segunda-feira, 21 de julho de 2025
MOTIVOS
terça-feira, 8 de julho de 2025
A ÁRVORE
Quando uma folha cai da árvore,
Ela não volta jamais.
Solta-se,
Desce sinuosamente, pousando no gramado,
Bem devagar.
E então, ela acaba de secar.
A árvore solta o que está seco,
O que morreu,
O que a intoxica.
Assim, gera frutos plenos,
Repletos de açúcar
E sem cica.
sábado, 21 de junho de 2025
DESAPRENDA
Desaprenda
E se desprenda
Da rede invisível que sufoca.
Questione, e nunca, jamais,
Se abandone!
Não deixe que ninguém te ensine,
A auto indulgência, a pena,
-Nem mesmo este poema!
Olhe sempre com os olhos fechados,
Olhe para dentro, mesmo que os olhos ardam,
Ou caiam desse rosto escandalizado!
Desaprenda, e enfim,
Compreenda!
Escute além do que é dito,
Entenda o que está escondido
Além da explicação!
Aprenda a ser visionário,
Adivinha, médium, sensível,
Não tenha medo de ser risível
Muito menos, de ser julgado!
Nesse mundo de hoje em dia,
A coisa mais necessária
É não aceitar verdades impostas,
As bostas que nos empurram
Gargantas abaixo.
Não se ponha em qualquer lado,
Não tente escolher o certo
Ou apontar o errado,
Fique em silêncio,
Mas tenha sempre aceso
O discernimento!
Não tente impor coisa alguma,
Mas não aceite sem mastigar
E sentir o gosto daquilo
Que querem que você engula
E que pode até matar!
Aprenda a erguer limites
E acima disso tudo,
A aguentar a solidão
Por mais que ela grite.
quinta-feira, 12 de junho de 2025
ESTRANHEZA
Eu sou de outro país,
De outra época, há muitos anos,
Milênios, talvez.
Não sei quem me fez,
Mas jamais me esqueci
De quem me desfez.
Eu venho de alguma galáxia
Muito distante,
Não tem alguém que a alcance,
Ou alguém que fale a minha língua
Ou cure a minha íngua.
Quem me olha, nem percebe
Que eu já não estou,
Que eu fui embora
Há muito tempo,
Sou uma folha verde que caiu mais cedo
Derrubada pelo vento.
quarta-feira, 11 de junho de 2025
FREIRAS DANÇANTES, PADRES CANTANTES, PASTORES MIRINS E AFINS
Não tenho nada contra freiras dançantes e padres cantantes.
Bem, se isso fosse totalmente verdade, eu não estaria escrevendo este texto.
Não sigo religião nenhuma, embora leia muito sobre quase todas elas – catolicismo, budismo, espiritismo, protestantismo, hinduísmo, bruxaria, umbanda, e até mesmo satanismo. Porque eu gosto de saber. Gosto de conhecer, mesmo não seguindo. Sigo páginas de pastores, budistas, agnósticos, macumbeiros, enfim, não tenho preconceitos.
Meu único problema é com a hipocrisia.
Eu acredito que, quando um sacerdote se coloca sob uma denominação religiosa, ele deve seguir o que aquela denominação prega. Freiras maquiadas dando entrevistas em podcasts e dizendo que amam quando as elogiam pela sua aparência, não me parecem confiáveis. Padres cantantes cheios de botox, que viram influencers e passam a se vestirem com calças apertadas e roupas caríssimas de marca, também não me parecem confiáveis. Budistas que descriminam este ou aquele grupo de pessoas por causa de suas preferências políticas, não seguem os preceitos do budismo. Pastores que exigem que seus fiéis façam 'pixes' altíssimos em suas contas, não me parecem honestos. Talvez essas pessoas sejam ótimas, mas não nasceram para o sacerdócio. Poderiam ser excelentes filósofos, escritores, influencers... mas padres, monges, pastores e freiras, não.
Acredito que todos já viram algum trecho em vídeo daquele pastorzinho fake que não conhece a Bíblia fazendo pregações - chega a ser bizarro. O moleque foi criado para ser uma máquina de arrancar dinheiro de otários. E como tem otários dispostos a contribuir com esses absurdos! Cada fala dele é uma encenação, algo ensaiado exaustivamente. Fizeram uma lavagem cerebral na criança e criaram um monstro.
Por isso, não sigo nenhuma religião. Cada uma é uma coleção de absurdos abençoados por um deus que não existe e jamais existirá na minha vida. Porém, a cada um o direito de fazer o que quiser, só não tentem me converter a nada. Prefiro essa minha religiosidade solitária– que também não pretende converter ninguém - praticada dentro da minha casa e em meu jardim. Gosto da oração que sai do coração todos os dias, da gratidão sincera pelas mínimas coisas, da vela acesa apenas pela luz que ela propaga, do incenso que queima pelo seu perfume. Gosto daquele deus que habita dentro de mim e que não me entrega nada, a não ser a mim mesma, a não ser a natureza, a não ser a paz de uma noite bem dormida.
Gosto do Deus que me ampara e protege do mal, principalmente do mal que existe dentro de mim mesma, pois é através dele que o mal que vem de fora pode encontrar um caminho até mim. E quando o mal consegue penetrar, esse deus me ensina a me limpar, e ele volta exatamente para aquele que o enviou.
Minha religião?
O sol, a chuva, a natureza, os bons livros, as orações ditas no silêncio da minha casa, os animais, a solidão escolhida conscientemente e que só é quebrada quando eu quero.
O que isso me traz?
Paz. Exatamente o que o mundo me tira.
terça-feira, 3 de junho de 2025
O QUE É A VIDA?
ENCONTRO MARCADO
Às vezes, me vem em sonhos,
Cabelos em tons de sépia
Um tom de voz que nem me lembro
Um olhar sempre distante,
Perdido em lugares ermos.
Está diante de mim,
Ao mesmo tempo, distante,
E ao segurar minha mão,
Me conduz a um lugar
Que fica sempre adiante,
Mas que eu não posso entrar.
Se me fala, o faz sempre
Com os lábios bem cerrados.
A paisagem da distância
No olhar envidraçado.
E quando acordo, mal lembro
Daquele encontro marcado
Sem ter hora e sem saudade,
Entre o meu tempo e o outro tempo,
Um caminho enviesado,
Marcado na eternidade.
MEMÓRIA
Uma tarde morrente.
As últimas luzes tentam iluminar a mesa da cozinha.
A mulher se debruça ao acaso
Sobre as folhas de jornal que embrulhavam os ovos:
Velhas notícias.
Chia a panela de pressão
Enquanto a menina tenta terminar as tarefas da escola.
Mãe e filha ausentes,
Cada qual no seu mundo;
Um mais colorido, outro mais profundo,
Tão profundo, que ela se agarra às boas lembranças
A fim de não se afogar.
A criança, em seu mágico mundo da imaginação,
Entre noves fora e multiplicações
Olha para fora, para as folhas do coqueiro na casa vizinha,
E cria esta memória.
sexta-feira, 23 de maio de 2025
NOSSA CASA AGORA É VERDE
O PADRE É POP?
“Estou pensando em largar tudo,”
ele afirmou. E espero que largue mesmo.
Em primeiro lugar, largue a
batina. Largue também as convenções sociais e assuma-se como é. Largue a
necessidade de validação através de outras pessoas, e largue essa vaidade e
esse ego imensos que tomaram conta de você. Largue a imagem de padre que ainda
permanece apenas para encher estúdios e lotar shows. Largue da necessidade de
postar cada coisinha sobre sua vida pessoal, pois nesse mar de tubarões, o que
mais atrai é sangue.
Largue tudo isso, e seja apenas o
que é: um excelente escritor e influencer digital. Um ser humano cheio de
falhas e defeitos como qualquer um de nós, mas que tenta acertar e se
encontrar. Só que ninguém se encontra negando aquilo que é, mentindo a si mesmo
e a todo mundo. E nesse Leito do Eterno Desencontro é onde se deitam a
depressão, a síndrome do pânico e a ansiedade.
Largue tudo isso. Largue-se. Seja
feliz.
quarta-feira, 30 de abril de 2025
LIBERDADE
O que não brota de dentro
Não cresce do lado de fora.
Por vezes, será preciso
Regar com o próprio sangue
A fraca raiz que chora,
Para que um dia, o riso
Possa nascer sob os lábios
Que hoje em dia, se crispam.
É preciso dizer não,
É preciso ir embora,
Gritar ao mundo o que dói,
Por sobre o medo que aflora
Para que os que ficam, possam
Em um futuro longínquo
Viverem tempos de glória.
É preciso ter coragem,
E isso não é tão fácil...
Existem foices que cortam
Sempre que alguém ergue um braço.
Que possa haver, mesmo assim,
Uma voz, uma canção
Que possa escrever um “fim”
Sobre o que foge à razão.
terça-feira, 22 de abril de 2025
CALADA
É que às vezes
Me bate um cansaço
Que estanca o passo,
Paralisa o olhar,
Afrouxa o laço.
Um enorme cansaço
De ter que explicar,
De fazer a memória
Esquecer
Para poder continuar.
Não é que ainda doa,
Pois a pele frágil
Já cicatrizou,
E a dor que doía
Do espinho nas solas
Há muito passou.
É apenas cansaço
Ao ouvir um “Por que?”
E saber que a resposta
Daria outra história...
Tão longa e absurda
Seria a estrada
A se percorrer!
E assim, a palavra
Escorre entre os dentes,
Jaz, dependurada
Na ponta do lábio,
E tomba, calada
No meio da rua
É pisoteada,
E silenciada
Antes de ser dita,
Antes de dizer.
quarta-feira, 9 de abril de 2025
O MEDO
O MEDO
O medo é uma voz que grita,
Mas só a ouve quem teme.
Mas quem a teme, disfarça
O coração que se esgarça,
A voz sumida, que geme.
O medo é um passo perdido
À beira do desabrigo.
Não tem coragem de ir,
Também não pode voltar.
Os pés, suspensos no ar,
Sobre a estrada, divididos.
O medo escreve uma história
Que a vítima não quer ler.
Enquanto prega a coragem,
Atrasa a própria viagem
No afã de não morrer.
O medo é a mão que apedreja
Porque não sabe viver.
terça-feira, 1 de abril de 2025
ESFORÇO
A vida demanda esforços. Nem tudo vem fácil, mas tudo vai fácil.
Começar nem sempre significa ter tudo prontinho, preparado, com todas as cartas na mesa. A gente começa com o que tem, e pronto. Com o tempo, vamos acrescentando outras coisas, melhorando, crescendo. E de vez em quando poderá haver reveses. Daí a gente volta, respira, olha para o que perdeu, aprende, respira fundo... e recomeça.
Pensando na vida, me lembrei de quando comecei a trabalhar de casa: eu dou aulas de inglês, e tinha acabado de sair de um curso após quatro anos de trabalho e dedicação e zero reconhecimento por parte dos meus empregadores. Antes, tinha trabalhado por seis anos em um outro curso do qual saí pelos mesmos motivos.
Estava tão insatisfeita, que deixei tudo para trás, saí cheia de dívidas e sobrevivi do seguro desemprego durante alguns meses. Eu acordava cedo e ia para a varanda da minha casa enrolada em um cobertor, ainda no escuro, e esperava o sol nascer. Lá eu pedia a Deus ou a alguém que estivesse me ouvindo que me mandasse uma resposta. Não tinha a menor ideia sobre o que iria fazer da minha vida.
Meu desgosto com a profissão era tão grande, que pensei em deixar de ser professora de inglês. Porque os cursos exigiam formação disso e daquilo, cursos de business English, aulas fora do ambiente do curso. E não queriam financiar nada, nem pagar melhor por isso.
E finalmente, após quase cinco meses, alguém escutou as minhas preces. Uma ex-colega de trabalho me ligou, me oferecendo um aluno. Minha insegurança atravessou o caminho e foi logo dizendo 'Não!' Afinal, eu não tinha computador, não tinha material, não tinha um local. Mas mesmo assim, ignorei meu bom senso e decidi aceitar o aluno. E ele me trouxe outro aluno, que me trouxe outro, e outro... comprei meu primeiro computador - um Positivo basiquinho que paguei durante um ano e que durou três anos - acrescentei uma impressora, montei uma salinha de aula em um quarto de hóspedes que foi transferido para o segundo andar da casa. Mais tarde, comprei um computador melhor. Isso começou no ano de 2001.
Continuei dando as aulas em casa, na minha salinha de aula, e às vezes eu tinha muitos alunos, às vezes, poucos, mas sempre tinha.
Veio a pandemia, e perdi todos - eu disse TODOS - os alunos que eu tinha. Ninguém mais podia sair de casa. Foi então que um aluno me sugeriu dar aulas pela internet. É claro que meu bom senso foi logo dizendo 'Não!' Você não tem uma boa conexão de internet, não sabe usar os aplicativos, etc, etc..., mas ele (o aluno) resolveu me ajudar e me ensinou. E aos poucos, meus alunos foram voltando e novos foram se juntando. Coloquei uma conexão melhor, e recomecei.
Já tive alunos na Itália, Canadá e até na Suécia. Não há limites para o trabalho online.
E lá se vão quase 21 anos dando aulas em casa - cinco pela internet. Nunca me arrependi de ter saído do mercado de trabalho convencional. Mas eu tive que começar. E comecei apenas com algumas folhas de papel e uma máquina de escrever velha. Era o que eu tinha. Mas eu também tinha conhecimento e boa vontade, e nenhum medo de trabalhar.
Aprendi que muitas vezes (quase sempre) a gente vive uma vida ruim por termos medo, por acharmos que o que temos é tudo o que podemos ter. Nos vitimizamos, nos colocamos para baixo e jogamos obstáculos em todas as oportunidades que aparecem. Mas eu tive coragem, e tive pessoas que me ajudaram: o apoio do meu marido para deixar o emprego, a indicação de um aluno por minha colega, a boa vontade de um aluno ao me ensinar a trabalhar pela internet. A todos eu sou grata.
O que não adianta, é alimentar o medo, a preguiça, o desânimo e as desculpas esfarrapadas que inventamos para nós mesmos.
sexta-feira, 21 de março de 2025
CINCO QUILOS
No seu conceber,
Cinco quilos me separam da esbelteza.
Cinco passos, até que eu seja
O 'eu'
Que você deseja.
Cinco meses, ou semanas, talvez,
Até que eu preencha as demandas
Que você me fez.
Mas tudo isso é uma questão
De ponto de vista.
Quem sabe, eu seja para mim
Finalmente, o que eu sempre quis?
Quem sabe, no seu coração
Não seja você mesmo
O real motivo
Da sua insatisfação?
.
.
.
Quem vive para preencher as expectativas alheias tem um sério problema.
quinta-feira, 20 de março de 2025
IMPORTÂNCIA
IMPORTÂNCIA
Apague meu rosto, não hesite.
Vire a página
À minha irrelevância.
Não é importante para mim
O que pensas
Sobre a minha importância.
A cada manhã, eu renasço,
Filha da mesma
Inconstância.
E a cada noite, eu me apago,
Sem qualquer desejo
De rutilância.
PERFIL
PERFIL
De frente, de lado,
Sorrindo, Calado,
Pensando num ponto
Cantado.
Tem gente que passa,
Os rostos virados,
Tem gente que teme
Mau-olhado.
Tem gente que lembra,
Tem gente que esquece,
Tem gente que sopra
Uma prece.
O rosto amarelo
Queimado, bem preso
Na velha moldura
Ovalada.
Já nem se vislumbram
Os traços gravados;
Um dia, nasceu,
No outro, finado.
Um dia, não sobra
Nem mais uma alma
Que saiba quem está
Sepultado.
Parceiros
À JANELA
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