witch lady

Free background from VintageMadeForYou

terça-feira, 19 de junho de 2012

AsSOBERBAda








Sentou-se à mesa do sofisticado café e pediu um chá gelado. Foi logo avisando que não demorassem a servi-la, pois estava assoberbada. Enxugava o suor daquela tarde quente com um leve lencinho de seda cor-de-rosa, e olhava o reloginho de pulso, pequeno e cheio de rococós dourados em volta do mostrador a cada minuto, arfando levemente, demonstrando sua impaciência por ter que esperar.


Quando a outra apareceu à porta do café, fez-lhe um sinal discreto, para que ela a identificasse. Mal a outra sentou-se, começou: "Você está cinco minutos atrasada novamente! Não sabe que eu estou muito assoberbada hoje? Aliás, sou sempre muito ocupada! Daqui a meia hora tenho que estar no salão de beleza, pois tenho um importante evento esta noite..." 

"Desculpe, o trânsito estava um caos..." 

Enxugando novamente a testa com leves batidinhas, chamou o garçom: 

"Está um calor terrível aqui dentro! Por que não ligam o ar condicionado? 

O rapaz, com toda gentileza e paciência, de quem não quer perder a compostura, responde, um tanto constrangido: 

"Ele já está ligado, madame!" 

"Madame? Em que século você vive? Chame-me de senhora, está ouvindo? E tenha mais respeito! Se eu digo que o ar condicionado não está ligado, é porque ele não está! E se estiver, provavelmente está quebrado! Vá verificar imediatamente, ou eu chamarei o gerente desta espelunca!" 

O rapaz sai de fininho, murmurando um 'sim, senhora' , a face queimando. 

A moça recém chegada, que a tudo observa, comenta: 

"Nossa, Georgia! Não precisava ser tão rude..." 

"Rude? Rude?! Você sabe quanto estou pagando por este copo de chá gelado? Tenho meus direitos!" 

Toma um gole do chá, fazendo uma careta: "Doce demais.. garçom! Traga-me outro chá, desta vez, sem açúcar, imediatamente! Que incompetência! Quem consegue beber este copo de melado?"." 

A outra nada diz. 

"Bem, agora que você finalmente chegou, podemos discutir os preparativos para a festa de casamento." 

"Mamãe, eu já disse, não quero festa nenhuma..." 

Murmurando rispidamente, a outra responde: 

"Shhh! Já disse para não me chamar de mamãe! Que coisa mais provinciana! Meu nome é Georgia! E já disse que a festa de casamento não é para você, por sua causa, querida; sabe que tenho muitos amigos na sociedade e não posso dar-lhes motivos para falarem mal de mim. A festa é para mim!" 

Irritada, a moça dá um profundo suspiro. 

"Pois tudo bem, "Mã-mãe"! Que seja! Pode dar a sua festa, convidar mil pessoas, o presidente, o cônsul, o príncipe de Gales e quem mais a senhora desejar! Eu não vou estar lá!" 

Dizendo isso, ela levanta-se da cadeira e sai apressadamente. Georgia, a mãe, nem acredita no que acaba de acontecer. Ainda mais furiosa, chama novamente o garçom: 

"Veja a conta, porque eu não fico nem mais um minuto dentro deste caldeirão!" 

Ele traz a conta. Ela olha o papelzinho, dando alguns gemidos de indignação. Vasculha a bolsa em busca da carteira de notas, mas não a encontra. Deixara todo o seu dinheiro e cartões de crédito na mesinha de cabeceira, antes de sair! Procura pelo telefone celular, mas descobre que o tinha deixado em casa também. 

Já bem menos imponente, vira-se para o garçon, dizendo: 

"Acho que deixei meu dinheiro em casa... passo outra hora para pagar a conta." 

"Infelizmente, madame, não posso deixá-la sair sem pagar os dois chás e os doces." 

"Como assim? Quem você pensa que é?" 

"Eu sou o gerente desta espelunca, madame. Nem tente sair por aquela porta, ou o segurança a impedirá. E, caso a senhora insista, eu chamo a polícia!" 

Georgia levanta-se da cadeira, muito indignada: 

"Ora, seu petulante, você sabe com quem está falando?" 

"Sei, sim: com uma madame metida à besta que não tem dinheiro para pagar a conta. Mas há muitos pratos sujos na cozinha. A madame pode lavá-los, e a conta estará paga." 

"Eu quero usar seu telefone. Exijo usar seu telefone!" 

A aquela altura, todos os outros frequentadores do café observavam o acontecido, querendo saber o desfecho daquela história. 

"Infelizmente, madame, o telefone está sem-serviço desde esta manhã, e a companhia telefônica não apareceu para fazer os reparos."

"Então, eu... eu exijo que você me empreste seu telefone celular!" 

"Meu telefone é para meu uso, entende? É particular. Infelizmente, não vou emprestá-lo à madame! Como eu já disse, os pratos sujos estão esperando na cozinha. Ou a senhora deseja mais escândalos, quando eu chamar a polícia e eles a levarem para a delegacia por não ter pago a conta?" 

Vermelha de raiva, a madame arregaçou as mangas de seu vestido de seda e encaminhou-se para a cozinha, sem dizer uma palavra.


Moral da história: Jamais cuspa no prato onde comeu! 




segunda-feira, 18 de junho de 2012

Por Que Ficamos Tão Frios?





De manhã cedo. Hora marcada no dentista. Eu e meu marido, ao sairmos do estacionamento, passamos por um cão de rua, deitado à porta de um bazar de caridade. Imediatamente, fico chocada pelo estado do animal: as orelhas muito feridas, aparentando bicheira, os olhos baços, o corpo trêmulo. Penso: "Meu Deus! preciso fazer alguma coisa!" Tantas e tantas vezes deparei com cenas parecidas com esta, e apenas lamentei e passei direto, rezando para que alguém tomasse alguma providência; noutras vezes, tentei a associação Protetora de Animais, mas jamais consegui que eles socorressem um animalzinho sequer, nem mesmo quando eu fazia contribuições mensais. mas hoje, alguma coisa no olhar daquele cão tocou-me mais fundo.

Saí do dentista após trinta minutos, e o cão tinha entrado na loja onde funciona o bazar, e estava deitadinho num canto, tremendo muito. Aquela rua é fria, e não bate sol no inverno. Resolvi fazer alguma coisa: telefonei para a Associação, mas o telefone só dava sinal de ocupado. Assim, decidi ligar para um veterinário e pagar um tratamento para o cão. 

A dona do bazar de vez em quando vinha olhar, e queria colocar o cão para fora, com cara de nojo. Pedi-lhe que esperasse, pois ia chamar o veterinário para levá-lo, e ela concordou. A atendente exigiu que eu pagasse com cartão de crédito, e fez a operação por telefone: duzentos e setenta reais. Concordei. Ela disse que o veterinário já estava a caminho.

Eu cheia de compromissos, concordei em esperar. Ela afirmou que ele não demoraria. Vinte minutos depois, liguei novamente para ela e ela disse não ter conseguido passar o cartão. Meu cartão é novo, e tem dado problemas em várias máquinas, e por isto, passei um outro cartão. Perguntei pelo veterinário, e ela disse que ele ainda estava na clínica terminando um atendimento (antes, dissera que ele estava a caminho). Esperei. Mais uns vinte minutos, e nada. Liguei novamente para a clínica, e ela disse que ele já tinha saído.  A dona do bazar me pressionando para colocar o cão para fora. Tem gente que não tem coração.

Bem, continua a história: duas horas depois, nada de veterinário, e eu ali, naquela rua gelada, querendo ir ao banheiro, o cão tremendo de frio ou  de febre. Ligo novamente para a clínica, e ela me informa que o carro do veterinário quebrou. Pensei: "E quando é que ela ia resolver me avisar? Será que me faria ficar ali o dia todo?" Perguntou-me se eu não poderia colocar o cão em um táxi e levar para a clínica. Além de eu não ter dinheiro o suficiente (a clínica era bem longe do local onde eu estava), motorista nenhum concordaria em colocar um cão com as orelhas em feridas, sujo e fedido, dentro do seu táxi. E eu já tinha pago a ela pelo transporte!


Se eu fosse o veterinário, na eventualidade do carro quebrar, em primeiro lugar teria avisado ao meu cliente; em segundo lugar, pegaria minha maleta de primeiros socorros e, mesmo de ônibus, iria para o local do atendimento, ver o que seria possível fazer. Mas a consulta já estava paga. E era apenas um cachorro de rua... quem se importa? E na verdade, será mesmo que ele já estava a caminho, como ela tinha me afirmado pelo menos três vezes, ou esperava que eu fosse embora para depois dizer que resgatou o cão, mas 'infelizmente, ele morreu?'

Após duas horas de espera, não vi outra solução, a não ser ir embora e deixar o cachorro lá, sentindo-me frustrada e inútil. Exigirei o estorno do cartão, mas não pude amenizar o sofrimento do cão. Quando chego no banco, a atendente me telefona para 'pedir desculpas.' Mas as desculpas dela não salvaram o cachorro.

Já chorei muito, de raiva, frustração e total sentimento de inutilidade. Alguém foi lá mais tarde, segundo minha irmã, para tentar resgatar o cão mas não o encontraram mais. Com certeza, a dona do bazar o expulsou.

As pessoas estão cada vez mais frias. Alguém que não se sensibiliza com o sofrimento de uma criatura, principalmente tendo a possibilidade de aliviá-lo... pensei nas pessoas que adquirem cães sem terem condições de criá-los, apenas para abandoná-los na rua quando eles crescem (ou antes disso). No caminho até o ponto de ônibus, vi muitos mendigos na cidade. Um deles, uma senhora tão gorda, que com certeza, precisaria de ajuda para levantar-se; muitos cães abandonados, alguns muito magros... e por cima, um perfeito céu azul e límpido, que tornava tudo ainda mais triste. Senti muito pelo cão; senti muito por tudo que vi hoje de manhã. Mas se as pessoas jogam seus filhos pela janela, picam seus parentes, traem, espancam, mentem, roubam, matam, por que se importariam com um simples cão de rua?


********************************


Você sabe, meu senhor, por que meu texto te incomodou tanto? Porque é verdade! Você só saiu da clínica no momento em que o meu segundo cartão conseguiu passar na máquina. Você me conhece, já esteve em minha casa, já tratou de meu cão, e que eu me lembre, não fiquei devendo nem um centavo a você. Você diz que cobrou segundo o meu 'diagnóstico incorreto.' Ora, não sou veterinária! Se eu fosse, teria tratado do cão. Não o chamaria. Além disso, você sabia que eu era irmã da sua amiga, sabia meu endereço, e mesmo assim, achou que ia levar calote? E ainda diz que "No meu mundo, todas as pessoas são dignas de desconfiança?"

Você me diz que a Associação é um órgão que trabalha de graça, apenas com o intuito de ajudar, mas se é assim, por que a sua assistente me informou que vocês não cuidam de cães da Associação? Será que é porque você se importa muito com eles?

Quanto a tentar colocar o cão em um táxi:

1) Pedi a um motorista, e ele me informou que eles não podem, por lei, fazer algo assim, por uma questão de saúde pública (pensei que você soubesse disso)

2) Eu não tenho carro e não sei dirigir

3) Eu tinha PAGO pelo seu serviço de transporte.

Quanto a devolver cães abandonados às ruas, foi a sua própria assistente que me informou que o procedimento normal era este com cães de rua. Eu não posso ficar com todos os cães que os outros abandonam, apenas tentei fazer alguma coisa por um deles. E paguei por isso. Aliás, ainda estou pagando. E melhor um cão devolvido ás ruas com saúde do que doente. A própria Associação age assim, aqui no meu bairro. Tratam dos cães e depois os devolvem ao seu local de origem, onde eles estão acostumados.

Você fala da minha impaciência; impaciência esperar duas horas? E quando o carro quebrou, por que não fui avisada, e só fui avisada depois que minha 'irmã' ligou para a clínica para perguntar sobre o motivo da demora? E naquele momento, ninguém me disse que outro transporte seria providenciado. O que ouvi, foi apenas um "Sinto Muito não podermos ajudar." A decisão de procurar outro transporte veio com a interferência de minha 'irmã.'

Quanto a você dizer que eu só quero me promover, é verdade! Estou lançando um livro, e promover este livro é o meu maior objetivo no momento. Acho que você deveria fazer o mesmo a respeito de sua clínica, que segundo palavras de minha 'irmã,' vai de mal a pior. Por que será?

Amor & Dor



Por que rimamos 
'Amor' com 'dor?'
Há outras rimas:
Torpor,
Langor, 
Seja o que for...
Mas ao rimarmos
'Amor' com 'dor,'
Nós promovemos
O desamor...

A vida rima
Com mil palavras,
E as rimas, sejam
Ricas ou pobres,
É o poeta
Quem as escolhe...

E quando, acaso
A vida manda
Rimar a si
Com 'descabida',
'vida bandida'
'Desiludida,'

Rendo-me a ela,
Mas logo, então,
Procuro outras
Rimas mais ricas,
Mais adequadas.

'Amor' e 'dor'
São só palavras
Que andam juntas
Ou separadas
Nos mil momentos
Que a vida escreve
E que assinamos
Por essa estrada...

domingo, 17 de junho de 2012

A Difícil Arte de Ser



Muitas vezes, as pessoas em quem você depositou sua confiança irão decepcioná-lo. Pessoas que você se acostumou a ver como amigas poderão traí-lo e fazer coisas que você não esperava. A maneira mais rápida de decepcionar-se com alguém - e viver se decepcionando - é esperar atitudes das pessoas, porque elas estão prontas a serem apenas aquilo que é de sua essência. Se você esperou mais, é porque não soube ler nas entrelinhas.
Viver é difícil, quando se perde os detalhes...

Exatamente por isso, há muito tempo não espero nada de ninguém, e jamais me precipito a chamar alguém de 'amigo.' Meus amigos são escolhidos com muito cuidado. Talvez por causa disso, há muito tempo não me decepciono!
E, se por um acaso, alguém tenta me ferir, eu sempre penso no porquê de eu ter atraído aquela situação para minha vida, pois sei que somos todos responsáveis pelo que entra e sai de nossas vidas. Responsabilizar outras pessoas pelo mal ou pelo bem que nos acontece é irresponsabilidade. E, assim como eu atraio certas situações, posso também repelí-las, caso sinta-me infeliz com elas. Abrir e fechar portas são atividades corriqueiras da vida. Não sou de reclamar. Não cultivo autopiedade. Não acho que eu seja uma pobre vítima a quem alguém possa estar ferindo sem nenhuma razão, e nem me vejo como estando indefesa diante das situações que a vida apresenta.

Se alguém me desagrada, tenho algumas alternativas:
-Responder à altura. O que faço, quando acho que vale à pena. Principalmente se eu estiver indo em defesa de alguém que amo, e que foi, inadivertidamente, atingido pela sujeira que me jogaram.
-Ignorar. Isso eu faço quando nem vale a pena o aborrecimento. Ou então, dependerá de meu senso de humor no momento...
-Conversar e tentar resolver a situação - quando a pessoa em questão for muito importante para mim.

Viver é estar exposto. É ser alvo. Viver não é para os frágeis. Todos nós, um belo dia, teremos que cruzar pântanos. É quase impossível passar por um sem ser respingado pela lama que lá está. Mesmo assim, prefiro cruzar meus pântanos a estagnar à beira da floresta, lamentando-me pela lama do caminho. Deixo esta tarefa para os fracos e os covardes.

A Resposta










Quantas e quantas vezes ela tentou encontrar a resposta... talvez porque nem sempre formulasse a pergunta corretamente; alguém lhe dissera que uma pergunta bem formulada, já continha, em si, a resposta.


Mas não aquela pergunta! Já tinha pesquisado em livros e enciclopédias, tinha tentado achar a resposta na internet, perguntara aos sábios e profetas... mas ninguém sabia responder. Até viajou pelo mundo, tentando, em vão, encontrá-la. Anos e anos de sua vida dedicados ao impossível! Quanta coisa boa havia perdido, devido à sua mórbida obsessão... os anos passaram, ela começou a envelhecer. 


Quem sabe, pensou, com a maturidade, a resposta que desejava não viria até ela? Mas nada aconteceu... os anos trouxeram-lhe problemas de memória. Logo, acometida pelo Alzheimer, faleceu entre as brumas do esquecimento, sem lembrar-se, sequer, qual tinha sido a pergunta.



sábado, 16 de junho de 2012

Minha Alma



A minha alma vaga, procurando vaga,
Por antigos caminhos e paragens...
A minha alma não quer orações, 
Quer gritar de tanta liberdade...

A minha alma não precisa ser domada,
Não quer catecismo, e nem regras!
A minha alma quer perder-se de si mesma
E reencontrar-se numa entrega...

A minha alma não quer conselhos,
E nem a velha imagem refletida no espelho,
A minha alma quer o olhar aprofundado,
O arrancar-se do que está profundamente enraizado!

A minha alma não precisa de velas, ou de celas,
Não quer a segurança de uma fileira de iguais...
A minha alma não sabe ficar parada,
A minha alma não quer casa,
Quer estrada!

Gandalf

De repente, no meio do palco, aparece o homem magrinho, de longos cabelos e barbas grisalhos. Veste calças jeans, sapatênis e camisa branca simples. Talvez passasse despercebido pela rua, esbarrando em nossos ombros corriqueiramente, e quem sabe, nem o reconhecêssemos, tal a sua simplicidade.

De repente, ele começa a falar, e anuncia uma moça que pensa tocar uma flauta, mas que na verdade, segura uma varinha de condão da qual saem feitiços quando ela a assopra. E num instante, centenas de pessoas estão totalmente enfeitiçadas e submissas à magia dos dois. 

Como pode alguém ter dedos tão mágicos, ao ponto de, ao tocar as cordas de um violão, produzir sons tão fantásticos? A música nos seduz... ao ouvir as letras, eu vejo, vindo em minha direção, todos os poemas que um dia eu sonhei escrever. E eles pairam à nossa volta, e eles tem dedos, e eles tocam as partes mais desconhecidas das nossas emoções. E as lágrimas afloram. E a gente ri e chora, ao mesmo tempo.

Quando ele termina, um silêncio de segundos, antes da explosão dos aplausos. A platéia precisa de um tempo para voltar ao mundo dos homens comuns, antes de compreender que está na hora de aplaudir.

E ele fala dos muitos adjetivos que foram usados pela imprensa para referir-se a ele; entre estes adjetivos, 'hippie.' Pois eu acabo de atribuir-lhe mais um: Gandalf! Pois ele é um mago, e existe nele alguma coisa que serve de passagem entre as belezas de um outro mundo e as palavras que não conseguimos encontrar para nos expressarmos neste mundo.

Quando o show termina, ele e sua amiga fada se despedem. Vamos até a entrada do teatro, e com prazer, ficamos na fila para comprar seu novo CD e levar para casa um pouquinho daquela magia autografada. Gandalf está visivelmente cansado... não deve ser fácil, distribuir sua alma assim, todas as noites.

Caminhamos até o carro em silêncio, e aos poucos, o mundo real volta a ganhar substância.

Foi uma noite de magia.

Se você tiver a oportunidade de assistir a um show ao vivo de Oswaldo Montenegro, não a perca, pois você sairá de lá transformado.


sexta-feira, 15 de junho de 2012

Portas & portões


Casa antiga, onde hoje funciona uma pousada, na Av. Koeller


Sempre fico fascinada ao passar por casas antigas, com seus portões de ferro trabalhado... também me encantam as velhas portas de madeira pesadas e envelhecidas, a tinta craquelada. São como portais para um outro tempo!

Aqui mesmo, na minha cidade, existem várias casas assim. Uma que me despertava muito a curiosidade, era A casa dos Sete Erros. Até que ela foi aberta à visitação, e eu pude vê-la por dentro! O proprietário, orgulhoso, contou-nos a história de sua família. Bem, mas este seria assunto para mais uma crônica. Se desejarem saber, visitem a casa dos Sete Erros, que fica na Rua Ypiranga, aqui em Petrópolis. Ou... joguem no Google!

Casa dos Sete Erros



Eu sempre achei que as casas tem alma, e quanto mais antigas, mais misteriosas... 
Não me sinto tão à vontade nas casas modernas demais, principalmente, naquelas decoradas por profissionais. Apesar de achá-las muito lindas, sempre fico sentindo como se faltasse alguma coisa; casas modernas são como crianças muito pequenas, que ainda não adquiriram personalidade. 

O que está do outro lado deste portão? Não sei... mas fiquei bastante tempo olhando para ele, e enquanto eu tentava decifrá-lo, alguns personagens foram começando a surgir em minha mente... e eu sei que eles vão ficar por aqui, até que eu preste atenção neles, e decida escrever um texto contando a sua história.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Destinação - do meu livro "Vai Ficar Tudo Bem"





Um por-de-sol à minha frente,
Por trás do ombro,  lua crescente...
Por baixo, a estrada que me leva
E que eu sigo, incontinenti.

Às vezes, rio de contente,
E noutras, rio derramado
Tal qual a lava ainda quente
De algum vulcão eruptado.

Invento verbos, traço traços
Que nunca mais serão traçados,
Destroço o próprio peito, `a guisa
De alguma brisa tifonada.

E o que restar, não será nada
Após a minha longa busca
A fosca luz qu'inda me guia
Há de brilhar na noite escura.

Sei que haverá alguma agrura,
Mas é o horizonte que me guia
E às vezes, uma estrela fria
Que se esconde atrás da lua.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 

DESPEDIDA



¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Lá na praia ela deixou
Tantas dores e tristezas!...
Veio a onda, e as levou
Para suas profundezas.

O vento cicatrizou
As feridas e incertezas,
Veio o mar, e mareou
E o sal cristalizou
A lembrança que restou...

Numa concha, colocou
A tristeza que ficou...
A jangada carregou,
Yemanjá a desmanchou.

Devolveu-lhe, num colar,
De contas, lembranças felizes,
Que ela passou a usar.

De Mim


De Mim


Tem gente que gosta,
Tem gente que não...
Tem gente que aposta,
Tem gente que torce
Para que eu vença,
Para que eu viva,
Para que eu perca,
Para que eu morra!

Tem gente que sente
Tem gente que esfria...
Tem gente que fala
Pelas minhas costas
Tem gente que entende,
Tem gente que explica
A minha mania
De não me explicar...

Tem gente que segue,
Tem gente que nega,
Tem gente que escreve,
Tem gente que apaga
A minha presença,
Tem gente que pensa
Que até me conhece,
Tem gente que esquece...

Eu sou só aquela
Que pensa e que sente,
Que nega e afirma,
No fundo, sou gente...
E como me amam,
E como me odeiam,
O mesmo se dá
Sobre toda gente...

*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.*.


"Toda unanimidade é burra."

Nelson Rodrigues

Parceiros

O TUCANO

O Tucano O TUCANO   Domingo de manhã: chuva ritmada e temperatura amena. A casa silenciosa às seis e trinta da manhã. Nada melhor do que me ...