Já
não sou mais nenhum brotinho, e nem sinto isso a maior parte do tempo, a
não ser quando me olho no espelho mais demoradamente - e sem roupas.
Mas um dia, a casa cai para todo mundo, até mesmo para você que me lê,
vinte aninhos, tudo em cima, início de carreira... rá! A Lei da
Gravidade é infalível! Maldito Newton...
Tenho pensado no que será a minha vida quando eu estiver velhota. Sempre penso em mim como uma pessoa bastante solitária, devido a minha preferência pela solidão e pelo fato de não ter tido filhos (pelo menos, não vou sofrer da Síndrome do Ninho Vazio! No máximo, a Síndrome do Canil vazio...).
Bem, sendo uma velhota solitária - contando com a probabilidade cientificamente comprovada não sei por quem de que os homens batem as botas antes das mulheres, que ficam por aqui, para ter mais um pouquinho de diversão sem cuecas para lavar - penso nas coisas que farei: com certeza, vou assitir TV pra caramba, e se meus olhos ainda aguentarem, vou ler muito. Meus alunos de Inglês há muito terão debandado, não mais aguentando as músicas que eu dava para eles durante as aulas, de umas bandas com nomes esquisitos, como Queen, ou Keane, e de cantores velhotes, como Justin Timberlake, Madonna e Lady Gaga, dos quais eles nunca ouviram falar. E também não concordarão quando eu os deixar ajoelhados sobre o milho durante meia hora por não terem feito o dever de casa.
Acho que com o tempo, vai ficar meio-difícil cuidar de cães Rottweilers pesadões e comilões, que fazem imensos cocôs no gramado, os quais minha coluna cervical me impedirão de limpar; terei gatos. Dezenas deles. Eles ficarão soltos pela casa, dormindo sobre camas, poltronas, muros, e até sobre a mesa da cozinha. Velhos tem lá suas manias... e quando eu morrer, se alguma coisa me restar, deixarei para eles, nomeando um de meus sobrinhos como tutor.
Serei uma daquelas velhas eremitas, que os garotos da vizinhança se divertem em perturbar, e minha casa fará parte dos seus ritos de passagem: quem conseguir pular o muro e tocar a campainha, sem ser apanhado pela minha bengala, poderá entrar para o clube. A polícia já me conhecerá, e estará acostumada aos meus telefonemas noturnos, quando eu sempre reclamarei por causa das algazarras que os "marginais" (filhos de meus vizinhos) estão fazendo na rua.
Às vezes, colocarei no CD player (já há muito ultrapassado), meus discos de rock, e ficarei dançando dentro de casa, queimando incensos e cantando. Os vizinhos vão me ver pela janela, e chamarão as crianças para ver "Aquela velha maluca aprontando de novo." Talvez eu comece a fumar, pois aos oitenta anos, o que terei a perder? E por que não, maconha?
Talvez eu tente seduzir o entregador de pizza ou o encanador... quem sabe?
Acho que serei uma velha chique, pois sempre fui muito vaidosa. Usarei muitos pretinhos básicos, pouca bijuteria, e minha marca indelével continuará sendo Ninna Ricci.
Se hoje tenho alguns problemas por dizer o que penso, imaginem só aos oitenta! Mas todo mundo vai relevar e até achar engraçadinho, então a culpa será deles.
Coisa que não vou fazer, é ir aos bailes da Terceira Idade, pois as músicas que eles tocam lá são muito chatas. Detesto bolero e pagode. Talvez eu funde um Clube da Terceira Idade para Apreciadores de Rock e Hip-hop. Até lá, estes serão rítmos ultrapassados.
Um belo dia, a vizinhança começará a sentir um cheiro nauseabundo no ar. Perceberão que já não apareço há algum tempo, e alguém vai chamar a polícia. Meus amigos policiais invadirão a casa, e me encontrarão na cama, vestindo uma camisola preta de rendas e usando batom vermelho, cercada de livros e gatos famintos. Eu estarei pairando acima deste cenário, rejuvenescida e novamente bonitona, quando de repente, aparecerá um túnel, ao finaldo qual uma luz branca muito forte dirá: "Aqui você não entra!" E me mandarão de volta a outro corpo, imediatamente!
Aí sim, na minha próxima encarnação, serei rica, famosa, gostosa e muito poderosa!
Tenho pensado no que será a minha vida quando eu estiver velhota. Sempre penso em mim como uma pessoa bastante solitária, devido a minha preferência pela solidão e pelo fato de não ter tido filhos (pelo menos, não vou sofrer da Síndrome do Ninho Vazio! No máximo, a Síndrome do Canil vazio...).
Bem, sendo uma velhota solitária - contando com a probabilidade cientificamente comprovada não sei por quem de que os homens batem as botas antes das mulheres, que ficam por aqui, para ter mais um pouquinho de diversão sem cuecas para lavar - penso nas coisas que farei: com certeza, vou assitir TV pra caramba, e se meus olhos ainda aguentarem, vou ler muito. Meus alunos de Inglês há muito terão debandado, não mais aguentando as músicas que eu dava para eles durante as aulas, de umas bandas com nomes esquisitos, como Queen, ou Keane, e de cantores velhotes, como Justin Timberlake, Madonna e Lady Gaga, dos quais eles nunca ouviram falar. E também não concordarão quando eu os deixar ajoelhados sobre o milho durante meia hora por não terem feito o dever de casa.
Acho que com o tempo, vai ficar meio-difícil cuidar de cães Rottweilers pesadões e comilões, que fazem imensos cocôs no gramado, os quais minha coluna cervical me impedirão de limpar; terei gatos. Dezenas deles. Eles ficarão soltos pela casa, dormindo sobre camas, poltronas, muros, e até sobre a mesa da cozinha. Velhos tem lá suas manias... e quando eu morrer, se alguma coisa me restar, deixarei para eles, nomeando um de meus sobrinhos como tutor.
Serei uma daquelas velhas eremitas, que os garotos da vizinhança se divertem em perturbar, e minha casa fará parte dos seus ritos de passagem: quem conseguir pular o muro e tocar a campainha, sem ser apanhado pela minha bengala, poderá entrar para o clube. A polícia já me conhecerá, e estará acostumada aos meus telefonemas noturnos, quando eu sempre reclamarei por causa das algazarras que os "marginais" (filhos de meus vizinhos) estão fazendo na rua.
Às vezes, colocarei no CD player (já há muito ultrapassado), meus discos de rock, e ficarei dançando dentro de casa, queimando incensos e cantando. Os vizinhos vão me ver pela janela, e chamarão as crianças para ver "Aquela velha maluca aprontando de novo." Talvez eu comece a fumar, pois aos oitenta anos, o que terei a perder? E por que não, maconha?
Talvez eu tente seduzir o entregador de pizza ou o encanador... quem sabe?
Acho que serei uma velha chique, pois sempre fui muito vaidosa. Usarei muitos pretinhos básicos, pouca bijuteria, e minha marca indelével continuará sendo Ninna Ricci.
Se hoje tenho alguns problemas por dizer o que penso, imaginem só aos oitenta! Mas todo mundo vai relevar e até achar engraçadinho, então a culpa será deles.
Coisa que não vou fazer, é ir aos bailes da Terceira Idade, pois as músicas que eles tocam lá são muito chatas. Detesto bolero e pagode. Talvez eu funde um Clube da Terceira Idade para Apreciadores de Rock e Hip-hop. Até lá, estes serão rítmos ultrapassados.
Um belo dia, a vizinhança começará a sentir um cheiro nauseabundo no ar. Perceberão que já não apareço há algum tempo, e alguém vai chamar a polícia. Meus amigos policiais invadirão a casa, e me encontrarão na cama, vestindo uma camisola preta de rendas e usando batom vermelho, cercada de livros e gatos famintos. Eu estarei pairando acima deste cenário, rejuvenescida e novamente bonitona, quando de repente, aparecerá um túnel, ao finaldo qual uma luz branca muito forte dirá: "Aqui você não entra!" E me mandarão de volta a outro corpo, imediatamente!
Aí sim, na minha próxima encarnação, serei rica, famosa, gostosa e muito poderosa!
Ana, você é bela!
ResponderExcluirSua sensibilidade me encanta.
A velhice é inevitável, para uma boa parte...
Nada como um bom humor e levar á vida com muita paz e amor!
Um grande beijo,
Lu.