witch lady

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quarta-feira, 9 de maio de 2012

INSÔNIA





Dorme, doce criança,
Pois enquanto tu descansas
O bicho não vem pegar.

A tal forma na cadeira
Não é só uma toalha,
É um fantasma a te espreitar...

Dorme, doce menino,
Deixa que a luz da lua
Brilhe sobre esta penumbra!

As corujas, quando cantam
Prenunciam desencanto,
E a forma que vislumbras
Passando diante da lua
Não são pássaros voando...

Dorme, pobre menino,
As batidas na janela
Não são galhos que se movem
              Balançados pelo vento...              

Vou velar pelo teu sono,
Mas não posso proteger-te,
Meu menino, infelizmente...

Dorme, doce menino,
Pois o dia que amanhece
Selará o teu destino...

A claridade é um dolo
Que te afasta do meu colo,
E aumenta o desconsolo...

terça-feira, 8 de maio de 2012

À JANELA



De repente, soa um trovão distante, e começa a ventar. Logo, o trovão é seguido por outros, cada vez mais próximos, enquanto as nuvens no céu começam a tornar-se um único bloco de chumbo, e a menina, encantada, olha para as enormes folhas secas que rodopiam no ar, perseguindo-as, tentando apanhá-las antes que toquem o solo.

Na cozinha, a mãe interrompe sua lida. Lava a colher de pau que usa para mexer as panelas, batendo-a na beirada da pia para escorrer a água, pendurando-a na beirada da tampa do fogão. Chama pela menina: "Vem pra dentro! Está armando temporal!"

Mas ela finge que não ouve. Senta-se nos degraus da cozinha, enquanto a chuva começa, chegando de fininho, e depois, engrossando. Ela ouve uns estalos, e de repente percebe que pequenas bolinhas de gêlo começam a cair junto com a chuva. As bolinhas transparentes quicam no solo de terra batida, e correndo para pegar uma delas, ela toma a pedrinha na mão e leva à boca. Nisso, sente uma mão firme que a ergue pelo braço: "Endoidou, menina? Vai ficar tomando chuva,agora? Não escutou eu chamar?"

Enquanto a mãe a leva para dentro, a menina protesta: "Mas, mãe, tá nevando!" "Não é neve, é granizo! Que idéia..."

Dentro de casa, a mãe volta às suas panelas, mas não sem antes fechar a vidraça da cozinha. A menina corre para a janela do quarto, para ver a chuva cair. Neste momento, a chuva e o granizo caem tão fortes sobre o telhado de zinco, que o barulho torna-se ensurrecedor. A menina olha as pequenas enxurradas que se formam no quintal, e imagina serem rios. Um passarinho atrasado pousa num galho de pessegueiro, abre as asinhas encharcadas, sacode-se, e segue seu caminho, voando na tempestade, talvez tentando chegar à segurança do ninho.

"Mãe, vem ver a chuva!"

A mãe não resiste ao apelo, e enxugando as mãos no pano de prato, baixa o fogo das panelas e vai ficar ao lado da filha, à janela. A menina descreve a paisagem, apontando os detalhes que lhe parecem interessantes, como uma formiga que passa na enxurrada, sobre uma folha seca: "Ela pegou uma canoa, mãe!" Logo, estão conversando sobre assuntos amenos, como o dia-a-dia na escola, as coleguinhas, os professores...

Como se trata de uma chuva de verão, ela logo passa, mas deixa no céu de fim de tarde um lindo arco-íris, que a mãe aponta para a menina ver melhor: "Viu? Que bonito, um arco-íris!" "Do que eles são feitos, mãe?" Ela respira fundo, e pensa se vale a pena explicar a menina de uma maneira científica, de quê os arco-íris são feitos. Acha que ela ainda não vai entender. "Eles são feitos de luz. representam o encontro entre Deus e o homem." A menina iria lembrar-se desta explicação muitos e muitos anos mais tarde, após o enterro do pai, no momento em que, ao olhar para trás, ela viu quando um arco-íris igualzinho aquele apareceu por sobre o túmulo...

De repente, a mãe passa os braços em volta do ombro da menina, dizendo: "Você tem o poder de tornar os problemas sempre menores." Uma frase da qual ela também se lembraria, muitos anos depois...

Já começa a escurecer, e a mãe liga a TV para que a menina assista ao Festival de Desenhos, antes do jantar. Ela fecha a janela.

Do lado de fora, vê-se a casinha branca de janelas cinzentas, emoldurada pelo céu avermelhado do crepúsculo, as luzes acesas iluminando as vidraças.

Um Café



Um café,
E lembranças sobem com o vapor
Vindas do fundo negro da xícara.

Final de tarde,
Silêncio
E um tique-taque ao fundo.

Um café,
E o frio da alma arrefece,
Vozes resnascem,
Risos surgem...

Não, não foi adeus,
Foi uma xícara de café
Que terminou,

Mas o sabor...
Ah, o sabor!...
Jamais perdeu-se no vapor.

A ILHA DOS DRAGÕES






Era uma vez uma ilha distante, onde todos os habitantes possuíam, como animais de estimação, um dragão. Foi assim durante muitos e muitos anos, até que a população da ilha começou a crescer, e não havia alimentos suficientes para todos os dragões – que eram animais enormes, enormes – e estes passaram a tornar-se um tanto agressivos, ferindo os aldeões, alimentando-se do gado, tocando fogo nas casas e espantando os passarinhos.



Sendo assim, foi decretado pelos governantes que os dragões deveriam ser todos eliminados sem exceções, e substituídos por lindos cães Poodle branquinhos, branquinhos. Alguns aldeões acharam crueldade aquela forma de tratar os dragões que tinham sido seus fiéis animais de estimação durante tantos anos; assim, eles decidiram separar-se dos aldeões que concordavam com a matança. Formaram-se assim dois grupos: Nós e Eles.



O primeiro grupo – Nós – era formado pelas pessoas que gostariam de manter seus dragões. Elas foram transferidas para o outro lado da ilha, que ficava a muitas centenas de quilômetros dali, e aprenderam novas técnicas para cultivar comida e criar mais animais, para poderem alimentar os seus queridos dragões; assim, reestabeleceram a paz com eles. Mantinham-nos presos nos porões dos castelos durante o dia, mas à noite, saiam voando em suas corcovas, dando-lhes, um pouco de liberdade. Deste modo, os dragões mantinham-se calmos e pacíficos, e ainda ajudavam os aldeões nas colheitas, puxando arados e carregando enormes carroças com os produtos colhidos. Ainda eram úteis fornecendo fogo nas noites de inverno, e quando bem treinados, levavam as crianças da aldeia para passear durante as épocas dos festivais de colheita.



Já no outro lado da ilha, pertencente a Eles, ou seja, ao grupo que desejava exterminar os dragões e substituí-los por Poodles branquinhos, branquinhos, algo de terrível acontecia: os dragões, percebendo que seriam eliminados, começaram a fugir e juntar-se em grupos. Passaram a atacar e matar os aldeões, formando grandes e sangrentas batalhas. As pessoas ainda tentaram uma nova tática para aplacar a fúria dos dragões: toda semana, algumas pessoas eram escolhidas para serem dadas em oferenda, a fim de saciar a sede de sangue dos dragões, alimentando-os. Estas pobres vítimas eram escolhidas conforme uma votação bastante ‘democrática:’ estavam entre os aldeões mais pobres, ou fracos, que tinham problemas físicos ou que representavam as minorias – pessoas de cor e homossexuais, por exemplo. O medo passou a imperar na aldeia, e ninguém mais era confiável! A fim de livrarem-se do sacrifício, as pessoas passaram a apontar umas para as outras, destacando defeitos que pudessem justificar seu assassínio. Imperava a política do ‘antes ele do que eu.’



Mas a pior de todas as coisas, é que os dragões, sendo animais mágicos e muito instintivos, adivinhavam quando a hora de sua morte estava chegando, e colocavam um ovo para preservar a espécie. Quando se sentiam ameaçados, podiam colocar até três ovos! Desta maneira, quanto mais dragões eram trucidados, mais dragões nasciam!



Até que um dia, um dos aldeões de Eles resolveu passar alguns dias em Nós; descobriu que em Nós, pessoas e dragões viviam em paz e harmonia, e que até ajudavam-se mutuamente! Ele voltou para casa e imediatamente contou aos governantes de Eles o que estava acontecendo no lado da ilha ocupado por Nós. Os governantes decidiram ir até lá para ver o que estava acontecendo. Após alguns dias de viagem, chegaram a Nós. Foram muito bem recebidos pelos governantes, e perguntaram:



-Não sabemos o que deu errado... após todos estes anos, vocês, povo de Nós,  conseguiram prosperar, mesmo convivendo com seus dragões, e até fizeram com que eles contribuíssem para a economia de seu país. Dragões são animais perigosos, e por isso, queríamos livrarmo-nos deles! Mas a nossa tentativa de substituí-los por cães Poodle branquinhos, branquinhos, foi um total desastre! Os dragões revoltaram-se, e passaram a fazer ataques massivos contra o povo; o povo, por sua vez, passou a odiar uns aos outros, e tornou-se crítico e acusador. Nem mesmo o sacrifício humano foi capaz de aplacar a fúria dos dragões em Eles, e mesmo após a matança ter começado, o número de dragões multiplica-se cada vez mais! A situação é caótica!



Os governantes de Nós ouviram atentamente o desesperado relato do representante de Eles. Depois, um deles tomou o centro da sala de convenções e discursou:

“Caro representante do povo de Eles: é impossível eliminarmos os dragões! Eles fazem parte de nós, de nossa história e de nosso povo. No começo, nós também cometemos o erro de confiná-los aos porões dos castelos, mas ao percebermos que quando eles escapavam tornavam-se muito violentos, iniciamos uma nova tática: demos a eles as horas noturnas como liberdade! Assim, eles dormem  nos porões ou ajudam-nos nas colheitas durante o dia, ou executam outros serviços para nós, e à noite, eles são livres!

Tentar eliminá-los é inútil, pois nascem novos dragões para cada dragão morto; tentar prendê-los é perigoso, pois ao libertarem-se – e eles sempre se libertam – sua energia reprimida torna-se perigosíssima! A melhor maneira, é aprendermos a conviver pacificamente com nossos dragões, alimentando-os, respeitando-os, dando-lhes momentos de liberdade e cuidando bem deles, mas sem deixar que eles dominem a situação.”

Após o discurso, o governante de Nós levou os governantes de Eles a um passeio pelo local, e mostrou-lhes toda a abundância, paz e beleza que existia naquela parte da ilha. Os governantes de Eles ficaram aparentemente muito agradecidos, e se foram.



Mas ao chegarem em Eles, relataram o seguinte ao seu presidente:



“A parte da ilha onde vivem Nós é riquíssima! Não conseguiria descrever em palavras a quantidade de jazidas de diamantes e minas de ouro que vimos! Impossível calcular a riqueza das plantações e fábricas! É um povo perigoso, em potencial... além disso, eles tem em suas casas e porões milhares de dragões perigosíssimos, que a qualquer momento, poderão voar para a Terra de Eles juntar-se aos que tentamos matar, aumentando ainda mais os nossos problemas. Aconselho a invasão de Nós, e a destruição de seus dragões e de todos os rebeldes que não concordarem com nossos métodos de purificação!”



Assim, a Terra de Nós, pacífica e próspera, foi invadida pelas sombras da Terra de Eles. Foi o início de um grande massacre, com direito a guerras nucleares, genocídios, santas  inquisições, domínio de uma raça sobre as outras e muito derramamento de sangue. Os dragões – todos eles – se libertaram e passaram a sobrevoar a Terra, causando grandes males que perduram até os dias de hoje.



Mas dizem que um dia, esta história terá fim. Será?




segunda-feira, 7 de maio de 2012

Coisinhas




Dias atrás, paseando por Itaipava, deparamos com uma lojinha no shopping estação que vende coisas lindas para casa. Acabamos comprando três telinhas e uma bandeja com paisagens da Toscana.  Bem, meu sonho é viajar até lá, desde que assisti ao filme (meu favorito) "Sob o Sol da Toscana." Por enquanto, é o mais perto que consigo chegar de lá!

A lojinha tem coisas lindas, artesanato de bom gosto feito pela proprietária . Acho que não existe nada mais gratificante do que ganhar a vida fazendo o que se gosta!

Eu adoro comprar pequenos mimos para a casa. Sábado último, saí para comprar um cobertorzinho para a Latifa, e acabei me apaixonando por um cobertor king size de microfibra, macio como uma nuvem, de xadrez vermelho-vivo. Resultado: está lá na minha cama! E eu tinha planejado sair durante a semana e comprar algumas roupas novas. Mas a compra do cobertor conseguiu aplacar meu ' espírito consumista.'

Já separei alguns cobertores mais antigos para doação. Estão em ótimo estado, mas eu gosto de renovar as coisas de vez em quando. Até mesmo as coisinhas que eu uso na casa! Vez ou outra, troco enfeites, talheres, pratos... acho divertido.

De repente, enquanto escrevia, lembrei-me de um café que funciona no Shopping Vilarejo, em Itaipava. pertence a um senhor idoso, e é todo cuidadosamente decorado: cada objeto, quadrinho, xícara, enfim, tudo o que está lá dentro, foi escolhido à dedo. E os chás... ah, os chás indianos! Nunca tinha experimentado chás assim... deliciosos, perfumados, um verdadeiro prazer. As caixinhas são um charme à parte. Os biscoitinhos, bolos, docinhos... parece que tudo foi feito com o maior carinho... lá, um café não é um copo de bar cheio até a metade com um café feito há horas; um café, significa uma delícia perfumada, feita na hora, servida em uma linda xícara com alguns biscoitinhos, um copinho de água gasosa e uma tirinha de casca de laranja cristalizada. Tudo ao som de boa música.

Sempre existe um vaso com flores frescas sobre a pia. Fotos de família , orquídeas, e  gatos pelas paredes. A conversa agradável. É como ser transportada para um café que existiu há cem anos! Se você for a Itaipava, não se esqueça de passar no Shopping Vilarejo e tomar um café ou um chá no Benedicto!

Crônica de Uma Segunda Feira Como as Outras




Apenas mais uma segunda feira. Como qualquer outra segunda feira.

Será?

Você tem mesmo certeza de que este dia será igualzinho aos outros? E Você realmente acredita que os dias são uns iguais aos outros? Se acredita, você com certeza não está olhando direito! Talvez seja hora de você mudar a sua maneira de viver e enxergar. É preciso estar aberto às surpresas.

Deepak Chopra sugere o seguinte: sente-se em um jardim, ou até mesmo na sala de estar de sua casa. Coloque uma música suave, se desejar, e feche os olhos. Tente escutar os ruídos à sua volta: pássaros cantando, carros passando, pessoas falando, música tocando em algum lugar distante... agora, deixe que eles se vão. Pense em alguma coisa muito boa, muito bonita. Talvez uma memória agradável, ou a imaginação de um lugar ideal. Ou pense em uma árvore, qualquer coisa que você considere bonito e agradável. Passeie sobre esta coisa com os olhos da imaginação. Sinta seu cheiro, sinta sua textura. Sinta-se junto a ela.

Fique assim, desfrutando deste prazer , sempre de olhos fechados, durante o tempo que for possível. Depois, abra os olhos, e veja como sua sensibilidade está mais apurada, e seu humor, 'lá em cima!'

Eu experimentei, e dá certo! É como tirar cinco minutos de férias. Ajuda a perceber que nenhum dia é igual ao outro, se tivermos a paciência de observar melhor.

domingo, 6 de maio de 2012

Pássaro na Gaiola



Passarinho na gaiola
Jamais soube o que é ser livre...
Zomba, cantando entre as barras,
Do outro, que voa no céu!

Fala bem do seu alpiste,
Bebe a água do container,
Pula de um poleiro ao outro...

Passarinho descontente, 
Só finge que é feliz!
Morre de medo do gato
Que descansa sob a mesa...

Procura não cantar alto
Para que ele não desperte!
Recebe, cheio de  medo,
Os olhares das visitas
Que circundam a gaiola...

Passarinho que depende
De uma mão que o alimente,
Assovia de tristeza,
Mas aqueles que o ouvem
Pensam que é de alegria!

Ele fala do outro pássaro,
Acha que ele é escravo
Por procurar seu alimento
Na sina de cada dia!

Ele olha pelas barras
Da gaiola que o contém
E vislumbra o céu azul,
As verdes copas das árvores...
Sente certa nostalgia,
Mas quando o céu escurece,
Ele dá graças a Deus
Por sua gaiola segura!

Passarinho tem pavor
Da dor de ser esquecido,
Perde o brilho das estrelas,
Perde o voo até a lua!

Passarinho na gaiola,
Que triste destino é o teu!
Zomba, após a tempestade
Pela ave que morreu!

Mas não vê que ela cantou
E viveu intensamente,
Que sentiu toda a beleza
Do vento, passando ligeiro
Entre as penas de suas asas,
Desfrutou da liberdade
De escolher seu alimento,
Bebeu água do riacho,
Viu o sol se por nos montes...

Passarinho na gaiola,
Que um dia há de morrer
E de ser jogado fora
Por quem ele alimentou
Com a beleza de seu canto!

Ficará só a gaiola,
Melancólica, vazia,
E seu corpo pequenino,
Na lixeira atirado...

E assim, seu maior medo,
(que era o de ser esquecido)
Será, enfim, realizado.


 *************


Um passarinho livre de espírito sempre saberá o que fazer com sua liberdade.

BRASAS




O amor é indefinível...
Passeia, alheio, pelos poemas,
Rindo de nossas tentativas vãs
De aprisioná-lo às palavras.

O amor é um rio caudaloso,
E ao mesmo tempo, calmo e profundo,
E quem nele mergulhar,
Corre o risco de morrer
Ou de flutuar.

O amor não oferece garantias,
E, muitas vezes,
Não é aquilo que procuramos,
Mas se o aceitamos como é,
Pode tornar-se a resposta.

O amor é um silêncio tão gritante,
Que quando fala, 
Faz com que tudo mais se encaixe,
Mas não sem antes tirar tudo de seus eixos
Seguros, confortáveis e conhecidos.

O amor é o que sobra da fogueira,
A brasa calma, incandescente, que aquece,
Mas ainda queima.

GENTE DOENTIA



Ao acessar o Facebook esta manhã, deparei com esta imagem repulsiva, fruto das mentes doentes de alguns jovens que, com toda certeza, sofrem de problemas mentais sérios. Tão sérios, que além de perpretarem a maldade, ainda fazem questão de documentá-la, e mostrar as caras!

E eu fico me perguntando: será que essas criaturas não tem pais? E será que os pais não tem consciência de que seus filhos precisam de ajuda psiquiátrica?

Olhar estas imagens é uma experiência chocante e repulsiva, não só pela situação dos animais retratados nela, mas por saber que um outro ser, da mesma espécie que a nossa, as gerou. Acho que enquanto este tipo de coisa continuar sendo considerada uma 'inofensiva brincadeirinha de jovens,' cenas assim hão de repetir-se infinitamente, e jamais evoluiremos como espécie.

São pessoas assim que saem por aí surrando gays e ateando fogo a mendigos. Mas também são pessoas assim que hão de tornarem-se os médicos, professores, advogados, atuando em todas as categorias profissionais, espalhando a sua energia perniciosa pelo mundo. O que esperar? Só de pensar nisso, eu sinto ânsias de vômito.

Eu às vezes sinto vergonha, uma vergonha imensa ao ver coisas assim, e saber que elas aconetecem no mundo a todo momento. Também sinto um medo e uma revolta imensuráveis, por saber que eu não sou capaz de prever as minhas reações, estivesse eu ao vivo diante de uma cena destas.

Eu desejo sinceramente, que estas pessoas (odeio chamá-las assim) sejam severamente punidas. Não pela polícia, pois isto acarretaria alguns processos, apenas, talvez uma cesta básica e depois, a impunidade. Meu desejo, é que eles sejam punidos pela vida. Que eles encontrem pelo caminho pessoas que os tratem da mesma forma que eles trataram estes animais, e que na velhice - desejo que eles fiquem bem velhos, que tenham uma vida bem longa - eles sofram de todos os males que sejam possíveis a alguém sofrer, mas sem morrer. Porque eu acredito que as maldades que se fazem a outras criaturas, repercutem sobre aquele que as fez.

Que o eco desta repercussão dure muito, muito tempo.

A REALIDADE




A REALIDADE

A realidade, sem a fantasia,
É como uma lenda sem alegoria,
É um sonho torto numa noite insone
É sangue parado nas veias de um morto.

A realidade, pura e simplesmente,
É solo arenoso, estéril semente,
Viver doloroso, aquarela sem cor
Dor intermitente, vida sem sabor.

A realidade, sem a poesia,
É comida fria, sem tempero algum.
É um barco à deriva numa tempestade,
perfume sem cheiro, adeus sem saudade.

A realidade, sem imaginação,
É um vale sem eco, amor sem paixão,
Beco escuro e triste, estrada sem destino,
Presente sem futuro, bandeira sem hino.

sábado, 5 de maio de 2012

QUE BOM!



Que bom que existe a manhã
Para o sonho que acabou,
E os mais de dez canais
Da velha e boa HBO!

Que bom que existe o senhor
Que vem cuidar do jardim,
Que bom que existem pessoas
Que querem saber de mim!

Que bom, a chuva chegou!
E o frio enrregela as pétalas
Da rosa que desfolhou
Brilho na ponta do espinho...

Passarinho fez um ninho
No galho seco do ipê,
Beija-flores se aproximam,
Andorinha veio ver!

Que bom que existe esta rua,
As casas e seus moradores
Que bom que existe a beleza
Além de tantos horrores!

Que bom, a manhã tão fresca,
E o sol que chega de leve,
Para iluminar o instante
Dessa vida, que é tão breve!

Que bom que existe café,
E o cheirinho de incenso
Perfumando esta manhã,
E a essência do que eu penso!

Que bom, poder escrever,
Registrar cada momento
Antes que ele me escape
Morto pelo pensamento!

Um canto de passarinho,
Barulho d'água a correr...
Ouço a voz do meu vizinho,
Que bom, que bom é viver!

Parceiros

O TUCANO

O Tucano O TUCANO   Domingo de manhã: chuva ritmada e temperatura amena. A casa silenciosa às seis e trinta da manhã. Nada melhor do que me ...