Ela é muito, muito antiga. Branca e absoluta. Fico imaginando quantas damas em seus vestidos rodados e armados, acompanhadas por seus cavalheiros, já olharam lá de cima para a cidade cá em baixo. Talvez soltando no ar uma prece, sabe-se lá pelo quê... Pelo quê rezavam as pessoas, há duzentos, trezentos anos atrás?
Eu já estive lá em cima. Mas eu não rezei. Limitei-me a olhar para baixo, deixando a mente passear entre as casas e prédios, e o vento a zumbir em meus ouvidos. Apenas olhei o mar lá de cima, e sentei-me à porta fechada da velha igreja, sem nenhum pensamento. Embebida pela beleza que me cercava, quis apenas sentí-la, ser parte dela.
Da experiência, ficou uma foto: eu, aos dezessete anos, queimada de sol, pernas cruzadas e olhar triste (até hoje, todos dizem que tenho um olhar triste) ao lado de meu pai. Hoje, exatamente hoje, que o céu está encoberto e o vento muito forte, lembrei-me daquele dia. Na foto, apareço de camiseta azul-marinho e shortinho vermelho. Meu pai, a camisa estampada aberta no peito, as mãos entre os joelhos.
Neste momento, a igreja no topo da montanha é apenas solidão. Seu sino já não dobra mais. Turistas descem e sobem o morro, tiram fotos, olham o mar e depois, se esquecem. A velha igreja está exatamente como as damas antigas e seus vestidos rodados: perdida no tempo. Ninguém sabe para onde elas foram. Às vezes eu penso se, por um acaso, aquela igrejinha no topo da colina não será apenas uma miragem, que só continua lá para que as damas e seus cavalheiros tenham um lugar para onde voltar, quando se cansam de suas peregrinações pelo além...
Olá,li o que vc escreve e seu estilo é mais maduro,mais real.Acho que a escrita é nosso desabafo né?Obrigada por ter lido minha estorinha e sigo vc :).Bjos e espero que sempre tenhamos tempo para "nos ler".:)
ResponderExcluirA IGREJA BRANCA NO ALTO DO MORRO TEM ALGO EM COMUM COM TODAS AS OUTRAS IGREJAS BRANCAS OU NÃO, PORTAS SEMPRE FECHADAS. AOS FIÉS QUE GOSTAM DE FAZER SUAS PRECES NO TEMPLO DO SEU DEUS NEM ADIANTA BATER NA PORTA. SABE COMO É, NÉ? ESSES FIÉIS PENSAM QUE PODEM ENTRAR NAS IGREJAS A QUALQUER HORA PARA REZAR, GENTE ABUSADA...
ResponderExcluirSÓ PARA SERVIR DE ÁLIBE CASO EU VENHA A PRECISAR DE ÁLIBE, SÃO NOVE HORAS E VINTE MINUTOS, É TERÇA FEIRA 3 DE ABRIL DE 2012. SEU BROG TÁ REGISTRANDO HORA MUITO DOIDA.
ResponderExcluirTem razão. O Blog da Ana está com 4 horas de atraso em relação ao horário brasileiro. Deve ser ajuste de fuso horário nas configurações do blog. Kathleen
ExcluirBom dia Ana, voce viu a igrejinha, a paisagem com olhos de poeta que você é. beijo de zélia
ResponderExcluirAna,que lindo texto poético!Vc acabou fazendo uma oração ao escrever de maneira tão sensivel e amorosa tudo que observou e viveu!Achei inspiradíssimo!Bjs e boa semana!
ResponderExcluirUma bela lembrança, Ana! E ficou realmente poético. Sinto-me mais leve comentando aqui no seu blog, minha amiga. Agora aprendi o caminho e retornarei sempre. Meu abraço forte, Gilberto
ResponderExcluirAna, li seu texto e me lembrei de uma igrejinha que fica em Jacarepaguá, chamada igreja Nossa Senhora da Pena. Fica bem no alto do morro.Fui lá com minha sobrinha que mora em Jacarepaguá. Seu texto é bem poético e lindo, traz boas lembranças. Abraços. Atiz.
ResponderExcluirAna, Ana, Ana... te descobri! Que linda tua escrita. Tens o nome da minha filha e significa "presenteada por Deus". Mas é você que tem nos presenteado com teus lindos textos. Parabéns (de novo).
ResponderExcluirAbraços sempre afetuosos.
Fábio.
Lindo relato, gostoso ler sobre lembranças e memórias de amigos. Fiquei com vontade de ver a foto de você com seu pai nessa paisagem.__BeijoKas! Continuarei lendo ais aguns textos. Kathleen
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