Há muito deixei de buscar
Neste mundo, coerência.
É uma difícil ciência,
A arte de se dizer
E de ser o que se diz.
Guarda-chuvas contra flores,
E andanças em jardins
Coalhados de pedras duras
E de escuras sepulturas...
A água fresca cuspida
Veneno, aos goles, tomado...
As amizades traídas
Inimigos exaltados.
Há muito deixei de buscar
Neste mundo coerência...
Pois aquilo que se pensa
Nem sempre é o que é.
Um sentimento escrachado,
Por línguas de fogo e de fel,
Ouvidos atentos procuram
O som que os tire do céu...
Assassinos desalmados
De almas e de poesias
Mil poetas degolados
Sobre a lage branca e fria.
Há muito deixei de buscar
Neste mundo, coerência...
As vezes é difícil buscar a coerência naquilo que não há...
ResponderExcluirAté mais Ana
Há uma grande distância, por vezes, entre o ser e o pensar ser. E ainda pior, entre o mostrar ser o que não se é. E são tantas as inverdades que tentar entendê-las é sacrifício inútil. Bjs.
ResponderExcluirO mundo não tem mesmo coerência e ficaríamos loucos se tentássemos encontrar alguma. Tudo se contradiz o tempo todo para nos mostrar a impermanência dos eventos quotidianos. Mas aprendemos a lidar com as oscilações e a suportar algumas surpresas. Lindo poema, Ana! Abraços.
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