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domingo, 8 de julho de 2012

Que Seja...





Que seja o meu derramar de palavras, independente da aceitação da maioria. Quando eu pegar na caneta, ou tocar no teclado, que venha para fora a minha verdade, o meu pensamento, sem censuras, sem dissimulações, sem medos. E se houver brandura , que ela seja gerada pelo respeito, e não pelo medo, sem jamais camuflar a verdade dos fatos.

Que seja o meu escrever, um exercício de prazer e necessidade íntima, e não de necessidade de aplausos; se eles chegarem, que venham através de meu mérito, como uma consequência, e não como um objetivo. 

Que o dom de escrever seja usado por todos que o tem como uma forma de demonstrar seus sentimentos, quem sabe, chegando àqueles que precisem das palavras que estiverem lendo, geradas por nós, exatamente daquelas palavras, por estarem vivendo um momento de dúvida e poderem ver nelas, uma resposta ou um consolo. E mesmo que apenas uma única pessoa as leia, que possamos fazer a diferença de modo positivo na vida daquele ser.

Para isso, nem todas as palavras deverão ser  fáceis... mas que sejam ditas.

Pois nem todas as palavras são bonitas.

Mas espero que as palavras, belas ou não,  não sejam uma distorção da realidade dos fatos, apenas para servirem de vingança! Quando isso acontece, todo mundo perde: quem as escreve, quem as lê e aquele a quem elas foram direcionadas. As palavras devem ser retas, limpas, sem segundas intenções, jamais retorcidas e moldadas como ferro quente, a fim de adquirirem, à força, o sentido mentiroso que queremos fazer parecer verdadeiro. Pois assim, maculamos a palavra.

Que a palavra seja dita de forma direta, e não indireta, cheia de segundas intenções, sentidos ocultos e ofensas veladas. Pois quem tem algo a dizer, deve dizê-lo de forma direta, ou então, calar-se... que a palavra faça de nós criaturas livres, libertas, íntegras, e não lobos em pele de cordeiro.

Coração Raso




Você me fez mil promessas
Tolamente, acreditei.
Plantou-me um jardim de flores
(Murchas, mas não notei...)
Inventou lindas histórias
Encantou meu coração.
Mas não vi, por trás das glórias
O desfecho da ilusão.

Em teus olhos sempre frios
Eu pensei ter visto amor.
Em teu abraço vazio
Desejei sentir calor.
Apertei, nas mãos, a flor,
Mas não vi, no meio, o cardo...
Como pude esperar tanto
Do fundo de um coração raso?

Copos Quebrados








Dia desses quebrei um copo e um saleiro, dos grandes, na cozinha. Foi um horror, pois o saleiro de vidro caiu sobre o copo, que estava sobre a pia, quando abri o armário. No copo, tinha açúcar. Bem, resultado: espalharam-se pelo chão, entre cacos e mais cacos, o açúcar do copo e mais de meio quilo de sal.


Varri tudo. Tive que lavar o chão, pois o sal tem uma gordura horrorosa que agarra e umedece, enquanto o açúcar, mela tudo, como todos sabem. Depois disso, que aconteceu há uma semana, fiz uma faxina na casa, passei aspirador de pó... e agora, varrendo a sala de jantar, encontro mais um caco! E o mais engraçado, é que ele estava bem longe de onde aconteceu o acidente...

Pensei na vida, e nas coisas que tem acontecido nos últimos dias. É assim mesmo! Quando alguma coisa quebra, não adianta colar. E os cacos do acidente ainda vão ficar aparecendo por aí durante um bom tempo.

Mas a gente vai varrendo, até que não haja mais nenhum.

Contemplação







Plantar... crescer... colher...
Nem que demorem mil anos,
Aquilo que semeamos
Há de um dia florescer.

Que sejam sementes de flores,
Que não sejam ervas daninhas,
Jogadas, de qualquer jeito.

Que a colheita seja farta,
E que o mau-semeador
Lembre-se sempre, ao lamentar-se
Que um dia, plantou dor.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Apesar





                                Apesar de pequenas tragédias pessoais
Que todos vivemos em nossa permanência
Somos tão diferentes, ainda que iguais,
Solitárias ilhas no mar da existência.

Apesar do adeus e da inútil saudade
Que qual lâmina fria contra a pele nua
Corta de repente, o relógio ainda bate
E nos faz lembrar: a vida continua.

O sol vai nascer, a cada manhã,
Apesar do vazio insubstituível,
P'ra secar a imensa ferida malsã
De uma dor que hoje é indescritível.

E que há de doer, iminente memória
Trazida do ontem por uma canção
Ou talvez por um sonho, pedaço da história
Daquilo que hoje é só recordação.

A Torre da Catedral





A Torre da Catedral

Quem me conhece, sabe que sou Petropolitana roxa. Amo minha cidade. Tenho orgulho dela, e sinto-me absurdamente feliz por viver aqui. Mas ontem fiquei ainda mais petulante, insuportável e metida: pela primeira vez, visitei a torre da Catedral São Pedro de Alcântara.
Moro aqui desde que nasci, mas apesar da curiosidade, nunca tinha feito a visita antes, pois não era permitido.

O dia estava lindo ontem, e saímos para dar uma caminhada. Fomos a pé pela Barão do Rio Branco, admirando a beleza do dia, quando meu marido teve a idéia: "Vamos visitar a Torre!"

Subimos pela escadinha caracol, totalmente não recomendada para quem sofre de tonturas ou de claustrofobia, pois ela é estreitíssima, muito alta, e as paredes dão a impressão de que se está em um túnel sem-saída. Vi de perto os vitrais, a estrutura do telhado, os madeiramentos que dão a impressão de que estamos no cenário de um filme.

Mas o que realmente tira a respiração, é a vista lá de cima da torre mais alta: Petrópolis, em toda a sua majestade, a natureza cercando a cidade, que brota entre árvores e montanhas: linda! 

Disse para meu marido: "Se eu fosse turista, estaria agora pensando na maneira mais fácil de mudar-me para cá."

Sou besta, mesmo. Bairrista. E agora, pior ainda!

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-Publicado no Recanto das Letras em Maio de 2010

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Te Dou de Presente Este Poema




Te dou de presente este poema,
Ainda quente,
Recém-saído do meu forno de palavras
Para que faças dele
O que quiseres...

Podes recitá-lo
Na alegria, ou na mágoa,
Queimá-lo em uma noite fria,
Dizer que ele é teu, tua criação,
Ou que o recebeste como homenagem...

Podes rasgá-lo em mil pedaços,
Ou esquecê-lo dentro de um livro,
Quem sabe, na lata de lixo,
Pois dei-te o poema, e ele é teu.

Só há um pedido que te faço,
Antes de dar-lhe algum destino,
Uma pequena condição:
Lembra-te que, junto com ele,
Embrulhadinho para presente,
Está um pedaço do meu coração.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Cães: Ter ou Não ter?


Latifa, minha cadela





Cães: Ter ou não ter?

Eu não gostava de cães. Lembro-me que quando adolescente, eu quase enlouquecia com os cachorros da minha irmã. Mas, naquela época, eu não gostava de mim. Na verdade, não gostava de muita coisa.
Mas um dia, eu e meu marido nos mudamos do nosso 'apertamento' para uma casa com um pequeno jardim. E desejamos ter um cão. Mas ficamos vivendo o dilema de ter ou não ter por mais de um ano.
Até que um dia, passando por Itaipava num domingo a tarde, vimos um rapaz na beira da estrada segurando um filhote de Rotweiller. Ele (o cachorro) era lindo! Tinha cara de zangado, a cabeça maior que o corpo e o focinho curto, perfeito. Além disso tudo, tinha pedigree!
paramos o carro e ficamos conversando com o rapaz, olhando para o cãozinho (que nos ignorou completamente). Fomos tomar um café. Decidimos: se ele ainda estiver lá quando voltarmos, nós o levaremos para casa.
Isso foi há quatorze anos e meio. Aleph morreu aos treze anos e meio, em 2011.
Ao contrário do que sempre nos disseram os 'amigos', fazendo comentários do tipo 'ele vai mudar com o tempo', 'esse cachorro é assassino', ou 'parece o Max' (do filme Max: fidelidade assassina), ele sempre foi doce, alegre e inteligente. Implacável na defesa de seu território, mas amável com as visitas, desde que elas estejam comigo. Nunca tivemos problemas com ele.
Na verdade, ele mudou as nossas vidas para melhor. Aleph fazia coisas incríveis. Até me esquecia de que ele era um cachorro. Certo dia, ele estava deitado na varanda, e eu o observava, deitada na rede, quando vi uma enorme formiga indo na direção dele. Num impulso, eu disse: "Aleph, olha a formiga!" Imediatamente, ele levantou a cabeça e olhou na direção da formiga, esmagando-a com uma patada. Como é que ele sabia o que é uma formiga?
Um dia, ele estava indócil: latia e choramingava, e eu não sabia o que ele tinha. Dei comida, troquei a água, arrumei os cobertores, acariciei seu pelo, e ele me olhando com aquela cara de trouxa, latindo e ganindo para mim. Esgotada a paciência, gritei: "O que você quer?" Ele foi até a porta da geladeira e se sentou, olhando para mim. Queria uma salsicha.
Uma vez, após uma 'discussão doméstica', meu marido estava muito chateado e foi para o quintal, para esfriar a cabeça. Aleph sempre foi muito ciumento com seus pertences , principalmente tratando-se de comida, deitando-se sobre eles quando meu marido se aproximava, ou então rosnando, embora jamais tenha atacado ninguém. Naquele dia, ele surpreendeu: acho que percebeu que meu marido estava chateado, e então pegou seu osso preferido - aqueles fedorentos, de couro de boi - e levou-o para meu marido, empurrando-o contra sua perna. Entendemos a mensagem: "olha, não chora não, eu te dou o meu osso."
Eu recomendo: tenha um cachorro. Ele será seu melhor amigo, terapeuta, entretenimento, guardião, filho, ouvinte, irmão, enfim, um motivo a mais para se viver. Compensa toda as despesas, os 'montes' em cima do gramado, os buracos no quintal, as noites de insônia que você vai passar ao lado dele quando ele ficar doente, os latidos, a baba, o bolo de pelos que se forma toda as vezes que você varre a casa, mesmo que ele fique só do lado de fora.
Quem nunca teve um cachorro realmente não sabe o que está perdendo. Mas está perdendo muito!

Aleph, meu falecido cão, e Latifa ainda jovem (hoje ela tem oito anos)

terça-feira, 3 de julho de 2012

Para Dizer a Quem Você Ama - Se Você Ama





Existem algumas palavras que podem fazer muita diferença na vida de alguém. Infelizmente, nem sempre as escutamos, pois quem deveria dizê-las está muito ocupado 'cuidando da própria vida,' procurando um jeito de dar lições de moral nas pessoas em seus melhores momentos, ou engajado em relacionamentos superficiais que não levarão a nada, e que daqui a pouco tempo, estarão esquecidos e não mais farão parte de suas vidas.

São frases simples, que, se ditas desde a tenra infância pelos membros da família, poderão transformar uma criança em um ser seguro de si, feliz e realizado, pronto para buscar seus objetivos com muito mais confiança e satisfação. Estas frases são:

-Parabéns! 

-Você vai conseguir!

-Você merece!

- Adorei seu trabalho!

-Estou aqui se você precisar de mim!

-Estou muito feliz por você!

- Eu vou te ajudar!

-Conte sempre comigo!

-Seu sucesso me deixa realmente muito contente!

Nem sempre eu recebi estas palavras quando deveria tê-las recebido, mas hoje existem pessoas em minha vida que fazem questão de dizê-las e demonstrar sua disposição para me ajudar quando preciso. Sinto-me muito grata a estas pessoas. A principal delas, é meu marido.

Como todos sabem, recentemente escrevi um livro. Presentei algumas pessoas, que mesmo assim, fizeram questão absoluta de comprar mais um exemplar a fim de ajudar a minha missão, que foi contribuir com a GRAACC, satisfazendo assim um desejo de meu falecido sobrinho: ajudar pessoas com câncer. Muito obrigada!

Infelizmente, nem todos conseguiram ou tentaram, pelo menos, entender meu objetivo, e fui solene e severamente ignorada por eles. Pessoas de quem eu esperava apoio, que além de me virarem as costas, fizeram questão de tentar destruir um dos momentos mais importantes de minha vida. Mesmo assim, estou muito feliz, pois a minha missão foi cumprida. E descobri que eu realmente não preciso de pessoas assim em minha vida. Foi doloroso, mas já estava na hora de tirar os óculos cor de rosa e parar de tentar ficar sempre encontrando justificativas para o seu comportamento veladamente hostil.

Quem gosta de mim, ficou feliz por mim, e é isso o que realmente importa!

Àqueles que se recusaram a sequer abrir o livro ao recebê-lo de minhas mãos, alegando que ali só tinham coisas tristes e que eles jamais iriam ler, meu muito obrigada. De verdade! Da próxima vez, não perderei meu tempo gastando velas com maus defuntos. Pois eu já sei quem é capaz de apreciar alguma coisa, e quem não é.

Agradeço por ter escutado que as coisas que eu faço, não é por eu ser uma pessoa "boa"; jamais atribui a mim mesma este adjetivo, e todo mundo sabe que doei o dinheiro das vendas à GRAACC para satisfazer um desejo de meu sobrinho, e não apenas meu; enfim, eu fui acusada de fazer certas coisas - tentar ajudar um cão abandonado, por exemplo -  apenas para 'aparecer.'

Eu não sou uma pessoa boa, e nem tenho vocação para Madre Teresa. Sou uma pessoa normal, como todo mundo. Também fico triste ao ver certas coisas, coisas pelas quais acostumei-me a passar direto, e que de repente, resolvi tentar agir e ajudar. Mas esta é outra história.

Fico feliz por todas as pessoas que compraram o livro, ou que o receberam de presente, e que telefonaram ou mandaram emails para elogiar, ou para pedir mais exemplares. Agradeço a minha sobrinha Cristiane, que me ajudou a vender uma porção de livros entre seus amigos. É realmente muito importante para mim saber que alguém gostou!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Me Despeço






Adeus para sempre!...
Vou em frente,
Sem olhar para trás...

Me despeço de ti
Sem nenhuma saudade,
Sem dor ou piedade,
Mas com tal alegria
E esperança na vida,
Que me sinto mais leve!

Por favor releve,
Essa minha alegria
Ao te ver pelas costas!...

Semeaste tanta dor,
Em mim mesma e pelo mundo,
Ceifando vidas,
Separando famílias,
Desfazendo uniões,
Cortando a carne
Que sangrou, em tuas mãos!

Adeus, maldito!
Não levo de ti
Mais nada comigo!

A não ser
As lições que aprendi...

Pensando melhor,
Acho que foi preciso
Que tu tenhas
Feito isto comigo,
Arrancado a minha pele,
Pondo sal nas feridas,
Matado a esperança
Semeado a dor...

Mesmo assim, adeus!
Já vais tarde!

Leva contigo
Todo o mal que causaste!
Essa casca de ouro
Que esconde esse bronze
Sem brilho, escurecido
Que veio contigo,
2011!


***
Escrito em Dezembro de 2011, um ano dificílimo do qual fiquei muito feliz ao despedir-me. Meu mundo é real. As pessoas ficam doentes, morrem, há muitas dificuldades a serem superadas. Não vivo em um mundo de mentiras. Minha vida não é um mar de rosas infindável. Tenho os pés bem fincados na realidade das coisas, nada em minha vida veio de mãos beijadas. Apenas um lembrete.

Fotografia



Há quem sempre  diga: "Sorria!"

Antes do espocar do flash.
Se o faço sem vontade,
Fica mentirosa, a imagem!

Todo mundo é tão feliz
Em cada fotografia!
Sorridentes, retocados,
Há quem encolha a barriga
Para parecer mais magro!

Fotoshop é só magia:
Não resistem cicatrizes,
Rugas, manchas, gordurinhas...
Uma vez, li sobre a foto
Que, de tão 'bem' retocada,
Desapareceu o umbigo!

Então, penso, cá comigo:
Prefiro guardar a verdade
Sobre mim, em cada imagem!

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O Tucano O TUCANO   Domingo de manhã: chuva ritmada e temperatura amena. A casa silenciosa às seis e trinta da manhã. Nada melhor do que me ...