A casa da quarentena é a mesma para cada um de nós. Só que agora as pessoas têm tempo de realmente reparar nelas.
Eu sempre fico muito tempo em casa, pois além de morar, também trabalho aqui. Costumo sair apenas nos finais de semana ou em alguns outros dias, quando necessário. Aprendi a conhecer a minha casa e a me sentir à vontade dentro dela. Cerquei-me de tudo o que eu amo: livros, discos, lembranças de viagens - objetos que, se não têm qualquer valor comercial, significam muito para mim.
Mas fico pensando nas pessoas que estão literalmente surtando dentro de suas casas. Não conseguem se sentir à vontade dentre as quatro paredes que construíram para si mesmas e suas famílias. Pessoas que estavam acostumadas a deixar para lá muitas coisas: problemas de relacionamento, reformas necessárias, uma decoração fria e impessoal. De repente, elas se vêem obrigadas a permanecer nesses espaços e lidar com tudo o que as rodeia.
Eu creio que a angústia delas tem menos a ver com o confinamento do que com o tempo em que passaram confinadas de si mesmas.
As pessoas precisam construir paisagens.
Não falo de vistas deslumbrantes, jardins elaborados ou casas ricamente decoradas. Eu falo daquelas paisagens que a gente não consegue obter de nenhum decorador, mas que estão dentro da gente, e que poderiam nos dar alguma coisa mais bonita aqui fora.
É preciso que estejamos cercados de coisas e pessoas que realmente amamos. Nunca o amor esteve tão em evidência!
Esse desamor repentino pela casa não começou agora: ele apenas tem sido negado há muito tempo. O desconforto, o sentir-se preso, é a resposta do desespero que foi, quem sabe por anos, socado lá para dentro, para os lugares que não ousamos acessar dentro da gente.
E eu vejo as pessoas sonhando com o final da quarentena, falando em mudanças. Só não consigo ver essas mudanças realmente acontecendo, porque todo mundo sabe que elas só ocorrem quando vêm de dentro para fora. Quando a gente decide varrer a calçada da casa da alma.
Eu realmente espero que tudo mude. Porém, a única coisa que conseguimos provar para nós mesmos, é que o planeta realmente não necessita de nós, e que vive muito melhor sem a nossa presença.
Vemos notícias de animais selvagens caminhando livremente pelas ruas, mares sendo recuperados, rios poluídos tornando-se cristalinos, a camada de ozônio recuperando-se de enormes buracos. O mundo não precisa de nós: nós é que precisamos dele e deveríamos nos conscientizar disso!
Mas as nossas casas precisam de nós. Sem nós, elas não vivem, e sem elas, nós não viveremos felizes.
PS: Eu costumava ter um blog chamado A Casa & a Alma. Fechei-o, juntamente com outros blogs, por falta de tempo para postar e trabalhar interações. Hoje eu me arrependo, pois ele era um espaço que eu adorava, mas ele continua aqui, sob as etiquetas A CASA e A ALMA. Todas as postagens daquele blog continuam aqui, no Expressão.
Mudei o nome de meu blog HISTÓRIAS por Ana BAilune para CAMINHOS DA IMAGINAÇÃO. Achei mais bacana. Lá publico meus contos, muitos deles em capítulos. Estão todos lá.
Também escrevo um blog sobre Tarô, o O CAMINHO DO APRENDIZ, e um outro blog sobre dicas de inglês , o YOUR TICKET TO ENGLISH. Todos eles podem ser acessados através de links no Google ou então através dos links abaixo:
CAMINHOS DA IMAGINAÇÃO
O CAMINHO DO APRENDIZ
YOUR TICKET TO ENGLISH