witch lady

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quarta-feira, 11 de abril de 2012

O CÂNTARO






Caminha a menina pela trilha assombreada
Em meio a silenciosa floresta cheia de vida
Quando, no meio do caminho, ela tropeça
Em alguma coisa que parece um caco,
Semi-enterrada...

Ele interrompe a caminhada,
E, abaixa-se para ver melhor:
Vislumbra uma coisa branca de cerâmica
E passa a desenterrá-la cuidadosamente
Com uma pedra pontiaguda que encontra:

É um antigo cântaro.
Ela o leva até o riacho
Lavando a lama que o encobre
Até que percebe um brilho de raio de sol
Sobre a sua superfície branca.

Ela logo por ele se encanta,
Levando o rosto junto à abertura,
Produzindo um som disforme com a voz:
"Hoooooooo!"
"Hoooooo!" , Responde o eco.
Ela sorri, pensando ser uma fada a responder-lhe.

Agora, de volta à casa,
Carrega junto ao peito o branco achado.
Pensa em colher flores para orná-lo,
E junto à sua escrivaninha colocá-lo.
Pensa que as pessoas, ao vê-lo,
Hão de admirá-lo;
Afinal, é um cântaro que canta!

Assim, ela o faz; lava-o bem,
Enchendo-o com água pura e fresca,
Botões de lírios e pequenas violetas.

Mas logo chega alguém do mundo adulto,
E ao contemplar o cântaro, abismado,
Demonstra seu escândalo, e resoluto, 
Apanha-o de sobre o móvel, bradando:
"De onde veio isto, ò menina?"

Ao mesmo tempo, apanha-o sem cuidado
Derrama a água e as flores pelo chão
A criança, com os olhos rasos d'água, nada entende,
Mas o adulto explica, paciente:

"Ainda bem que o vi, tivestes sorte!
Pois a urna que tomaste como um cântaro,
Um vaso para as flores,nada mais é
Do que uma urna funerária, e traz má sorte!"

Foi desde então, a partir daquele instante,
Que ela aprendeu a temer a morte.

A LIBERDADE










A Liberdade


A liberdade
É poder escolher livremente
A qual fio
Se deseja ficar preso.


A liberdade
É poder escolher as amarras,
As masmorras
Aonde tu melhor cabes.

A liberdade
É sorrir,
Mesmo sabendo que morres,
E sonhar com o infinito
Que te acolhe.

A liberdade,
Ah, essa vadia,
Que te tolhe e te encanta
Com sua melodia,
Esta, que ninguém canta,

Pois a letra é recitada
Em uma língua desconhecida...

Liberdade,
Oh, ave sacripanta!



A fé remove montanhas?








Algumas pessoas acreditam que a fé remove montanhas. Eu tenho certeza que não.

Mas também estou certa de que a fé poderá nos levar a conseguir a quantidade de dinamite que necessitamos para remover a montanha. Montanhas e obstáculos são corpos sólidos, enormes, e não serão removidos, jamais, apenas com fé.

Mas mesmo quando usamos uma enorme quantidade de dinamite, a montanha poderá ser tão grande e tão sólida, que não conseguiremos removê-la, nem com todo o nosso esforço, mesmo que passemos anos tentando.

Neste caso, a fé nos ajudará a achar um caminho para contorná-la. Ou escalá-la.

Ou quem sabe, a serenidade para convivermos com a montanha, incorporando-a à nossa paisagem diária. Poderemos acabar achando-a bonita. Pode ser até que venhamos a descobrir que ela está ali para proteger-nos do vento e das tempestades. Quem sabe?

Muitas vezes a gente se encontra diante do inevitável. Viver é estarmos sujeitos a mudanças bruscas, a qualquer momento. Nem dá tempo de pensarmos muito, ou de aceitarmos estas mudanças, mas com o tempo, vemos que é a única coisa a ser feita. A vida não esperará que estejamos prontos, mas se soubermos ler os sinais ao longo do caminho, se prestarmos atenção, poderemos estar melhor preparados para o Grande Momento Inevitável - que pode ser a perda de um emprego, uma morte, uma doença.

O que há do outro lado da montanha?

Estamos acostumados a nos acostumarmos. Uma cadeirinha, e pronto: logo nos sentamos nela, e para não perdermos o lugar, podemos permanecer sentados durante toda a festa! Com certeza, não perderemos o lugar, mas perderemos... a festa! Eu acho que a montanha que aparece de repente no meio da nossa vida, pode ter esta função: fazer com que nos levantemos. Fazer com que passemos a agir! Fazer com que, finalmente, FAÇAMOS ALGUMA COISA DIFERENTE.

Ah, mas é fácil? Não. Quem disse que é? Mas eu acredito - tenho fé - de que existe um lugar certo para todo mundo nessa vida. E que, quando não estamos satisfeitos, ou quando a montanha surge, podemos tranquilamente, nos levantarmos e procurarmos outros lugares.

Muitos dizem não terem fé porque não acreditam em Deus. Mas eu acho que podemos ter fé em várias coisas, não necessáriamente em Deus; podemos ter fé na vida, em nós mesmos, na fitinha do Bonfim, na espada de São Jorge (plantinha que muitos acreditam proteger a casa), ou seja lá no que for. Até mesmo no grão de mostarda. Mas acredito que a fé mais importante, é a fé na vida.

Não podemos nos comportar como crianças mimadas. Não podemos esperar que tudo sempre aconteça do jeitinho que queremos, ainda mais agora, nesses tempos de mudanças rápidas. Temos que ter resiliência. Temos de nos adaptarmos ao recipiente que nos contém. Ou procurarmos outro recipiente.

A DIFÍCIL ARTE DE SER






Muitas vezes, as pessoas em quem você depositou sua confiança irão decepcioná-lo. Pessoas que você se acostumou a ver como amigas poderão traí-lo e fazer coisas que você não esperava. A maneira mais rápida de decepcionar-se com alguém - e viver se decepcionando - é esperar atitudes das pessoas, porque elas estão prontas a serem apenas aquilo que é de sua essência. Se você esperou mais, é porque não soube ler nas entrelinhas.

Viver é difícil, quando se perde os detalhes...

Exatamente por isso, há muito tempo não espero nada de ninguém, e jamais me precipito a chamar alguém de 'amigo.' Meus amigos são escolhidos com muito cuidado. Talvez por causa disso, há muito tempo não me decepciono!

E, se por um acaso, alguém tenta me ferir, eu sempre penso no porquê de eu ter atraído aquela situação para minha vida, pois sei que somos todos responsáveis pelo que entra e sai de nossas vidas. Responsabilizar outras pessoas pelo mal ou pelo bem que nos acontece é irresponsabilidade. E, assim como eu atraio certas situações, posso também repelí-las, caso sinta-me infeliz com elas. Abrir e fechar portas são atividades corriqueiras da vida. Não sou de reclamar. Não cultivo autopiedade. Não acho que eu seja uma pobre vítima a quem alguém possa estar ferindo sem nenhuma razão, e nem me vejo como estando indefesa diante das situações que a vida apresenta.

Se alguém me desagrada, tenho algumas alternativas:

-Responder à altura. O que faço, quando acho que vale à pena. Principalmente se eu estiver indo em defesa de alguém que amo, e que foi, inadivertidamente, atingido pela sujeira que me jogaram.

-Ignorar. Isso eu faço quando nem vale a pena o aborrecimento. Ou então, dependerá de meu senso de humor no momento... 

-Conversar e tentar resolver a situação - quando a pessoa em questão for muito importante para mim.

Viver é estar exposto. É ser alvo. Viver não é para os frágeis. Todos nós, um belo dia, teremos que cruzar pântanos. É quase impossível passar por um sem ser respingado pela lama que lá está. Mesmo assim, prefiro cruzar meus pântanos a estagnar à beira da floresta, lamentando-me pela lama do caminho.



Eu Hoje Amanheci Pensando...





Ao abrir dos olhos,
Uma lembrança veio,
E outra, e mais outra...

Uma voz, um sonho,
Um sentir tristonho,
A saudade intensa
E que não descansa...

Ah, vida, por que,
Diga de uma vez,
Por que vem, assim,
A saudade em mim?...

O melhor seria
Não sentir, não ver,
Eu me esqueceria,
Não... não esqueceria!

Pois você passou
Como um raio afoito,
Um rasgão de luz
Pelo céu da tarde...

E deixou de si
Uma vida breve,
Uma vida inteira,
Uma vida ...



terça-feira, 10 de abril de 2012

Aparência









Tantos rostos, tantas faces
A vagar por estas ruas
Entre as minhas e as tuas!...

Vem o tempo, muda a cara,
Mas aquela coisa rara...
Nem o tempo a envelhece!

Aparentemente, a mente
Se disfarça muito bem
Entre caras, entre bocas...

E as veras emoções
Disfarçadas de intenções,
Ah, são poucas, muito poucas...

Quem me dera ter na face
O olhar surpreendido
De quem enxerga um bom disfarce!

Pois quem sabe, a minha face
E a tua, se mesclassem
Sublimando toda classe!




Olhe em Volta!






Estive pensando nas vezes em que as pessoas se entristecem por não se darem ao 'trabalho' de olhar para o que está em volta delas. Elas não sabem o quanto minam o próprio poder de viver e crescer, ao dizerem coisas como "Não sou capaz..." ou "Eu seria mais feliz se..." Acredito que o mundo é um lugar muito bem planejado - pelo menos, na ideia original, e que existe um lugar e um motivo para todos que estão aqui. Quem sabe, eu não tenha nascido para ser uma cantora rica e famosa, mas tenha uma missão de vida que está aliada a algum outro talento? E quando gasto meu tempo tentando seguir caminhos que não são meus, tudo o que ganho é frustração e tristeza... que acaba virando uma revolta contra a vida!

Mas como consigo descobrir meus talentos? Um dia, li uma frase que dizia que, um talento se revela quando, ao fazermos alguma coisa, sentimos tanto prazer, que nós o faríamos de qualquer maneira, mesmo que de graça. Concordo com esta frase em parte, pois na vida, todos precisamos ganhar dinheiro. Se não conseguirmos ganhar dinheiro através de um talento, isto não significa que devemos deixá-lo de lado. Existem maneiras para que possamos conseguir fazer aquilo que amamos e que nos realiza, e ao mesmo tempo, ganharmos o dinheiro que precisamos através de algo que fazemos para nossa sobrevivência; mas o ideal, é que consigamos alinhar nosso talento ao nosso ganha-pão... mas a vida nem sempre corresponde ao que acreditamos ser o nosso 'ideal.' Afinal, do quê nós realmente sabemos?

Acho importante cultivarmos sempre alguma magia... existe uma coisa mágica na vida que faz com que ela seja ... uma mágica experiência! Mas para que possamos sentir e viver esta magia, a magia das coisas que acontecem, precisamos fazer uma coisinha bem simples, da qual frequentemente nos esquecemos: olhar em volta. Ser feliz agora. Com o que eu tenho. Desejar mais, mas sem nunca maldizer o que já tenho. Há tanta gente que odeia a casa onde mora, a cidade , o trabalho que faz... e passa tanto tempo cultivando essa negatividade, que não pensa em mais nada! O outro vira sempre o inimigo, o depositário de todas as frustações... quando tudo o que cada um vive, tem a ver consigo mesmo!...

Quando projeto no outro a culpa pelos meus problemas, é porque existe alguma coisa EM MIM que eu não estou conseguindo enxergar (talvez nem sequer esteja tentando). Eu não estou olhando para dentro de mim. Também não estou olhando em volta, para a vida, para as oportunidades que passam por mim, me olhando de soslaio, e que deixo escapar sem nem sequer esticar um braço na direção delas. Eu mesma faço isso de vez em quando... quando percebo, o momento passou. Acho que é um vício maldito da condição humana, mas ele precisa ser extirpado. Bem, o primeiro passo, é percerbermos o que estamos fazendo, e reverter o círculo vicioso.

Tenho tentado. Quero conseguir.


Inocência










A inocência 

Deixou o mundo

No último trem

Da fantasia.




Levou consigo

Muita alegria,

E um bom pedaço

Da tal magia.




Ouvi dizer

Que atrás de si

Ela esticou

Um longo fio...




E deu-lhe o nome

De esperança,

(Só a alcança

Quem acredita).





segunda-feira, 9 de abril de 2012

OUTONO







Dos goles que tomo

Da vida

Os melhores

E mais longos

São no outono.




Ah, semi-sono burlesco,

Entre folhas ressecadas

E brotos por nascer!

Tanto a se dizer,

Nada a se antever,

Nem verão!...




O outono

É o sono da vida,

Sono leve, desejado

Depois de um verão cansado...

Versos Gratuitos





De dentro de mim, jorram versos,

Palavras que vem de minha alma

E que se derramam, de graça,

Pelo vasto espaço cibernético.

Mas sei, quando alguém me cobrar

Um dia, pelos versos que faço,

Para eu ter direito ao espaço,

Restar-me há uma saída:

Em brancas folhas de papel

Hei de derramar minha vida,

Esquecendo-a pelos bancos

Das praças, parques e igrejas...

Talvez venha a chuva, e as lave,

Levando-as na correnteza,


Talvez venha o sol e as queime,

Desbotando-as, com certeza...

Ou, quem sabe, alguém as leia

Guardando-as dentro de um livro?

Se for este seu último abrigo,

Terei, finalmente reunidas

As partes de minha vida.


Como o Dia







Assim, despede-se o dia
Do seu tempo de viver:
Entre laranjas , vermelhos,
E um raio de sol a morrer...

Um último grito de pássaro,
Cigarras no meio do mato
Cantando a não mais poder...

Despede-se o dia, sem dores,
Sem saudades ou temores,
Por trás daquela montanha,
Ele apenas adormece.

Vem a noite, ele se entrega
Ao seu escuro abraçar,
Sem receios do que é negro,
Sem desejos de brilhar.

Desperta o dia, sem planos,
Sem caminhos tracejados,
Entre amarelos, vermelhos,
Mil tons de um lindo rosado...

Desperta o dia, entre os risos
De um coral de passarinhos
Quer chova, quer faça sol,
Erguem voo de seus ninhos.

Vem o dia, vai-se o dia, 
Chega a noite, vai-se a noite...
Os rosados e amarelos,
Os laranjas e vermelhos,
E os pretos cravejados,
E a lua nacarada,
E eu aqui, ao teu lado...




Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

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