Quando criança, eu estava acostumada a sempre dividir o quarto com minhas irmãs. A casa era pequena, e um dos quartos que usávamos era, na verdade, de nosso avô, que morava em Niterói e era copeiro na casa de Mme. Nair de Tefé. Ele vinha apenas algumas vezes ao ano, pois precisava voltar ao trabalho, e passava uma noite, indo embora na manhã seguinte. Naquelas ocasiões, eu e minhas irmãs dormíamos em outros cômodos. Sendo assim, aquele quarto foi batizado como Quarto do Vovô.
Havia um grande armário com um lindo espelho de cristal na porta, que ele tinha ganho como parte de sua indenização ao ser demitido do Hotel Majestic, quando este fechou as portas. Dentro deste armário, ficavam guardadas algumas de suas coisas: livros sobre espiritismo, um vestido antigo de minha bisavó, algumas peças de roupa, uma toalha de banho, fotos antigas e documentos.
Quando meu avô morreu, eu tinha oito anos de idade. Ele tinha uma outra casinha em Petrópolis, que estava alugada para uma família, mas mantinha lá um quarto para ele com alguns pertences. Dentre outras coisas, achamos um baú com moedas muito antigas, bolas de cristal, mais livros sobre espiritismo, alguns objetos que até hoje não sabemos para que serviam, algumas poucas jóias, mais fotos, documentos e roupas. Passei boa parte de minha adolescência lendo os livros do vovô. O que mais me marcou foi uma coleção chamada (grafia da época) Sciência Secreta, por Henry Durville, editado em 1929. Minha mãe ainda guarda dois volumes desta coleção.
Bem, eu e minhas irmãs tomamos posse do quarto, mas mesmo assim, ele continuava sendo o quarto do vovô, como o chamamos até hoje. Uma a uma, minhas irmãs forsam casando-se e mudando-se para suas próprias casas, até que, aos dezenove anos, eu fiquei sozinha no quarto.
Foi quando os fatos estranhos começaram a acontecer.
Eu acordava quase todas as noites, mas não conseguia mover-me. Abria os olhos, via a penumbra do quarto, mas meus braços e pernas ficavam totalmente dormentes, muitas vezes, ao ponto de formigarem. Eu então escutava um forte zumbido, que ia aumentando cada vez mais, e ouvia ruídos de passos no chão de madeira, passos que paravam diante de minha cama. Depois, o mais aterrorizante: eu sentia que minhas cobertas eram puxadas com força, deixando-me exposta. Eu queria gritar, e não podia. Os zumbidos ficavam ainda mais fortes, e era como se alguém me sacudisse com as mãos com toda força, como fazemos quando queremos acordar alguém profundamente adormecido.
Eu tentava gritar e pedir ajuda aos meus pais, que dormiam no quarto ao lado. Depois de algum tempo, os zumbidos iam pouco a pouco diminuindo, e meus movimentos voltavam. O grito preso na garganta saía, e meus pais corriam para ver o que estava acontecendo. Eu acordava aos prantos, suando muito. Custava a dormir novamente.
Finalmente, passei a dormir na sala.
Isso voltou a acontecer algumas vezes quando me casei, e fui acordada pelo meu marido exatamente com as mesmas sensações que eu tinha quando criança. Uma noite, ao invés de gritar apavorada, tentei relaxar e perguntei: "Se você quer dizer-me alguma coisa, diga logo e deixe-me em paz." No mesmo instante, foi como se eu tivesse sido puxada para fora do quarto, voando pela janela. Eu via os telhados das casas, e o bairro lá em baixo. Nunca tinha tido aquele ângulo de visão antes, o que tornava tudo ainda mais estranho. A sensação era maravilhosa, pois eu sentia o vento da noite, via as estrelas e a lua, via as ruas desertas e silenciosas. Parecia haver alguém ao meu lado, mas nunca consegui distinguir quem era. O que acontecia depois sempre foi muito obscuro, então não sei como contar, pois não consigo estabelecer uma sequência de eventos.
Mas estive em alguns lugares desconhecidos, e falei com pessoas que nunca tinha visto.
Ainda hoje isso acontece, mas só que raramente. Às vezes consigo lembrar-me de algumas coisas, outras vezes não me lembro de nada. Mas tudo isso começou a acontecer depois que passei a dormir sozinha no quarto do vovô.
Oi Ana, você com certeza consegue fazer projeção astral, eu nunca quis tentar, prefiro a mental que é mais segura rsss
ResponderExcluirQuando se perde o medo tudo fica mais fácil e aí vc obtém o controle da situação.
Um expert nesse assunto é Wagner Borges, já li vários livros dele.
Um ótimo texto teu.
Quero agradecer suas palavras e seu carinho, beijos e ótima semana!
Ana,a Isa disse bem: isso e uma viagem astral.Ainda bem que conseguiu controlar isso,pois eu tb tinha esses mesmos sintomas na adolescencia e nunca sabia o que fazer,fora rezar,ate o dia que consegui me concentrar em mexer o meu dedinho e entao todo o corpo se soltou!E parei de ter essas experiencias.Muito interessante seu texto e valeu para mim,por ver que essa sensacao acontece com outras pessoas tb!bjs e boa semana!
ResponderExcluirOI ANA!
ResponderExcluirINTERESSANTE TEU RELATO .
JÁ SOUBE DE PESSOAS QUE PASSAM POR ISTO E QUE SÃO VIAGENS ASTRAIS.
ABRÇS
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Vou falar hein, Ana...eu sou medrosa, e tô aqui sozinha em casa...deu medo...aiiiiiiiiiiiiiiiiii, mas como amo contos dessa natureza!!!!!!!Quando o contador se propõe a escrever para magnetizar o leitor...nossa!!!!Por que foi isso que cê fez, né?????rsrsrrsrs....Grande texto Ana, brincadeiras a parte, narrativa você domina como nenhum outro, às vezes fico pensando quanta coisa incrível você queimou lá na sua adolescência...Lembro de textos enormes que voce subdividiu no recanto para contar por partes, bem esses fragmentos e capacidade de prender o leitor talvez dê vazão a um romance, são elementos iniciais para se começar e vejo que você os domina inteiramente, enfim...fica minha sugestão...quem sabe um romance?!!!
ResponderExcluirFantástico!
ResponderExcluirAmaury da Silva Rego
ResponderExcluirOi Ana !!!
SONHO (Definição de Freud: TENTATIVA ALUCINATÓRIA DE REALIZAÇÃO DE DESEJOS)ou, nesse caso, PESADELO. Fazendo uma leitura subjetiva traduzí como MEDO DA LIBERDADE,...mas o importante é que O PÁSSARO VOOU... ABRAÇÃO. IRNUS.
Muitos mistérios ein Ana.talvez passou por uma transição de acordar e estar dormindo onde viu estas cenas ou não.Bem Felicidades e não encuca não.Bjus\Flor*
ResponderExcluirgeralmente, acontece com crianças... gostei do relato... bjuuu
ResponderExcluirNossa, fiquei sem respirar. Outro dia contei uma passagem pro SR: Luiz, e pensei que ele fosse dizer que sou louca. Hehehe. Aqui em casa estamos acostumados, eu e minha filha mais velha vivemos isso de maneira que ficou normal. Agora minha neta mais velha Júlia, desde os 4 anos conversa, vê, chora de saudades da minha mãe que ela não chegou a conhecer. No início ficamos preocupadas com ela, hoje ela está com quase 8 anos, e quando ela nos conta que a bisa veio, queremos saber como foi. Por isso Ana, minha fé em certas coisas oscilam. Porque ninguém me contou, eu vivi, vivo isso no meu dia a dia.
ResponderExcluirCom certeza Ana, acredito que nosso espírito se desprende do corpo quando entramos no sono chamado Alfa, a fase mais profunda, quando estamos a poucos segundos de acordar. Vai saber Ana, mas que a quem sente é real, ah! isso é.
Impressionante seu texto, Ana! Sensações estranhas, misteriosas... muito bem relatadas.
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