Em 2011, algo terrível abateu-se sobre a minha família. Quem me conhece, sabe o que foi: a morte de meu sobrinho, aos 24 anos, após uma doença sofrida e prolongada.
Durante um ano, desde o diagnóstico, nós andamos juntos na corda bamba, e quando perdíamos o equilíbrio, era ele quem nos amparava; e vice-versa... pensávamos todos, com fé e otimismo, que a nossa história teria um final feliz. E o único final feliz que conhecíamos, era a cura.
Durante um ano, vimos Ricardo lutar bravamente, e ele não lutou sozinho. Teve o amparo da família e das centenas de amigos que estudavam com ele em Campos, na faculdade de biologia. Meninos que moram em várias partes do país, e que às vezes vinham aos finais de semana, após longas viagens, só para vê-lo; e todos estavam aqui, no dia de sua despedida.
Ele teve também a prova irrefutável do amor de sua namorada, Milena, que esteve sempre ao lado dele, mesmo nos momentos mais difíceis, em que a doença prejudicou seus movimentos nas pernas e atingiu as feições seu rosto de maneira cruel. Qualquer amor que não fosse forte, naquele momento (ou bem antes dele) teria recuado.
Mas Ricardo não está mais entre nós. O milagre que esperávamos não aconteceu; ou talvez tenha acontecido da forma que não esperávamos... quem vai saber?
Durante dois anos, eu escrevi poemas para ele. Foi a minha forma de curar-me. Foi a minha maneira de permanecer viva e forte, desabafando a minha dor. Várias vezes, ao publicar meus poemas, recebia comentários de pessoas que passavam ou tinham passado por situações como a nossa: a de perder um ente querido. E todos nós um dia passamos por isso.
Infelizmente, não faço mais parte do lugar onde estes poemas foram publicados. As almas deles jazem no umbral da net. Mas juntei os melhores em um livro, sob o título 'Vai Ficar Tudo Bem.' Por que escolhi este título? Bem, era isso que eu dizia ao Ricardo, quando ele me ligava à noite, para contar-me como tinha sido o seu dia, e também, nas vezes em que ele chorava. Foi isso que eu disse a ele na última vez que o vi, deitado em uma cama no INCA, embora eu não tenha certeza de que ele pudesse me ouvir.
O livro será publicado pela editora Pimenta Malagueta, de Miriam Salles. Já vi a boneca pronta, e ficou realmente lindo... bem, dizem que para retrato de filho, não se deve acreditar em pintor pai, mas modéstia à parte, ele ficou muito bonito mesmo. Miriam fez um excelente trabalho.
Este livro é uma tentativa de arrematar esta história, de reunir os pedaços dos acontecimentos e tentar dar-lhes algum sentido.
É um livro que, apesar de escrito por mim, não é meu.
Em breve.
Ah! Que emoção! MUITO FELIZ por vc ter canalizado seus sentimentos e se curado através dos versos. Eu não posso imaginar como foi, mas sinto que apesar de todos terem sofrido tanto, "VAI FICAR TUDO BEM". Vc é demais! Parabéns! Abs!
ResponderExcluirNossa vida continua, mas não podemos fugir da angústia que a saudade nos causa. Todo dia 04 de agosto é um dia bastante triste para mim, há quase 22 anos. Bom saber que tivestes o trabalho de reunir o material em um livro, materializando teu carinho e amor pelo ente querido. Boa tarde Ana. Braga.
ResponderExcluirAna, acompanhei todo o processo junto a cada texto seu falando do seu sobrinho. Que bom se posso assim dizer, que ele teve tanto amor de todos. Eu acredito em reencontro, de resto já não no que acreditar. Ainda ontem, ao ler sua crônica da Saga, pensava: Poxa Ana precisa escrever um livro. Fico imensamente contente com a notícia que está vindo o seu livro, já reserve o meu, e avise quando estiver à venda. Meu carinho Ana, e digo pra você: TUDO VAI PASSAR, TUDO VAI FICAR BEM querida.
ResponderExcluira melhor lembrança dele... boa sorte nas vendas, porque esse dinheiro, sim, é sagrado... vem carregado de Luz... bjuuu
ResponderExcluirPoxa vida Ana, que história comovente, fiquei triste e com o coração apertado ao ler o seu post. Que bom que você foi uma tia sempre presente, nesse momento da vida dele, receber carinho de quem a gente ama é a melhor coisa do mundo! Mas com certeza ele está em um lugar florido e agradecendo a Deus pela bela Tia e namorada que ele teve! Tenha um lindo dia! beijos♥
ResponderExcluirQue essa história retratada em versos possa levar sentido a outras pessoas que passam pelas dores da perda de um ente querido. E que elas renovem suas forças: vai ficar tudo bem. Beijos, Ana.
ResponderExcluirAssisti um filme outro dia que retratava
ResponderExcluiressa foça que algumas pessoas têm ao escrever
sobre mortes de familiares...
Li alguns de seus textos lá...
Perdi minha sobrinha aos 5 anos, com gangliosidose m2...
Só consegui escrever uma nota!
Li há algum tempo,
"Por um Fio" - Drauzio Varella...
Quando publicar avise.
Não é apenas por ter editado o livro que estou dizendo que os versos da Ana Bailune são os mais belos e sentidos que já li.Porque brotou de uma dor que s fez luz e nos comove,nos encanta,nos estimula.
ResponderExcluirParabéns,Ana,seu livro estará pronto p/ o Dia das Mães e vem carregado de axé,emoção e poesia.
bjs
Oba!!! IMPERDÍVEL!
ResponderExcluirOi Ana, uma bonita homenagem!Um forte abraço, Vanice Ferreira.
ResponderExcluirEstarei com voc~es nessa! Parebéns! Divulgue detalhes quando da publicação.Bjs.
ResponderExcluirAmaury
ResponderExcluirOi Ana !!!
Quem ama tem, sempre, a consciência da finitude. Só quem ama transforma a vida em poesia.
Quanto ao livro está nascendo no momento certo. Conte com o leitor e divulgador. Você merece. IRNUS
Um abraço, amiga, com certeza "Vai ficar tudo bem". Quero comprar o livro.
ResponderExcluirbjãooooooooooooo,fica em paz!
Ana, fiquei muito emocionada com a leitura. Também perdi um sobrinha com dez anos de idade. Ela teve uma doença rara:velhice precoce.Porém o tempo me curouHoje não choro mais por ela. Mas ela está sempre no meu coração nos momentos tristes da vida. Quero elr seu livro. Abraços.
ExcluirVocê, ao escrever este livro, empregou a atitude simbólica da sublimação (ou catartização? ou outro nome que não me lembro agora? - Freud explica!) (A Cássia De Rovare sabe mais e melhor que eu) Só sei que algo funcionou nesse sentido: abrandar saudades, disciplinar amarguras, abrandar ausências, evocar alegrias...
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