançando,
Passos largos, sinuosos,
E a cada passo, um riso,
Alegria de viver...

Quero te ver andando,
Pelas ruas, distraído,
A pisar por entre flores
Toda a magia de ser...

Quero te ver correndo,
Pelos campos, pelos prados,
Sob a chuva refrescante,
Um sorriso abrindo os lábios...

Quero te ver voando,
Acima de toda dor,
O amor em tuas asas,
Quero te ver sonhando...

Filamentos



Um fio, muitos fios
No frio ...
Filamentos entrelaçados...

Jóias de brilho de sol,
Jóias de extremo valor,
Gotas de dor
Da minha dor multicor...

Fios frágeis, transparentes,
Aonde balança, qual pingente,
Meu coração...

Por um fio...

ALIMENTO




Um dia, eu quero alimentar-me só de éter,
E ser leve, bem mais leve que o vento,
Mais leve ainda que a brisa e que o ar
E nunca mais necessitar de um documento.

Quero alimentar-me só de pensamento,
E excretar palavras vis, e sentimentos,
Um dia eu quero desmanchar-me toda em luz
Na caverna escura que hoje me rodeia.

Quero dançar nua à lua cheia,
E derreter qual  bala de alcaçuz,
Que eu me dilua, que os nós se arrebentem,
Quero ser mais livre que um total demente.

Um dia, eu quero alimentar-me só de éter,
E tornar-me  tão etérea e invisível,
Que nem mesmo o espírito mais sensível
possa vislumbrar o que ficou de mim.

E sei que um belo dia, será mesmo assim!

ÁGUAS TURVAS




Narciso não afogou-se,
A história é mentirosa...
Tentou colher uma rosa
De sua adorada imagem
Caiu n'água, mas nadou
Conseguiu chegar à margem...

Mas a água agitou-se
Com suas braçadas fortes...
E ao tentar rever a rosa,
Pensou ver ecos da morte...

Narciso apavorou-se,
E quanto mais medo tinha,
Mais ele agitava a água,
Que mais turva se tornava!

Assim, pensou ver fantasmas
Que estavam em sua mente
E empunhando uma espada,
Lutou contra toda gente...

E quanto mais ele lutava
Mais turva a água ficava!
Perdeu-se de sua imagem
Pela qual se apaixonara...

Estúpida criatura,
Toda cheia de vaidade!
Se ele se aquietasse,
A lama se acalmaria...
E a saudade que sentia
De si mesmo, e do futuro
Talvez se apascentasse...
   



A BORBOLETA




O que se foi antes de nós deixou saudades,
E hoje repousa na memória dos que o amaram.
A dor deixada sobre aqueles que ficaram
Hoje é lembrança, metamorfose das idades.

A ex-lagarta, hoje acima dos escombros,
Voa feliz, emancipada e independente
E a tal lembrança que nos vem num de repente
São suas asas, quando pousam em nossos ombros
.

Momentos



Por um acaso, nós estávamos ali, quando ela decidiu voar em volta de nós. Foi tudo fruto de um momento, um simples momento, e o fato de estarmos no lugar certo e na hora certa. Mera coincidência?

A tarde estava linda, e eu e meu marido decidimos dar uma volta pelos jardins do Museu Imperial - coisa que quase sempre fazemos, mas não há como enjoar...







Foi mágico! A borboleta Monarca aproximou-se e deixou-se fotografar de todos os ângulos, inclusive, durante o voo (ver a primeira foto).





Depois, ela foi embora, de carona com uma brisa que soprava por ali. E nós ficamos, ainda sob o efeito do encantamento e da beleza do que acontecera...


Adoro borboletas, e elas parecem perceber este fato. Vaidosas, adoram ser fotografadas!

A ALMA DA FLOR



Uma fada me levou
Por dentro da alma da flor,
Lá, onde dormem os roxos,
Brancos e lindos lilases,
Onde o cerne do perfume
É tão puro e tão suave,
Que nem me atrevo a sentir...

Minha lente captou
A intimidade da flor,
A que não podemos ver
Facilmente à olho nú...
O encanto que ficou
Retratou-se em uma imagem
Que nem sempre se percebe...

Tempo Frio e Chuvoso


Esta é a paisagem da minha janela hoje: céu nublado, tempo escuro e chuvoso. Faz frio aqui em Petrópolis; a temperatura aqui em casa é de doze graus. Que bom! Chegou o friozinho, que eu tanto adoro!

Está chegando a época de recolher-me aos sábados à tarde, enroscadinha no sofá com uma manta, e assistir a todos aqueles filmes que eu não assisti no verão. Ou então, escolher um daqueles livros que eu venho pretendendo reler, e com um lápis, sublinhar as minhas passagens preferidas. Preparar um chocolate quente no domingo à tarde. Sair para passear e andar, andar, andar... sem sentir-me cansada ou calorenta.

Fazer faxinas na casa como se estivesse brincando, sem sentir nenhuma exaustão no final. E ainda: passar roupas e  não ficar suando. Dormir bem a noite toda. Adoro...

Época das sopinhas e caldos, que esquentam, não engordam, não fazem a gente sentir-se pesada  e ainda por cima, fazem bem. Mas também é a época das massas , queijos e vinhos. Coisa boa demais! Mas é melhor reservá-las apenas para os finais de semana...

Acho que o inverno descansa a gente. É uma época mais calma, menos estressante. No verão, parece que as pessoas andam ligadas em uma tomada 220! No inverno, estão mais calmas, mais recolhidas e até menos estressadas com as coisas. Pelo menos, é o que eu percebo. Não se escutam tanto  aquelas músicas barulhentas do verão, que excitam o espírito, incitando as pessoas a beber demais, comer demais ficarem agitadas. Deus abençoe o inverno!

Além de tudo, existe alguma coisa melhor do que sentar-se ao sol no inverno? E aquele céu azul-vivo, tão bonito! As noites estreladas nas quais temos a impressão de que as estrelas foram todas lavadas e cuidadosamente polidas... nasci para o inverno.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Uma Palavrinha, Apenas...



Existe uma palavra quase milagrosa...
Ela é curta,
Mas apesar disto,
Estende-se sobre abismos,
Desfaz mal entendidos,
Alivia corações,
Reaproxima amigos,
Reconstrói  as pontes quebradas...

Existe uma palavra,
Que, quando pronunciada
Com verdade e sentimento,
Mostra o centro de um coração,
A sua verdade,
A sua humildade,
A sua beleza...

Existe uma palavra
Que falada de maneira simples,
Sincera e sentida,
Pode fechar muitas feridas,
Reatar muitos laços desfeitos,
Tornar bem-feito o mal-feito...

Esta palavra é talvez
Uma das mais importantes
De todas as palavras ditas em todas as línguas,
Mas nem sempre, é pronunciada,
Pois a bloqueiam outros sentimentos menores,
Como o orgulho,
A teimosia,
O medo,
O desrespeito
E o desamor.

Existe uma palavra que, ao ser dita,
É como um céu tempestuodo que se abre de repente,
Uma brisa fresca que refresca o calor,
Ou , em um dia frio, um macio cobertor...
Ela traz, em si, um doce perfume,
Ela é a cura e o lenitivo,
E mata a sede e a fome de amor;
Esta palavra, que tantos desprezam ou ignoram,
Mas que é tão poderosa,
E a palavra 'Desculpe-me.'


O DIA SEMPRE AMANHECE...



Eu sei, é só um cliché,
Mas é importante dizer
Que o dia sempre amanhece!

Que por mais escura a noite,
O dia aguarda, paciente,
A hora certa de vir...

E além da escuridão
Onde se sofre e se morre,
Um pouco, todos os dias,

A surpresa se prepara,
E a luz entra pelas frestas
Da janela, pouco a pouco...

O dia sempre amanhece,
E após a tempestade,
A luz brilha sempre mais!

E as sementes que caíram
Derrubadas pelo vento,
Brotarão fortes e vivas!

************


Não importam as mentiras que inventem, as coisas que as pessoas possam fazer para derrubá-lo, as mentiras que contarem a seu respeito; um dia, chega uma luz que ilumina tudo, e que ninguém pode negar. O dia sempre amanhece! A sua hora sempre chega...

sábado, 12 de maio de 2012

A Tristeza e as Flores Azuis



Ela sentia uma tristeza que brotava direto da alma, e que enraizava cada vez mais profundamente. Porque quando a tristeza vem, começando a brotar feito tiriricas no gramado, se a gente não fizer alguma coisa para extirpá-la bem rápido, ela – a tristeza – lastra por todo o ser, espalhando mais e mais sementes, que depois crescem como ervas daninhas, difíceis de se extirpar.

Ela olhava a trepadeira de flores azuis,  que um dia escolhera plantar junto da cerca. Maldita hora em que aceitou a sugestão do jardineiro! A trepadeira crescera rapidamente, e embora desse muitas flores azuis, estas caíam sobre a calçada, causando manchas indeléveis no piso, e as folhas secas sujavam tudo em volta. E a trepadeira começou a criar gavinhas e mais gavinhas, indo parar do lado do vizinho, que reclamou (ela estava começando a subir em suas roseiras). Então, foi preciso que ela mandasse arrancar a trepadeira de flores azuis.

O jardineiro levou um dia inteiro fazendo o serviço, tão engalfinhada que a planta se encontrava nas grades da cerca. Ainda teve que lidar com ninhos de enormes formigas carnívoras, que picavam sem dó nem piedade. Pobre jardineiro.

Semanas depois, ela chegou junto ao muro e viu que a planta de flores azuis estava brotando novamente. Arrancou-a com a mão, mas ela voltava a brotar sempre. Um dia, precisou ausentar-se de casa por algum tempo, e quando voltou, lá estava a planta novamente, começando a subir pelo muro. Apesar de todos os esforços, a planta sempre voltava a brotar.

Assim era a sua tristeza: quando ela chegou, acabou instalando-se de vez, e embora ela a arrancasse periodicamente, tinha que ficar sempre de olho, senão, ela voltava a crescer por sobre sua alma, tapando toda a luz.

Nunca mais estaria livre.

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