witch lady

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quinta-feira, 17 de maio de 2012

JOGO



Faça um movimento,
Mas tome cuidado
Pois a fera te aguarda
Lá do outro lado.

Ande mais um quadro,
Dê um xeque-mate,
Antes que essa ânsia
De pronto, te mate.

Trame uma vingança,
Ensaie um arremate
Tente ser alguém
Antes que o jogo acabe...

Faça um movimento,
Porque, na verdade,
Ninguém vai notar
Tua falta de arte...

Faça um movimento,
Não fique parado!
Pois o desespero
Nasce da inércia!

Mova esta peça!


Passeio Pelos Jardins do Musem Imperial




Bem, a gente sempre planeja o dia. Para isto, existem as agendas. Mas nem sempre as coisas acontecem da maneira que desejamos, ou pelo menos, da maneira que planejamos.

Graças a Deus!

Quando almoço com meu marido, depois do almoço, damos uma fugidinha para passear nos jardins do Museu Imperial. Tanto a se fazer, horários a cumprir, decisões a serem tomadas. Mas tiramos alguns minutos de férias.

Andar por aqueles caminhos entre árvores centenárias é vivificante. A gente olha lá para cima, para as copas que abrangem todo o caminho, e sente que os problemas aqui em baixo não são tão importantes assim.

De repente, algo se mexe no meio das plantas, e sobe pelo caule de uma palmeira: um esquilo. E mais outro. Um sabiá dá um rasante sobre nossas cabeças, e uma cambaxirra canta em uma moita próxima. Turistas tiram fotografias, crianças de escolas de outras cidades correm pelo pátio. Alguns preferem sentar-se nos bancos de madeira e concentrar-se em seus livros.

Passa por nós o padre Geraldo, concentrado em sua caminhada. Lamento que ele esteja tão concentrado a ponto de não ver os milagres que acontecem a sua volta.

Aqueles jardins devem ser sorvidos vagarosamente pelo olhar do observador. Devemos pousar nossos olhos nos troncos musgosos das árvores, nos frutos dos pés de café, nas folhagens e nas flores. Prestemos atenção ao som dos nossos passos pelo chão de terra, quando pisamos em uma folha seca por acaso. Paremos alguns instantes a fim de apreciarmos os peixes no laguinho. Ouçamos os pássaros, encantemo-nos com os esquilos, saguis e com as ocasionais preguiças. Desfrutemos da linda vista do prédio do museu Imperial, e aproveitemos seus ângulos para tirar lindas fotografias.

Depois, podemos sair, sentindo-nos renovados e prontos para continuarmos nosso trabalho.

Chego em casa. Descubro que há uma mensagem na secretária eletrônica: meu aluno cancelou a aula. Lamento, no início. Ligo para ele, remarcamos para o dia seguinte. Depois, lembro-me que comprei um CD do Johnny Mathis. Já sei como vou passar o resto da tarde!



Crônica originalmente publicada no recanto das Letras

A Ponte



Estendida
Sobre o que sobrara
De uma vida...
Retratos amarelecidos,
Risos sufocados,
Lágrimas que restavam
Sobre as lembranças carcomidas...

Do outro lado, um anseio,
Um ponto de interrogação:
Para onde foram os passos,
Para onde?...

Hei de um dia
Encontrar respostas
Ao cruzar a ponte?...

A FESTA


Nem mesmo todas as luzes
Daquela festa
Foram suficientes
Para clarear tua tristeza.

Tanta cerveja,
Música alegre,
Comes e bebes...

Havia doces e tortas,
Cremes espalhados
Sobre a alegria morta.

Mil-folhas secos,
Esfarelavam a vida pelo chão
No qual pisavas.

Nem mesmo as crianças
Ou os folclores e danças,
Nada poderia arrancar-te
Um sorriso, sem causar dor...

Porque na festa,
Faltava alguém,
E aquela ausência gritava,
Entre as luzes ofuscantes,
Abafando, num soluço,
As músicas e risos dançantes...

Nada mais será como antes!
Nada, nunca, nunca mais!...

Desejo



Cai uma ínfima semente
No solo úmido
Do coração...

Cresce, aos poucos, e é podada,
E volta a crescer, mais forte,
Com raízes mais profundas
Cada vez que é arrancada.

Entranha-se pelos cantos,
Irremediavelmente
Enraizada...

Estás perdido!
Nunca mais serás o mesmo,
Nunca mais terás descanso!

E quanto mais te deleitares,
Maior será tua sede,
E  fatal teu desencanto...


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Convicções



Todos nós temos convicções a respeito das coisas que nos cercam, embora não possamos, muitas vezes, afirmar que temos certeza a respeito destas convicções. E não há nada de errado em se ter convicções! A única coisa que pode ser ruim, é quando queremos impor aos outros as nossas convicções. Mas isto também é uma convicção!

Quando eu - digo eu, pois o que serve para mim pode não servir para você - tenho uma convicção, e se faz necessário que eu a expresse, tento fazê-lo de modo a não ir contra as outras pessoas de forma agressiva; a não ser que elas tenham sido agressivas comigo primeiro. Mas se não for estritamente necessário expressar uma idéia, eu prefiro guardá-la para mim, a fim de evitar uma discussão que, no fim, será infrutífera.

Mas um blog é um espaço livre, e assim, temos o direito de expressar nele as nossas idéias e convicções. Podemos também concordar e discordar das idéias e convicções expressadas em outros espaços, desde que o façamos com educação, e reservando sempre à outra pessoa o direito de pensar e expressar-se como desejar - desde que não exista, nesta expressão, algum tipo de incitação à violência e ao preconceito. Se houver, mesmo que eu possa estar errada, prefiro erguer minha voz. Bem, relacionar-se é uma arte que nem todos dominamos o tempo todo. Principalmente quando existe uma idéia em jogo, e achamos que ela é a certa. Mas com um pouco de prática , acredito que podemos chegar a um acordo, e isto não significa que eu concordarei com você, ou vice-versa. Mas significa que ambos concordamos que pensamos diferentemente, e mesmo assim, optamos por respeitar esta diferença.

Fico sempre chocada com algumas pessoas que, quando contrariadas, partem para o ataque, e que à simples menção da frase 'não concordo,' colocam-se na defensiva e passam a agir de forma a fazer os outros acreditarem que aquele que não concordou com ela, é um imbecil. Estas pessoas são inseguras; tão inseguras, que tem medo até de não estarem convictos de suas convicções. Quando uma idéia precisa ser imposta e defendida com unhas e dentes, existe alguma coisa errada...

Bem, mas esta é apenas mais uma idéia.

terça-feira, 15 de maio de 2012

QUERO TE VER...



Quero te ver dançando,
Passos largos, sinuosos,
E a cada passo, um riso,
Alegria de viver...

Quero te ver andando,
Pelas ruas, distraído,
A pisar por entre flores
Toda a magia de ser...

Quero te ver correndo,
Pelos campos, pelos prados,
Sob a chuva refrescante,
Um sorriso abrindo os lábios...

Quero te ver voando,
Acima de toda dor,
O amor em tuas asas,
Quero te ver sonhando...

Filamentos



Um fio, muitos fios
No frio ...
Filamentos entrelaçados...

Jóias de brilho de sol,
Jóias de extremo valor,
Gotas de dor
Da minha dor multicor...

Fios frágeis, transparentes,
Aonde balança, qual pingente,
Meu coração...

Por um fio...

ALIMENTO




Um dia, eu quero alimentar-me só de éter,
E ser leve, bem mais leve que o vento,
Mais leve ainda que a brisa e que o ar
E nunca mais necessitar de um documento.

Quero alimentar-me só de pensamento,
E excretar palavras vis, e sentimentos,
Um dia eu quero desmanchar-me toda em luz
Na caverna escura que hoje me rodeia.

Quero dançar nua à lua cheia,
E derreter qual  bala de alcaçuz,
Que eu me dilua, que os nós se arrebentem,
Quero ser mais livre que um total demente.

Um dia, eu quero alimentar-me só de éter,
E tornar-me  tão etérea e invisível,
Que nem mesmo o espírito mais sensível
possa vislumbrar o que ficou de mim.

E sei que um belo dia, será mesmo assim!

ÁGUAS TURVAS




Narciso não afogou-se,
A história é mentirosa...
Tentou colher uma rosa
De sua adorada imagem
Caiu n'água, mas nadou
Conseguiu chegar à margem...

Mas a água agitou-se
Com suas braçadas fortes...
E ao tentar rever a rosa,
Pensou ver ecos da morte...

Narciso apavorou-se,
E quanto mais medo tinha,
Mais ele agitava a água,
Que mais turva se tornava!

Assim, pensou ver fantasmas
Que estavam em sua mente
E empunhando uma espada,
Lutou contra toda gente...

E quanto mais ele lutava
Mais turva a água ficava!
Perdeu-se de sua imagem
Pela qual se apaixonara...

Estúpida criatura,
Toda cheia de vaidade!
Se ele se aquietasse,
A lama se acalmaria...
E a saudade que sentia
De si mesmo, e do futuro
Talvez se apascentasse...
   



A BORBOLETA




O que se foi antes de nós deixou saudades,
E hoje repousa na memória dos que o amaram.
A dor deixada sobre aqueles que ficaram
Hoje é lembrança, metamorfose das idades.

A ex-lagarta, hoje acima dos escombros,
Voa feliz, emancipada e independente
E a tal lembrança que nos vem num de repente
São suas asas, quando pousam em nossos ombros
.

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