witch lady

Free background from VintageMadeForYou

terça-feira, 18 de abril de 2017

O DIABO RI




O diabo ri quando batemos panelas esperando que justiça seja feita. Ele adora, e se diverte quando vamos às ruas e quebramos coisas das quais precisaremos mais tarde – ônibus, bancos, monumentos e prédios públicos, restaurantes e lojas. 

O diabo dá gargalhadas quando ficamos nas redes sociais defendendo políticos corruptos, incapazes de percebermos que não existe um só deles que seja honesto, que valha a pena ou que mereça um segundo sequer da nossa consideração. Todos – absolutamente todos – estão envolvidos em mamatas e corrupção, utilizando dinheiro em suas campanhas que deveria ter sido usado para salvar as vidas de milhões de pessoas em hospitais, pessoas que morreram sem atendimento médico, sem remédios, sem leitos hospitalares, enquanto eles viajavam e se divertiam em países estrangeiros, e financiavam as mamatas dos ditos “artistas populares” que só os defendem porque são, eles mesmos, beneficiados com parte do dinheiro roubado. 

O diabo é um sujeito irônico, e ama ver as pessoas brigando para defenderem aqueles que passaram anos explorando-as, enganando-as, mentindo para elas, promovendo lavagens cerebrais e dando-lhes esmolas e migalhas (sempre muito menos do que elas teriam realmente direito a receber), e fazendo-as acreditar que as estão beneficiando, ajudando e assegurando seus direitos de cidadãos. O diabo ama ver pessoas chorando e agradecendo por terem recebido uma casinha minúscula e mal-acabada em algum lugar longe de tudo e um dinheirinho que mal dá para elas se alimentarem com dignidade, enquanto eles mesmos compram aviões banhados a ouro, viajam de primeira classe pelo mundo todo, plantam verdadeiros laranjais a fim de lavarem o dinheiro sujo que roubam do povo e recebem bilhões em propinas. 

O diabo adora ver o povo usando anéis de lata enquanto políticos enchem os dedos, pulsos e pescoços de joias valiosíssimas, e mesmo quando são presos, sabem que tudo será temporário, que mais cedo ou mais tarde eles estarão novamente do lado de fora, desfrutando do produto de seus roubos e falcatruas, reeleitos pelas mesmas pessoas a quem roubaram e enganaram. 

O diabo ama aqueles que têm memória fraca. E também, principalmente, aqueles que se recusam a enxergar o óbvio.

O diabo ri, pois ele adora ver o povo fazendo papel ridículo.



DESMISTIFICAÇÃO







Olhe nos olhos do monstro,
Vasculhe o restolho
Por onde ele passa,
Procure a esperança
Nas suas pegadas,
E talvez enxergues
Que os seus tentáculos
Não passam de tranças
Bem embaraçadas.

Ouça as palavras do monstro,
Quem sabe, concluas
Que as suas loucuras
Não passam de um plano,
Uma espécie de cura,
Que o tom ressabido,
O uivo pra lua,
Tenha ressonância
No teu par de ouvidos.

Sinta a pele do monstro,
Perceba sua dor;
A sua mordida
É falta de amor,
Tristeza da vida,
E o seu veneno
Não mata ninguém,
Somente ele mesmo.
Disfarce o desdém,
E diga uma prece
À alma perdida.









quarta-feira, 12 de abril de 2017

SALVAÇÃO








E quando, surpresos,  perguntaram ao poeta por que ele não salvava seus poemas em arquivos, ele simplesmente respondeu, encolhendo os ombros:

"Porque são eles que me salvam."




segunda-feira, 10 de abril de 2017

AGORA EU VOU FALAR DE AUSÊNCIA








Agora eu vou falar de ausência,
Pegue uma cadeira,
Apague as luzes,
Desligue o celular.

Escute o som do vento,
Que não para de soprar
No túnel da minha vida.
Escute os ecos fendidos
Dos passos que se afastaram,
Escute o trovão que ruge
Quando o coração se quebra
Se espatifando no chão!

Não tente me consolar,
Não tente dizer palavras
Pensadas na contramão
Que possam fazer sentido!
Só senta aqui e escuta, 
Me empresta esse par de ouvidos
Para que então tu me entendas,
Para que então compreendas
Quando eu te falo de ausência!

Não quero solidariedade,
Nem quero que sintas dó;
Só quero mostrar-te a ausência
Que ficou perambulando
Por esses meus corredores
Arrastando suas dores
Por onde antes se ouvia
O que o coração cantava,
Os passos de quem partia,
Os passos de quem chegava!

Agora eu vou falar de ausência,
Preciso que ouças bem,
Porque já estou cansada
De tanto explicar porque,
De tanto mostrar as pontas 
Do laço que foi cortado,
As pontas esfiapadas
Das fitas já desbotadas
Que já não prendem mais nada!

Porque ninguém se importou, 
Foi-se embora o que já tinha
Ido antes, só que antes
Ninguém nunca nem notou.
As palavras se calaram,
Porque ninguém mais falou,
As distâncias aumentaram
Porque naqueles caminhos
Ninguém nunca mais passou,
Porque não abriram a porta,
E as batidas ressoaram
E depois, caíram mortas.

Agora eu já falei de ausência.
Pode sair, vá embora,
Porque não me fazem falta
Presenças que se ausentaram
E ficaram para sempre
Por trás desse alto muro,
Palavras jogadas fora,
Que ficaram sem respostas,
A não ser pelo desprezo
Daquilo que foi doado
E não achou ressonância.

Falei de ausência e distância,
E então, agora eu me calo,
Porque não mais me interessa
Falar do quer que seja;
Pois meu coração conhece
Um sentimento que é raro,
Que não cabe no teu peito,
Pois teu coração furado
Deixou passar sem ser visto
E sem ser valorizado.

(É que às vezes, a distância
Entre as almas é tão grande,
Que nem a saudade a alcança).








Parceiros

EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...