Ontem assisti a um filme no qual um rapaz visitou algumas pessoas, e antes de sair, deu um jeito de colocar o celular gravando, escondido sob as almofadas do sofá, a fim de ouvir as conversas depois que ele saísse da casa. Na rua, usando uma escuta conectada ao aparelho, ele ouviu quais as verdadeiras impressões das pessoas sobre ele, e constatou que elas o achavam simplório, insignificante e risível. Ele as ouviu falarem sobre seu perfume barato, darem risadas sobre a maneira como ele segurava o garfo e oferecerem à empregada da casa um pote de geleia com o qual ele as tinha presenteado. Lágrimas rolaram de seus olhos durante a humilhação.
Isso me fez pensar: e se nós pudéssemos saber o que as outras pessoas realmente pensam de nós? Bem, mesmo sem ter esse poder, confesso que minha intuição me ajuda muito nessa parte; costumo acertar quanto a quem gosta ou não gosta de mim, e consigo sentir no ar insinuações ou trocas de olhares significativos entre as pessoas presentes. Também sinto de longe o cheiro da tentativa de manipulação e do elogio falso. Mas sempre fica uma dúvida: será que a minha intuição está certa?
Bem, se tivéssemos certeza absoluta a respeito do que pensam de nós de verdade, não existiriam amizades. As pessoas viveriam isoladas, aquarteladas em suas casas, com ódio ou ressentimento umas das outras. E talvez constatássemos que a grande maioria das pessoas que nos criticam, na verdade, gostariam de ser como nós ou ter algum talento que nós temos.
Diante desse pensamento, concluo que Deus realmente sabe o que faz; melhor não saber ou continuar fingindo não saber o que pensam de nós!