Ontem à tarde, minutos antes de minha aula começar, recebi um telefonema e uma notícia difícil ; imediatamente, comecei a perder o senso, e sentir aquelas coisas que todo mundo sente quando está apavorado: suores frios, coração acelerado, respiração pesada, formigamento nas mãos... ainda ao telefone, olhei para fora:
Estava uma tarde linda, maravilhosa. Uma daquelas tardes nas quais a gente pensa que, se existe a perfeição, ela só pode ser assim! Passarinhos por todo lado, um esquilo brincando na grama, o sol brilhando, o vento refrescante soprando como sempre... respirei bem fundo, ao desligar o telefone, e pensei: "De nada adianta perder a cabeça; nada vai mudar. Aconteça o que acontecer, o mundo não pára por causa de nada, e você vive neste mundo!
Logo depois, chegou meu aluno com sua linda namorada tailandesa, de férias no Brasil, e comecei a aula. A tarde passou correndo, ficamos os três conversando, e quando percebemos, a aula já deveria ter terminado há trinta minutos! Quando eles se foram, olhei novamente à minha volta, e a tarde estava ainda mais linda.
Quando meu marido chegou, passei-lhe as notícias, e fomos dormir com os corações pesados; mas ao acordar, deparo com uma manhã extasiante. Como se nada tivesse acontecido, e todos os dramas só fossem dramas porque nós escolhemos que sejam assim.
Quem sabe o porquê das coisas que se dão? Será que não existe um outro significado por trás de tudo a que chamamos drama? E se agente escolhesse modificar as nomenclaturas, substituindo 'drama' por 'experiência'? E se a gente decidisse que o que importa, não é o final da história, mas o que experimentamos enquanto a história acontece?
Porque não importa o que aconteça, os dias vão continuar começando e terminando, chovendo quando tiver que chover, ventando quando tiver que ventar e fazendo sol quando tiver que fazer sol.
Sejamos como as árvores, que se inclinam humildemente ao vento que sopra, abrem seus galhos para a luz do sol, quando ele brilha, e recebem com alegria as gotas de chuva. A única cerrteza que temos, é que no final de tudo, a vida vai continuar. Então, para quê fazermos drama? A vida não precisa ser assim!
Ninguém consegue alegrar-se diante de uma notícia preocupante, mas podemos, pelo menos, não superdimensioná-la. Como disse o Eclesiastes, "Há um tempo para tudo debaixo do sol." E nada podemos fazer a fim de acelerar este tempo, e nem temos o poder de pular as etapas desagradáveis. Vamos vivê-las, todo dia um pouquinho, até que, finalmente, elas passem, como tudo passa...
Publicado no Recanto das Letras em: 30/11/2010 08:22:42
Excellent!
ResponderExcluirBom dia amada amiga você que sempre gosta de escrever para nos encantar
ResponderExcluirHoje lembrei de ti escritora
que faz de cada palavra
criada á imagem descrevi-da
em metáforas com amor
dentro da magia falada
te abraço com fervor
F*E*L*I*Z***D*I*A***D*O***E*S*C*R*I*T*O*R
Essa diferença é que caracteriza o ser humano: drama, ansiedade, e assemelhados. Faz, também, com que tenhamos combustível para escrever. À propósito, Feliz dia do Escritor!.
ResponderExcluirBelo e sábio texto.
ResponderExcluirO TEMPO, esse fazedor de harmonia, que tudo resolve.
Depois existe o fator perspetiva. Há que valorizá-lo reduzindo os contratempos à sua verdadeira dimensão.
Pena que só a teoria esteja na ponta da língua. A prática, essa megera, é responsável por metermos os pés pelas mãos.
Beijo, Ana! Gosto da tua tranquilidade.
Hoje é dia do(a) Escritor(a), parabéns Ana!
ResponderExcluirViver é uma arte e devemos recriar cada instante para o nosso bem e harmonia geral.
ResponderExcluirUma boa reflexão amiga.
Abraços.