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domingo, 24 de março de 2013

Sílabas






Enquanto escrevo, brotam as ideias. Geralmente, é assim; sento-me para escrever, e as ideias brotam, e não o contrário. Quando elas brotam antes que eu me sente para escrever - ou em momentos nos quais isto é impossível, porque encontro-me longe de lápis e papel, ou em alguma situação na qual escrever não é possível - as palavras fogem e não voltam nunca mais, nem que eu tente durante horas.

Adoro sentir as sílabas enquanto martelo as teclas do computador. O ruído das teclas sendo pressionadas, para mim, é o ruído da vida... mas também gosto de sentar-me lá fora com lápis e um caderno ou agenda velhos, e deixar os pensamentos fluírem. É como um exercício de autoconhecimento, e muitas vezes eu sinto que, se não fosse pelo que escrevo, se não fossem as sílabas que me procuram e me revelam, eu já teria sucumbido a alguma força externa que me destruiria. Talvez, tivesse enlouquecido!

Penso que todo mundo precisa ter uma válvula de escape. Alguns caminham, outros, pintam quadros, outros fazem análise, outros compõe músicas, e outros escrevem. Existem várias formas de expressão que nos permitem continuarmos razoavelmente sãos. Cada um deve encontrar a sua. 

Outra coisa que amo fazer, é observar a natureza. Não consigo ficar sem fazê-lo, nem que seja por apenas cinco minutinhos ao dia. É a minha outra forma de higiene mental. Quando dá, eu fotografo as coisas que eu vejo; aquele raio de sol no ângulo da parede, a flor que acabou de brotar, um passarinho, uma montanha, uma folha, uma paisagem... momentos que, se alguém não estivesse ali para captar, ficariam perdidos.

Lembro-me do meu primeiro telefone celular com câmera; cheguei a escrever uma crônica sobre ele! De repente, eu tinha todas as imagens que desejava aos meus pés, e saí feito louca fotografando tudo e todos. Ao colocar as imagens no computador, pensei: "Ok, e agora, o que fazer com tudo isso?" Eu ainda não sabia, mas continuei fotografando. O celular era simples, e as imagens, (até hoje são), amadoras... mas era a minha maneira de ver as coisas. Daí, entrei para um site de escritores e passei, após um tempo, a ilustrar meus textos com aquelas imagens. Pura diversão...

Tenho observado uma moça blogueira de Portugal, Piedade Sol. Vejo que talvez ela tenha começado como eu... no início, fotografava e compartilhava no Google +; agora, vi que ela tem um blog onde posta suas fotos e escreve sobre o que fotografou. Adoro visitá-la. E as imagens estão cada vez melhores.

Assim, a gente vai se divertindo, pois afinal de contas, o que é que vale a pena na vida, a não ser aproveitar da forma que a gente conseguir e da melhor maneira possível, fazendo aquilo que nos deixa felizes?


A Vida é...






A vida é imprevisível, caprichosa, misteriosa, bandida. Todo mundo já ouviu uma destas afirmações alguma vez... na vida. Porque a vida é um cliché, e ao mesmo tempo, uma caixinha de surpresas. Como entender a vida? Melhor nem tentar muito, e ir vivendo-a como der, aceitando as coisas que ela impõe e não faz o favor de explicar. Mesmo assim, a vida ensina; aprende quem quiser.

E é triste constatar que muitas vezes a vida reapresenta situações, como as reprises de um filme antigo, porque ela quer que as pessoas aprendam alguma coisa, atentem para algum detalhe da história que elas não viram antes - porque foram até a cozinha pegar batatas fritas, ou foram ao banheiro durante o filme. Ou, simplesmente, caíram naquele sono quase hipnótico que o filme da vida, através da rotina, nos impõe. Bem, a vida passa uma ou várias  reprises, e nem assim as pessoas atentam para os detalhes; apenas prestam atenção ao sofrimento que vem com aquele padrão de repetição.

E o mais incrível, é que ao passar novamente por aquele caminho tortuoso, as pessoas até pensam, durante os piores momentos, que alguma coisa precisa ser mudada. Que se tiverem uma nova chance, farão tudo diferente. Que prestarão mais atenção ao que realmente importa dali por diante. Daí, passado o sofrimento, caem novamente na rotina da ignorância, voltam a repetir os mesmos padrões dormentes de comportamento e percepção. E voltam a sofrer. 

Tem gente que leva mais tempo para aprender, e tem gente que levará muitas vidas até perceber as coisas. Cada um tem o seu ritmo. Mas a preguiça e a má vontade não ajudam em nada... 

Eu olho em volta, e percebo. E fico triste porque eu realmente pensara que elas mudariam, passando a enxergar as coisas de uma forma mais amorosa e altruísta. Que o sofrimento as modificaria, trazendo mais clareza e compreensão, fazendo com que elas se sentissem mais como todas as outras pessoas: vulneráveis. Ao invés disso, elas tornam-se ainda mais duras, resistentes, julgadoras, orgulhosas. E continuam lutando por coisas que elas sabem que não trarão felicidade, pois mesmo depois de as terem obtido, elas não se viram felizes! 

E continuam a ignorar o que elas deveriam ter como a coisa mais importante da vida: o amor. Mas o que é o amor, senão mais um cliché?


Sônia Hirsch



Trechos de "Paixão Emagrece, Amor Engorda" de Sonia Hirsch


"Respirar é a forma primordial de integrar o meio interno e o meio externo. Sustenta a vida e a alegria. Produz clareza mental, organiza a circulação do sangue e dá ritmo ao coração. Ou seja, proporciona as condições físicas necessárias a esse espaço de repouso que pode nos fornecer férias mentais em toda circunstância. Respirar fundo, prestando atenção exclusivamente ao percurso do ar, é o menor e mais poderoso movimento que uma pessoa pode fazer em seu próprio benefício."



"Volto ao I Ching: "Aquilo que é fácil, é fácil de conhecer. Aquilo que é simples, é simples de seguir. Através do fácil e do simples pode-se aprender as leis do mundo inteiro. Na compreensão das leis do mundo inteiro está a perfeição." "



"Na medicina tradicional chinesa o outono é a estação dos pulmões, que dão ritmo e ordem à vida - ou trazem depressão e melancolia se estiverem fracos e sem energia. Reina a energia de Metal, que tem a ver com tesouros e colheitas. Cada um vai colher o que plantou.
É um tempo de maturidade. A capacidade de realização do ser humano se apresenta como tranquilidade, paz, serena confiança nos processos de renovação da natureza. A gente olha para dentro, e reconhece quem é. Faz o que tem que fazer e fica contente. Pronto."




sábado, 23 de março de 2013

Quer ser Chic?





Trechos de "Alô, Chics", de Gloria Kalil

"Não sei o que é pior: presenciar uma briga entre um casal ou, ao contrário, ter que testemunhar sessões de paixão explícitas com beijos cinematográficos, barulhentos e melados. (...) De fato, há coisas que um casal pode muito bem não fazer em público. É muita folga e falta de consciência do espaço do outro. Lugares públicos pedem uma etiqueta diferente do espaço privado. Isso é regra base de uma sociedade civilizada."




"Sejam bem educados sempre. Sorriam e digam bom dia, e muitas vezes, por favor, obrigado, e até amanhã aos seus colegas, porteiros, manobristas, telefonistas, faxineiros e chefes."




"Por favor, fungadores, saibam que seus ruídos são tão pouco civilizados como comer de boca aberta, cuspir no chão e outros comportamentos mal-educados."





Coisas que não se faz à mesa




1- Sentar-se antes da anfitriã.

2-Se precipitar no pão antes que o jantar esteja servido, como se estivesse de jejum há mais de 48 horas.

3-Começar a comer antes da anfitriã, a menos que ela mande.

4- Soprar colher ou prato para esfriar alimentos.

5-Fuçar a travessa para pegar o melhor pedaço.

6-Cortar as folhas da salada com faca.

7-Apalpar as frutas para escolher uma para comer.

8-Esmagar com o garfo os morangos (ou qualquer outra coisa) para fazer um purê.

9- Cuspir os caroços de cerejas ou uvas no prato ou no guardanapo. O melhor é tirar discretamente com amão e depositar no prato.

10-Beber com a boca cheia de comida.

11-Comer de boca aberta.

12-Deixar a comida no prato. Na Inglaterra, trata-se de uma polidez elementar; na França, assim como no Brasil, é uma ofensa para a dona de casa.

13-Fumar à mesa. Um péssimo hábito e um crime contra a gastronomia.




Ninguém é chique se não for civilizado!


Missão





Dos meus dedos
Escorre o mar,
Dos meus olhos
Brotam estrelas
A brilhar na noite escura.

-Só não consigo te dar
A paz, que tanto procuras!

Nascem ventos
Da minha voz,
E no meu peito,
Brotam flores
Da mais fina suavidade...

-Só não sei como curar
Do teu coração, a saudade!

Corre mel
Da minha boca,
E eu guardo
Em meu sorriso
Vertentes do Paraíso...

-Só não sei como tirar
Ou sequer, aliviar
A dor do teu peito contrito...

Te peço, fica comigo,
Embora eu nada te dê
Que te devolva o sorriso.

Mas te dou o meu amor,
Esperança que tu vestes
Por cima da tua dor.



                      

sexta-feira, 22 de março de 2013

Advertência (Warning) - Um Poema Traduzido






Warning - by Jenny Joseph



When I am an old woman I shall wear purple
With a red hat that desn't go and doesn't suit me
And I shall spend my pension on brandy and summer gloves
And satin sandals and say we've no money for butter.
I shall sit down on the pavement when I'm tired
And gobble up samples in shops and press alarm bells
And run my stick along the public raillings
And make up for the sobriety of my youth.
I shall go out in my slippers in the rain
And pick the flowers on other people's gardens
And learn to spit


You can wear terrible shirts and grow more fat
And eat three pounds of sausages at a go
Or only bread and pickle for a week
And hoard pens and pencils and beermats and things in boxes

But now we must have clothes that keep us dry
And pay our rent and not swear in the streets
And set a good example for the children.
We must have friends to dinner and read the papers.

But maybe I ought to practicce a little now?
So people who know me are not too shocked and surprised
When suddenly I am old and start to wear purple.





Tradução


Advertência - poema de Jenny Joseph

Quando eu for uma mulher velha, usarei roxo
Com um chapéu que não combina e não fica bem em mim.
E eu gastarei a minha pensão com brandy e luvas de verão
E sandálias de cetim e dizer que não temos dinheiro para manteiga.
Eu me sentarei na calçada quando estiver cansada,
E engolirei amostras grátis nas lojas e farei soar alarmes
E passarei minha bengala pelas grades das vias públicas
E compensarei pela sobriedade da minha juventude.
Sairei de chinelos na chuva
E colherei flores nos jardins alheios
E aprenderei a cuspir.



Você pode usar camisas horríveis e engordar
E comer três libras de salsichas de uma só vez
Ou apenas pão e picles por uma semana
E acumular canetas e lápis e porta-copos de cerveja e coisas em caixas.

Mas agora devemos ter roupas que nos mantenham secos
E pagar nosso aluguel e não praguejar nas ruas
E dar um bom exemplo às crianças.
Devemos ter amigos e ler os jornais.

Mas talvez eu devesse praticar um pouquinho agora?
Então as pessoas que me conhecem não ficarão tão chocadas e surpresas
Quando, de repente, eu for velha e começar a usar roxo.


quinta-feira, 21 de março de 2013

Trovas - natureza






Folha de palmeira
Tiras navalhadas
Projetando sombras
De esguias fadas.






Estrelas azuis
Num céu de veludo
São olhos de um santo
De alcance profundo...







Água farfalhante
Jorrando na fonte
Juntando-se às gotas
De uma chuva errante







Nuvens de silêncio
Passando no céu
Deixam brancas marcas
Como um longo véu.







Pétala escarlate
De rosa, que cai
Qual um arremate
Da vida que se esvai...







Quadrado de grama
Entre muros de hera
Cenário da trama
De uma longa espera.







Nos teus olhos verdes
Traços de beleza
Que matam minha sede
E a minha tristeza.




                                                       

Lenitivo





Nos olhos, pupilas de pedra,
na boca, um gosto de vento..
No peito, um antídoto certo
Para todos os tormentos.

Basta esse céu sobre mim, 
E as cores aquareladas
De uma tarde, após a chuva,
Basta-me o dom da palavra...

Num canto, um canto de passaro
Enfeita a esquina da vida
Como um doce lenitivo
Para cada coisa perdida

E a poesia se espalha
Pelo fio da navalha
Que corta a corda que aperta
Soltando a voz que me falha.


Quando os Cães Envelhecem


Aleph (em primeiro plano) e Latifa, ainda jovens e vigorosos




Bem cedo na manhã de domingo, desperto com um uivo profundo e melancólico. 

Eu nunca tinha escutado a Latifa- minha cadela Rottweiler que completará 9 anos em abril - uivar daquele jeito. Desci as escadas correndo, e fui ver o que estava acontecendo com ela. Parecia calma e serena, arfando alegremente em seu colchãozinho, deitada à porta da sala, na varanda. Só queria atenção, e assim que me aproximei, ficou de barriga para cima, a fim de ganhar massagens. Ela agora não quer mais ficar no canil, e ultimamente, nem mesmo na adega, cuja porta deixamos sempre aberta para que ela entre e saia quando quiser. Deseja ficar onde se sente mais perto de nós.
Latifa hoje

Lembro-me da cadela hiper-ativa, cheia de marra e de vida, que me fez perder a cabeça várias vezes há alguns anos, quando arrancava e devorava, sem a menor cerimônia e sem importar-se com os espinhos, todas as minhas nove mudas de roseiras que eu plantara com as minhas próprias mãos. Cavava buracos imensos no jardim, arrancava a grama com o focinho, roía os pés dos móveis, vinha correndo e nos dava encontrões que quase nos derrubavam. Era energia demais!

Agora, está uma senhora quase idosa, lenta, e quando me olha, vejo dentro dos olhos dela uma paciência e sabedoria que eu não via antes; parece complacente. Quando tento brincar com ela usando os brinquedos, ela se agarra a eles, rosnando, mas logo os solta - ela, que nunca perdia uma 'boa briga' de cabo-de-guerra. Os passeios noturnos tem que ser curtos, pois se os prolongamos, ela acorda de manhã com dores nas juntas das patas. É a idade chegando.


Latifa há um ano



Às vezes, quando estou dando aulas, olho para fora e a vejo deitada sob a janela da sala de aula, e quando me vê, parece sorrir por alguns instantes. Quer ficar sempre o mais perto de mim que puder!  Alguns dias, quando é 'dia de princesa ' (véspera de faxina na casa) eu a deixo circular pela casa, indo aonde quiser. Ela geralmente escolhe um cantinho, deita-se e dorme a tarde toda.

Latifa só come se tiver alguém sentado ao lado dela; caso contrário, mesmo que haja na comida os seus petiscos preferidos - carne moída, salsicha picadinha, biscoitos de cachorro- ela não come. Se deixamos a comida quando vamos sair, ao voltarmos, o recipiente encontra-se intocado. Nos sentamos perto dela, e ela começa a comer com apetite, parando para nos olhar de vez em quando.

Anda chorosa e saudosa. Dia desses, coloquei-a na cozinha comigo e liguei o CD. Enquanto cozinhava e cantarolava, ela ficava no cantinho da porta me olhando. Distraí-me, e quando dei por mim... cadê a Latifa? Fui encontrá-la na área de serviço, cabeça apoiada na cerca de madeira, olhar distante e tristonho. Será que pensava no Aleph, nosso cão que morreu há dois anos? Será que os cães tem essa memória, essa saudade? Sentei-me perto dela: "O que foi, Titifa?" Ela me olhou, soltando alguns grunhidos. E por mais que eu insistisse para que ela voltasse para dentro comigo, ela ficou lá, na mesma posição e atitude.

Latifa há dois anos
Os cães, quando jovens, tem a energia de um furacão. Correm pela casa, destruindo tudo o que lhes cai entre as patas e a boca, latem, brincam, fazem a maior bagunça. Parecem máquinas de brincar! Os cães mais velhos são os companheiros ideais: calmos, doces, atenciosos, pacientes, compreensivos. E é justamente quando eles ficam mais velhos, que notamos o quanto eles foram criando, através dos anos, traços marcantes de personalidade. 

Pena que isto só acontece quando já está quase na hora de eles nos deixarem.


Olhar de Vidro





Descansa em paz
Meu coração ainda quente
Na aspereza da tua palma,
Onde os sentimentos não brotam - nem brotarão...

Um solo estéril,
Aonde morrem até as almas,
No qual pisei,
 Em um momento
De insensatez.

Ah, a frescura da tua tez!...
Sedutora teia
Da mais vil aranha!

Teu olhar de vidro,
Que não enxerga os sentidos,
Vertente da indiferença
De uma quase-emoção tacanha!



Sobre a Admiração





"Amar é admirar com o coração. Admirar é amar com o cérebro."  - Theophile gautier





"Quem necessita de admiradores não tem suficiente admiração por si mesmo." -  Valter da Rosa Borges





"O inferno é perder a capacidade de amar." - Desconhecido






"Sucede frequentes vezes admirarmos de longe o que de perto, desprezamos." - Marquês de Maricá







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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...