Olho em volta, e sinto que passamos por um momento de grande transição. Algo tumultuado, como nos anos 60 e 70. Lembro-me de toda aquela revolta, os hippies, a liberdade sexual, a liberação feminina, a guerra do Vietnam, a Ku Klux Kan, os Panteras Negras, Martin Luther King... eram tantas coisas acontecendo juntas, que as pessoas nem tinham tempo de assimilar e digerir tantas mudanças! Ninguém queria ser como os pais, e muitos passaram a fugir daquilo que chamavam de sociedade consumista e começaram a viver em comunidades alternativas. Surgiram religiões, como os Hare Krishna (que se é anterior aos anos 60, eu desconheço a origem, mas tornou-se moda naquela época). Vieram as drogas alucinógenas e os gurus. Aconteceu o festival de Woodstock, algo como nunca se tinha visto. Saiu o filme Easy Rider, que oferecia uma nova maneira de viver. Surgiram os Hell's Angels. Vieram The Beatles, Rolling Stones, The Who, Led Zeppellin e outras bandas que mudaram o mundo - ou mudaram junto com o mundo.
Mais tarde, após toda aquela explosão, as coisas foram se assentando; os ânimos se acalmaram. Já tendo conquistado seu espaço, as mulheres não precisavam mais ir às ruas fazer passeatas e queimar sutiãs. Ainda bem, ou hoje todas nós teríamos seios muito flácidos! Os Hippies foram sendo absorvidos pela necessidade de se viver num contexto social, aos poucos, foram assimilando a vida que eles tanto abominavam - mas no fundo, com algumas mudanças importantes. Ainda vemos por aí alguns remanescentes daquela época maravilhosa e muito maluca, mas são pouquíssimos. As sociedades alternativas foram acabando. Os Hare Krishnas foram desaparecendo, e os jovens revoltados voltaram para casa, casaram-se, constituíram família, arranjaram empregos.
Sinto que o mesmo está acontecendo agora. Há o movimento gay, que ainda está beirando o exagero em alguns aspectos, mas que vejo como necessário para que , mais tarde, as coisas possam se acomodar e as mudanças serem incorporadas. Houve um grande progresso nessa direção, o que ninguém pode negar, mas ainda existem os mais moralistas e tradicionalistas que lutam contra essas mudanças, o que causa uma grande comoção entre os gays, levando-os a agir, em certas ocasiões, com tintas muito fortes. Por exemplo, ontem eu assistia a um programa de fofocas na TV sobre as cantoras Pepê & Nenen, que insinuavam que sua carreira tinha fracassado após as duas declararem sua homossexualidade. Ora, todo mundo sabe que elas afundaram bem antes disso! Se fosse assim, cantores maravilhosos como Ana carolina, Maria Bethânia, Ney Matogrosso e muitos outros, teriam sido legados ao esquecimento!
Há essa coisa política bem radical, com os Petistas - que sempre clamaram pela justiça, igualdade e liberdade de expressão - manifestando-se de forma quase selvagem contra a blogueira cubana Yoane Sánchez em sua visita ao Brasil.
Há a moda de dizer que toda brincadeira infantil é bullying, e hoje em dia, se algum colega põe um apelido em outro (coisa mais do que natural nos meus tempos de escola), é considerado um bully. Há o preconceito racial, que apesar de ter diminuído bastante, ainda existe, e quem o sofre tenta combater de forma , a meu ver, também exagerada. Se acontece algum conflito entre um negro e um branco, imediatamente o negro alega que está sofrendo preconceito racial, mesmo quando não é o caso.
Acredito que, como nos anos 60 e 70, nós estamos em ponto de ebulição. Quebramos os ovos, mas ainda não foi decidido quem comerá ovos mexidos, omelete, ou ovo frito. E ainda não sabemos o que fazer com as cascas - que trituradas, dão um ótimo adubo para jardim. Mas também creio que haverá um assentamento de tudo isso. Atingimos o ponto mais alto, e logo nós voltaremos ao meio - ao ponto de equilíbrio.
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Ps: esta é uma visão muito pessoal das coisas, e não pretendo impor minhas ideias a ninguém, e nem causar polêmica.