O MEDO
O medo é uma voz que grita,
Mas só a ouve quem teme.
Mas quem a teme, disfarça
O coração que se esgarça,
A voz sumida, que geme.
O medo é um passo perdido
À beira do desabrigo.
Não tem coragem de ir,
Também não pode voltar.
Os pés, suspensos no ar,
Sobre a estrada, divididos.
O medo escreve uma história
Que a vítima não quer ler.
Enquanto prega a coragem,
Atrasa a própria viagem
No afã de não morrer.
O medo é a mão que apedreja
Porque não sabe viver.
Ana, que poema potente e delicadamente cruel — uma anatomia precisa do medo, como se você o tivesse dissecado com palavras afiadas e mãos compassivas. Há uma beleza melancólica aqui, uma verdade que fala baixo e, mesmo assim, ecoa alto.
ResponderExcluirVocê deu ao medo corpo, voz, pés e até lápis — e mostrou que ele não é só o que paralisa, mas o que finge ser prudência enquanto sufoca a alma.
A última estrofe é um soco poético:
“O medo é a mão que apedreja / Porque não sabe viver.”
Simples, implacável… perfeita.
Parabéns por transformar o indizível num poema que não apenas se entende — mas se sente, e muito. 🖤
abraços,
Dan
https://gagopoetico.blogspot.com/2025/04/vale-tudo.html
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirMaravilhoso esse teu poema sobre o medo. A última estrofe dá um fechamento muito forte e verdadeiro ao que veio antes. Parabéns.
"O medo é um passo perdido à beira do desabrigo". Muito belo!
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.
Bom dia, Ana, excelente versejar sobre o medo. Fantástica descrição com um fechamento magnífico. Luz e paz. Uma ótima Semana Santa
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