Tinha uma fome insaciável,
Passava tardes entre banquetes
A língua lânguida deslizando
Por sobre os cones de mil sorvetes.
Tinha uma fome tão perigosa!
Enchia a boca de mil mordidas
E mastigava tudo, ruidosa
E engolia frementemente.
Tinha uma fome de muitas eras,
Prendia tudo entre lábios e dentes,
E escorriam de sua boca
Todos os sumos das frutas quentes.
Tinha uma fome que não passava,
E mergulhava em potes de mel
Cremes, champanhes, e muitos doces
Mas sua fome só aumentava!...
Tinha uma fome de pratos cheios,
De camas quentes, lençóis de seda,
E ela servia-se sobre uma mesa
Para senhores de fino gosto.
Tinha uma fome de fazer gosto,
E devorava, com muito gosto
Tudo o que via e que tinha gosto
Com tal prazer, e com tanto gosto,
Que sua mesa era sempre farta,
E suas ancas, sempre tão cheias!...
Deliciosas, todas as ceias,
Mais quente o sangue de suas veias!
Um poema calórico
ResponderExcluirmuito bom para ser devorado
por que as rimas são doces
e as trovas devoramos num bocado
mais lembro de mim
agora sou um poeta romântico
magro e apaixonado pelo luar
queria ser como o Gullar
comer uma vez por dia
e viver só de poesia.
mui lindo e profundo poema
é a gula ocidental.
Luiz Alfredo - poeta
Bom apetite... E que banquete você acabou de dar... Amei mesmo... Só falto tinha uma sede... rsrs. Fome você já tapou todos os “buracos”.
ResponderExcluirBeijos!
Sigo o seu blog...
Me visita, hem
www.medicinepractises.blogspot.com
By
Nathacha Phatcholly
Fome fatal...
ResponderExcluirUm banquete poético de encantar qualquer amante das letras e dos versos. Show!
ResponderExcluirBjs.
Parabéns pelo texto. Certamente, ter fome insaciável (por alimentos) não significa vida saudável. ABRAÇOS.
ResponderExcluirOs eneassílabos com o recheio das rimas deram uma velocidade incrível na poesia, daí, talvez, toda uma volúpia em querer se fartas mais e mais, comendo tudo o que aparecer pela frente. O problema é o tecido adiposo. Eu fiquei até com vontade de tomar um sorvete, faz um tempão que não "sorveteio". Mandou super bem, Ana!!!
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