É sempre bom republicar poemas antigos, pois eles ficam esquecidos nas páginas do passado...
Reféns do Tempo
O tempo cobre as sedas de bolor,
Faz pesar o voo das borboletas,
O tempo vem e mata, sem pudor,
O que de amor restava em nossas gretas...
O tempo é magnânimo senhor,
Pois mata devagar, e pouco a pouco,
Substitui o canto pela dor,
E o que era riso, por espasmo louco.
Nos dá a verdadeira proporção
Daquilo que nós somos: passageiros...
Que um dia, esfarelam-se no chão.
E nem os sonhos ficarão inteiros.
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O Tempo que temos
Nada chega depois,
E nem antes da hora
Se tudo o que temos
É só o agora.
No final de um dia
Fechamos os olhos
E nem percebemos
O quanto morremos.
Uma nova manhã...
Novamente nascemos
Passa o dia, e não vemos
Que nós nem vivemos!
Nada chega depois,
E nem antes da hora
Se tudo o que temos
É só o agora.
Revivemos o ontem,
Temendo o futuro
E o hoje se esvai...
E nós, envelhecemos!
Separamos os anos,
Contamos, não vemos
Que um dia de vida
É a idade que temos!
Nada chega depois,
E nem antes da hora
Se tudo o que temos,
É só o agora!
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Considerações sobre o tempo
Futuro: horizonte móvel
Onde o sol nunca se põe
Ansiosa paisagem desértica
Miragem de um vir-a-ser
Que jamais virá a ser.
Passado: caminho fechado
Do que foi ou não vivido
Sem sol, sem chuva, sem vento
Incolor fotografia
Em sépia, do que morreu.
Presente: momento volátil
Que evapora em um segundo
Aquilo que passa passando
Sempre desapercebido
Bem diante dos olhares.
Futuro, presente, passado:
Todos tempos que inventamos
Relativamente errados
Quanticamente empilhados.
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As Dobras do Tempo
Dobrei as memórias
Com cuidado
E guardei-as todas.
As lágrimas?
Naftalinas.
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Uma Conversa com o Tempo
Dizem que passas, mas ficas,
Deixas marcas sobre tudo...
Envelheces as crianças,
Desmascaras ilusões,
Amudereces os frutos,
Escancaras corações.
Não tenho medo de ti,
Não mais, porque descobri
Que aquilo que tu levas
É o que tens de levar.
Não levarás minha essência,
E sob as rugas, nem mesmo
A criança que te mira
E que sempre permanece.
Ah, tempo, tenho-te dó,
Pois pensas que tens poder,
Mas não resistes ao teste
De apagar-me as memórias!...
Minha vida, minha história,
Gravaram-se em tua pele,
Tatuagens indeléveis,
De minha passagem breve.
Seguimos, assim, lado a lado:
O tempo que pensa que pode
Passar por sobre a existência
E uma existência que pensa
Que pode sublimar o tempo...
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Tempo de Estarmos Escuros
Ainda pouco, havia sol...
Passarinhos cantavam nas árvores
E o azul do céu
Parecia infinito
E infindável.
Agora,
Um teto cinzento de nuvens
Cobriu a paisagem,
Pássaros se foram,
E o azul, recolheu-se.
Assim é o viver:
Entre matizes de azul e negro,
O branco da paz e o cinzento da dor.
Por dentro, uma vontade insana
De ser nuvem de vapor
Para derreter-se ao sol,
Ou cair como chuva,
Entranhando-se na escuridão da terra,
Onde dorme o nunca.
E noutro dia,
De lá do fundo, olhamos para cima,
E vemos que nosso chover
Deixou o céu azul novamente,
E toda água que pesava em nós,
Evaporou-se de repente...
Somos luz,
A maior parte do tempo,
Embora, às vezes,
Sejamos nuvens
De tempestade,
No nosso tempo de estarmos escuros.
Esses são de autores famosos ou criações suas?
ResponderExcluirObg \*-*/
Todos os poemas em meu blog são criações minhas. Obrigada pela leitura.
Excluir"Reféns do Tempo" é e nos proporciona um momento nobre, grandioso. É assim a arte de Ana Bailunne. Parabéns, Ana.
ResponderExcluirAna, vim avisar que um texto teu acaba de entrar como semente por lá! Podes ver aqui:
ResponderExcluirhttp://canteiroqueunesementes.blogspot.com.br/2016/07/45-sementevem-da-ana-bailune.html
Espero gostes! bjs, chica e linda semana!