Era um velho manicômio, já desativado. O prédio de paredes que outrora foram brancas, encimava a colina com suas janelas banguelas de vidraças, e havia apenas um vigia noturno, que de vez em quando, fazia a ronda em volta do prédio (apenas para justificar seu salário de vigia), quando não tinha mais o que fazer. Mas mesmo ele, jamais tivera coragem de adentrar o prédio, pois havia muitas histórias horríveis sobre aquele local.
Histórias que falavam de suicídios, choques elétricos, aprisionamentos em solitárias, serial killers em camisas de força que eram jogados para todo o sempre em celas não-acolchoadas, para que batessem suas cabeças contra a parede até que morressem com as mesmas arrebentadas.
Até que a modernidade veio, questionando os métodos de ‘cura mental’ usados naquele manicômio, que acabou sendo desativado.
Todos se foram: loucos, médicos, enfermeiros. Mas havia uma única cela, na qual ninguém jamais entrava; a comida e a água eram empurradas para dentro através de uma abertura na base da porta de ferro. Se alguém olhasse para dentro, através da nesga de vidro, veria lá um homem solitário, de cabelos desgrenhados, unhas compridas e pontudas, olhos vermelhos e injetados. Cumpria sua pena como o louco que assassinara mais de vinte mulheres. Era um serial killer perigoso.
Seu nome? O mais comum e confiável possível: Justino. Mais conhecido como Justino, o Matador.
O último enfermeiro que tentara dar-lhe um banho, acabou perdendo o nariz, que ficou entre os dentes de Justino. Uma das enfermeiras, ao tentar dar-lhe uma injeção calmante, fora estrangulada. Ele conseguia soltar-se das camisas de força que o prendiam, tal a sua enorme agilidade e força física. Mesmo quando ele era alvejado, de longe, por tranqüilizantes, como se fosse um animal selvagem, o efeito dos mesmos era muito mais curto do que em pessoas normais.
Por que não o deixavam morrer, como faziam com vários outros? Porque Justino era filho adotivo de um magnata do petróleo, que pagava caro para que ele fosse mantido vivo. Este magnata era tutor do rapaz, e enquanto ele permanecesse vivo, receberia uma imensa fortuna, que seria imediatamente doada à caridade em ocasião de seu passamento.
Assim, a lenda de Justino, O Matador, corria pelos corredores do hospital. Ninguém se atrevia a chegar perto dele, e decidiram que fariam apenas o mínimo para que ele permanecesse vivo.
Mas um belo dia, o magnata, pai adotivo de Justino e seu tutor, faleceu de um ataque cardíaco. Assim, a fortuna de Justino foi doada para a caridade, como deveria ser. Isto ocorreu pouco antes da desativação do manicômio, e Justino, sem o seu ‘desinteressado protetor,’ ficou cada vez mais esquecido.
Às vezes, esqueciam-se até mesmo de alimentá-lo, e seus gritos de fome ecoavam pelo hospital. Quando, finalmente, as portas fecharam, acabaram esquecendo-se dele. Ou teria sido um esquecimento proposital? Teria sido uma vingança, perpetrada em nome de suas muitas vítimas inocentes?
Justino pereceu lentamente em sua cela, de fome, frio e sede. De nada adiantou-lhe gritar, pois não havia ninguém para ouvi-lo. O corpo , ou seja, o que restou dele, foi encontrado muitos anos depois, por um grupo de garotos que brincavam nas ruínas do hospital. Ninguém mais se lembrava dele, e seus ossos foram sepultados em uma cova coletiva.
Mas o que ninguém sabia, é que sua alma doente e aprisionada ainda vagava por ali, presa para sempre entre as paredes em ruínas do manicômio. Como companhia, apenas as mesmas almas atormentadas que com ele conviveram.
Oi Ana! passei para agradecer a sua visita. Hoje a tendinit me atacou, quase tstou sem poder escrever. Abraços uma linda tarde.
ResponderExcluirQue horror!
ResponderExcluirNem mesmo um crápula como Justino... que nome irónico!!! merecia tal destino.
Beijo
Será que é por aí mesmo? A gente morre e nossas almas ficam vagando? Quem poderá responder? Acompanhei toda a trajetória do Justino, não sei quais os meios (a imaginação, talvez) que você utilizou para contar essa história, só sei que ficou sensacional. Muito boooom!!!!, o que aliás, não é novidade alguma.
ResponderExcluirUm perfeito conto de terror! Adoro esses contos e contado por você ficou ótimo! Parabéns Ana, você escreve maravilhosamente bem! Tenha um lindo final de tarde de sábado e domingo. Bjs. Ivany
ResponderExcluirGostei. Uma ótima trama, bem descrita, como deve. Poucas palavras e personagens. Lindo. Parabéns. Abraços fraternos.
ResponderExcluirUm ótimo conto de terror Ana. Uma história bem terrível mesmo. Bjss.
ResponderExcluirSempre gostei de obras e filmes de terror (rss). Seu conto nos prende a atenção. Até creio que as almas ficam, realmente, vagando nesses espaços de dor. Bjs.
ResponderExcluiré... um conto que pode muito bem ser real... bjuuu
ResponderExcluirMUITO BOMMM!!!! CURTI MUITO !!! 666% . SE PUDER VISITE O MEU BLOG !!
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