witch lady

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quarta-feira, 18 de abril de 2012

ENTENDER?...











Às vezes,


De nada adianta tentar entender


O porquê de um mal-querer.


Pode ser que a resposta


Simplesmente, não exista,


Quem sabe, incomode


O teu coração de artista?






Às vezes,


Não importa quantas vezes


Você tentou,


Compreendeu,


Perdoou...


Tua presença


Não é bem quista!






Às vezes,


O não gostar de alguém, se estende


Para além do pessoal,


E quer contaminar


Outras relações,


Quer servir de aval


Para novas rejeições.






A mim, não importa


Se tu me gostas ou não,


E quem quer que acredite


Em tuas palavras tortas,


Para mim, é gente morta.

O JARDINEIRO SONHADOR








PUBLICADO ORINALMENTE EM 2010 NO RECANTO DAS LETRAS


Foi há muito tempo, quando compramos nossa primeira casa. Ela tinha um quadradinho que chamávamos de jardim, e alguns canteiros. Portanto, contratamos um jardineiro. Nós o descobrimos numa daquelas lojinhas à beira da BR 040, em Itaipava. Seu nome era Marcelo.

Marcelo era um bom jardineiro, e tinha jeito com as plantas. Tinha o tal 'dedo verde', pois todas as plantas que ele cuidava, cresciam e ficavam viçosas. Jovem, usava uns óculos estilo Lennon que lhe emprestavam um ar intelectual.

Mas ele tinha um pequeno problema: era muito sonhador. Embora eu não tenha certeza se isso é bom ou ruim.

Tinha mania de me chamar o tempo todo: "Dona Ana! Vê se a altura da roseira está boa!" Eram tantas vezes, que eu às vezes fingia não ouvir. Mas era em vão, pois ele jamais desistia. Berrava: "Dona Aaaaannnnaaaaa!"

Gostava de dar-me plantas de presente, mesmo que às vezes levasse algumas de meu jardim, talvez para presentear outras pessoas. Uma vez, apareceu-me com um vaso grande, onde estava plantado um cactus. Todo sorridente, entregou-me seu presente, dizendo: "Se plantar no chão, ele cresce uns... cinquenta metros!" Respondi: "!!!!" Ele coçou a cabeça, e dando o braço a torcer: "Tá bom, cresce uns... três metros e meio." Este cacto está hoje plantado na frente do meu terreno, em minha nova casa, e realmente, está com uns quatro metros de altura... tá bom, três!

Um dia, ele estava terminando seu serviço quando veio com três gatinhos recém-nascidos, os olhos ainda fechados. "Dona Aaaaannnnaaaaa!" olha o que eu achei no seu jardim, no meio das plantas!" Eu logo percebi que ele mesmo tinha colocado os gatinhos lá, talvez os tivesse encontrado na rua. O muro da casa era muito alto para que alguém os tivesse posto lá, e duvido que alguma gata descuidada iria ter seus filhotes em um jardim vigiado por um Rottweiler! Foi um custo conseguir alguém que ficasse com os gatinhos, e eu, com viagem marcada para a manhã seguinte, tentando ligar para as associações de animais, com um conta-gotas cheio de leite e três gatinhos berrando de fome. Mas Marcelo jurou de pés juntos que não tinha sido ele a abandonar os gatinhos em meu jardim...

Um dia, ele não apareceu para trabalhar. Ligamos para ele, e ele contou-nos a novidade: "Eu agora trabalho com cobras. Capturo cobras e vendo para o Butantã!" Repliquei, admirada: "Mas como você manda as cobras para lá?!" E ele: "Ué! Por Sedex!"

Mas acho que o negócio das cobras não deu muito certo, pois ele logo voltou a ser nosso jardineiro. Ou melhor, paisagista.

"Dona Ana! Fiz um curso de paisagismo por correspondência. Se a senhora quiser, eu faço um projetinho para o seu jardim, tudo por computador!" "Ah, que bom! E quanto custa?" "Quinhentos reais!" "!!!!!" "Mas para a senhora, eu faço por... cinquenta!" Educadamente, recusei a proposta e desejei-lhe boa sorte em seu novo empreendimento.

Começou a faltar novamente, alguns meses depois. Ligamos para ele. Ele tinha uma nova profissão: "Eu não faço mais jardim, Dona Ana! Agora eu crio vídeo games e vendo pela internet! Se a senhora quiser, eu vendo baratinho..." Mas não, obrigada, eu não quis...

Infelizmente, acho que não vendeu muitos vídeo games, e voltou a ser jardineiro. Certa tarde, ele estava trabalhando no jardim, quando deu o seu grito de guerra: "Dona Aaaannaaaa!" Fui correndo atender ao seu desespero, e ele falou: "Vou sair mais cedo hoje. Fui picado por uma aranha caranguejeira imensa... estou meio tonto..." "Nossa, então espere, que eu vou ligar para o meu marido, e a gente te leva para o hospital. Onde foi que ela picou?" "Aqui..." Olhei, e não vi nada. Ele continuou: "Não precisa me levar para o hospital não, que eu tenho soro em casa, na geladeira!"

Mesmo assim, nós gostávamos dele. Ele ia e vinha, marcava e não aparecia, mas ele tinha alguma coisa de agradável que nos fazia sempre chamá-lo de novo. Acho que era a sua alma de sonhador, que emprestava viço a todas as plantas.

Ainda chegou a fazer o jardim da nossa nova casa. veio apenas umas três ou quatro vezes, e depois, sumiu de novo. Desistimos dele, mas espero que ele não tenha desistido de seus sonhos.

Enquanto escrevia esta crônica, meu novo jardineiro, o Sandro, me chamou umas três vezes: "Dona Aaaannaaaaa!"

JUSTIFICATIVAS








"Fiz porque..."


Ora, não é necessário sempre darmos uma explicação do porquê de fazermos certas coisas. Mas mesmo assim, vivemos inventando novas justificativas para nos livrarmos da culpa de termos feito algo, cujo único motivo, foi nosso próprio desejo!


Acredito que não é necessário que demos explicações para tudo o que fizermos, desde o momento em que não estamos prejudicando ninguém; fazemos porque assim o desejamos, e pronto! Fazemos porque o pensamento é livre, e a cabeça, um poço sem fundo de criatividade. Fazemos porque o coração tem desejos que o próprio coração desconhece, assim como a razão...

E por que sentir culpa, se fazemos apenas aquilo que nos deixa verdadeiramente felizes? Sonhar é permitido, e quem vive tentando bloquear os sonhos alheios, teme seus próprios sonhos. É certo que precisamos viver em um mundo real, mas quem disse que dentro dessa realidade não pode haver fantasia? Quem determinou que é proibido ser feliz? Hello!

Assim, da próxima vez que me perguntarem: "Por que?" Responderei, sem delongas: "Porque eu quis!"

A MORTE DE UM POEMA







Às vezes, um poema
Morre antes de nascer
Entalado na garganta,
Sufocado em um abraço,
Preso a um coração,
Enlaçado a um sentido...

Quando morre um poema
Assim, antes de nascer,
Sua vaga alma
Vaga,
Pelas noites sem estrelas
Pelos becos sem saídas
De uma mente vagabunda...

Às vezes, um poema
Nos assombra sem piedade,
Até parece saudade,
Mas como sentir saudades
De algo que nunca foi,
Que jamais chegou a ser?

E nos pomos a tentar
Provocar-lhe um renascer,
E o poema, outra vez,
Morre no ventre do autor
Num aborto de palavras
Em grande espasmo de dor. 






terça-feira, 17 de abril de 2012

NEGRO









Derramava o negro sobre as páginas


Para não matar,


Para não morrer!




Externava o luto


De saber o quão absurdo


Pode ser o viver...




Abria os olhos para si,


Fechava os olhos para o mundo,


Tentando não se perder




Daquilo que mais desejou


Cujas portas se fechavam


Para que ela não alcançasse!




Derramava negro sobre as páginas


Como nanquim, que escorre e borra


As cores que estão pintadas...




E as flores , em volta, murchavam,


Dando suas vidas pela dela,


Pétalas murchas coladas na tela...



]

DEIXA-ME!








Por hoje, só tenho dor.
Leva daqui teu azul
Pois meu negro contagia.

Não me imponhas alegria,
Não me fales de amor.
Leva daqui teu fulgor!

Quero estar só, não insistas,
Desvia de mim esse olhar
De pena, pois não me convences!

Teu sorriso me incomoda,
Teu toque me pode queimar,
Não me interessa o que sentes!

E, ao sair, feche a porta,
Leva daqui tua luz,
Respeita minha embriaguez!

Minha insônia contagia,
Leva daqui tua paz,
Volta, quem sabe, outro dia! 







DECEPÇÃO







Não brinques,
Não fales,
Não discordes,
Toque sempre o mesmo velho acorde,
Ou serás expulso da orquestra.

As pessoas naquela festa
Gostam de ouvir para sempre
A mesma música tocada,
Milhões de vezes ensaiada,
Não querem saber de mais nada!

Esconda teu riso,
Tenha siso!

Porque tu não sabes,
Mas estás à beira de um abismo,
E, ansiosas almas aguardam
A tua queda final

Para que possam, sempre, dizer
O quanto sabiam,
O quanto previam,
O quanto avisaram
A todos, dessa tua mania
De ser diferente!

Nem tentes...
Seja sempre o sinônimo da mesmice,
Aquilo que esperam de ti,
Elogie, sorria, e nem te atrevas
A mostrar essa tua alegria
Desnecessária!

Pois que nem sequer desconfias
Das almas mais que vazias
Que te cercam, ansiando
Pela tua desgraça e queda,
Para que possam sussurrar
Nos ouvidos umas das outras
Entre as frestas das cercas,
Sobre o quanto tu não prestas...

Este é o mundo,
Seja bem-vindo!



DE REPENTE...






De repente, ela tinha o mundo,
Que se ajoelhava, de graça,
E com toda a graça do mundo
Aos seus dançarinos pés...

De repente, a vida sorria,
Vinha a noite, abraçava o dia,
Que jamais escurecia,
Prateado pela lua!

De repente, ela tinha as praças,
Os prédios, as lojas, as ruas,
E as formas da natureza,
Sorriam-lhe pelo espelho!

De repente, ela ria à toa,
Sentia a vida nos artelhos...
Ah, a vida era tão linda,
Tão fácil a vida, tão boa!

De repente, uma nuvem veio,
Tão pequena e cinzentinha,
Que ela nem sequer temeu,
Nem pensava em ser sozinha!...

De repente, o nada absoluto,
Ao redor, um caos absurdo,
Pois levaram-lhe seu mundo,
Ah, desespero profundo!...

E a nuvem, então, cresceu,
Estendeu-se sobre ela
E fez sombra sobre tudo,
E o seu dia escureceu...

E a lua ficou fosca,
Tão rachada e ressequida
A lua, de morte, ferida,
Sangrou sobre os sonhos seus...

De repente, ela era nada,
Pois que nada lhe restara,
A não ser, muitas lembranças
E uma esperança rara... 








ACEITAÇÃO







Eu sou a flor amarela


Entre todas as vermelhas


Plantada por algum jardineiro


Distraído.






Quem sabe, talvez por isso


Eu seja sempre arrancada


Ao menor desabrochar?


-Desisto!







A MORALIDADE






Moral, segundo o meu dicionário, é parte da filosofia que trata dos costumes e dos deveres do homem para com seus semelhantes e para consigo. Conjunto de nossas faculdades morais. Tudo o que diz respeito à inteligência ou ao espírito, por oposição ao que é material.
Moralidade é diferente de moralismo (essa palavra adquiriu um significado um tanto pejorativo hoje em dia...). Somos moralistas quando achamos que as outras pessoas devem comportar-se segundo normas e padrões preconceituosos regidos por uma minoria. O moralista geralmente condena as diferenças.

Moralidade é o mesmo que reflexão sobre aquilo que fazemos. É estabelecermos nossos padrões e crenças baseados no que é certo, evitando causar danos e sofrimentos aos demais. Existem inúmeros moralistas por aí que não tem a menor moralidade. Acham que os conceitos de moralidade aplicam-se apenas quanto ao comportamento alheio em relação a eles, mas enquanto isso, agem de forma imoral a fim de atingir aos outros negativamente.

Para mim, o melhor conceito de moral que existe, é justamente: "Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a você."

O amoral age por impulso. Mas às vezes, ele pode passar muito tempo maquinando planos para chegar aonde quer. Não pesa as consequências de seus atos, e se necessário, passa por cima dos outros para conseguir o que deseja. Quando a infelicidade e o mal, consequente de seus próprios atos, lhe advém, diz-se vítima inocente dos que tem moralidade. Acha-se no direito de julgar, mas não de ser julgado pelos demais.

Acho que ninguém pode ser feliz se não cultivar o mínimo de ética moral. Os anti-moralilidade que me perdoem... 

Mas para mim, a moral não é bancar o certinho; não é usar um maiô de gola rolê quando vai à praia. Muito menos, ir à igreja todos os domingos e comer a hóstia. Ter moral não tem nada a ver com evitar de tomar uma taça de vinho ou uma cervejinha no final de semana. Muito menos, com abster-se de ter prazer sexual (pelo amor de Deus). 

Ter moral não significa ser santinho. Também não é jamais dizer palavrões ou jamais ficar zangado. 

Ter moral é não prejudicar ninguém. Para mim, é só isso. É viver e deixar viver, e não ser traiçoeiro.

A MENTIRA




A MENTIRA


A mentira
Não é incolor;
Ela tem peso, cheiro e cor.

Seu cheiro permanece
Bem à volta de quem mente,
E o mentiroso, nem sente!...

Ela constrói uma névoa
Entre aquilo que és
E o que dizes ser.

Oh, inconsistência,
Falso gostar,
Fraco querer!...

A mentira só destrói:
A confiança, o amor,
A esperança.

Foi feita para ferir,
Enganar e afastar.
É tão triste, mentir!...

Triste, é olhar nos olhos de quem mente,
E vê-los brilhar, com aquele brilho estranho,
Inconfundível, medonho, tacanho!
Ouvir a voz vacilar, tortamente,
Sentir a lâmina das palavras que são ditas,
Repetidamente,
Em uma tentativa mórbida de convencer
Aquele a quem se mente!

Prefiro calar-me;
Tentar confrontar um mentiroso,
É inútil e cansativo...
É um jogo de palavras
No qual não haverá vencedor,
Pois todos perdem:
Quem mente, a quem se mente
E o amor...

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