Crônica baseada no texto "Círculo Vicioso em Nossas Escolas," do blog Rei dos Reis, de Rilvan Stutzem
Como professora de inglês, dei aulas em cursos e em uma escola particular aqui em minha cidade. Hoje, por opção, leciono em casa, dando aulas particulares.
Em sua crônica, Rilvan discorre sobre a importância da participação ativa do professor na sala de aula, incentivando seus alunos e encorajando-os a participarem, através de aulas criativas e dinâmicas. Concordo plenamente com a opinião expressada na crônica, mas a minha experiência em sala de aula deu-me também uma outra visão: às vezes, mesmo com toda a dedicação, paciência e criatividade que puder ter, um professor não consegue incentivar alguns alunos. Bem, talvez devido à velha máxima de que não podemos agradar a todos.
Mas o problema também pode ser devido à pouca atenção que as crianças e adolescentes recebem em casa. Tornam-se rebeldes e fazem tudo para chamar a atenção dos pais, que precisam trabalhar o dia todo (e alguns alunos vem de lares desfeitos, onde a dificuldade é ainda maior), e não tem tempo para dar atenção aos seus filhos. Alguns, a fim de compensar esta falha, tornam-se demasiadamente condescendentes com seus filhos. Se são chamados à escola devido ao mau comportamento dos mesmos, tentam defendê-los e culpar o professor.
Um professor do Estado, por exemplo, pode passar o dia todo e até mesmo, o turno da noite, revezando-se entre escolas e salas de aula para conseguir ganhar um salário digno, e ser dinâmico cem por cento do tempo, pode ser extremamente cansativo. Não acredito que alguém possa chegar ao último horário com o mesmo pique que tinha no primeiro. Ainda mais quando já fazemos isto há bastante tempo.
Algumas pessoas acham que é dever do professor plantar bananeiras para que as aulas sejam interessantes, e se os alunos não correspondem, a culpa é inteiramente dele - do professor. Sabemos todos da realidade do professor brasileiro. Alguns são até ameaçados de morte pelos seus alunos. A maioria lida com realidades difíceis, e até mesmo em suas casas, tem problemas sérios para resolverem. Assim, lecionar das sete da manhã às dez da noite, e ainda por cima, dedicar seu tempo livre à preparação das aulas, correção de provas e cadernos, etc, recebendo um salário que não corresponde ao seu esforço, e uma reação hostil por parte de alguns alunos, pode ser estafante e frustrante.
Alguns dirão que ensinar deve ser um trabalho feito por pura vocação, mas todo mundo precisa sobreviver: temos contas a pagar! É preciso enfrentar a realidade.
Antigamente, o professor tinha como dever ensinar, e os alunos, cumprir suas tarefas e estudar. Hoje, parece que alguns pensam que basta o esforço do professor, e que exigir retorno dos alunos, poderá deixá-los 'traumatizados,' e pode até mesmo ser compreendido como bullying.
Não é fácil ser professor nos dias de hoje, enquanto ser aluno está se tornando cada vez mais fácil, pois nem mesmo reprovados eles são! Qual a 'vantagem' em estudar, alguns pensam, quando no final do ano, eles 'passam' como os 'otários' que estudaram? Claro, esta é uma visão absurda e imatura, MAS É ASSIM QUE MUITOS ALUNOS PENSAM. Eu mesma já ouvi uma conversa deste teor. O fato, é que vivemos em um país onde a educação de boa qualidade é cada vez menos priorizada, e os ENENS e bolsas-isso-e-aquilo- da vida não melhoram a situação.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Retratos
O sol se põe sobre a roupa que seca,
Beijada pelo vento brando.
Varais de panos e cores
Nas ruas do meu pensamento.
Um aroma de café
Viajando com a brisa.
Pão fresco,
Tilintar de talheres e copos
Na mesa posta.
Outras brisas, outros cheiros,
Ecos de risos
Que soaram em outras tardes...
Mas o tempo é tão ligeiro!...
*
Música - Trilha Sonora da Vida
Quem não gosta de música?
Acho que as pessoas que não gostam de música, são como as que não gostam de animais: tem alguma coisa errada com elas... talvez não tenham ainda aprendido a desfrutar livremente do poder de sua sensibilidade. Quem sabe?
Para mim, música é muito importante, e posso dizer que aprecio quase todos os estilos de música, desde a clássica , passando pela MPB, dando uma paradinha no estilo Disco, fazendo uma longa estadia no Rock e no Hip Hop e passando férias em vários outros estilos. Acho que música ruim é aquela que é tocada na hora errada, na ocasião errada (bem, isso não vale para o Funk, que em minha opinião, será sempre a música errada, na hora e local errados...).
Confesso que tenho um ouvido bom para música, embora eu não entenda de música nem saiba ler partituras. E dizem que tenho uma voz boa quando canto.
Quando eu e meu marido viajamos para Visconde de Mauá, descobrimos um barzinho temático cuja música ambiente é toda tirada de discos de vinil. Há vinis espalhados pela parede, e a decoração é toda sobre este tema. O cliente pode escolher a música que deseja ouvir, e é claro, foi um excelente lugar para matarmos as saudades de algumas velhas canções!
A música tem um poder muito grande: ela pode elevar os pensamentos e criar um ambiente de paz e tranquilidade, alegrar uma casa ou uma festa, ou até mesmo, incitar a violência. Por isso, não gosto de funk.
A música fala bem junto da alma de quem a escuta. Conta estórias, convida a partilhar pedaços de vida, faz rir e chorar. Mas a melhor música, é aquela que consegue chegar naqueles pontos escuros que todo mundo tem dentro de si, pontos escondidos, trazendo-os à luz, ressucitando -lhes a beleza. Este tipo de música pode salvar-nos. Aconselho a qualquer pessoa que esteja de mal com a vida a ouvir um pouco de música.
domingo, 4 de novembro de 2012
Amar é Viver
Não quis amar,
Sufocou dentro do peito
Todo o amor que tinha a dar,
E assim, por mais estranho,
Viu o peito esvaziar
E a vida, fenecer,
Murchar.
As estrelas se apagaram,
E o sol tornou-se gelo,
Que nunca mais quis brilhar.
O viver perdeu a graça
O sentido, a alegria,
E tornou-se o sacrifício
De chegar ao fim do dia.
No afã da economia
Fez a escolha arredia.
Ao querer selecionar...
Não notou que o amor só cresce
Quanto mais amor se dá,
Pois amar é viver,
E viver, é amar.
*
sábado, 3 de novembro de 2012
DESTINOS
...
E eu nem sequer percebi
O quanto esse meu destino
Ao teu estava ligado!
Destinos entrelaçados
De mãos dadas caminhando
Ao futuro inesperado!
E eu nem sequer notei
Que o teu passo estava atado
A cada passo que eu dou!
Escolhi outros caminhos
Mas na bruma que me cerca
Tua presença me assombrava!
Pois da sombra, és a luz
Que a projeta sobre mim,
És a nau do meu barquinho...
O teu nome está no meu
Quando, a folha do viver,
Ao final do dia, assino!
Sempre escuto outras batidas
Às minhas intercaladas
Quando o meu coração falha...
E hei de morrer de fome
De sede e de esquecimento
Sem ter alguém que me valha,
Mas no último momento
Teu amor me envolverá
No pano de minha mortalha...
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
CORES VIVAS
C o r e s V i v a s
Vem ver o sol,
Olha o vermelho da flor,
Desprenda-se deste lençol
Onde não existe amor...
Há um mundo tão grande
Que deseja te encontrar,
Há um sonho preparado
Pra você realizar!
Vem ver o sol,
Vem pra fora,
Vem viver,
Vem sonhar!
Ah, ponha no rosto um sorriso,
Pense nos anos de vida
Que se estendem à tua frente,
Para que tu sejas gente,
Para que faças escolhas,
Para que sejas melhor!...
Deixa pra trás a tristeza,
Vem ver o sol,
Tenha a coragem, a certeza
De que a verdade
É um brinde à vida,
Ao caminho certo,
E que a mentira, é um trago
De cachaça ruim
Em uma viela suja...
Vem para fora,
Vem ver o sol,
Vem aprender
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
O FIM - TAGORE
O FIM
Já vou, mãe. É chegada a minha hora... Quando, na escuridão da madrugada solitária, estenderes teus braços buscando o teu menino, em tua cama, eu te direi: "Teu menino já não está..." Mãe, eu já vou.
Me converterei no ar delicado para acariciar-te; serei as ondas da água, em que te irás banhar, e te beijarei sem descanso. Nas noites de tempestade, quando a chuva sobre as telhas rumorejar, ouvirás meu sussurro, e meu riso voltará a brilhar com o relâmpago por tua janela aberta.
Se pensando em teu filho o sono te deixar, eu, das estrelas, cantarei: "Dorme, mãe. Dorme." Virei num raio de lua e me espalharei em tua cama e me acolherei em teu peito enquanto dormes. Me farei sonho, e me acolherei no mais fundo de teu descanso, e quando despertares sobressaltada e mirares ao redor, sairei voando como mariposa na escuridão.
Na grande festa de Puja, quando vierem brincar em tua casa as crianças vizinhas, fluirei eu diluído na música de uma flauta, e latirei com o cão todo dia em teu coração. Alguém virá da feira com presentes e perguntará: "E teu menino, irmã, onde está?" Mãe, e tu dirás: "Está na menina de meus olhos, está em meu corpo, está em minha alma."
* * * *
Para meu sobrinho Ricardo - não te esqueci. Parabéns pelos 26 anos de idade que você teria completado ontem.
Reverencia a Mão da Tua Mãe
A mão da tua mãe
É a única no mundo
Que te bate
Para que não sintas dor demais.
É a única que aponta
Tuas falhas
Com sinceridade,
E depois de te bater,
E te acusar,
Te acaricia
Com o mesmo amor
E a mesma verdade.
O Velho
Teus olhos viram coisas que eu não sei
E guardam mil estórias pra contar
De um tempo em que eu não era ainda.
São caminhos, as marcas das tuas rugas,
São amores, talvez risos, talvez dores,
Despedidas, muitas idas, muitas vindas.
Tuas mãos, agora aduncas e cansadas,
Outrora ágeis,foram o esteio de tua vida
E de outras vidas que chegaram pela tua.
Esses teus braços, que abraçaram tantos sonhos,
E pretenderam abraçar o mundo inteiro
Pendem vazios, desobrigados de lutar.
E quem passar pelo caminho da tua casa
Verá no alpendre uma figura encarquilhada
E pensará: "Um velho, apenas..."
Mas quem ouviu tuas estórias tão antigas
E quem bebeu tão doce vinho em teu graal
Afirmará: "Um homem, afinal!"
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Tempestade em New York
Um furacão, e de repente, a evidência do quanto somos frágeis. Uma cidade imensa - a capital do mundo - precisa, literalmente, parar; Wall Street, Brooklin, Broadway. Tudo parado. Ruas vazias. O coração do mundo em silêncio. As pessoas em suas casas, protegidas (?) por barricadas de comida e água. Supermercados vazios.
A repórter no vigésimo oitavo andar de um prédio, transmitindo as notícias e sem saber como fará para voltar para junto dos seus, já que a energia do prédio foi cortada. Ela diz que seus filhos estão seguros em um hotel.
De repente, a primordial necessidade tornou-se o abrigo e a comida. Realmente, as únicas coisas que nos fazem permanecer biologicamente vivos, além do ar. Mas o ar agora mata.
Somos primitivos. Quando a vida corre riscos, voltamos às nossas origens , aos tempos da Idade da Pedra, e tratamos de proteger as nossas vidas, mesmo que para isto, tenhamos que disputar uma garrafa de água à unhadas! Realmente, como somos frágeis! E é justamente nestas horas que as nossas máscaras caem, e a superficialidade dá lugar ao que realmente somos. E ao que realmente importa.
No olho do furacão, somos todos iguais. O melhor e o pior expostos aos mesmos riscos e reduzidos às mesmas proporções. Todos os sonhos andando na beirada da vida, ameaçados por uma ventania.
A qualquer momento, podemos ser levados pelo furacão.
Mas quando tudo passa, e o vento carrega consigo os destroços que escolheu levar, a vida volta a ser o que era, e nem mais nos lembramos do furacão. Pois a vida segue, e nós seguimos com ela. Modificados? Não; indiferentes.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Voil
A vida envolta em voil
Cortina
Que nada descortina
Embaçada,
Mar sem sal.
Nadamos
Entre o bem e o mal,
Sufocando coisas
Sob o pano letal.
Sugamos o ar
Que nos mantém vivos
Mas que mata
Cada ideal.
A vida envolta em voil,
Cortinas que dançam
Balançam
Ao último aplauso
Final.
Para que tudo isso,
afinal?
Assinar:
Postagens (Atom)
Parceiros
Wyna, Daqui a Três Estrelas
Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...
-
Eu Só Tenho Uma Flor Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...
-
Duas fábulas do livro Fábulas Chinesas, de Sérgio Cappareli & Márcia Schmaltz Esperando um Coelho No reino de Song existia um camponês q...