Tinha sido um dia ensolarado de primavera. As pessoas chegavam em casa do trabalho, procurando por seus chinelos e se dirigindo ao banho, as toalhas penduradas no pescoço. Eu podia escutar o ruído da panela de pressão na cozinha: minha mãe preparava o jantar. Eu, adolescente, estava lá fora, observando a noite chegar. O luar estava lindo, branco e enorme, projetando brilhos sobre as folhas de bananeira no quintal dos fundos.
De repente, o vizinho da casa acima da minha ligou o toca-discos em volume alto, e uma música maravilhosa começou a tocar. Atraída pela música, minha mãe veio para o lado de fora e juntou-se a mim: “Que música linda é essa?” Eu, que estivera entretida com a beleza do comecinho de noite, virei a cabeça para trás para olhar para ela e respondi: “Não conheço, mas sei que é a Barbra Streisand cantando.”
Ficamos a duas caladas, desfrutando a beleza daquele momento, no qual a música serviu como se fosse um pó mágico. Uma brisa muito suave soprava, fazendo com que as folhas das bananeiras parecessem dançar ao som daquela música, que alguns dias depois, descobri ser “Memory”, interpretada por Barbra Streisand.
Logo, a canção terminou, e nós duas ainda permanecemos em silêncio por alguns segundos, tomadas pela magia da emoção causada pela música integrada à paisagem, como se precisássemos de tempo para voltar ao mundo real.
Hoje eu escutei “Memory” outra vez; usei-a durante uma aula de inglês, e as memórias daquele fim de dia tão distante voltaram de repente.
Hoje eu sou outra pessoa, e minha mãe já não está mais aqui. Muitos já não estão mais aqui. Mas ficam as memórias.
É engraçada a maneira como uma simples canção pode sacudir momentos adormecidos e trazê-los de volta à vida.
Uma bela publicação. Gostei do look
ResponderExcluirBjos
Votos de uma óptima noite.
Adorei e essa musica nos toca muito.
ResponderExcluirComo ela,há outras que deixaram marcas!
Lindo texto!Bjs,chica
Olá, Ana!
ResponderExcluirCheguei aqui depois de ler um poema seu num blogue da amiga Roselia.
Como gostei do que li, decidi conhecer o seu cantinho. E gostei. E vou ficar, se permitir.
O texto acima me emocionou. Também a minha mãe já partiu e as memórias de bons momentos continuam vivas.
Gosto por demais da voz doce da Barbra Streisand.
Beijo.
Seja bem-vinda, e obrigada!
ExcluirÉ engraçada a maneira como uma simples canção pode sacudir momentos adormecidos e trazê-los de volta à vida. Esta canção me fez viajar no tempo.
ResponderExcluirMaravilha ...
Gostosa essa sensação.
ResponderExcluirbjokas =)
Muito linda e comovente tua crônica, Ana, lembrei também de minha mãe... Essas músicas sempre estão presentes nas nossas emoções mais profundas. É uma mistura de saudades com tristeza. Escolhi para a cremação de minha mãe, a música Unchained Melody, Tema do filme Ghost. Quase morri... Mas adoro essa com a Barbra, está entre as minhas preferidas.
ResponderExcluirbjs