witch lady

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terça-feira, 18 de abril de 2017

DESMISTIFICAÇÃO







Olhe nos olhos do monstro,
Vasculhe o restolho
Por onde ele passa,
Procure a esperança
Nas suas pegadas,
E talvez enxergues
Que os seus tentáculos
Não passam de tranças
Bem embaraçadas.

Ouça as palavras do monstro,
Quem sabe, concluas
Que as suas loucuras
Não passam de um plano,
Uma espécie de cura,
Que o tom ressabido,
O uivo pra lua,
Tenha ressonância
No teu par de ouvidos.

Sinta a pele do monstro,
Perceba sua dor;
A sua mordida
É falta de amor,
Tristeza da vida,
E o seu veneno
Não mata ninguém,
Somente ele mesmo.
Disfarce o desdém,
E diga uma prece
À alma perdida.









quarta-feira, 12 de abril de 2017

SALVAÇÃO








E quando, surpresos,  perguntaram ao poeta por que ele não salvava seus poemas em arquivos, ele simplesmente respondeu, encolhendo os ombros:

"Porque são eles que me salvam."




segunda-feira, 10 de abril de 2017

AGORA EU VOU FALAR DE AUSÊNCIA








Agora eu vou falar de ausência,
Pegue uma cadeira,
Apague as luzes,
Desligue o celular.

Escute o som do vento,
Que não para de soprar
No túnel da minha vida.
Escute os ecos fendidos
Dos passos que se afastaram,
Escute o trovão que ruge
Quando o coração se quebra
Se espatifando no chão!

Não tente me consolar,
Não tente dizer palavras
Pensadas na contramão
Que possam fazer sentido!
Só senta aqui e escuta, 
Me empresta esse par de ouvidos
Para que então tu me entendas,
Para que então compreendas
Quando eu te falo de ausência!

Não quero solidariedade,
Nem quero que sintas dó;
Só quero mostrar-te a ausência
Que ficou perambulando
Por esses meus corredores
Arrastando suas dores
Por onde antes se ouvia
O que o coração cantava,
Os passos de quem partia,
Os passos de quem chegava!

Agora eu vou falar de ausência,
Preciso que ouças bem,
Porque já estou cansada
De tanto explicar porque,
De tanto mostrar as pontas 
Do laço que foi cortado,
As pontas esfiapadas
Das fitas já desbotadas
Que já não prendem mais nada!

Porque ninguém se importou, 
Foi-se embora o que já tinha
Ido antes, só que antes
Ninguém nunca nem notou.
As palavras se calaram,
Porque ninguém mais falou,
As distâncias aumentaram
Porque naqueles caminhos
Ninguém nunca mais passou,
Porque não abriram a porta,
E as batidas ressoaram
E depois, caíram mortas.

Agora eu já falei de ausência.
Pode sair, vá embora,
Porque não me fazem falta
Presenças que se ausentaram
E ficaram para sempre
Por trás desse alto muro,
Palavras jogadas fora,
Que ficaram sem respostas,
A não ser pelo desprezo
Daquilo que foi doado
E não achou ressonância.

Falei de ausência e distância,
E então, agora eu me calo,
Porque não mais me interessa
Falar do quer que seja;
Pois meu coração conhece
Um sentimento que é raro,
Que não cabe no teu peito,
Pois teu coração furado
Deixou passar sem ser visto
E sem ser valorizado.

(É que às vezes, a distância
Entre as almas é tão grande,
Que nem a saudade a alcança).








#Eunãotenhogatos


Descobri quem é o dono, e o nome da gata: Baronesa





#EuNãoTenhoGatos

Eu ali, concentrada, dando minha aula. De repente, meu aluno indaga: "Ué, Ana... você tem gatos?" Eu olho para ele (eu estava escrevendo no quadro) e respondo, surpresa; afinal, aquela pergunta estava totalmente fora do contexto da aula: "Não! Por que?"  Ele aponta para a porta da sala de aula, e diz: "Porque tem um gato bem ali!"

Olho para fora, e vejo essa gatinha passeando pela minha sala de jantar. Logo a reconheci, pois numa noite em que meu marido ainda não estava em casa, ela me deu um baita susto: passei pelo corredor, e dei com aquela sombra sinuosa e silenciosa descendo as escadas. Eu me arrepiei até o último ossinho da coluna, e ela estancou entre um degrau e outro, me olhando, as pupilas dilatadas em estado de alerta. Esclarecida a situação, ainda ficamos ali paradas, nos olhando e testando nossas reações. De repente, eu sorri, e esfreguei os dedos da mão, chamando-a. Ela ergueu a cauda, e acabou de descer as escadas, ronronando, e veio para o meu colo.




Desde então, ela vem me fazendo visitas frequentes. Quando havia uma moça aqui me ajudando na limpeza, chego na varanda e a vejo sentada naquela posição de iogue, olhando a moça limpar as vidraças da porta. Explico que ela não é minha, e ela diz: "Pensei que fosse! Está aí há algum tempo, me vigiando..." Quando olhei de novo, ela já tinha ido embora.




É bom tê-la aqui de vez em quando, sabendo que ela logo vai embora. Mas ela nunca tinha se deitado na cama do quarto de hóspedes antes. Pelo menos, não que eu tenha visto. E está chovendo muito lá fora; como eu poderia abrir a janela e mandá-la sair, debaixo desse aguaceiro? Seria cruel. E ela sabe disso. Já percebeu que pode me manipular. 




Só espero que ela seja castrada - tem dono, pois está muito bonitinha e bem tratada. Se ela não for, tomara que não venha trazer bebês para eu cuidar.

Não quero ter netos.





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