witch lady

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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Galhos de Ipê



Finos galhos de Ipê
Tramas de cama-de-gato
Seguram, nas pontas dos dedos,
Flores macias e frágeis

Que se desprendem e caem
Entregues ao seu destino
De murchar e  fenecer
Sobre uma verde ramagem.

Caem ao anoitecer,
Derrubadas pelo vento
Mas é lindo o seu morrer,
Manchas de cor ao relento.

Não Quero Conversa!



Eu hoje não quero papo. E por favor, vê se para de me fotografar, pois eu vou acabar cobrando pelos direitos autorais! Acordei mau-humorada, pois ontem à noite, eu senti o cheirinho de bife vindo da cozinha, e fiquei muito esperançosa de ganhar um delicioso filé; mas o meu jantar foi apenas aquela tal de ração para cachorro super sem-graça, só com o caldinho do bife! O que é que vocês pensam que eu sou?

E já estou cansada de que falem comigo como se eu fosse um bebezinho! Pela idade cronológica canina, eu já sou bem mias velha do que vocês, e exijo respeito! E meu nome não é Tatá, Lindinha, Bebê, Tifinha, Tifitita, 'Gotosinha,' Gorduchinha, Cosquenta, Fofinha ou essas outras dezenas de nomes que vocês me chamam: meu nome é Latifa! Entenderam bem? Senhora Latifa!

E tem mais: a partir de hoje, eu quero passear todos os dias, e não apenas quando vocês estiverem a fim! E se chover, eu não tô nem aí: quero ir do mesmo jeito! E vou lutar pelo meu direito de circular por dentro da casa a hora que eu bem entender. E por falar em casa, estou precisando de um cobertor novo. Já viram o meu, como está cheio de buracos?

Eu hoje quase mordi aquele moço de branco que veio aqui em casa; fiz a maior festa nele e no outro rapaz, e como foi que eles me pagaram? Colocando-me uma mordaça que eu mal podia respirar, e dando-me duas espetadas na pele! E ainda pior: tiraram meu sangue! Nunca mais eu falo com eles!

Se vocês não me tratarem melhor, eu juro que um dia desses eu arranjo outras acomodações e outros donos. 

Está feita a minha reclamação... por enquanto!



Preste Atenção...







Preste atenção...
Neste exato momento
Acontece um milagre
Perto de você!
Basta abrir os olhos
E querer ver...

Abra bem a mente,
E o coração...
Não há um jardim,
Ou uma pequena flor?
Uma árvore no caminho,
Ou um passarinho?

Quem sabe, um riacho,
Uma nesga de céu,
Um pouco de chuva,
Ou mesmo um trovão?
Apure os ouvidos,
Abra o coração!

Mas se mesmo assim
Você não achar
Nada que lhe valha
Chamar de milagre,
Olhe para o lado
E se estiver só,
Procure um espelho
E nele se mire:

Você é um milagre...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Fim






Todos especulam,
Teorias pululam
Voam como podem
Nos sites e blogs...

Falam de buracos
Negros como a morte,
Falam de estrelas
Amargas, no infinito,
Estrelas falantes
Tão embriagantes
Quanto  o absinto!

Preveem grandes ondas,
Aprazem-se tanto
De abalos sísmicos,
Cismando, cismando,
E o tempo, passando,
E o tempo, chegando...

Sonham com profetas,
Profetizam sonhos,
De um triste epílogo,
Um final medonho!

E alguns, em seus seios,
Aguardam, ansiosos,
A última trombeta
Que abalará
Os mais ociosos!

Será previsão,
Louca pretensão,
O fim, afinal,
Ou obsessão?

Enquanto for Preciso





Sempre que amanhece,
Apaga-se uma dor,
Mas um sonho fenece...

Cada vez mais longe
Do amanhecer:
Caminho do dia,
Que ao primeiro raio, principia
A morrer!

Enquanto for preciso,
Direi o que tenho a dizer.

Eu às vezes choro,
Noutras, eu gargalho...
Ora passarinho,
Ora espantalho...

Bem longe do ninho,
Bem perto do céu...
Entre o choro e o riso
Haverá um véu.

E enquanto for preciso,
Direi o que tenho a dizer.

O que mais, me digam,
Se há de fazer?...

A Ansiedade do Querer








Muitas pessoas perdem tudo por desejarem ansiosamente, indo 'com muita sede ao pote...' é como o homem que armou uma arapuca para pegar um pássaro, e quando o pássaro se aproximava, não pode conter sua ansiedade e saiu desembestado de trás da moita aonde se escondia, espantando o pássaro. 

Acho que precisamos aprender a controlar a nossa ansiedade, e a jamais depositarmos a nossa felicidade na realização de alguma coisa. Antes de obtermos o que queremos, precisamos estar felizes e tranquilos. Então, e só então, estaremos prontos para colher o que plantamos. Agora veio-me uma outra ideia que li em algum texto, não me lembro de quem: a menininha que, na ansiedade de ver brotar  a semente que tinha plantado, todos os dias tirava-a do vaso. Resultado: a planta não crescia nunca!

Eu acredito que o segredo está em:

1) Definir, com certeza, aquilo que se quer. Ninguém terá alguma coisa se, secretamente, luta contra ela! Muitos querem ter algum bem material, mas ao mesmo tempo, vivem afirmando que o dinheiro é coisa do diabo. Ora, então, como obter alguma coisa que depende dele?

2) Tendo definido aquilo que se quer, começar a 'mexer os pauzinhos.' Ou seja: correr atrás. Nada cai do céu, a não ser chuva, bomba, cocô de pombo e aeronave. 

3) Acreditar em um resultado positivo. Não subestimar-se, achando que não merece. Parece óbvio, mas tantas e tantas vezes, ouço pessoas dizendo que não são dignas disso ou daquilo. Por que não? Por que achar que a felicidade é produto de luxo, e que só algumas poucas pessoas a merecem?

4)  Se não estiver dando certo, mudar a estratégia; também vale analisar: "Estou prejudicando alguém? Alguém sofrerá, para que eu obtenha o que desejo?" Se a reposta for positiva, mesmo que você obtenha o que deseja, no fim, não será feliz.

5) Estou sendo sincero comigo mesmo, ou estou apenas seguindo aquilo que a maioria acredita? Muita gente pensa que só pode ser feliz se tiver alguém do lado, como uma muleta.  Que a resposta está no outro. Mas eu acho que primeiro, a gente precisa se amar e sentir-se feliz e agradecidos pela vida que temos; isso fará com que outras pessoas se aproximem, e quem sabe, o cara-metade não estará entre elas?... Mas conheço pessoas solteiras, independentes e felizes.

6) Lembrar-se sempre de agradecer. Com sinceridade. E frequentemente, se possível, várias vezes ao dia.

7) Não deixar que acontecimentos tristes contaminem todos os aspectos da vida. Posso estar muito triste, imensamente triste por algum motivo, e mesmo assim, encontrar prazer nas outras coisas, por exemplo, minha vida profissional pode não estar indo muito bem, mas a vida amorosa vai às mil maravilhas. Ou, de repente, não tenho o lugar que desejo para morar, mas tenho muitos amigos que sempre me alegram. Se formos esperar até que tudo esteja perfeito para que sejamos felizes, chegaremos à velhice como pessoas frustradas e vazias. Ninguém é feliz o tempo todo, em todos os aspectos. Aproveitemos as boas marés da vida, e aprendamos com as ruins.

8) Desligar-se do passado. Dele, que só possamos trazer conosco as boas lembranças, jamais as angústias e mágoas. E mesmo as boas lembranças devem ser deixadas de lado a maior parte do tempo.

9) Acreditar que aquilo que nos pertence, que é nosso, acabará vindo a nós, se fizermos um esforço. Se não veio ainda, é porque não estamos preparados.

10) E se não vier de jeito nenhum, conformar-se, acreditando que nem sempre sabemos, de verdade, o que é melhor para nós, e que não recebermos aquilo que desejamos pode ser uma bênção disfarçada!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A Mão e as Cabeças









A mão pesava 
Sobre as cabeças
Sempre bem baixas...

A mão mostrava
E apontava 
As direções.

A mão cortava
Cada cabeça
Que se erguia.

A mão matava,
E escolhia,
Manipulava.

A mão batia
E espancava
O que chamava
De rebeldia.

A mão punia
E esmagava
Cada cabeça
Que se erguia...

Cabeças burras,
Cabeças tolas,
Cabeças fracas!

Cada cabeça
Tinha a sentença
Que merecia.

*

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sempre Acontece em Setembro





Meu ipê amarelo está começando a florir. Isto sempre acontece em setembro. Lembro-me de quando nos mudamos para esta casa, no dia 4 de setembro de 2004, e ele estava carregado de flores amarelas. Para mim, estas flores anunciam o início de um novo ciclo - a primavera. 

Meu ipê está florindo de novo, meu velho e magrinho ipê. Até quando ele aguentará? Às vezes eu penso que ele deve ser muito velho... tão mirrado! Quando cheguei aqui, ele não passava de um tronco da grossura do meu braço, com dois - apenas dois - galhos na ponta, que se envergavam para lados diferentes. Apesar disso, parecia uma árvore velha. 

Começamos a cuidar dele, e hoje, já existem vários galhos que se espalham, se enchendo de flores. Mas galhos tão fraquinhos, que um vento forte os derruba.

Certo dia, ao chegar em casa após uma tempestade, vi que ele estava totalmente envergado em direção ao telhado da garagem, e que se não fosse pelo amparo do telhado, a árvore poderia ter caído com a ventania. Achei que ele morreria, mas aos poucos, ergueu-se e aprumou-se novamente.

Os pássaros vem alimentar-se de suas flores, que tombam, manchas amarelas amolecidas sobre o gramado, murchando  ao sol, tão frágeis! Meu lindo e pobre ipê amarelo...

Há um grande vaso de flores na entrada da casa, junto aos degraus que descem até a varanda. Há algum tempo, eu vinha notando que uma plantinha começara a crescer. Plantinha esta que eu não plantei. Confesso que eu quase a arranquei, mas decidi deixá-la crescer mais um pouco, para ver o que era. Alguns meses se passaram, e eis que numa manhã, eu me lembro da plantinha, e vejo que ela já tem alguns palmos de altura. É quando o vento derruba uma das folhas fraquinhas do meu velho ipê; comparando-a as da plantinha que está crescendo, vejo que é um novo ipê, um filhotinho!

Acredito que é um sinal. A velha árvore está deixando um herdeiro. Alguém que continue a sua existência quando ela se for. Porque se não for assim, como saberei que a vida continua?





DOBRADIÇAS




As dobradiças rangem,
Pesadas, rígidas
Ao nosso rude esforço
De reabrir as portas...

O ferrugem ruge,
Intenso ruído
De um sentimento em desmanche,
Carcomido.

Tentamos de novo,
Fazemos um esforço
Quebramos argolas
E correntes,

As dobradiças cedem,
Cada vez mais frágeis...
Ao abrir das portas,
Arrastam batentes...



Uma Nova Fobia: Medo de Crianças


Eu assistia TV, quando começou um programa sobre uma senhora que vai de casa em casa, contratada pelos pais, para ajudá-los a resolverem seus problemas com os filhos pequenos. Entendendo por 'problemas:' criá-los adequadamente, fazendo com que coisas que deveriam ser normais - ir para a cama na hora certa, fazer as refeições, obedecer - fossem cumpridas pelas crianças.

Naquele dia, mostravam a história de um jovem casal e seus três filhos pequenos, que não obedeciam, agrediam os pais fisicamente quando contrariados, gritavam e esbofeteavam uns aos outros. A casa, de classe média alta, uma verdadeira bagunça. Sobrava desorganização para todos os lados.

A 'babá' , após observar o comportamento da família, consegue captar o que os pais estavam fazendo de errado e bola um esquema para ajudá-los. Ensina aos pais que disciplina é uma coisa que se ensina, e se necessário, se impõe, e que quando os filhos não obedecem, devem ser punidos de alguma forma - com uma repreensão ou um castigo, mas que nunca devem apenas deixar para lá.

Feito isto, a família sai para um passeio no parque, acompanhados da babá. Logo que chegam, o filho menor sai correndo em disparada, deixando a mãe em maus lençóis com um bebê que empurra no carrinho e um outro menino que segura pela mão. Imediatamente, a babá a relembra das técnicas, e a mãe chorosa começa a chamar o filho para junto de si. Quando o garoto finalmente decide obedecer, a mãe, emocionada, o felicita, dizendo:

"Filho, a mamãe falou e você obedeceu! Muito obrigada, querido, muito obrigada por obedecer a mamãe!"

Congela tudo:

A mãe precisa agradecer a um filho porque ele a obedeceu? Na minha época, isto era obrigação da criança, e ai de quem discutisse as ordens dos pais! Que droga de educação moderna é essa, que faz os pais acreditarem que precisam ser gratos aos filhos por eles lhes obedecerem?! E o que tem levado as mães de hoje em dia a não conseguirem lidar com seus próprios filhos, a ponto de ficarem emocionalmente abaladas ao cuidar deles? Acho que existe aqui, além de uma imensa inversão de valores, muito exagero. Por exemplo, se um pai bate no filho que está fazendo pirraça em um shopping center, dezenas de pessoas o olham com olhos de condenação, e ele corre o risco de ser preso, responder processo e até perder a guarda do filho! Qualquer coisa que os pais façam, alguém aponta o dedo e diz que ele vai traumatizar a criança.  E qualquer distúrbio psicológico encontrado em um adulto, pode ser classificado como 'trauma de infância' ou 'culpa dos pais', principalmente, da mãe.Mas os adeptos da educação moderna não estão na pele dos pais.

Ninguém culpa uma sociedade de consumo que faz com que as mães tenham que ir à luta a fim de equilibrar a renda familiar, deixando as crianças aos cuidados de estranhos que, na verdade, não estão nem aí para elas. Ou o fato de que as crianças hoje em dia, já tem carreiras: saem de casa às sete da manhã e retornam às oito da noite, após escola em regime integral, aulas de inglês, espanhol, balé, natação, judô, computação... tudo para que possam continuar sustentando, no futuro,  a sociedade de consumo na qual estão inseridas, pois isto é ser bem-sucedido.

Certa vez, conversando com uma mãe, ela me disse: "Acho que meu filho está com algum problema... anda triste, amuado, calado..." perguntei se ela já tinha conversado com ele, e ela respondeu: "Não, mas eu vou levá-lo ao psicólogo."

 Bem, acho que não preciso falar mais nada. A não ser que escola e psicólogos não substituem os pais, e que a educação começa - ou deveria começar - em casa.

domingo, 9 de setembro de 2012

SERENO






SERENO


Passear bem cedo
Passos lentos
E apreciar o sereno...

Gotas que se formam
Choradas
Pela madrugada...

Parece que choveu,
Mas foi o frio
Condensado
Em lágrimas,
Orvalhadas
Sobre a rosa.

Suave sereno,
Lentamente sugado
Pelo sol da manhã!

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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...