É uma pena,
Só te recordas daquela alma
O que não foi bom,
Os momentos em que ela,
Como tu,
Errou,
Não correspondeu,
Não te serviu...
O que de bom houve,
Ficou enterrado
Sob camadas grossas
De ressentimentos
E de pura e cristalina
Ingratidão.
É uma pena, de verdade,
Que tu só tenhas
Para jogar naquele esquife,
As flores da maldade,
Da intolerância e da impaciência,
Como se, por toda a vida,
Toda a existência
Só o ruim tivesse havido!...
Já não te lembras
Das noites e conversas
Ao pé da cama?
Das muitas vezes
Em que ela segurou-te a cabeça
Enquanto vertias vômito
Na tua doença?
Do quanto ela lutou, e fez de tudo
Para que tivesses, ao menos,
Uma boa escola,
Uma boa vida?
Ainda há tempo
Mesmo que pouco
De repensar o destempero,
De perdoar e de pedir perdão...
Não deixe que o sono chegue, não deixe,
Sem que a paz o recolha,
Fechando as pálpebras!
Aquilo que tanto desprezas,
Nada mais é que o medo do amanhã,
Do teu próprio amanhã...
Não existem culpas ou culpados
Quando um olhar, apenas um olhar que seja,
De compreensão
Possa ser trocado!
Pois quem se vai, deve ir leve,
Deve saber que perdoou
E foi perdoado...
Ou nunca mais haverá
Uma só noite de paz,
Um só dia de alegria,
Um sentido para a vida que fica
E para a vida que vai.
Os corações endurecidos
Não se derretem nem mesmo sob o sol escaldante,
Ou sob os escombros
Da vida que desmorona...
E tudo será uma pena,
Se nada terá valido a pena
Se não houver esse momento,
Essa mão estendida
Na hora da despedida.
Texto para a gente grudar na geladeira e lembrar de vez em quando. Porque será que somos assim?
ResponderExcluirUau Ana
ResponderExcluirFantástico!
Muito prá refletir com esta poesia.
Se me permitir, qualquer dia desses gostaria de postá-lo lá no Bloguinho.
Mais uma vez, parabéns.
Beijinhos e boa semana!
ResponderExcluirAs constelações não compreenderam
A rota daquela estrela brilhante
Os astrônomos não entenderam
Os mapas dos céus
Mas os reis magos encontraram
O caminho
Daquele que é a luz
Do Universo
E desviaram e confundiram
O coração do rei da Terra
Que queria matá-lo
Os pastores escutaram o balido
Da ovelha que acharia
Os perdidos deste mundo
Sem paz e amor
A flor brotou no deserto
Numa cidade do tamanho
De uma semente de mostarda
Tão pequena para abarcar
O filho do não pronunciado
Pelos lábios impuros
Aquele que resiste a morte
A fome e a sede no deserto
As tentações do poder
Que abre os olhos fechados
Nos sepulcros
E adoça nossas vidas
Com palavras mais doces
Que o mel
Perdoa meus pecados
Mais torpes
E acende o incenso
Mais aromático da erva
Mais pura que nunca se apaga
E exala o perfume mais caro
Que nenhum ouro pode comprar
E declama o poema
Com a parábola que as metafísicas
E as metáforas não compreendem
Mas agora o caminho e os céus
Foram revelados em aramaico
E os versos não resistem
A este poeta do Amor.
Luiz Alfredo - poeta
Obrigado pelos teus belos
poemas.