witch lady

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terça-feira, 17 de abril de 2012

NEGRO









Derramava o negro sobre as páginas


Para não matar,


Para não morrer!




Externava o luto


De saber o quão absurdo


Pode ser o viver...




Abria os olhos para si,


Fechava os olhos para o mundo,


Tentando não se perder




Daquilo que mais desejou


Cujas portas se fechavam


Para que ela não alcançasse!




Derramava negro sobre as páginas


Como nanquim, que escorre e borra


As cores que estão pintadas...




E as flores , em volta, murchavam,


Dando suas vidas pela dela,


Pétalas murchas coladas na tela...



]

DEIXA-ME!








Por hoje, só tenho dor.
Leva daqui teu azul
Pois meu negro contagia.

Não me imponhas alegria,
Não me fales de amor.
Leva daqui teu fulgor!

Quero estar só, não insistas,
Desvia de mim esse olhar
De pena, pois não me convences!

Teu sorriso me incomoda,
Teu toque me pode queimar,
Não me interessa o que sentes!

E, ao sair, feche a porta,
Leva daqui tua luz,
Respeita minha embriaguez!

Minha insônia contagia,
Leva daqui tua paz,
Volta, quem sabe, outro dia! 







DECEPÇÃO







Não brinques,
Não fales,
Não discordes,
Toque sempre o mesmo velho acorde,
Ou serás expulso da orquestra.

As pessoas naquela festa
Gostam de ouvir para sempre
A mesma música tocada,
Milhões de vezes ensaiada,
Não querem saber de mais nada!

Esconda teu riso,
Tenha siso!

Porque tu não sabes,
Mas estás à beira de um abismo,
E, ansiosas almas aguardam
A tua queda final

Para que possam, sempre, dizer
O quanto sabiam,
O quanto previam,
O quanto avisaram
A todos, dessa tua mania
De ser diferente!

Nem tentes...
Seja sempre o sinônimo da mesmice,
Aquilo que esperam de ti,
Elogie, sorria, e nem te atrevas
A mostrar essa tua alegria
Desnecessária!

Pois que nem sequer desconfias
Das almas mais que vazias
Que te cercam, ansiando
Pela tua desgraça e queda,
Para que possam sussurrar
Nos ouvidos umas das outras
Entre as frestas das cercas,
Sobre o quanto tu não prestas...

Este é o mundo,
Seja bem-vindo!



DE REPENTE...






De repente, ela tinha o mundo,
Que se ajoelhava, de graça,
E com toda a graça do mundo
Aos seus dançarinos pés...

De repente, a vida sorria,
Vinha a noite, abraçava o dia,
Que jamais escurecia,
Prateado pela lua!

De repente, ela tinha as praças,
Os prédios, as lojas, as ruas,
E as formas da natureza,
Sorriam-lhe pelo espelho!

De repente, ela ria à toa,
Sentia a vida nos artelhos...
Ah, a vida era tão linda,
Tão fácil a vida, tão boa!

De repente, uma nuvem veio,
Tão pequena e cinzentinha,
Que ela nem sequer temeu,
Nem pensava em ser sozinha!...

De repente, o nada absoluto,
Ao redor, um caos absurdo,
Pois levaram-lhe seu mundo,
Ah, desespero profundo!...

E a nuvem, então, cresceu,
Estendeu-se sobre ela
E fez sombra sobre tudo,
E o seu dia escureceu...

E a lua ficou fosca,
Tão rachada e ressequida
A lua, de morte, ferida,
Sangrou sobre os sonhos seus...

De repente, ela era nada,
Pois que nada lhe restara,
A não ser, muitas lembranças
E uma esperança rara... 








ACEITAÇÃO







Eu sou a flor amarela


Entre todas as vermelhas


Plantada por algum jardineiro


Distraído.






Quem sabe, talvez por isso


Eu seja sempre arrancada


Ao menor desabrochar?


-Desisto!







A MORALIDADE






Moral, segundo o meu dicionário, é parte da filosofia que trata dos costumes e dos deveres do homem para com seus semelhantes e para consigo. Conjunto de nossas faculdades morais. Tudo o que diz respeito à inteligência ou ao espírito, por oposição ao que é material.
Moralidade é diferente de moralismo (essa palavra adquiriu um significado um tanto pejorativo hoje em dia...). Somos moralistas quando achamos que as outras pessoas devem comportar-se segundo normas e padrões preconceituosos regidos por uma minoria. O moralista geralmente condena as diferenças.

Moralidade é o mesmo que reflexão sobre aquilo que fazemos. É estabelecermos nossos padrões e crenças baseados no que é certo, evitando causar danos e sofrimentos aos demais. Existem inúmeros moralistas por aí que não tem a menor moralidade. Acham que os conceitos de moralidade aplicam-se apenas quanto ao comportamento alheio em relação a eles, mas enquanto isso, agem de forma imoral a fim de atingir aos outros negativamente.

Para mim, o melhor conceito de moral que existe, é justamente: "Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a você."

O amoral age por impulso. Mas às vezes, ele pode passar muito tempo maquinando planos para chegar aonde quer. Não pesa as consequências de seus atos, e se necessário, passa por cima dos outros para conseguir o que deseja. Quando a infelicidade e o mal, consequente de seus próprios atos, lhe advém, diz-se vítima inocente dos que tem moralidade. Acha-se no direito de julgar, mas não de ser julgado pelos demais.

Acho que ninguém pode ser feliz se não cultivar o mínimo de ética moral. Os anti-moralilidade que me perdoem... 

Mas para mim, a moral não é bancar o certinho; não é usar um maiô de gola rolê quando vai à praia. Muito menos, ir à igreja todos os domingos e comer a hóstia. Ter moral não tem nada a ver com evitar de tomar uma taça de vinho ou uma cervejinha no final de semana. Muito menos, com abster-se de ter prazer sexual (pelo amor de Deus). 

Ter moral não significa ser santinho. Também não é jamais dizer palavrões ou jamais ficar zangado. 

Ter moral é não prejudicar ninguém. Para mim, é só isso. É viver e deixar viver, e não ser traiçoeiro.

A MENTIRA




A MENTIRA


A mentira
Não é incolor;
Ela tem peso, cheiro e cor.

Seu cheiro permanece
Bem à volta de quem mente,
E o mentiroso, nem sente!...

Ela constrói uma névoa
Entre aquilo que és
E o que dizes ser.

Oh, inconsistência,
Falso gostar,
Fraco querer!...

A mentira só destrói:
A confiança, o amor,
A esperança.

Foi feita para ferir,
Enganar e afastar.
É tão triste, mentir!...

Triste, é olhar nos olhos de quem mente,
E vê-los brilhar, com aquele brilho estranho,
Inconfundível, medonho, tacanho!
Ouvir a voz vacilar, tortamente,
Sentir a lâmina das palavras que são ditas,
Repetidamente,
Em uma tentativa mórbida de convencer
Aquele a quem se mente!

Prefiro calar-me;
Tentar confrontar um mentiroso,
É inútil e cansativo...
É um jogo de palavras
No qual não haverá vencedor,
Pois todos perdem:
Quem mente, a quem se mente
E o amor...

Frases Sobre a Mentira






A mentira deixa sempre um rastro cinzento atrás de quem mente.




A mentira poderá ser sempre o caminho mais simples no início da estrada; mas jamais no final.




A mentira sempre usa a verdade como escudo.




O mentiroso às vezes acredita na própria mentira. Tanto, que ela torna-se parte dele.



Há sempre espinhos na mão de quem oferta mentiras.




Uma boa mentira pode convencer a humanidade; mas uma boa verdade pode desmascará-la a qualquer momento.




Quem mente, deve sempre tomar cuidado por onde pisa...



O mentiroso, apesar de dispor de boa memória, esquece-se de soar convincente.




O mentiroso pode angariar muitos amigos; todos tão mentirosos quanto ele.




Por trás de uma mentira, pode estar a inveja.




Quando a mentira é o alicerce, nada de bom poderá ser construído.




O prêmio do mentiroso é o descrédito.




segunda-feira, 16 de abril de 2012

Meu Sonho na Beirada



Eu hoje estou triste,
Pois vejo meu sonho
A pedir esmolas,
Na beira da estrada.

Meu sonho à beirada,
Morrendo, à míngua,
De sede e de nada...

Haverá resgate
Para um sonho tristonho,
Ou um  arremate
À vida esgarçada?...

Eu hoje estou triste,
Pois meu sonho seca
À beira da estrada...

Ao sol, de dia,
À lua de noite,
À vil letargia
O sonho agoniza
Sem sinal de brisa...

Ai, daquele, meu Deus,
Que esgana um sonho!
Não terá descanso,
Não terá guarida
Após a sua morte,
Ou durante a vida!...

EU NÃO ESCOLHI VOCÊ!











Ajudei-a a carregar as malas até o carro. Evitávamos nos olhar ou dizer qualquer coisa, pois nada mais havia a se dizer. No entanto, alguma coisa dentro de mim gritava de dor pelo que tinha acabado. Era como um luto. E tudo fora tão inesperado! 

Aconteceu logo depois que o He-Man – meu cão de dezoito anos de idade – finalmente morreu, após mais de uma semana de agonia. Porque eu me recusara a dar-lhe a injeção letal. Ela me chamou de egoísta. Olhou-me com desprezo. Não entendia minha dor.

He-Man foi meu presente de aniversário, dado por meus pais, quando fiz quinze anos. Era um pastor manto negro maravilhoso, um grande companheiro, um amigo de valor inestimável. Ele esteve em todos os acontecimentos importantes de minha vida; ele também estava lá, quando conheci Dorinha. Passeava com ele num final de tarde de sábado, e ela, passeava com Lulu, sua cadelinha Beagle.

Quando meus pais morreram no acidente de carro, He-Man me acompanhou durante meu período de luto. Ficamos morando sozinhos na casa de meus pais durante cinco anos, e fomos ajudando um ao outro. Era muito reconfortante chegar em casa, depois do trabalho, e saber que eu não estaria sozinho. 

Depois, Dorinha e Lulu mudaram-se conosco, e vivemos um período de muita felicidade, acredito, o período mais feliz de minha vida. Eu e Dorinha nos casamos. E parece que He-Man e Lulu estavam se dando muito bem, embora fossem apenas bons amigos. E quando Lulu se foi, atropelada por um carro em frente à casa, He-Man foi o nosso consolo.

Assim, passaram-se quinze anos desde que He-Man nasceu. Neste período, perdi meus pais, casei-me com Dorinha, perdemos Lulu, Dorinha formou-se na faculdade de Direito, e eu, em Biologia. Demos muitas festas em casa, fizemos muitos amigos, e vimos muitos amigos irem embora da cidade, em busca de suas carreiras.

Mas há mais ou menos um ano, alguma coisa começou a acontecer, ou a deixar de acontecer, entre Dorinha e eu. Ela chegava em casa cada vez mais tarde. E eu, por meu lado, comecei a sair com outra mulher, embora ela nada significasse de importante para mim. E eu comecei assim que soube que Dorinha estava tendo um relacionamento com seu sócio. Eu simplesmente não conseguia abordar o assunto, com medo de perdê-la, e fomos nos distanciando cada vez mais.

E dois dias depois da morte de He-Man, cheguei em casa uma noite e ela estava sentada na sala, as malas prontas. Declarou que não me amava mais. Disse que estava se mudando para o apartamento de seu sócio. Ao mesmo tempo que eu me mantinha totalmente frio e indiferente por fora, sentia que uma boa parte de mim desmoronava por dentro.

Quando ela se foi, entrei na casa totalmente vazia. Nunca senti tanta tristeza...

Acordei de madrugada, com o choro de um cão. Cobri a cabeça com o travesseiro, e consegui pegar no sono de novo. Mas na manhã seguinte, quando saía para o trabalho, ao tirar o carro da garagem, lá estava ele: um cachorrinho branco, com manchas marrons sobre so olhos . Apesar de bonitinho e bem tratado, aquele cão sentado à beira da caçada era o retrato do abandono. Ele se parecia comigo. Suspirei fundo e entrei no carro.

Durante o dia, nem sequer lembrei-me dele, pois tive mil coisas a fazer. Mas quando cheguei em casa, ele estava ali, no mesmo lugar, e alguém tinha colocado um pouco de leite em um potinho de margarina para ele. Quando me viu sair do carro para abrir a porta da garagem, ele veio correndo desajeitadamente na minha direção, mas eu joguei-me no carro depressa e entrei em casa, fechando a porta da garagem. Ele ficou chorando do lado de fora.

Eu não estava pronto para ter outro cão. Sentia que precisava passar um tempo sozinho, pensando na minha vida, e que um cão poderia até atrapalhar-me, já que eu tinha em mente umas férias e uma longa viagem de carro, sem destino.

Jantei e, após assistir um pouco de TV, fui deitar-me mais cedo.

Acordei por volta das duas da manhã, e parecia que ia cair uma tempestade daquelas... os clarões dos relâmpagos cruzavam o céu, clareando o quarto, e trovões ribombavam assustadoramente. O vento uivava, entrando pela greta da janela, e fiquei um tempo prestando atenção, até que, entre o uivo do vento, percebi ganidos desesperados. Fui até a janela do quarto e vi o cão lá em baixo na calçada, sentado, as perninhas de trás esticadas na frente do corpo e a barrigona cheia de leite. Ele chorava e gania, e achei que não faria mal se o deixasse passar a noite na garagem. 

Assim, desci até a rua e peguei-o no colo, no exato momento em que a tempestade desabou.

Arranjei uma blusa de lã velha e coloquei dentro de uma caixa de papelão para ele, na garagem. Antes de apagar a luz, olhei para ele, e ele estava mordendo a beirada da caixa. Eu disse a ele: “Escute aqui, eu não estou adotando você! É só por uma noite, e amanhã, você vai embora!” Ele me olhou, a cara mais feliz do mundo.

Ganiu um pouco durante a noite, mas eu estava tão cansado, que continuei na cama.

De manhã, quando cheguei na garagem, havia pedaços de papelão por todo o chão. Ele dormia, no meio daquela bagunça, como se não tivesse nada a ver com ela. Quando me viu, veio correndo, abanando a cauda, sujando a pata em um montinho... 

Eu tinha que ir trabalhar. Não poderia deixá-lo na garagem, e nem queria um cão. Dei-lhe um pouco de ração com leite, e depois que ele comeu, abri a porta da garagem e, sem que eu fosse visto, coloquei-o no quintal do vizinho. Entrei no carro e saí, sem olhar para trás.

Quando cheguei de noite, ao me aproximar de casa, vi uns adolescentes em volta de alguma coisa. Eles riam alto. Quando eu encostei o carro perto deles, eles pareceram meio sem graça ao me ver, e um deles veio perguntar: “Esse cachorro idiota é seu?”

Quando olhei para o chão, vi que eles tinham raspado o pelo do cão em algumas partes do corpo, e um dos garotos o estava pintando com as cores de um time de futebol. O cão parecia muito assustado. Lembrei-me de que haveria final de campeonato naquela noite, e fiquei imaginando o que aqueles garotos pretendiam fazer com o cão. Sem pensar mais, respondi: “É meu sim! E se vocês não derem o fora agora mesmo, vão se ver comigo, seus moleques!”

O pelo de Flaflu demorou um pouco a crescer, mas hoje, ele está bonito de novo. Estou saindo em viagem de férias, e em uma caixinha especial que coloquei no banco de trás, Flaflu, todo contente, já se sentindo o dono do pedaço, olha a paisagem pela janela.

Eu não o escolhi; ele me escolheu.

LETAL









E ela era a bailarina


De longos braços delgados


Tão leves,


Como pescoços de cisnes...


Não tinha culpa, se eles sufocavam.






E ela era a borboleta


De asas finas, cobertas


De um pó leve e perolado,


Asas coloridas e rarefeitas...


Não tinha culpa, se elas cegavam.






E ela era a flor azul, tão rara,


Tão delicada,


De perfume inebriante


E tão caro...


Não tinha culpa se o seu aroma


Envenenava.






Pois ela era a bailarina,


A borboleta,


A flor-menina


Que só vivia,


Que só dançava,


Não tinha culpa se morria,


Não tinha culpa se matava!




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Wyna, Daqui a Três Estrelas

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