Antes de começar este texto,
gostaria e deixar claro a quem possa interessar que eu não sou uma pessoa caridosa. A caridade
exige um grau de abnegação e entrega que eu não tenho. Mas alguma coisa eu
aprendi, pois sou observadora e tento me aprimorar, embora esteja consciente de
que há, para mim, mais caminho a percorrer do que percorrido na estrada do que
chamam sabedoria, e sei também que jamais percorrerei todo este caminho nesta
vida – se há outras, eu não sei, mas creio que há – e se assim for, ainda teria
que nascer muitas vezes para que me sinta próxima à sabedoria.
Aprendi na Bíblia, que eu leio
frequentemente, embora não siga todos os preceitos por ela indicados, que a
caridade é mais do que apenas dar daquilo que nos sobra. Não significa dedicar
um pouquinho de tempo livre aos necessitados, referindo-nos a este grupo de pessoas
com tons de superioridade espiritual como seu eu me considerasse a sua
salvadora. Não significa propagandear aquilo que eu faço de bom por alguém,
expondo esta pessoa ou pessoas. Caridade verdadeira nunca é alardeada ou
utilizada para fazer propaganda de si mesmo, como bem fazem a maioria dos
políticos ao redor do mundo. A verdadeira caridade é aquela que dá e olha para
outro lado, esquecendo-se imediatamente do que fez.
Da mesma forma, a pessoa
verdadeiramente caridosa, não espera ou exige que os outros sejam como ela.
Sabe que cada um tem a sua missão e está em um degrau diferente da evolução
espiritual, e portanto, contenta-se em fazer o que pode e deixa em paz quem
pensa diferente. O caridoso não se utiliza da sua caridade para apontar erros
alheios.
Muito menos se esconde atrás
dela. Não a usa como expiação para sua maldade escondida. Não aponta o dedo
aqui e depois prepara uma saída estratégica do tipo “Vou ali fazer uma
caridadedezinha e já volto”, como se a caridade fosse redimir seu lado obscuro.
Não acredito naqueles que falam muito de sua própria luz e brilho enquanto
apontam, com dedos sujos, a escuridão alheia, colocando-se acima dos demais.
Temo aqueles que dizem-se grandes
líderes da humanidade e que controlam grandes massas de pessoas cegas e
desesperadas, prontas a obedecê-los a fim de alcançar a salvação. Pois são
assim seus seguidores: teleguiados. Se o líder apontar para alguém e ordenar: “mate!”
Eles o farão. Não pensam por si mesmos. E acham que depois de perpetrarem seus
crimes, basta uma pequena oração ou uma pequena caridade e tudo estará bem.
Tudo neste mundo tem o seu
oposto: para a luz, a sombra; para o bem, o mal. Tem sido assim desde o
princípio da humanidade, mesmo antes que qualquer religião tivesse sido
estabelecida. Há um ponto de equilíbrio
- ou pelo menos, deveria haver – que nos mantém no centro. Ninguém é luz
e bondade o tempo todo, e não acredito naqueles que dizem evitar contendas
(abertamente), enquanto as perpetram, vingando-se de seus desafetos
anonimamente e depois fazendo uma retirada estratégica que lhes traga a
remissão dos pecados. Justificam-se dizendo: “Fiz pelo seu próprio bem.” Não;
fizeram para que fossem aplaudidos. Seu ego e sua arrogância precisam sempre da
confirmação do quanto são bondosas, abnegadas e espiritualmente elevadas.
Do que eu acho que elas precisam?
Bem, já que não sou caridosa, e como tenho sido apontada e julgada por esse
tipo de pessoa, dou-me o direito de opinar: elas precisam confrontar seus
próprios demônios. Deixá-los sair e olhar bem dentro dos olhos deles, e aceitarem
a sua sombra ao invés de projetá-las sempre nos outros. Precisam permitirem-se
ser pessoas normais, ao invés de jogarem-se nessa infrutífera e hipócrita busca
por uma perfeição espiritual que JAMAIS alcançarão. Acho também que elas
precisam de muita análise. Anos de divã. E não o digo de maneira pejorativa,
pois um bom profissional pode realmente ajudar a qualquer um que esteja em
busca de si mesmo.
Quando comecei a escrever pela
primeira vez na internet, em 2008, após alguns meses percebi que essas pessoas
me perseguiam como os fariseus perseguiam os cristãos. Ou quem sabe, como os inquisidores perseguiam as bruxas na Idade Média. Do que elas tem medo? O que
será que procuram em meus escritos, por que debruçam-se tão demoradamente sobre
o que eles chamam de “Encarnação do Mal” e “Energia Negativa”, entre tantas
outras coisas? Talvez elas procurem por aquela parte delas mesmas que tanto
sufocam e não tem coragem de admitir que existe. Quem sabe?... talvez seja esta
a minha missão: encarnar o mal. Ou aquilo que chamam de mal. E levar seu peso
pelo mundo, sobre as minhas costas, para que ele sirva de espelho para os
supostamente caridosos, bondosos e abnegados.
Bom dia amiga Ana, pois é, tem disso no mundo, pessoas que fazem e alardeiam exigindo que todos façam o mesmo, as diferenças não são respeitadas.
ResponderExcluirA verdadeira caridade está no respeito, cada qual tem o seu jeito, sua forma de ver a vida e o mundo, não sou caridosa também, acredito que pessoas nasçam com seus dons, resgatando quem sabe dívidas contraídas em vidas passadas, mas como não trazem as lembranças disso recaem nos mesmos erros, os piores são os julgamentos sem fundamentos, os apontamentos do dedo indicador, "eu faço e você tem de fazer também o bem que acho que faço", bem por aí!
Gostei de ler e até achei bem corajoso o seu texto, pois creia amiga, irão te criticar, se prepare!
Abraços e te digo, gosto de pessoas transparentes assim como você!
Sou um dos q não acreditam em Caridade ou em Altruísmo ... sempre permeado por algum interesse por trás ... é da natureza humana ser assim ... os hipócritas q o fazem e ainda alardeiam e ainda nos cobram são os piores ...
ResponderExcluirBeijão
Ana Bailune, li e reli o teu texto, o assunto é do meu interesse. A caridade é muito diferente da "caridadezinha". Ser-se caritativo, pode ser apenas ajudar com bons conselhos, porque muitas vezes pode ser só o que temos para dar. Ser sempre solidário com o nosso semelhante. Deus disse que a tua mão esquerda não veja o que faz a direita. Isto quer dizer: dar não é humilhar (quantas vezes a caridade é humilhante). Eu suma a caridade pode ser só indicar o melhor caminho a seguir.
ResponderExcluirBeijos
O seu texto demonstra muita verdade. Creio, infelizmente, que a humanidade tem muito ainda que caminhar para alcançar um ponto bom em que predomine a fraternidade.
ResponderExcluirBeijos.
Ana, a verdadeira caridade está no silêncio e no anonimato. É fácil dar o que nos sobra, não faz falta mesmo. Difícil, na maioria das vezes, é oferecer os ouvidos sem nada dizer. É não criticar para não magoar. É saber respeitar. Bjs.
ResponderExcluirOlá, Boa tarde, Ana
ResponderExcluirsim,li atentamente...sim,há muita "confusão" entre a verdadeira caridade e a "caridadezinha"... A caridade se sedimenta no nosso comportamento tanto mais quanto mais o quisermos, sem angústias ou pressas. E começa nas pequeninas coisas. Pensar na caridade sem ser de cima para baixo, pois somos seres que deveríamos caminhar lado a lado, todos necessitados recíprocos....e os "caridosos,abnegados e bondosos"que apontam o dedo precisam entender que a verdadeira caridade ocorre quando se mantem a fraternidade de, na altura certa, dizer o que se pensa, ou o silêncio...
Obrigado pelo carinho,belo dia,beijos!
Á caridade tem que vim de dentro,sem nada esperar.
ResponderExcluirNão adianta fazer o bem! Esperando algum tipo de recompensa.
Mas infelizmente o ser humano,quando faz alguma, está sempre esperando algo em troca!!
Bela palavras Ana.Beijinhos.
Gostei muito do seu texto.
ResponderExcluirComecei a praticar a sabedoria da caridade aos 8 anos. Ja percorri um bom caminho, mas falta muito.
Beijos de paz e luz
Beleza de reflexão Ana e bom desabafo tambem.
ResponderExcluirA vida tem de tudo mesmo e sempre estamos à mercê de um Torquemada.
Eu creio que há pessoas voltadas para a caridade e levam a vida nesta missão.
Carinhoso abraço amiga e belo fim de semana.
Bom dia Ana,
ResponderExcluirPois é, o ego, se é bom tê-lo para que nos sintamos bem na nossa pele e para que tenhamos uma autoestima adequada, se for demasiado alimentado, particularmente quando tentamos compensar as nossas inseguranças, frustrações ou limitações, pode tornar-se em algo extraordinariamente desagradável.
O seu texto fez-me recuar no tempo, muitos, muitos anos. Era eu miúda, talvez com 12 ou 13 anos, e um dia conversando com a minha Mãe, a qual toda a vida se tem dedicado à caridade, não à caridadezinha, disse-lhe algo que a fez ficar a pensar durante vários dias.
O que eu disse foi o seguinte: A Mãe faz essas coisas todas porque gosta, mas isso não deixa de ser uma forma de egoísmo, pois essas ações, para além de poderem ajudar os outros, dão-lhe uma satisfação pessoal muito grande e servem para que dê a si mesma umas” palmadinhas nas costas” dizendo a si própria: “Oh, como sou boa pessoa”.
As palavras que eu disse nessa altura à minha Mãe têm-me acompanhado ao longo da vida e sempre que ajudo alguém, sempre que me meto em atividades solidárias, elas “batem à porta”, para me questionar se estou na verdade a ser caridosa ou solidária, ou se só me estou a “armar-me em boazinha”.
Só para finalizar, os que mais criticam e se armam em “santos”, são normalmente os muito falam e pouco fazem.
Abraço
Oi Ana, Seu texto é forte, mais eu considero muito mais caridade o que você faz, você se desnuda em poesia e permite que aprendamos com você, que a vida não é sonho: é uma grande realidade que inclui beleza, bondade, maldade e tantos outros sentimentos. Caridade Ana, é o que fazemos todos nós, à medida que abraçamos uma pessoa, que naquele momento precisava de um abraço; caridade é sorrir, olhar, uma palavra que seja no momento que o outro precisa.
ResponderExcluirEgoísmo de quem se fecha em ostra, vive apontando os outros e usa um leite e um pão para mostrar que é caridoso.
Caridade é muito mais que dar, é amar seu próximo e não se ressentir se o próximo brilhar mais que nós.
Nem pense nessas coisas pesadas, você é do bem e é um bem que enobrece, que cala fundo em nosso coração.
Perdoe, mas eu te amo muito, amo a forma como se expressa, amo a sutileza do seu olhar, se fosse o mal, não iria olhar para você como uma filha que gostaria de ter.
Que seja sempre muito abençoada, abraços carinhosos
Maria Teresa
Eu não poderia deixar d responder ao teu comentário, Maria Tereza, que muito me comoveu e encantou. Muito obrigada mesmo! a gente sempre se sente mais próximas de algumas pessoas que de outras, e seu comentário é a prova de que afinidades podem existir entre pessoas que jamais se viram pessoalmente. meu carinho.
Excluirana vim te conhecer e agradecer sua visita...
ResponderExcluirA Biblia é cheia de mistérios com ela a preciosidade do conhecimento e da fé...
Um beijo amiga