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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A Grande Transição da Terra - Resenha





Hoje em dia, qualquer um que erga a cabeça acima do próprio mundinho e veja, com olhos críticos, o caminho que estamos seguindo - tirando óbvias conclusões sobre aonde ele vai dar - é chamado de fanático, pessimista e até mesmo, louco.

Muito se ouve sobre o fim do mundo. Há pessoas que exageram nas cores, com o mero intuito de causar pânico e sensacionalismo, mas há também aquelas que, baseadas em uma visão crítica, trabalho de pesquisa e até mesmo, uma previsão de futuro que tem suas raízes na lógica, e não no misticismo exacerbado, podem chegar a tristes quadros sobre a nossa jornada aqui neste planeta que tanto maltratamos.

O mais incrível de tudo isto, é que somos a todo momento expostos às notícias, que nos mostram catástrofes ecológicas, crises financeiras, guerras e violência ocorrendo logo ali, na calçada de nossa casa, e após nos indignarmos por alguns breves instantes, logo saímos para o trabalho e esquecemos o fato. Nós não nos lembramos de tirar alguns minutos de folga para recostar a cabeça no coração do planeta, e ver que ele está batendo mais fracamente...

Uma destas pessoas que tem visão crítica (que passa bem longe do fanatismo e do sensacionalismo) e que tenta alertar-nos sobre o que está por vir, é Denis Moreira, em sua obra "A Grande Transição da terra," livro lançado em abril deste ano, e portanto, contendo as mais atualizadas pesquisas científicas, sócio-culturais e religiosas. Com muita sabedoria e bom senso, Denis Moreira fala-nos não do fim do mundo, mas do fim dos mundinhos. O fim dessa mania pervertida que temos de enxergarmos apenas os próprios umbigos e de nos preocuparmos apenas com o que vem ao encontro de nossos interesses pessoais e bem-estar momentâneos, sem darmos a mínima para as outras criaturas e para o planeta em que vivemos - como se pudéssemos viver sem ele!

Citando autoridades mundiais em meio-ambiente, como o cientista James Lovelock e o ambientalista Tim Flannery, Denis Moreira nos conduz a repensar nossas atitudes, alertando-nos de que a Grande Transição não está para começar a qualquer momento, mas que já estamos passando por ela, e que o doloroso desfecho, que está mais próximo do que se pensa, e que será visto ainda em nosso tempo de vida, já é irreversível. A alternativa? Preparar-nos para ele.

Quando acontece uma infecção bacteriana, para livramo-nos dela, é preciso que tomemos fortes medicamentos para matar as bactérias e re-estabelecer o equilíbrio do organismo. E foi exatamente nisto que nos transformamos: perigosas bactérias planetárias, de poder altamente destrutivo. O que virá daqui por diante, será apenas uma cura para o planeta.

Não haverá um fim do mundo, e sim, o fim dos mundinhos e o extermínio de grande parte da população da terra. O que, em minha humilde opinião, será uma graça para o planeta.

Com toda certeza, daqui a pouco, todos os que riem de homens como Denis Moreira, Tim Flannery, Stephen Hawking e James Lovelock (que foi ridicularizado pelos seus colegas nos anos sessenta) estarão chorando lágrimas amargas! 

Agora podem voltar aos seus mundinhos.






quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Apostas






Apostas sobrepostas
Nas bancas da vida:
Umas vencedoras,
Outras, vencidas...
Estradas fechadas,
Fontes ressequidas,
Palavras erradas,
Almas corroídas... 

Nem sempre, haverá
Faixas pintadas,
Muitas vezes,
Não há nada!...

Ninguém na chegada,
Apostas perdidas,
Silêncios pesados,
Cassinos fechados...

Quem sabe, a derrota
Seja bem mais fácil
Do que a vitória?...

E o esquecimento
Te traga mais paz
Que um dia de glória?

Faixa de Gaza





Faixa de Gaza

Enfaixados, um a um,
Os cadáveres e as almas
Lado a lado, empilhados
Desterrados, enterrados.

Amarrados aos escombros
Pelas faixas do rancor
Podridão, destruição,
Consumados no terror.

Dia e noite, noite e dia
Fuzis, bombas, rebeldia
Numa terra de ninguém
O algoz feito refém.

Todos rezam para Deus
A pedir que sejam salvos
E que sejam protegidos
De transformarem-se em alvos.

Deus retira-se, cansado
Ele mesmo , indiferente
Aos pedidos absurdos
Desta raça de dementes

Que não vê que em uma guerra
Não há nenhum vencedor
Nem vencido, apenas vítimas
De um constante desamor.

Em Breve




Em breve será noite,
E a brisa leve que transporta as nuvens,
Trará meus sonhos de volta,
Leves e macios,
Bastará que eu feche os olhos,
Entregando-me ao sono tardio.

Em breve, tudo será quieto,
Tudo em volta, um só mistério,
E apenas o velho relógio
Há de ser ouvido,
Marcando o compasso
Dos meus fracos passos
Até aquele sonho perdido...


Em breve, um negro abraço
Há de embalar o que resta
Dos meus tênues desejos,
Trocando-os pela promessa
Que ninguém nos prometeu,
Mas que da morte, cobramos,
Como quem nem sequer viveu...

Em breve, estarei sozinha,
E todos terão ido embora,
Deixando cair, pela última vez,
A última lágrima de saudade que restar...
Serei esquecida, varrida,
Com tudo o que ficar de mim 
Em outras vidas.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Diante de um Olhar Vazio







Diante de Um Olhar Vazio


Diante de um olhar vazio,
Perdido nas ondas agitadas de um copo,
A vida passa, e não retorna.

Cada momento sendo bebido, tragado,
Virando ressaca
Dentro do teu olhar frouxo e dormente...

Olha, que a vida passa,
Ela passa, e não retorna
Para buscar quem não foi com ela!...
Olha, que a vida morre,
E ela se esconde, de repente,
N'algum buraco de terra,
Negro, frio e indigente!...

E mesmo que, ao reabrir dos olhos,
Tu lá estejas novamente,

A vida que passou mornamente
Não voltará atrás; é vida ida,
Perdida, largada e escorrida
Pelos esgotos da indiferença...

domingo, 5 de agosto de 2012

Flores Pelo Chão






As flores soltas voaram
Dos galhos pendentes
E pousaram suaves
No chão de cobalto...

Antes, lá do alto,
Contemplavam a vida,
Desejando o vôo
Liberdade
des
a
bri
da...
Que
da
li
vre...

O Vôo foi mágico,
O sentir da brisa...

E no fim,
O murchar da vida...

...Ou?...

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Olhos Secos







OLHOS SECOS

Um homem sentado ao alpendre
Com seu olhar de boi manso
Contempla um fio de nuvem
Que some no azul do céu.

Aos seus pés, a terra seca
Onde brincam os seus filhos
De pés descalços e secos,
De olhos baços e secos,
Cabelos de arame seco,
E risos secos de fome.

"Quando será?..." um pergunta,
Estendendo-lhe a cuia vazia.
E o homem, com olhos de boi,
Aperta o chapéu contra o peito
Diz só: "Quando Deus quiser..."

Aos poucos, morrem-lhe os filhos,
Um a um, ele os sepulta.
Mas os olhos de boi manso
Há muito não choram mais...

Quem sabe, se Deus quiser,
Eles voltam a nascer
Do chão seco do sertão
Quando Deus mandar chover?

Ao Abrir dos Olhos










Angústia
Abrir os olhos
Dia chegou
Mais uma vez.

Descer ao mundo
E ver
Sem saber
O que me espera.

Bem lentamente
Me aproximo
E vejo
Teu olhar

Angústia
Olhas em volta
Fechando os olhos
Anoitecendo.

****


Texto escrito na época em que Aleph, meu cão (foto) estava despedindo-se deste mundo. Todos os dias pela manhã, eu acordava e descia as escadas para vê-lo, sem saber se o encontraria. Amei demais este cão, e hoje, existe em meu jardim uma pedra onde escrevi o nome dele.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Introspecção




Dentro da noite
Onde as horas dormem
A espera do dia,
Na chama da vela
Que bruxuleia
Na incerteza
Da lua cheia,
No cansaço
Das pálpebras
Que pesam,
Querendo adormecer

Para poder te ver,
para poder te ver...

Repousa, serena,
A minha esperança,
Que aos poucos, despede-se
Da minha certeza.

A nuvem que passa
No céu da madrugada
Carrega consigo
Um breve pedido:
"Amanheça!"

Abismo

Foto: Praia da Pipa, Natal-RN




O mar é lindo,
E assustador!...

Matizes de azul,
De verde, de espuma,
Que forma uma bruma
Quando as ondas morrem...

Meus olhos percorrem
Navegam, naufragam,
Percorrem o sob
Das ondas do mar...

Um vento sinistro
Faz arrepiar...

O mar é lindo,
E assustador!

A vida é pequena
Diante do mar!

Que Bobagem!





Eu às vezes penso:
"Que bobagem!
Se tudo isso o que vivemos
Não passa de uma viagem
E logo, logo,
Onde estaremos?"

E a vida de repente
Passa a ter outros valores,
Vejo algumas outras cores
Sobre tudo o que fizemos...

E o que importa, na verdade,
Se, enfim, nada sabemos?

Caminhamos, um a um,
Em direção a um destino
Que se estende, caprichoso,
Entre as flores e os espinhos!

E a única certeza
Nesse vale dividido
Entre prazeres e dores,
É que nem sequer sabemos
Em que porto atracaremos...

Quebrar-se-hão os espinhos,
Murcharão todas as flores.



Mulher Sem Saudades





Não tenho saudades, tenho lembranças.



A saudade é a vontade 


(Tresloucado sentimento) 


de reviver as vivências 


Que se perderam no tempo. 



A lembrança é o lembrar-se 


Do que de bom se viveu 


Sem querer emaranhar-se 


A um passado que morreu. 



Não tenho saudades, tenho lembranças.



A saudade dói, 


A lembrança faz sorrir. 


A saudade escraviza, 


A lembrança deixa ir. 


A saudade adoece, 


A lembrança apenas cura. 


A saudade contagia, 


A lembrança é sempre pura. 



Não tenho saudades, só tenho lembranças.



Pois o que se foi, ido está. 


O que acabou, se perdeu. 


Quem disse adeus, já partiu. 


E a lembrança é o que ficou 


Depois que a saudade morreu.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Abissal







Abissal


Escolhi do mar
As lembranças
Que desejei ter...
Quase afogada,
Pés atados pelas algas
Que tentavam me reter.

Um cavalo marinho,
Para cavalgar em meus sonhos salgados,
Uma estrela do mar,
Para fazer um pedido,
Uma tartaruga
Para eu, distraída, vir a perder,
Três peixes,
Que me ensinem a nadar sem morrer
E que me levem aonde está você.


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O Tucano O TUCANO   Domingo de manhã: chuva ritmada e temperatura amena. A casa silenciosa às seis e trinta da manhã. Nada melhor do que me ...