Passarinho na gaiola
Jamais soube o que é ser livre...
Zomba, cantando entre as barras,
Do outro, que voa no céu!
Fala bem do seu alpiste,
Bebe a água do container,
Pula de um poleiro ao outro...
Passarinho descontente,
Só finge que é feliz!
Morre de medo do gato
Que descansa sob a mesa...
Procura não cantar alto
Para que ele não desperte!
Recebe, cheio de medo,
Os olhares das visitas
Que circundam a gaiola...
Passarinho que depende
De uma mão que o alimente,
Assovia de tristeza,
Mas aqueles que o ouvem
Pensam que é de alegria!
Ele fala do outro pássaro,
Acha que ele é escravo
Por procurar seu alimento
Na sina de cada dia!
Ele olha pelas barras
Da gaiola que o contém
E vislumbra o céu azul,
As verdes copas das árvores...
Sente certa nostalgia,
Mas quando o céu escurece,
Ele dá graças a Deus
Por sua gaiola segura!
Passarinho tem pavor
Da dor de ser esquecido,
Perde o brilho das estrelas,
Perde o voo até a lua!
Passarinho na gaiola,
Que triste destino é o teu!
Zomba, após a tempestade
Pela ave que morreu!
Mas não vê que ela cantou
E viveu intensamente,
Que sentiu toda a beleza
Do vento, passando ligeiro
Entre as penas de suas asas,
Desfrutou da liberdade
De escolher seu alimento,
Bebeu água do riacho,
Viu o sol se por nos montes...
Passarinho na gaiola,
Que um dia há de morrer
E de ser jogado fora
Por quem ele alimentou
Com a beleza de seu canto!
Ficará só a gaiola,
Melancólica, vazia,
E seu corpo pequenino,
Na lixeira atirado...
E assim, seu maior medo,
(que era o de ser esquecido)
Será, enfim, realizado.
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Um passarinho livre de espírito sempre saberá o que fazer com sua liberdade.
Um passarinho livre de espírito sempre saberá o que fazer com sua liberdade.
Boa tarde Ana, triste sina de tais passarinhos, um dia já souberam o prazer de livres serem, mas escolhas são escolhas, deixam-se aprisionar com medo de experimentarem novos céus. E um dia aquele que os alimentaram em liberdade, irá jogá-los no lixo, da mesma forma que eles escolheram com total desprezo à viverem com quem os tratava com dignidade, serão desprezados até a hora onde tudo finda. Ana, a sabedoria não cabe à todos, mas a você, isso é parte e o todo.
ResponderExcluirEu sempre me embriago com a leitura de seus maravilhosos textos, mas nem sempre concordo, num todo, com a mensagem embutida. Nós vivemos na "gaiola da vida", é fato, somos algumas vezes felizes, outras nem tanto. O passarinho que nunca voou livre não é, a meu ver, infeliz, pois ele tem seu próprio canto e vive protegido. Seriam os outros passarinhos que já nasceram livres mais felizes que esses "pobres passarinhos engaiolados"? Pois a liberdade é relativa, nem para muito, nem para pouco. Os passarinhos livres não estão livres do assédio dos outros passarinhos, precisam demonstrar responsabilidade e esperteza para sobreviverem... . O difícil mesmo é nos adaptarmos às regras. Um abraço
ResponderExcluirno lixo, seco e teso...aaafff bjuuu boa semana garota...
ResponderExcluirAna,que comovente e triste sua poesia!Uma msg de grande sabedoria!Bjs e meu carinho!
ResponderExcluirA liberdade tem um preço, assumirmos as responsabilidades por tudo em nossa vida... Magnífico seu poema... Belíssimo poema! Parabéns! E que Deus nos abençoe... Sempre...
ResponderExcluirmuito triste, Ana.
ResponderExcluirÉ triste e deprimente viver preso numa gaiola....Lindo Ana!! Bjsss
ResponderExcluirque fofo, acompanhado de uma belíssima poesia, amei!
ResponderExcluirA liberdade é uma asa
ResponderExcluirque vale a pena
um vale de um horizonte azul
que nem o olhar pode alcançar
e no fim o que vale é o poema
com versos livres
como um passarinho
sem gaiola sem alpiste
porque com as asas livres
pode beber a água do riacho
comer os cachos de grãos
selvagens.
Luiz Alfredo - poeta.
O pior é que soltos não saberão viver. Linda e triste poesia.
ResponderExcluirQue lindo!!Voce sempre abrilhantando ás páginas com sua sabedoria e bom gosto,admiro todo seu trabalho literário.
ResponderExcluirParabéns!!
At,
PEQUENA DIFERENÇA.