OLHOS SECOS
Um homem sentado ao alpendre
Com seu olhar de boi manso
Contempla um fio de nuvem
Que some no azul do céu.
Aos seus pés, a terra seca
Onde brincam os seus filhos
De pés descalços e secos,
De olhos baços e secos,
Cabelos de arame seco,
E risos secos de fome.
"Quando será?..." um pergunta,
Estendendo-lhe a cuia vazia.
E o homem, com olhos de boi,
Aperta o chapéu contra o peito
Diz só: "Quando Deus quiser..."
Aos poucos, morrem-lhe os filhos,
Um a um, ele os sepulta.
Mas os olhos de boi manso
Há muito não choram mais...
Quem sabe, se Deus quiser,
Eles voltam a nascer
Do chão seco do sertão
Quando Deus mandar chover?
Pedacinnho de gente esperando gota de vida, gota de água...
ResponderExcluirTocante e verdadeiramente real tuas linhas poéticas.
Mais uma beleza de poema. Aliás quando vamos ver a coletânea poética de Ana Bailune?
Você escreve MUITO, moça!
bj
Seus escritos são de uma sensibilidade e de uma intensidade , que me encantam... abçs e parabéns sempre
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