Eu conversava com um amigo que me ligara ,e como é comum quando falamos com alguém ao telefone, perguntei: "Onde você está?" E ele, que acabara de chegar do trabalho, respondeu: "Ah, Ana, eu estou em casa, graças a Deus!"
Ficamos conversando sobre o quanto é gostoso estar em casa, e após um dia cheio, ter um lugar para chamar de nosso, onde estão as nossas coisas, nossos livros, CDs, mobílias...
Uma casa é muito mais que quatro paredes cobertas por um telhado. Para mim, as casas contém mais do que pessoas: elas guardam sonhos, momentos especiais (felizes ou tristes), esperanças, almas. Na casa, nós guardamos as coisas que são queridas para nós: fotos, lembranças de viagens, filmes, enfim, tudo o que fala de nós. Adoro observar as casas, desde que eu era bem pequena. Quem nunca, por curiosidade, deu uma olhadinha ao passar por uma janela aberta?
Certa vez, há muito tempo, havia um programa de TV onde alguém entrava em uma casa, e através do que encontrava dentro dela, descrevia a personalidade do morador, sem jamais tê-lo conhecido. Uma casa é assim: ela fala de quem mora nela, mais do que se imagina! Por isso, acho um desperdício guardarmos coisas que não usamos mais, ou que nos foram dadas por alguém e das quais não gostamos. As coisas que me dão de presente, e que eu não gosto, tem sempre um destino certo: doação. Na minha casa, gosto de manter apenas o que me deixa feliz.
Não compreendo como algumas pessoas dão as chaves da casa nas mãos de decoradores para que eles as arrumem! O trabalho de um decorador é valioso, mas não pode substituir o gosto e a personalidade do morador. Uma casa, na minha opinião, deve ter a cara de quem mora nela. Só assim, nos sentiremos à vontade o suficiente para chamá-la de lar.
Não acredito em mau gosto e bom gosto, quando se trata de decoração; acredito em gosto. E gosto, não se discute!