Tudo cala,
E fica bem mudo:
A saudade maior,
O amor deixado,
O amor roubado,
A solidão,
A chuva no telhado,
O medo do escuro,
O muro
A separação,
O coração quebrado,
Tudo cala,
E fica calado,
O emprego perdido,
A injúria,
O desejo forte
Não realizado,
O sonho abortado,
A dor de uma perda,
O tapa na cara,
Tudo cala,
A dor do abandono,
O sol escaldante
Que seca as colheitas,
As desfeitas,
O ser desprezado,
O chute na alma,
A doença sem cura,
A usura,
Tudo cala,
E fica bem quieto,
Até mesmo a morte
Diante da sorte
Daquele que chora
Por saber-se
Condenado,
Sem sol no horizonte,
Ou água na fonte,
Uma dor sem nome...
Tudo cala,
E fica calado
Diante da dor
De quem sente fome!
*
A fome do corpo é maior que a fome da alma. É uma dor sem consolo, e quando sem esperanças, é ainda mais terrível, pois quem morre, vê-se morrer por algo tão básico, comum, tão cliché... um prato de comida, apenas um prato de comida.
Ana, não se cale diante da beleza de seus versos, embora eles estejam melancólicos.
ResponderExcluirEspero que esteja bem amiga - você é uma das queridas "antigamigas" por quem tenho muita estima.
beijo de sol pra ti!
Lu C.
Ai! Chute na alma dói!
ResponderExcluirMas fome no corpo também dói, e é preciso ter alma de pele dura pra não se comover com isso.
Porém, cedo ou tarde, o que se calou gritará para acordar a alma.
Afinal "...se eles se calarem até as pedras falarão".
_Beijos.